quinta-feira, 27 de novembro de 2014

MONSTRO FINANCEIRO À BEIRA DE PRECIPÍCIO, A LUZ NO TÚNEL MOSTRA UMA OUTRA SOCIEDADE

1 - Quando o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) denunciou, há cerca de um mês, que uma enorme estrutura de evasão fiscal, que enquadrava, pelo menos, mais de 340 grandes empresas capitalistas internacionais, principalmente, aquelas que incluíam os maiores bancos de Wall Street e da City londrina, estava organizada, e funcionou – e continua a funcionar - sob a aprovação e supervisão dos governantes do Luxemburgo, onde pontificava o ex-primeiro-ministro  e actual presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, uma exclamação, uníssona, surgiu entre os comentadores político-económicos, minimamente decentes de todo o Mundo:

A República do capitalismo bancário mais desclassificado e indigente domina as nossas vidas.

Na realidade, os sucessivos escândalos financeiros do grande capital, que abalam o chamado *mundo ocidental* - ou seja o centro do grande capital bancário especulativo -, desde o chamado +caso Madoff+ nos Estados Unidos em 2008, passando, também, naquele ano, pela falência do banco Lehman Brotheres, que, na altura, deteria cerca de 460 mil milhões de euros de activos, passando para o outro lado do Atlântico, onde em 2012, os grandes bancos, Barclays, HSBC, Lloyds e Royal Bank of Scotland, estavam, em vias de falência, tendo sido recapitalizados com dinheiro do Estado.

Em menor escala, mas igualmente dentro do mesmo tipo de vilanagem, estão os negócios fraudulentos e ruinosos, dos bancos portugueses, nomeadamente, BCP, BPN, BPP e BES, ou espanhóis, com o Bankia.


 

(Bernard Madoff foi um dos homens fortes do NASDAQ, e, era o presidente de uma sociedade de investimento, que se tornou um dos pilares de Wall Street.

Profundamente ligado ao *lobby* judaico norte-americano, de que era um dos +sumo sacerdotes+, foi acusado, em Dezembro de 2008, de ter praticado uma fraude gigantesca que poderá ter ultrapassado os 65 mil milhões de dólares. O envolvimento de grandes bancos é aterrador, mas só Madoff foi detido!!!

Ainda em 2008, deu-se nos Estados Unidos a maior falência de uma empresa capitalista no país, precisamente, o banco Lehman Brothers. Quando se deu a falência, a instituição financeira tinha em activos cerca de 460 mil milhões de euros. Desapareceram.

O Estado, através das Administrações, primeiro, George W. Bush e Barack Obama, sacaram o dinheiro aos contribuintes, para recapitalizar aquele banco, bem como outros, como o Goldman Sachs e o Bank of América.

Em 2010, em Inglaterra foi divulgado que os grandes bancos, Barclays, HSBC, Lloydes e Royal Bank of Scotland – bem como sete outros de menores dimensões – estavam metidos, até ao pescoço, num colossal esquema de especulação financeira, com a venda de produtos fictícios ou de alto risco que entraram em colapso.

O contribuinte foi o lesado, pois foi-lhe sacado dinheiro para recapitalizar aquela horda de proxenetas financeiros.

Os casos dos bancos portugueses são conhecidos: os capitalistas financeiros portugueses defraudaram, abertamente, os depositantes e pequenos accionistas, o Estado, numa relação promíscua entre políticos, banqueiros especuladores desclassificados, lobbies maçónicos e outros e da própria Igreja Católica).

2 – A realidade desta roubalheira toda – sem qualquer efectiva repressão, com mão de ferro, sobre os seus fautores: banqueiros, especuladores financeiros, responsáveis de topo das principais empresas económico-financeiras, desde a alta tecnologia até aos latifundiários, que sacaram as grossas fatias dos fundos comunitários e a protecção dos Estados – está no restrito exercício do poder real pela lumpen grande burguesia capitalista.

O episódio Juncker é, pois, relevante e significativo: quem está no poder na União Europeia não é a burguesia no seu conjunto, mas um seu extracto, que é a mais desclassificado, a grande burguesia capitalista especuladora.

Do poder, estão, praticamente, excluídos os outros sectores dessa burguesia, bem como a pequena burguesia e, de maneira mais evidente, as classes trabalhadoras.

O que, em termos de economia política, representa que o sector produtivo capitalista, aquele que mostra o seu verdadeiro poder desenvolvementista, já nada significa, do ponto de vista do capital financeiro mundial, - sim porque este capitalismo é transnacional, e pouco se interessa com os processos produtivos harmónicos e cooperantes de Estados e Nações-o objectivo é manter dependência do Capital, que eles detém todos os processos da estrutura económica.

Quer isto dizer que a actual míngua das finanças públicas é um processo forjado, há muito, pelo capitalismo financeiro (através dos seus agentes e lacaios colocados em postos-chaves) para que o Estado esteja, total e permanentemente na sua mãos.

A crise financeira mundial de 2008 veio mostrar isso mesmo: inicia-se nos Estados Unidos da América, com uma voracidade tremenda – praticamente todos as principais instituições bancárias e de seguros entram, ou estão à beira do colapso.

a máquina de fabricação de dólares chegou ao fim

Wall Street, sem meias medidas, através da Reserva Federal (o Banco Central norte-americano), obrigou a Administração de Washington a lançar-se num frenesim de multiplicação de dólares para acudir ao *buraco* enorme da dívida privada.

E,  de uma penada, fez girar o movimento da sacagem de dinheiro para o sistema financeiro europeu subserviente.

Para pagar *aos credores* - esses abutres financeiros de Wall Street – o poder político europeu, em sintonia, foi despojar, com todas as artimanhas fraudulentas e manipuladoras, os salários e pensões dos sectores mais desprotegidos das classes trabalhadoras e dos pensionistas, que já deixaram de laborar.

Mas, esta manigância distorcia, propositadamente, os equilíbrios orçamentais, por muito que os apologistas desse poder político o fizesse ecoar, em grandes parangonas, nos seus meios de comunicação social.

Na realidade, o deficit público cresceu, integrando na dívida pública, a privada, não só nos Estados Unidos, como na União Europeia.

Os capitalistas financeiros engordaram, fomentaram a corrupção, enriqueceram os seus sequazes políticos, transformaram o Estado num imenso *poço sem fundo* de gatunagem e vilanagem.

Desde Bruxelas até Lisboa.

Desde Juncker até Passos Coelho, passando por Sócrates e Paulo Portas, ou Miguel Macedo

Não há equilíbrio orçamental enquanto não se impuser limitações drásticas às especulações financeiras e económicas, e enquanto não se entrar no corte sem contemplações dos interesses do poder económico e político dominante.

Porque o deficit estatal é o maná onde medra toda a chafurdice humana que está ao serviço do lumpem capitalismo financeiro, a fonte real de todo o enriquecimento sem controlo e sem qualquer tipo de pudismo moral.

3 – A denúncia da evasão fiscal *legal* do capitalismo internacional, através do Luxemburgo, com Juncker a ser *coroado* Presidente da Comissão Europeia – todos os casos que serpenteiam pelo mundo do capital dos EUA à China, passando pela UE – é o exemplo acabado da actual situação do poder político nos diferentes Estados e Nações, aparentemente, diferenciadas no seu exercício.

EUA, China, Rússia, UE, Brasil, Índia, África do Sul, México, Irão ou Argentina nada mais são do que uma coligação concorrencial de uma imensa e tentacular empresa especuladora accionista, cujas partes buscam a supremacia mundial, ou, no mínimo, uma repartição por parcerias para explorar as riquezas dos povos, dos Estados ou das Nações.

O que sucedeu com Juncker/Luxemburgo, ratificado pela fina nata dos representantes dos capitalistas europeus em Bruxelas, ou das manigâncias de Wall Street/Reserva Federal, ou no pequeno Portugal, o domínio dos banqueiros no poder político, representa, exactamente, essa relação social:

Em todos esses escândalos – acrescento os dos chineses, denunciados em 2008, em que os banqueiros e administradores financeiros das grandes empresas estatais sacavam os lucros em proveito próprio das mesmas, ou oligarcas russos que controlam a Duma, o Kremlin ou os governos regionais – é o lumpen capitalismo financeiro que faz as leis, através dos seus representantes, enquadra toda a estrutura superior da Função Pública, manipula a magistratura a seu favor, inventado, de vez em quando, uma investigação em que atinge uma ou duas personalidade, ficando tudo na mesma, controla as grandes empresas de comunicação social, dirigindo e manipulando a informação.

4 – Um grande acontecimento mundial trouxe uma realidade que obrigou as diferentes classes e sectores classistas afastados do poder a olhar para o Mundo de outra maneira, já o referimos: a crise profunda financeira, económica, política e social iniciada em 2008, e, até agora, sem solução no sistema em que vivemos.

O bordel capitalista financeiro – e os seus serventuários políticos, executivos e militares – estão confrontados com uma efervescência larvar e crescente – conflitos constantes, a maior parte das vezes sangrentos, levantamentos de milhões de pessoas, desde os Estados Unidos à China, a ineficácia na recomposição da economia produtiva, o desemprego galopante, as migrações avassaladoras de pessoas em busca de uma vida melhor – está a tornar o seu edifício estatal transnacional cada vez mais paralisado.


No fundo, a situação está a entrar num precipício, principalmente porque esse capitalismo financeiro que enquadra e domina o modo de produção vigente  apresenta fissuras enormes, e, é ele, quer queiramos, quer não, que está a regular, a subordinar todo o conjunto da vida social e das suas relações no interior dos Estados, grupos de Estados, Nações, futuras Nações.

E daqui estão a retirar-se, ou vão retirar-se consequências, sejam reacionárias ou revolucionárias, mas são estas que estão a buscar alternativas, ainda em titubeio, com algumas obscuridades, de um novo tipo de poder.

E isto porque – ainda que não haja uma percepção em toda a sua extensão, mas existem indícios explícitos – as forças sociais que produzem, que laboram (materiais e classistas) estão a avançar, ainda que não se percebam todos os contornos, para confrontar o modelo produtivo que nos governa e dirige.

 EUA em chamas

Não se pode dizer, com clareza, nem afirmar que vai ser do pé para mão, mas aproximam-se tempos – não sei dentro de quantos anos – de que um revolucionamento social em larga escala pode ocorrer.

E o foco, para mim, neste momento está centrado na União Europeia.

Claro que, para ser vitoriosa, esta perspectiva terá de conter a prática, mas também a teoria dessa revolução.

Não nasce e vence, por obra e graça do espírito santo.

sábado, 22 de novembro de 2014

OS MUROS QUE CONTROLAM O COMÉRCIO ILEGAL DO CAPITALISMO FINANCEIRO



1 - Com foguetes e foguetinhos, os plutocratas do ocidente, com os amuos dos velhos defensores do *socialismo soviético*, comemoraram, no passado dia 11, o início do desmantelamento do Muro de Berlim, na Alemanha.

O que levou esses estouvados devoradores da riqueza produtiva mundial, agora desmascarados pelos escândalos diários e crescentes em todo o mundo, a incensarem a destruição de uma barreira física, anacrónica, que separava toda a cidade de Berlim, dividindo-a em fronteira de betão entre os que pertenceram à Alemanha de Leste (apelidada de República Democrática Alemã-RDA) e à Alemanha Ocidental, intitulada República Federal da Alemanha- RFA?.

A manipulação propagandística da pretensa supremacia do lumpen-capitalismo ocidental face ao "monstruoso poder comunista".

(A Revolução soviética de 1917, que evolucionou sob um programa de conteúdo socialista, não resultou - nem podia resultar, por si só - na substituição de uma dominação classista capitalista no território da antiga Rússia czarista, porque não conseguiu impor ao conjunto da sociedade esse programa socialista. E isto porque o desenvolvimento económico na Rússia capitalista estava impregnado de resquícios substancias de economia feudal, que ensarilhavam, manietando-o, um proletariado relativamente pequeno face ao conjunto enorme da massa camponesa, que não aceitou, na maioria, de bom grado, a substituição revolucionária da sociedade.

Na transformação que se deu em Outubro de 1917, e, pouco depois do êxito do partido que trazia as consignas da revolucão socialista, este, no poder, teve de fazer concessões, atrás de concessões aos partidos semi-revolucionários, e, lá na década de 20 do século XX, no recuo do próprio programa socialista para a introdução de formas capitalistas - que o principal dirigente dessa Revolução, Lénin, intitulou de capitalismo de Estado, formação esta que estiolou no próprio poder até aos anos 80 do mesmo século. 

E, assim, uma revolução que parecia poder forjar um novo tipo de poder, quedou-se pelo mesmo sistema que enquadraram as revoluções anteriores: organizou-se como revolução de uma minoria.

A evolução que a sociedade mundial capitalista sofreu até aos dias de hoje é que os entraves a uma revolução de uma maioria foram ultrapassados pelo próprio desenvolvimento capitalista em todo o planeta. 

E, deste modo, estão criadas condições para que seja realizada uma revolução socialista, que represente e seja governada em função dos interesses da maioria. 

Essa é hoje a a alavanca que pode levar à criação de um partido revolucionário, com um programa socialista). 

E essa manipulação teve a convivência dos dois lados: Os meios imperiais comerciais judaicos, calvinistas e protestantes, que supervisionam, ideologicamente, os negócios dos Estados Unidos e os burocratas oligarcas que dirigiam em nome de um obscuro marxismo-leninismo e dominavam a antiga União Soviética e que faziam crer que estava em causa um duelo entre capitalismo e comunismo.

Assim, foi criada uma divisão ideológica entre os dois únicos verdadeiros colossos imperialistas que venceram a II Grande Guerra, contra a imperial Alemanha do nazi-fascismo, e, o anão fascista da Itália: os Estados Unidos da América, com os seus serventuários diligentes (Inglaterra, França, Itália, Holanda, Luxemburgo, Grécia, Islândia, Suécia, Noruega e Dinamarca, e, por arrasto, Espanha e Portugal fascistas) e a antiga União Soviética, que enquadrava os paises Bálticos - Letónia, Estónia e Lituânia, com os Estados seus subordinados (Polónia, Roménia, Hungria, Checoslováquia, Bulgária).

De fora, em semi-neutralidade, para o Ocidente, a Finlândia, para Leste, a Jugoslávia e a Albânia, mais tarde, estes últimos, mais tarde, em oposição cerrada à ex-URSS.

Referimos uma pretensa divisão ideológica, porque, quer de um lado, quer de outro, procuraram fazer crer às populações *crentes*, que esta divisão representava uma ruptura total de sistema sociais: do lado, ocidental, a democracia cidadã, do lado oriental, o comunismo ditatorial.

Na realidade, eram as duas face do mesmo modelo económico: ocidente, com o capitalismo liberal desclassificado, do oriente, o capitalismo de Estado.






Esses dois blocos imperialistas entraram em concorrência e forjaram alianças militares ofensivas. Primeiro, os Estados Unidos, que dominavam já o poder atómico, que criam a NATO (4 de Abril de 1949) e como resposta a URSS, igualmente já com a sua estrutura nuclear, (15 de Maio de 1955), forma o Pacto de Varsóvia.

O Muro de Berlim tem o seu início, justamente, a 13 de Agosto de 1961, da parte da RDA, depois de um aliciamento da população de Leste pelas autoridades ocupantes da RFA (EUA, Inglaterra e França), que injectaram monumentais quantidades de dólares de investimento na recuperação ocidental. Assim, foram construídos cerca de 66 quilómetros de estrutura (betão e gradeamento, com 302 torres de observação, e redes metálicas electrificadas.



O desmantelamento do muro de Berlin e as negociações que se seguiram entre a ex-URSS e a RFA vieram a constituir, a 3 de Outubro de 1990, a actual Alemanha Federal, tendo por capital Berlim unificada.

A Europa unificada, a principal potência capitalista comercial do mundo, pode ser também, na actualidade, a vanguarda de partida para uma nova sociedade socialista. 

Esta é a grande importância da manutenção da Unidade Europeia.

2 - O maior muro da vergonha do Mundo existe ao longo de 3,2 mil quilómetros de fronteira entre os Estados Unidos e o México, justamente, dois países que se reclamam da mais relevante democracia internacional.

Pura hipocrisia. 

Foi construído, propositadamente, pelos dirigentes pró-nazis que governam os Estados Unidos para controlar o movimento do explorados e, principalmente, enquadrar os negócios monstruosos e criminosos do comércio de droga, da traficância de jovens, em especial raparigas para a prostituição larvar que inunda todo o espaço norte-americano, enquadrado em parceria entre as máfias, os gangues hispânicos, a CIA, a DEA, o FBI, o sistema bancário de Wall Street e as estruturas católicas bancárias ligadas ao Vaticano, os generais mexicanos e os seus congéneres de Washington,

E toda a rede tentacular do aparelho de Estado, neste momento, liderado, respectivamente, por Barack Obama e Pieña Nieto, os chefes de Estados dos dois países.

(Há quatro viajei, com um grupo de portugueses, por vários Estados do Midwest norte-americano, e estive vários dias no Nevada, nomeadamente em Las Vegas. 



Do ponto de vista humano, o que mais me impressionou, em especial, numa visita ao chamado strip de Las Vegas - uns sete quilómetros da Avenida central da cidade, onde se localizam a grande maioria dos grandes hóteis e casinos da mesma, foi a imensa fila de petizes dos dois sexos e velhos e velhas hispânicas, com *t-shirts* a publicitar os números de telemóveis jovens dos dois sexos para prostituição.

Das informações que os guias nos deram, dois factos, confirmados de outras fontes:

todos aqueles hispânicos trabalhavam, quase como escravos, com um salário de esmola, porque eram ilegais; toda a vida económica de Las Vegas é controlada pela Máfia, desde a prostituição aos grandes hóteis e casinos - Bellagio, Caesars, Cosmopolitian, Flamingo, Luxor, Monte Carlo, Tropicana, entre outros- , incluindo a polícia e a administração pública

Curiosamente, o Estado de Nevada é o único nos EUA onde a prostituição é um negócios legal e acarinhado pelas autoridades locais e nacionais).






A construção do muro foi logo um grande negócio comercial: um investimento, sacado dos contribuintes, que andou pelos cinco milhões para fazer só a barreira de metal, que ocupa um terço da sua extensão.

O muro teve início em 1991, depois em 1994, toda uma miscelânia fictícia de segurança, desde camiões e helicópteros e qualquer coisa como 20 mil homens da chamada Patrulha de Fronteira (só do lado norte-americano.

Em 15 anos, perto de seis mil pessoas foram mortas ou morreram por inacção no deserto, em 15 anos de vigência, um número muito superior às cerca de 100 mortes ocorridas junto ao muro de Berlim.

Este muro - que, cinicamente, é considerado como uma barreira ao movimento ilegal de humanos e ao tráfico de drogas - na realidade, é a forma ideal de controlo *encoberto* do poder económico e político desses negócios monstruosos.

Os tráficos de drogas e humanos ilegais fazem-se, justamente, ao longo desta fronteira. Com a cumplicidade e supervisão das autoridades dos dois Estados.

Uma parte substancial da droga que entra nos Estados Unidos provem da América Latina e o aqueles são os principais consumidores e beneficiários dos negócios.

Os bancos são os centros fomentadores, e dinamizadores e beneficiários de toda esta engrenagem mercantilista criminosa.

O narcotráfico e a prostituição organizada é um negócios suculento para o lumpen-capitalismo financeiro dos Estados Unidos da América.

Os valores para a economia capitalista norte-americana destes tráficos é enorme. Admitem as próprias instituições internacionais (ONU, FMI, e os  ministérios das Finanças) que os bancos - em maioria dos EUA - fomentaram *paraísos fiscais* que lavam, diariamente, entre 160 a 400 milhões de dólares da droga.

É também dessas instituições que se admite - em aproximação - que todo o negócio da droga faz entrar no sistema financeiro norte-americano, só em lucros, mais de 240 mil milhões de dólares por ano.

Os bancos da Florida são *ultra-especializados* em lavar os dinheiros dos narcotraficantes, e, que neles circulam mais dinheiro efectivo desse nojento negócio do que em todos os bancos dos restantes Estados.

Os negócios de tráfico humano (para escravos sexuais ou de trabalho) têm uma utilidade ainda maior para os grandes capitalistas financeiros dos Estados Unidos. 

Os dados estatísticos para os EUA são parcelares e pouco confiantes, mas a pérfida Inglaterra já os utiliza com mais precisão para os introduzir na sua própria contabilização do seu Produto Interno Bruto (PIB), como bens e serviços produzidos, frisando que são movimentados, anualmente, em prostituição (5,6 mil milhões) e drogas ilegais (4,4 mil milhões), logo  10 mil milhões de liras. (5% do PIB). A fonte é o Financial Times.

3 - Para o capitalista financeiro dos EUA, a venda da droga legal e ilegal é um maná, pois o país está no topo do negócio consumista.

Mas traz mais-valias significativas colaterais: são desviados biliões (repito) biliões de dólares para pretensos plano de *guerra aos traficantes*, bem como milhões e milhões em reabilitação, cujos beneficiários são grandes clínicas privadas e fundações caritativas ligadas ao Capital, comercialização monstruosas de produtos químicos adicionantes, entre outras negociatas.

E, é, acima de tudo, um *assunto de Estado*.

Para um país, cujo poder dominante pertence ao lumpen capital financeiro, é absolutamente vital dominar o mercado de droga, fonte de receitas monumentais para o sistema bancário.

Assim, verifica-se, com nitidez, desde a Guerra do Vietname que as agências secretas e anti-droga dos Estados Unidos da América actuam em *zonas de guerra* controlando os fluxos de traficância de droga - e outras - para favorecer os próprios interesses *vitais* norte-americanos, ou seja o fluxo de venda e comércio.

Aconteceu com o Vietname, Cambodja e Laos, foi assim no Afeganistão, na Albânia, Kosovo, Turquia, foi assim na América Latina, com especial evidência na Colômbia.



Mesmo quando agem é para proteger os seus negócios actuantes nesse *narcotráfico*, que se chamam FBI, CIA, DEA ou NSA.

Atiram-se, desabridamente, contra os novos poderes políticos no Perú e Bolívia, porque a *produção* e *distribuição* desses produtos lhes fogem da mão.

A sua protecção vai ao ponto de favorecer, por exemplo, a plantação e legalização marijuana na Califórnia e Estados vizinhos, actuando ao mesmo tempo contra os campos de cultivo da mesma na México.

Procuram destruir *laboratórios* na Bolívia e mesmo na Colômbia, em terrenos controlados pela guerrilha, mas protegem os narcotraficantes que dominam o poder em Bogotá e, aqueles que pretendem permanecer, com a traficância pró-americana em certas regiões bolivianas.

Não querem que haja negócio legalizado de produtos químicos ligados à droga noutros países, mas dão plena legalização a idênticos químicos e outros por empresas monopolistas farmacêuticas: drogas sintéticas, substitutivos.

4 - Existem muitos outros muros, idealizados e fomentados por potências capitalistas concorrentes, como o de Ceuta e Melilla, na zona marroquina ocupada por Espanha, para separar o movimento de pessoas entre a UE e o norte de África, ou o muro que divide o Chipre desde 1974.

Mas o que desejo sublinhar é o execrável muro que separa a imperialista e racista Israel, mentora dos usurários cobardes grandes capitalistas sionistas judeus que dominam Wall Street, dos palestinianos cercados em grande parte da Cisjordânia.

Israel é uma entidade territorial que só existe, porque as potências vencedoras da II Grande Guerra - EUA e URSS - lhe deram o seu assentimento.

Principalmente, porque os EUA estão interessados, no presente momento na sua existência - o que pode mudar nos próximos anos. Serve a política imperial norte-americana no Médio-Oriente.

Mas está no desespero da sua existência. 

Como judeus sionistas cobardes, eles têm a percepção de que começam a ser acossados. 

E, na sua imagem egoísta de capitalistas fanáticos religiosos empedernidos, pensam que conseguem manter o seu *status quo* artificial, humilhando e ferindo, gravemente, a maioria das pessoas que os rodeiam.


Intitulando como terroristas os povos que eles aterrorizam e exploram, neste caso, os palestinianos, que, de acordo com o direito internacional ainda existente lhe determinou o direito a um Estado independente, procuram desfazer o que resta desse território, ocupando-o paulatinamente, e, quando não o conseguem totalmente criam barreiras de paredes e cercas para os asfixiar.

Esse o plano da construção de um muro que divide grande parte da Cisjordânia, barreira esta que separa pessoas das suas famílias, agricultores dos seus campos, restringe, propositadamente, movimentos de pessoas e bens essenciais para a sobrevivência.

Métodos perfeitamente nazis, inqualificáveis.

O Tribunal Internacional de Haia refere, em relatório, que a construção do muro procura abafar o povo residente a uma pátria palestiniana.

Escreve-o, mas não leva a julgamento os criminosos.
O muro que separa Israel da Cisjordânia palestina


A ONU impôs numerosas resoluções a obrigar Israel a cumprir o decidido.

Mas, não os leva a julgamento, nem os força a cumprir as suas resoluções.



O capitalismo sionista judeu merece ser punido com severidade e o tempo irá levar tal condenação às suas últimas consequências.

Claro que os desgraçados irão ser os judeus das classes baixas, porque os Rotschilds, os Goldman Sachs e outros iguais pagarão a sua liberdade com os 30 dinheiros dos outros.

sábado, 15 de novembro de 2014

QUANDO OS HERÓIS OCIDENTAIS INCENSADOS TIRAM A CARAPAÇA

1 - Nos últimos 20 anos, assistimos à institucionalização de "Santos" políticos pelos representantes da política capitalista ocidental, através de uma máquina publicitária, claramente, orientada pelos grandes meios de comunicação social, para fazer obscurecer as lutas de classes, os conflitos revolucionários, as relações cortantes entre exploradores e explorados.



Pelo contrário, têm sido *diabolizados* os que ousaram colocar em causa o sistema capitalista existente, recorrendo às armas e às movimentações populares anti-capitalistas, sendo, friamente, assassinados por ordens directas do serventuários locais e dos agentes destacados da principal potência capitalista, os Estados Unidos. Falamos do argentino-cubano Ernesto *Che* Guevara, dos brasileiro Maurício Grabois, Carlos Marighela e Carlos Lamarca, do colombiano, padre católico, Camilo Torres, entre muitos outros.



Che Guevara e os seus carrascos





Maurício Grabois, que liderou a guerrilha do Araguaia


Marighella metralhado à queima roupa pelos esbirros da DOP´s



Camilo Torres na guerrilha colombiana





2 - Não é de estranhar que um homem 

apelidado de delinquente, terrorista, fora da 

lei, pelos torturadores assassinos do apartheid 

sul-africano, e, pelos lacaios jornalistas, 

políticos e capitalistas norte-americanos e 

pelos os capangas submissos europeus, no 


caso em apreço, Nelson Mandela, fosse


transformado, num espaço de poucos meses, 


pelos mesmos protagonistas, em *um dos 


líderes morais e políticos do nosso tempo*???.


Nelson Mandela passou 27 anos nas prisões sul-

africanas, inicialmente em Robben Island, e 

depois, em Pollmoor e Victor Verster. 


(A prisão de Mandela, no seu regresso, em 


1962, à África do Sul, depois de ter efectuado 


um curso de guerrilha na Argélia, partiu de 


informações da CIA, e foram essas informações 


que permitiram a detenção do chefe do ANC, 


segundo o New York Times, de Dezembro de 


2013, que confirmou junto da agência dos 


serviços secretos do seu país).



Nessa altura, era um revolucionário que queria 

destruir a sociedade racista capitalista sul-


africana. 


Tornou-se, então, a personalidade política 

detestada por todo o sistema capitalista 


internacional ocidental, que sempre recusou a 


sua libertação, e, mesmo, a suavização das 


suas condições prisionais.


(Já em 1987, quando decorriam 


negociações secretas entre Mandela e as 


autoridades sul-africanas do apartheid, a 


assembleia-geral da ONU aprovou uma 


resolução, onde constava a exigência  de 


libertação incondicional de Nelson Mandela, 


apenas com três votos contra: EUA (Ronald 


Reagan), Inglaterra (Margaret Tchatcher) e 


Portugal (Cavaco Silva, Primeiro-Ministro; 


Mário Soares, Presidente da República).



Qual a razão para um *volte-face*, 

quando a sociedade que Mandela afirmava 

modificar, radicalmente, permaneceu nas mãos 

do mesmo sistema. 

Acrescento mais: transformou-se mesmo, sob a 

sua liderança, na mais descarada instituição 

estatal do lumpen-capitalismo internacional?


O que levou à saída da prisão de Mandela? 


Naturalmente, a evolução que a sociedade sul-

africana, mas especialmente a africana, estava 

sofrer, em particular, desde a década de 70, 

e, especialmente, nos territórios limítrofes da 

República Sul-africana, governada por nazis 

brancos africandêres.


A África do Sul estava rodeada, naquela altura, 

por novos países independentes, saídos dos 

regimes coloniais, inglês (Tanzânia, Zâmbia, 

Zimbabué), e, português (Angola e 

Moçambique), todos eles anti-colonialistas e 

afirmando-se anti-capitalistas. 


Corria, portanto, riscos de ser asfixiada.


No interior do movimento interno anti-

apartheid sul-africano, começava a irromper 

uma contestação fora das orientações, ainda 

que dominantes, dos velhos líderes do ANC.


Era o caso do Movimento da Consciência Negra 


(Black Consciousness Movement), dirigido pelo 

activista Steve Biko, que vai morrer, sob 

tortura, da polícia sul-africana em 1977.


Sabe-se, agora, que a transferência de  

Mandela de Robben Island para Pollmoor, foi 

uma acção planeada para que o falecido 

primeiro Presidente negro da África do Sul 

pudesse estabelecer ligações e contactos com 

membros ditos *moderados* da direcção da 

ANC, onde se colocava a questão de uma 

possível *transição pacífica* do Estado fascista 

para um Estado formalmente democrático.


Assim aconteceu, em 1990, Mandela foi 

libertado, - meses antes já saíra da prisão 

Walter Sisulu, que, com Olivier Tambo, foram 


os principais renovadores de um velho ANC nos 

anos 50depois de formalizar um compromisso, 

primeiramente, com Pieter Willem Botha,

depois, finalmente, assumido com Frederik 

Willem de Klerk (os últimos Presidentes 


africandêres do país).






Esse compromisso passava, justamente, pela 

manutenção de todo o *status quo* do sistema 

económico capitalista, engendrado pelo 

apartheid", com a cumplicidade directa de Wall 

Street.  


Quando Mandela sai da prisão, com o braço 

levantado e o punho esquerdo fechado, 

mostrava já apenas a fachada do seu passado, 

porque o seu conteúdo tinha sido traficado.


Do ponto de vista da História, pouco interessa 

moralismo de ocasião ou as atitudes de 

homem de Estado íntegro que a propaganda 

intensa e dirigida pelo jornalismo do Capital, 

implantou em torno de Nelson Mandela.

O seu legado histórico é a sua participação 

concreta na evolução social. 


E, nesse aspecto, comparação terá de ser 


feita com os seus antecessores, quanto à 


melhoria de vida dos explorados.



Os bairros negros de hoje, tal como no tempo do apartheid

Já passaram mais de 20 anos, que se 

estabeleceu no África do Sul, um governo sob 


os auspícios do ANC, e, concretamente, sobre 


os ditames políticos preconizados por Nelson 


Mandela.


Essa transição, que Mandela apelidou de 

"táctica" e passageira, instituiu-se 

permanentemente. 


Do apartheid branco, racial, mas que era 


apenas na realidade de governação de um 


sector ultra-minoritário do capital, entronizou-


se, com mais uns quantos ricaços negros, um 


real apartheid classista.




Os dirigentes próximos de Mandela tornaram-

se oligarcas multimilionários, como Mbéki, 

Trevor Emanuel, e agora o próprio Jacob Zuma, 

o actual Chefe de Estado.

A realidade é o que dá o taticismo: todos esses 

antigos dirigentes da luta armada são ricaços 

instalados, desde o partido ao principal 

sindicato Cosatu, pertencem a *Country clubs", 

que eram exclusivos para brancos, são donos 

de magníficas vivendas (duas, três quatro), e 

sócios minoritários das principais empresa 

multinacionais de exploração mineira, a 

riqueza do país. 

Ou seja, a estrutura económica do país 

permaneceu a mesma: mais de 25 % da 

população, segundo estatísticas oficiais, vive 

com valores diários inferiores a dois dólares, o 

que significa que sobrevive no limite da 

pobreza.



Com papas e bolos, enganam-se os tolos.


Este foi o real papel desempenhado por 


Mandela, como Presidente, incensado pelo 

podedominante: deram-lhe em 1993 o prémio 

Nobel, juntamente, com o seu algoz, de Klerk. 


pró-americana ONU formalizou um dia, 18 de 

Julho, para ser "Dia Internacional Nelson 


Mandela.


Os Estados Unidos cumularam-no de honrarias, 


das quais a mais destacada é a *Presidential 


Medal of Freedom*, outorgada por George 


W.Bush, a sinistra Isabel de Inglaterra 


galardoou-o com a Ordem of St. John  e, o 


rasteiro político português Cavaco Silva 


colocou-lhe o Grande Colar da Ordem do 


Infante d.Henrique.



3 - O caso mais gritante, porque nos é próximo 


e actual, é o de Alexandre Gusmão, que é 

conhecido por Xanana Gusmão, actual primeiro-

ministro de Timor-Leste, de onde já foi Chefe 

de Estado.


Foi transformado em herói, no momento da sua 

prisão, finais de 1992, quando já actuava como 


um poltrão, ao serviço da política de 


compromisso para a manutenção da estrutura 


ditatorial na Indonésia, e, em troca da 


liberdade de Xanana Gusmão, posteriormente, 

quando estivesse na ordem do dia a 


possibilidade da independência do território 

timorense, sem pôr em causa os interesses 


energéticos (petrolíferos e de gás) da 


superpotência norte-americana e dos lacaios 


australianos.


(Colocou-se, nos grandes meios de 


comunicação social desde a segunda metade 


dos anos 90 do século passado, uma tarjeta de 


censura sobre as declarações que Xanana 


Gusmão fez no momento da sua detenção em 


que renegou todo o seu passado de 


guerrilheiro. 


Afirmou-se então arrependido do mal que 


sustentou ter feito ao povo maubere e lançou 


um apelo aos seus seguidores da guerrilha e 


da resistência para optarem pela deserção.


Quando prestou estas declarações não pareceu 


constrangido, nem mostrou sinais de torturas, 


nem de fraquezas provocadas por eventuais 


problemas de saúde mental.


Poderia ter desmantelado, com esta sua 


postura, a guerrilha e a resistência timorenses, 


mas outros agarraram e impediram, sem 

qualquer intervenção do Xanana capitulador).




Temos, todavia, de analisar a História política 

pelos factos.


O período em que Xanana Gusmão, então um 


inexperiente chefe político, conseguiu refazer 


um exército guerrilheiro, e pôr em sentido 


um poderoso exército ocupante javanês, entre 


os primeiros anos da década de 80 do século 


passado até à sua rocambolesca prisão em 


1992, quando, infantilmente, se passeava de 


motorizada em Dili, esse, contudo, é 


obscurecido nas resenhas da grande imprensa 


internacional e nas cobardes chancelarias 


ocidentais, incluindo a portuguesa.




(Na realidade, nessa altura, os primeiros-

ministros portugueses e os respectivos Chefes 


de Estado da altura menosprezaram, pura e 


simplesmente, o papel desempenhado pelos 


representantes da única delegação exterior, 


onde a determinada altura pontificava um 


triunvirato de unidade, representado pelo 


falecido bispo resignatário de Dili Martinho 


Lopes da Costa (que morreu na miséria, 


abandonado pela própria hierarquia da Igreja 


Católica), Abílio Araújo (FRETILIN) e Moisés da 


Costa Amaral, que lutava pelo reconhecimento 


diplomático do direito à independência 


timorense).



Mas mais sinistra, pindérica e omissa na 

verdadeira História de Timor-Leste, no 


ocidente, e, em particular nos grandes meios 


de comunicação social, alguns dos quais foram 


dirigidos por jornalistas que apoiaram a 


FRETILIN revolucionária, é o "apagamento" 


dos "pais" fundadores da actual República de 


Timor-Leste, apagamento este que os dois 


principais dirigentes que estiveram ao leme da 


Chefia do Estado e do governo (Xanana 


Gusmão e Ramos Horta) são cúmplices 


premeditados.






Foto de arquivo da proclamação de independência de Timor-Leste em 1975. Da esquerda para a direita Mari Alkatiri, Nicolau Lobato, Xavier de Amaral, Rogério Lobato (era alferes do Exército português), Guido Soares e Afonso Redentor, irmão de Abílio Araújo. O vice-primeiro-ministro e ministro da Economia era Abílio Araújo e o ministro dos Negócios Estrangeiros era Ramos Horta. De registar que uma portuguesa, Guilhermina Araújo, era a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros.

Na realidade, a República foi, formalmente, constituída a 28 de Novembro de 1975. 



E a razão de ser da luta de resistência contra a invasão indonésia foi produto, justamente, do facto de haver em Dili, em Dezembro de 1975, um governo legítimo, com forças armadas que o defendiam. 


Havia reconhecimento internacional, principalmente entre os países saídos do colonialismo ocidental, desde meados dos anos 50 do século XX. Nomeadamente, os cinco africanos de língua portuguesa, a China, Cuba, República do Congo, a Tanzânia, a Argélia, entre outros. 

E Jacarta foi agiu, porque teve a concordância desta invasão dada pela autorização directa do então Presidente dos EUA Gerald Ford, em visita a Jacarta, com a anuência australiana, que, em 1978, à revelia da decisão do Conselho de Segurança da ONU, que não considerava legal face ao direito internacional a integração de Timor-Leste no território indonésio.

E os obreiros directos deste feito - a resistência em condições adversas - eram liderados por Nicolau Lobato, o segundo Presidente da República, seu primeiro chefe de governo e comandante e organizador das FALINTIL, as forças, primeiro, estatais, depois guerrilheiras, de quem esteve à frente até à sua morte pelas tropas indonésias em 1978.



E que Xanana Gusmão veio a ser o seguidor, por exclusão de partes, porque nos inícios dos anos 80 era o último membro do CC vivo no interior e permanecendo na guerrilha, mas que não era, na altura, o seu mais importante comandante operacional.




O papel desempenhado por Xanana Gusmão na *reestruturação* das chefias da guerrilha e da liderança da FRETILIN, a principal, e, praticamente única estrutura política interna na defesa radical da independência, foi controverso e levou a divergências e casos nebulosos, ainda não esclarecidos no afastamento político dos seus oponentes.




Que, não tendo a profundidade e gravidade no presente momento, ainda hoje mina a sociedade timorense. 




Com erros, ou até com incompreensões políticas, o certo é que Xanana Gusmão desempenhou um papel de liderança política e militar até à sua prisão.




Pode dizer-se que estava isolado em Cipinang. 


É verdade. Mas a postura política não se verga, por vontade de outrem.



Xanana Gusmão cedeu, tornou-se colaboracionista, e, este aspecto é que  tem de ser analisado para se compreender como foi "santificado" pelo poder ocidental.




Quando os movimentos internos em Timor-Leste se radicalizaram e o sistema político da Indonésia começou a ameaçar implodir, com a saída do general Suharto do poder, começou a germinar nos Estados Unidos e na Austrália uma linha orientadora para uma saída política, com um Xanana domesticado.




Permitiram que o líder timorense preso tivesse contactos e até deixaram que uma australiana desconhecida Kirsty Sword, sua actual esposa, entrasse e permanecesse, com Xanana Gusmão, na prisão de Cipinang e andasse, livremente, em serviço de *espionagem* a favor da causa maubere. 




É uma estória da carochinha.




Convém um esclarecimento: os responsáveis sucessores de Xanana, retiraram-lhe o comando político e militar quando prestou declarações pró-indonésias.





O Vice-Presidente da FRETILIN e chefe do governo revolucionário Nicolau Lobato discursa e o fotógrafo de serviço de imprensa da FRETILIN Alexandre Gusmão cobre o acontecimento.


Xanana Gusmão é preso em 1992, aparentemente, por quebras de sistemas de segurança, principalmente após a juventude estudantil se rebelar sob a direcção da FRETILIN, que aquele renegara.




Essa juventude enfrentou os esbirros indonésios e, os jovens, apesar de praticamente desarmados, lutaram nas ruas de Dili, em enfrentamentos, cujo conflito mais saliente foi o massacre do cemitério de Santa Cruz (12 de Novembro de 1991).




Gusmão fica detido, em Dili, numa prisão de triste memória, sendo julgado em 1993 e colocado numa prisão de presos comuns denominada de Semarang. 


Mais tarde, quando começam a haver contactos com *interlocutores internacionais* é transferido para Cipinang, onde eram encarcerados os presos políticos. 

Aquele massacre, que foi filmado por um jornalista estrangeiro Max Sthal, e divulgado internacionalmente, fazendo com que a acção monstruosa do Exército indonésio merecesse o repúdio geral, arrastando, desta maneira, a própria Administração norte-americana a juntar-se ao coro da denúncia mundial.



O engrandecimento dado a Xanana Gusmão, após o seu aprisionamento em Cipinang, e, particularmente, após o referendo em a 30 de Agosto de 1999, em que a população opta pela independência, é feito em paralelo, com a penetração da Igreja Católica em todas as estruturas da nova sociedade timorense, incluindo a educação e a própria política.




E, principalmente, com a tentativa premeditada entre os sectores afectos a Gusmão e à UDT, agora já dominada pelos irmãos Carrascalão, e os poderes políticos ocidentais (EUA e Austrália), para criar uma nova formação política, o Conselho Nacional da Resistência Timorense, que desarticulasse a FRETILIN, que estava associada à independência, através da luta armada. 




Não foi, por acaso, que na prisão de Cipinang, ali estiveram, em conciliábulo com Xanana, a então secretária de Estado norte-americana Madeleine Albright, o ex-presidente daquele país Jimmy Carter e Alexander Downer, na altura ministro dos Negócios Estrangeiros da Austrália, país que rubricou, com a Indonésia um pacto de assentimento da integração timorense, em troca da repartição dos benefícios do petróleo e do gás do mar de Timor.




Após a saída da prisão e das primeiras eleições presidenciais, Xanana Gusmão é eleito Chefe de Estado, mas é a FRETILIN, que vence as eleições legislativas por maioria absoluta e forma governo.




Que vai ser sabotado pela dupla Xanana-Ramos Horta e afastado pela intervenção estrangeira, australiana.


(Para que conste, na apreciação futura- e já agora actual: Xanana Gusmão e Ramos Horta são filiados na maçonaria de obediência norte-americana). 



3 - Chegamos à situação actual.




Por muito dura que a crítica seja feita a esses ex-revolucionários que amoleceram as suas convicções, em nome das manobras tácticas, para "atingir o objectivo pretendido" temos de as reafirmar, tal como o fizemos no passado, por muito que custe.

Não se pode se condescendente com quem renega o seu passado revolucionário, para atingir o poder a todo o custo, ou com justificações de o fazer para "salvar a Nação".

E só fica admirado com as transformações quem trafica com convicções, e procura sempre estar de bem com deus e o diabo.