terça-feira, 3 de julho de 2012

O ESTADO ALEMÃO FOI MONTADO POR NAZIS CONVICTOS




1- O actual director dos Serviços Secretos Alemães, Heinz Fromm, o BND, demitiu-se,segunda-feira, muitos dias depois de uma evidência: aqueles serviços tinham destruído, propositadamente, informações sobre um dos mais violentos grupos neo-nazis a operar na Alemanha.


O grupo chama-se Nationasozialistisficher Untergrup (NSU), que há muito se sabia que era a responsável pela morte de, pelo menos, 10 pessoas, quase todas elas imigrantes.


Fromm estava no poder, há 12 anos, e fora formado no âmbito da estrutura idealizada pela chamada "Organização Gehlen", uma "célula" nazi dos serviços secretos hitlerianos, que foi a "reorganizadora" da estrutura dos Serviços Secretos Alemães, nos pós-guerra, com a conivência e cumplicidade dos Estados Unidos da América, e dos responsáveis do Estado de Israel.


No final da guerra, o general Reinhard Gehlen, que era o responsável dos Serviços Secretos Militares da Frente Leste de Hitler, entregou-se ao Exército norte-americano, e negociou com os principais chefes militares ocidentais da zona de ocupação, com ligação às serviços de informação, entre eles o norte-americano general Bedell Smith e o operacional da antecessora da CIA Allen Dulles, de simpatias nazis, e irmão do que foi mais tarde secretário de Estado do general Dwight Eisenhover, a "estruturação" do BND com os seus principais colaboradores, sem interferência dos Estados Unidos da América.


Nasceu, nesta altura, "a Organização Gehlen", que se compunha somente de quadros da SS, das SS-Waffem e oficiais superiores do antigo Exército de Hitler.


Gehlen esteve à frente do BND até 1968, tendo-lhe sucedido o seu antigo "braço direito" na estrutura nazi (que tinha o posto de coronel) Gerhard Wessel, que permaneceu no cargo de 1968 a 1978, tendo falecido em 2002.


2 - Em documentos norte-americanos que tem sido desclassificados nos últimos anos, mas pouco divulgados, sabe-se que foi feita uma auditoria interna, efectuada conjuntamente por autoridades alemãs e norte-americanas, que referenciou que os lugares cimeiros (de estratégia e operacionais) do BND estavam ocupados, pelo menos, por 200 antigos nazis.


Nenhum deles foi posto em causa.


Sabia-se então que o BND encobriu, abertamente, a "lavagem" de uma parte da elite nazi-fascista da Alemanha Federal, permitindo-lhe a ascensão nos meios económicos e políticos do novo Estado pró-ocidental saído da II Grande Guerra.


Assim, sucedeu com os principais artífices da economia capitalista nazi, como os Kruup, os Thyssen, os Porsche, entre outros. Foi, também, com a "lavagem" da actividade pró-nazi de cientistas e torturadores que muitos se vieram a estabelecer nos Estados Unidos da América, e em muitos países da América Latina.


Curiosamente, contaram com a colaboração prestimosa da Igreja Católica de Roma, que, em 1927, se prontificara a apoiar o regime fascista de Mussolini, através do Tratado de Latrão.


Há anos, fora já divulgado, até pela rádio oficial alemã Deustche Welle, que "um grupo extremistas de direita", actuando na "clandestinidade e sem ser importunado" assassinou uma série de trabalhadores estrangeiros. Por meras razões racistas.


Houve um coro de lamentações, com a imprensa do regime, incluindo os grandes jornais, a chorar, como velhas carpideiras pagas, que "houve falha das autoridades responsáveis na sua vigilância".


Apontaram o dedos aos responsáveis? Nem pensar. Porque, em causa estava o desmantelamento da estrutura nazi que enquadra todo o aparelho de Estado da Alemanha.


Há cerca de dois anos, a mesma radio estatal Deustche Welle, citando o nome do historiador norte-americano Timothy Nftali, que está a organizar as mensagem e documentos desclassificados que a CIA escreveu e redigiu (27 mil páginas) desde 1945, referenciava que os EUA encobriram a identidade de ex-nazis e os utilizaram como espiões contra a antiga Uniâo Soviética.


Desta investigação sabe-se que os dirigentes políticos dos EUA, antes de formalizarem, na antiga Alemanha Ocidental, um governo, permitiram a constituição de uma estrutura de informação castrense e civil, liderada por Gehlen, que desenvolveu um serviço por todo o país e em outros países, e que, pela *camuflagem* de antigos dignitários nazis, estes se organizaram em torno do chanceler escolhido para formar o novo executivo pós-guerra Konrad Adenauer, um católico conservador, que nunca foi molestado pelo regime de Hitler, ocupando cargos de importância e de decisão estratégica, como Hans Globke, que foi nomeado conselheiro para a segurança nacional.



Hans Globke e Adenauer


(Hans Globke, um *intelectual* de topo do nazismo, foi um dos promotores das Leis de Nuremberga, postas em prática por Hitler para perseguir as minorias étnicas, como ciganos, judeus, eslavos, entre outros. Na governo Adenauer, Globke foi a ligação governamental directa entre a CIA e a NATO)


Foi também através dessa "lavagem" que um outro nazi Kurt Kiesinger se tornou chanceler da RFA, após Adenauer.


E em grande medida, permitiu a ascensão, mais tarde, de Helmuth Schmidt, que foi oficial nazi, de origem judaica, e condecorado com a Cruz de Ferro, aos mais altos cargos do Estado, como ministro da Defesa e dos Negócios Estrangeiros e mais tarde chanceler alemão.


De certo modo e no sentido mais correcto da História, temos que a chamada Alemanha Livre, deificada pelas democracias ocidentais, na realidade, foi estruturada e reorganizada, mais ou menos clandestinamente, por fiéis nazis, que colocaram e dispuseram os seus homens, ao longo dos anos, nas direcções principais dos departamentos governamentais e estatais e na suas estruturas "mais sensíveis", como os serviços secretos.


E o que é de salientar é que esta comédia actual tem os traços da tragédia fomentada entre as duas primeiras grandes pelos mesmo interlocutores. 

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