sábado, 4 de fevereiro de 2017

A RESPOSTA AO TRUMPISMO É A EUROPA UNIDA

1- O vigarista capitalista Donald Trump, com negócios ligados à Mafia, pelo menos, em Las Vegas, ascendeu ao poder supremo do Estado norte-americano.

As cabeças liberais, políticas e não só, bem-pensantes e os comentadores e políticos do conservadorimo e social-democracia (ou socialismo democrático) ocidental, mas particularmente europeu, lançaram - e lançam - gritos estridentes de virgens medievais ofendidas. gesticulando, sem rei, nem roque, como pode ter acontecido tal desiderato.

O campo democrático norte-americano - sustentam- é um farol de moralidade e bons costumes.

Com as mãos no peito, e com olhares lancinantes, vociferam ou escrevem, argumentando, com palavras ocas, como é possível que milhões de seres humanos pensantes e explorados se deixem enganar por um trapaceiro aventureiro.

O fim do mundo chegou, enfim, para os paladinos da
democracia formal, gerida e cozinhada, justamente, pela oligarquia capitalista dominante nos Estados Unidos da América. Pois, é esta, realmente, que conta nos negócios de Estado.

No rescaldo da sua derrota, não fica bem aos "crentes democratas", e é perfeitamente enganador e manipulador, vir a terreiro gesticular contra as pessoas que votaram em Trump como «carneiros» seguidistas dentro dos ditames dessa mesma democracia, e, que o evento, no seu modelo actual, não cabendo no politicamente correcto das suas orientações, se tornou uma fraude e uma surpresa.

Os democratas - atiram com estafadas justificacções que *preferiam um mal menor*, eles, - ou seja, esses mesmos, os Clinton, Os Obamas, os Kennedys, são «apenas bons ladrões».!!!

No domínio da História e da Economia política, torna-se rídiculo sustentar que um vigarista do calibre de Trump se tenha tornado Chefe de Estado da potência norte-americana e dos seus 300 milhões de habitantes apenas com a *magia* propagandística de um safado aventureiro capitalista.

A votação que escolheu Trump não está desligada da profundidade da crise económica e financeira que abala a sociedade norte-americana desde o princípio deste século.

Trump, que, com o seu slogan deseja repor a «América primeiro», no fundo, reconhece o decréscimo do seu país, e, procurou colocar-se, todavia, de fora desta realidade e fazer a sua campanha eleitoral contra o estado de coisas caótico interno. Como se ele fosse um sem-abrigo, e, não um actor maior criminoso co-responsável do descalabro norte-americano.

Foi - é - trapaceiro, é certo, mas o problema não é dele.


No debate eleitoral, não teve, na realidade, um combate político argumentativo e eficaz anti-capitalista dirigido ao cerne dos verdadeiros respondáveis pela situação.

Resultado de imagem para a elite americana

(Um aparte - a fandangagem democrata, dirigida por Obama e Wall Street, tudo fez, aliás, para desarticular e destruir uma ténue solução social-democrata de B.Sanders que atacava, ao de leve, a usura dos Goldman Sachs, e quejandos, com uma vaga *revolução social*. Sanders era um «revolucionário», nós preferimos Trump, confessava a liderança democrata!!!. O problma para eles é que a populaça de Sanders podê-lo-ia ultrapassar e fazer uma verdadeira revolução).

Ou seja, os Clinton,os Biden e Obamas são apenas a outra face da moeda do sistema democrático falido trapaceiro. Eles foram os cúmplices e autores por omissão do programa político que os norte-americanos vieram a escolher....

O avanço galopante do capitalismo sem freio, criminoso, desde a crise do petróleo de 1973 não foi harmómico entre as diferentes classes e fracções de classes da burguesia que rompeu e saiu vencedora, politicamente, desde o século XIX.

Embora o impulso capitalista enorme desse século estivesse centrado no incremento industrial e na implantação mais ou menos generalizada da burguesia industrial, o certo é que com as crises de grandes envergaduras que antecederam as I e a II Grandes Guerras, e, principalmente, o desenvolvimento societário extraordinário que surgiu após os anos 50 do século XX o que fez engrandecer e impor-se, essencialmente, foi um sector dessa burguesia, a grande burguesia financeira.

A globalização capitalista levada a efeito neste século que se estendeu desde a América ao Extremo-Oriente, incluindo a China e a União Soviética, foi conduzida, lenta, mas paulatinamente, apenas pela batuta da usura dos banqueiros, que suplantou o capitalismo de Estado soviético, mitificado como socialismo. 

O climax dessa orgia - e o início da curva descendente - sucede, justamente, com a crise de 2007 nos Estados Unidos, com a responsabilidade criminosa de Wall Street.

E a preocupação central do poder económico foi a de salvar, a todo o custo, esse centro usurário. Obama, com as suas falas mansas, foi o representante político cimeiro desse poder, que se enquadrou, majestaticamente, nos alicerces da usura judaica de Wall Street, via Goldman Sachs, Bank of América, Wells Fargo, JP Morgan Chase,  Citi Group, Morgan Stanley, entre outros. Com uma expansão imperial sangrenta em todo o mundo, particularmente no Médio-Oriente e África.Resultado de imagem para os bancos americanos



De maneira evidente, nestas últimas dezenas de anos, em todo o mundo ocidental, em particular nos Estados Unidos, porque era o seu centro, todo o poder de Estado era dominado por essa grande burguesia financeira (quer a instituição fosse republicana ou democrata). Eram os homens de Wall Street que subjugavam o sistema bancário, seguros, as grandes empresas petrolíferas, os centros mineiros, as redes transnacionais de aviação, ferrovia e marítima, as indústriais farmacéuticas, de aço, e as maiores empresas agro-industriais.

Eles ocupam o poder político (quer o seu nome seja Obama, Bush, Clinton ou Reagan), os bancos centrais (Reserva Federal, quer seja o judeu presidente fosse Alan Greenspan, ou outro judeu Ben Shalom Bernanke ou a judia Janet Yellen), quer sejam homens ou mulheres, são lacaios serventes influentes e determinantes dos Bank of America, JP Morgan Chase, Citigroup and Wells Fargo, que, de uma maneira ou de outra, são os quatro principais accionistas das petrolíeferas Exxon Mobil, Royal Dutch/Shell, BP Amoco e Chevron Texaco.


Ora, esses bancos são, por seu turno, os principais accionistas das maiores firmas ou holdings do chamado índice Fortune 500, ou são os indicadores dos representantes da alta magistratura, das chefias militares ou a diplomacia.

Era - e é -ainda essa grande burguesia financeira, que controla a legislação de Washington, através da Câmara dos Representantes ou Congresso. Enfim, ocupam toda a fileira político-económica-judicial-castrense.

E o resultado, que se preve para a chamada democracia ocidental, na sua orientação actual, é a falência do sistema.

A questão é, pois, qual a saída para essa falência?

A burguesia que se ensarilha em torno de Trump apresentou-se ao eleitorado com o propósito de ultrapassar este descalabro.

Procura, ou quer fazer uma «revolução» por dentro, visando salvar o capitalismo financeiro da sua agonia: (reindustrializaçao, apostada na alta teconologia, proteccionismo militar bilateral, para impor o seu modelo de comércio, liderança incontestada de Wall Street, incremento do complexo militar-industrial no próprio espaço, etc, etc).

Eles - e nestes neles, estão os capitais judeus, evangélicos, católicos, republicanos e democratas, pois, estes últimos (a elite que impõs Hillary Clinton) que aspiram a um *salvamento musculado* da podre democracia norte-americana - irão unir-se à clique voraz de Trump para forjar a sua *revolução* através de um tipo de democracia unicacamente pró-americana, e só praticada dentro da +legalidade+ de Washington, e, se possível, fascista.

2 - O aglomerado eleitoral que veio a colocar a dupla Trump/Pence no poder enquadrou um conjunto classista que reflectia, por um lado, o descontentamento das classes trabalhadoras +brancas+ e não só (o proletariado afectado pela desindustrialização interna), a pequena burguesia afundada pela crise financeira (hipotecas de casas, desemprego ou subemprego), a burguesia industrial, completamente afastada do poder político, e principalmente, dos centros de decisão económica (deslocalização de fábricas). Por fim, largos sectores camponeses afectados pelas limitações das suas exportações, e, de maneira evidente pelas hipotecas de fazendas e abaixamento de preços à produção.

Resultado de imagem para os comícios brancos de trump

Mas, no centro dirigente dessa argamassa que vota está, na realidade, a grande burguesia financeira que pretende *reciclar* o sistema capitalista falido, optando, se necessário, pela repressão mais acentuada, quiçá, inclusive a guerra regional ou generalizada (três generais ocupam os lugares dirigentes da estrutura civil das Forças Armadas e Segurança Interna). A fracção trumpista julga-se a salvadora castrense do sistema capitalista ocidental que está no ocaso.

E pensa que o mundo ainda gira em torno dos seus ditames.

Aqui reside, pois, o busílis da questão: os EUA estão em decadência, embora poderosos ainda, e outras potências em ascensão. Que desfecho?

O sucesso do capitalismo, primeiro europeu, depois norte-americano, no desenvolvimento industrial que se expandiu pelo mundo - em fases diferentes, e em épocas com altos e baixos, crises profundas, por vezes mesmo retrocessos civilizacionais, desde o século XIX - trouxe duas vertentes balizadoras que marcaram a evolução da sociedade no geral nos últimos 100 anos.

O incremento planetário da burguesia industrial levou, por um lado, aquela a ganhar a sua cidadania, mas especialmente, a sua implantação nacional nos países feudais ou pré-capitalistas, e com tal facto ajudar a construir, pelo seu poder económico interno entretanto ganho, pólos concorrentes com o sistema dominante norte-americano, e, por outro, a fazer nascer, em extensão, o então incipiente proletariado ligado a essa indústrias, que nos tempos actuais, deram origem às classes laboriosas, que impulsionam e desejam criar uma nova sociedade, despojada da exploração.

Essa evolução industrial capitalista lançou - segunda metade do século XIX, primeira década do século XX -, para a ribalta societária, primeiro, e, principalmente, na Europa, o incremento e o alastramento, pelos Estados e Nações, o proletariado dessa mesma indústria.

O sucesso que a revolução industrial trouxe, justamente, à Europa, foi o da modificação, em dois séculos, das relações de produção feudais, e esta modificação, teve pois, no seu bojo, a capacidade de fomentar as revoluções em muitos desses países - no seu início revolucões nacionais, conduzidas pela burguesia industrial que se alçou assim ao poder político, substituindo a monarquia e a nobreza, e, em situações específicas revoluções proletárias, casos da Comuna, e, mais tarde da soviética na Rússia czarista, a Spartaquista na Alemanha, ou a Húngara de Bela Kun, e, dezenas de anos depois revoluções anti-capitalistas, como o Maio de 1968.Resultado de imagem para revolução espartaquista


A evolução, que foi, realmente, marcante e iniciadora na Europa, fez, justamente, deste continente, o marco modernista da nova sociedade capitalista, com o brutal crescimento industrial. Foram aqui que se deram os grandes movimentos revolucionários e foram os Estados europeus industriais mais desenvolvidos que nos pareciam serem os mentores das revoluções sociais radicais.

Esta percepção, que, historicamente, não se revelou inteiramente correcta e justa, apesar de ser na Rússia de Outubro de 1917 que se iniciou um caminho sem entraves de revoluções proletárias.


(Nos 100 anos da Revolução soviética, que passam este ano, irei analisá-los noutro artigo).

A história, prudente, ensinou-nos: Embora a indústria europeia - e em parte a francesa - fosse a mais desenvolvida e a burguesia e o próprio proletariado gauleses aqueles que pareciam ser o motor de uma revolução radical social. O certo é que esse caminho não se deu.


O que sucedia na Europa com a industrialização crescente, não correspondia, todavia, a um avanço da sua burguesia industrial como motor do impulso dominante mundial desse mercado.

Ora, o que constatamos, presentemente, é que a burguesia industrial europeia tinha pés de barro: não alcançara ainda a conquista do seu poder efectivo no mundo, e, por isso, por um lado, não dominava a própria Europa (estraçalhada ainda pelas particularidades nacionalistas e principalmente pelos resquícios feudais), mas, acima de tudo, porque não se tornava soberanista - ou seja, dominante - no mercado planetário.

Esse papel foi transferido, depois da I Grande Guerra, para a América do Norte, pouco beliscada pela desvastação guerreira.

Foram, portanto, os EUA, que não tiveram de ultrapassar os entraves do sistema produtivo feudal, na implantação do seu sistema industrial pelo território, que através de uma guerra civil que moldou e deu orientações para uma verdadeira revolução industrial num conjunto de territórios/Estados jovens, irmanados pelo ideal de um poder político de *igualdade de oportunidades* uniforme de Leste para Oeste: desbravaram, atravessando Estados, as grandes ferrovias, as grandes rodovias, as grandes urbes centros da nascente indústria moderna do automovilismo, da aviação, dos electrodomésticos, das cidades universitárias da investigação ligadas ao grande capital. Impuseram uma moeda única.

E acima de tudo, construiram um Exército unificado que serviu a diplomacia imperial de transportar a sua indústria e os seus produtos manufacturados e agro-industriais modernos a  conquistar, forjar e consolidar um mercado mundial. Este sim posto ao seu serviço.

O que tolhia, na realidade, então a Europa era o seu «corporativismo», porque os Estados industriais europeus estavam manietados pelas burocracias alfandegárias entre eles próprios e não tinham capacidade militar para impor o seu grande mercado nacional no domínio do espaço extra-europeu, que estava controlado pelos EUA. E estes controlavam a Europa, desde a II Grande Guerra, com o seu Exército e o laço compressor continuo financeiro da UE, que não se conseguiu até hoje separar desse aperto tentacular.

Revolution 1848, Glorreicher Barrikaden.


Sem defesa e seguranças próprias, não pode haver diplomacia comum que injecte e fortaleça o seu mercado extra-europeu.

3 - Ao passar a face moderna, nova, crescente da burguesia capitalista para os Estados Unidos da América. O seu sucesso foi evidente. Transformaram a América do Sul em repúblicas sob a sua tutela industrial e financeira. De certa maneira, destruíram, em parte, os restos de feudalismos europeus, para ali levados, pela colonização luso-espanhola, com o latifúndios dos coronéis.

Foi sob a batuta castrente e comercial de Washington (a aliança Nixon-Mao foi essencial) que as relações capitalistas se desenvolveram, em especial, no Extremo-Oriente.

Foi também, sob o incremento financeiro de Washington que a Europa destroçada pela guerra de 1939/45 pode recompor a sua produção, baseada na cooperação multinacional, e refez ela própria a sua industrialização. (Ultrapassando e minando o capitalismo de Estado do COMECON).

Embora com a tutela ianque, os dirigentes esclarecidos da burguesia europeia tiveram a percepção de a reconstruir, e fazer desaparecer, lenta, mas progresivamente, as barreiras alfandejárias e de circulação de pessoas e mercadorias.

Esta Europa unida transformou-se na maior potência comercial, mas não a maior potência capaz de impor esse comércio em todo o planeta.

O seu ponto forte de então: dinâmica de desenvolvimento, opção pela construção multinacional económica cooperativa, e, em fase mais adiantada, uma moeda que surgia como a alternativa real ao dólar.

Mas, sempre, com a sua fraqueza de estrutura política inacabada: sem política externa comum, sem Forças Armadas unificadas, sem uma harmonia total na relação entre necessidade de Estado federal ou confederal e os direitos próprios, democráticos e autónomos dos povos dos seus Estados.

É justamente no final do século passado, com a UE em ascensão, que começou o calcanhar de Aquiles do capitalismo imperial norte-americano. E este sentiu o peso concorrente comercial e alternativo de moeda universal europeu.

Mas, a UE não teve discernimento para continuar como unidade económica e política cooperativa, projectando a sua defesa e segurança exterior de Washington, e, inicia uma fase de derrapagem política e até ideológica, fazendo vir ao de cima os estigmas de velhos imperialismos europeus e de egocentrismos soberanistas saloios de «renascimento» de velhas Inglaterras, velhas Alemanhas e velhas utopias napoleónicas de pigmeus «socialistas« francesas.

Sim, porque a visão da «América, primeiro» trumpista passa, em primeiro lugar, pela desarticulação europeia para controlar, novamente, uma a uma a sua economia +nacional+. É assunto que a expandiremos noutro artigo.
A questão que se vai colocar, no imediato, na geoestratégia para a América de Trump é, precisamente, o mercado económico que se está a organizar, expansivamente, no Extremo-Oriente, sob a liderança chinesa. E cujo, objectivo central estratégico é a Europa.

5 - O muro que o capital financeiro norte-americano +criou+ no crescimento, sem peias, sem entraves, do seu domínio do comércio mundial está, na minha opinião, no processo de retrocesso industrial da sua própria burguesia.

A América da evolução total mundial comercial encontrou-se nas contradições das suas próprias fraquezas.

A burguesia financeira, na sua busca de uma usura desmesurada, transferiu o desenvolvimento da sua industrialização para os Estados de mão de obra barata, como a China e a Índia. O lucro fácil apenas se vislumbrava entre os seus olhos.

E as elites desses Estados - os mais fortes, os mais capazes, os mais organizados internamente - deram rédeas à sua burguesia industrial para forjarem e incrementarem a sua produção industrial, que impulsionou também a sua produção comercial e pós-industrial pela sua barateza de colocação extra-fronteiras. Eles nestes 50 anos ergueram os seus meios de produção modernos, no fundo, fizeram as suas *revoluções* económicas internas.

Nestes 50 anos, quer a China, quer a India, mas principalmente a primeira, «arrazaram» todos os resquícios principais da sua atrasada produção feudal ou pré-capitalista. Entraram na época do grande capital financeiro. E, curiosamente, sob um modelo modificado de capitalismo de Estado.

Estão a fazer concorrência ao comércio norte-americano nos seus «terrenos de caça»: Europa, Ásia e África.

Mas, estão a fazer alianças geopolíticas e geoeconomómicas com a Rússia e países da euroásia, através de um chamado «roteiro da seda».

E nesta, aliança, a China está a chegar-se à frente com o fortalecimento da sua moeda, o yuan, como moeda de troca e de crédito.

Com um bloco de aço de respeito: tudo isto com a modernização e um ressurgimento das suas Forças Armadas nas rotas marítimas e na implantação de entrepostos armados.

Por seu turno, os orçamentos monstruosos de guerra norte-americanos fizeram crescer a já enorme dívida pública de Washington. O militarismo é uma arma decisiva num período de expansão, mas torna-se um fardo quando as despesas castrenses constantes oneram o orçamentos sociais, sem um retorno que consiga suprimir essas despesas.

Ora, o militarismo norte-americano, cada vez mais custoso, contribuiu enormemente para o défice do Estado. E os destastres sucessivos no Médio-Oriente trouxeram mais gastos materiais e psicológigos. É aqui entra a questão russa.

6 - A questão russa para o sistema imperial norte-americano, na visão dos trumpistas, torna-se secundária, porque o inimigo central está na China.

E, assim o penso, o objectivo estratégico de Washington (Pentágono, NSA, CIA, complexo militar) é evitar uma grande aliança russa-chinesa com o controlo de todo o espaço entre o Mar Negro e o Cáspio - gás, petróleo e outras matérias-primas, bem como as vias rodoviárias e aéreas - e o Médio-Oriente.

Para os estrategas de Trump, a Rússia, contida nas suas fronteiras não será uma ameaça iminente e perigosa para a Europa, até porque, assim o têm afirmado, Moscovo pretende fragmentar a UE.

Logo, Washington vai procurar separar a Rússia e da China.

Ora, segundo penso, a Rússia está interessada numa distensão com os EUA, porque desse modo, alivia a despesas militares crescentes que tem feito com a militarização da sua fronteira europeia. E, e aqui está o busílis da questão, a Rússia quer uma aproximação com a Europa, não só pelo comércio, mas também porque necessita da cooperação europeia para incrementar o seu desenvolvimento industrial e pós-industrial.

Porque a Rússia tem a perfeita noção de que a sua entrada com sucesso no domínio do mercado mundial passa justamente pelo aprofundamento da industrialização, que é o suprassumo da sua entrada, com trombetas, na era da grande produção moderna do grande comércio, depois de se ter conseguido impor na exploração do complexo industrial militar e espacial.

Ora, a UE, com a hostilização crescente da política trumpista, também necessita de uma boa vizinhança de fronteiras e comércio com a Rússia.

A UE e a Rússia terão de ser aproximar, devido à hostilidade crescente que a política proteccionista de Trump se virar para fomentar divisões e se possíveis guerras locais que enlameiam os paises vizinhos da Grande Rússia.

Os EUA ficarão ao longe, nestas refregas, para virem apanhar os cacos, pagos a peso de ouro dos *empréstimos* brutais em dólares.

7 - Durante todo o consulado de Obama, mas já antes desde a ascensão do capitalismo *liberal* de Reagan, todas as burguesias capitalistas ocidentais e os seus partidos se coligaram e formataram sobre o estigma da chamada *democracia norte-americana*, nas suas diferentes artimanhas de defesa dos «direitos humanos».

Tudo o que cheirasse a simples *social-democracia*, como os partidos sul-americanos, tipo PT, ou europeus, tipo Syriza, era arrumado no rol dos sinistros partidos do socialismo ditatorial, da anarquia comunista.

Ufa, toda essa cálifa, que só falava em «necessidade da ordem», se achava a salvo desses +pérfidos inimigos+ da gloriosa civilização ocidental.

Agora, ai jesus que estão aí os «populismos».

Proclamações sonoras a favor da democracia. Só hipocrisia.

Essa democracia ocidental é o «populismo» na sua fase decadente, que se procura salvar pela repressão.

A questão para o mundo, mas especialmente para a UE, que representa o de mais avançado nessa democracia representativa,está na crítica e no desmantelamento dessa velha ordem que faliu.

A arte geoestratégica da UE está na elaboração de um programa de acção comum para substituir a gestão económica e política da actual burguesia por um programa de progresso revolucionário.

Deixemo-nos de olhar para a UE com a visão
retrógrada da velha política nacionalista. Mas sim dos interesses comuns das suas classes trabalhadoras.