quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

EM BREVE, O MUNDO REGER-SE-Á PELO DÓLAR, O EURO E O YUAN






1 - A crise económica, que se iniciou, em 2008, a partir de uma profunda crise do sistema financeiro especulativo norte-americano, continua em 2011, e prevê-se que se prolongue por mais uns anos.


Não é mais uma crise do sistema capitalista mundial, é algo mais profundo e importante, que vai mexer e revolver, nos próximos meses, mas com mais evidência nos próximos anos, toda a estrutura económica capitalista, implicando modificações profundas na sua superestrutura política e revolucionar toda a geo-estratégia, as relações internacionais e o próprio sistema militar.



Pela primeira vez, na História da economia política, os próprios apaniguados e defensores do sistema capitalista interrogam-se sobre a sua sobrevivência, e, nas análises que fazem da própria crise, têm de reconhecer que ela foi fomentada pelo próprio sistema capitalista financeiro.


Refere, nomeadamente, o Prémio Nobel da Economia Paul Krugman, conselheiro do Estado norte-americano: “os ataques dos manifestantes a Wall Street como uma força destrutiva, em termos económicos e políticos, estão completamente correctos".


Outro Nobel norte-americano, muito próximo do actual Chefe de Estado, Barack Obama", escreveu, recentemente, um artigo intitulado: "a crise ideológica do capitalismo ocidental", onde sublinha, nomeadamente: "A fé nos mercados livres e sem restrições colocou o mundo à beira da ruína. Incluindo nos seus dias de apogeu, desde os princípios dos anos oitenta até ao ano de 2007, o capitalismo desregulamentado ao estilo norte-americano trouxe maior bem-estar somente para os mais ricos no mais rico país do mundo".

A actual crise capitalista adquire, portanto, uma nova perspectiva política para todo o Mundo, em particular para o sistema capitalista ocidental mais desenvolvido, porque está a pôr em marcha a mais completa subversão, a um nível mais global, das relações sociais em que os poderes autoritários de antanho, percursores da II Guerra Mundial, estão a emergir, novamente, e a ocupar repressiva e avassaladoramente toda as estruturas sociais - claro que noutras condições e noutro tempo - e a tornar-se senhores absolutos dos poderes de Estado.  



Os governos de "tecnocratas", a interferência exponencial directa dos banqueiros nas decisões políticas estatais, carregados de arrogância e sustentados em argumentos de que eles são o "centro" do processos produtivos nacionais, a imposição de legislação cada vez mais gravosa para as classes trabalhadores, as rapinas e o empobrecimento geral que pendem, em crescendo, sobre as mesmas, bem como a militarização descomunal que se expande como entidade única da existência do Estado, a cristalização mundial de uma política claramente securitária, onde impera a repressão, são os indícios, mais que evidentes, de que uma nova tempestade planetária se aproxima.

Se se der esta consolidação, estará aberto caminho para nova guerra de enormes proporções.
  
Ela poderá evoluir da periferia da principal potência económica do Mundo em ascensão, que é a Europa, mas atingirá igualmente os Estados Unidos, a China, a Rússia, Paquistão, Índia e Irão, porque estarão em causa os centros produtores de matérias-primas, com especial relevo para os petróleos e gases, os seus receptores ávidos dos mesmos, as suas rotas estratégicas, e, naturalmente, toda a trama concorrencial e de alianças pontuais ou estratégicas que já se definiram e estão em vias de formular.

A consolidação desta via, a dar-se, conduzirá no imediato ao aprofundamento de uma derrota do movimento revolucionário, em especial o seu elemento mais avançado anti-capitalista, derrota esta, não é de hoje,  pois já se iniciou, de maneira evidente, antes da II Grande Guerra, mas que se avolumou, apesar de toda a capacidade de resistência e de fluxos momentâneos de experiência subversivas após 1945 e nos anos 60/70 do século passado até aos dias de hoje.

E isto, porque não se entranhou, neste período, entre as classes laboriosas um projecto de partido revolucionário anti-capitalista, nem foram estudadas e analisadas, com pensamento materialista, as causas deste retrocesso, nem a razão profunda da sua derrota, praticamente, desde a cristalização dos chamados Estados de Capitalismo de Estado, que se implantaram, sob a denominação de Estados socialistas, desde a Europa de Leste até à China. 

Todavia, esta crise geral do sistema financeiro capitalista trouxe vários aspectos novos, que, na minha opinião, devem ser escalpelizados na sua génese e evolução e investigados como forma de dar consistência a um novo programa anti-capitalista mundial e dar "argamassa" alargada aos novos tempos de revolta que fermentam.

Em primeiro lugar, esta crise clarificou as relações concorrenciais dentro do próprio sistema financeiro, e fez aparecer à luz do dia, em perspectivas nítidas três "blocos" monetários, em torno dos quais se estão a concentrar e reformular o próprio desenvolvimento do capitalismo no mundo. A saber, o dólar, o euro e o yuan.

Em segundo lugar, o crescimento e fortalecimento, essencialmente, do euro - a cotação da moeda única europeia subiu 50 por cento face ao dólar na última década, período durante o qual o valor do euro foi quase sempre superior ao da  divisa norte-americana - e, noutra escala do yuan, face ao dólar, tem produzido desde há cerca de 20 anos, uma feroz concorrência económica, estribada na sua expansão nos encargos castrenses, que, acima de tudo, arruinaram, de maneira evidente, os Estados Unidos, que transformou esta via - a militar - como a finalidade única e principal da sua existência como Estado imperial.


Ora, este militarismo agressivo e violento, que se estendeu desde Extremo-Oriente nos anos 60 e 70 do século passado até ao sul da Europa, nos finais do século XX, prosseguindo nos dias de hoje no Grande Médio Oriente, e, com repercussões nos dias de hoje no norte de África e mesmo na África subsariana.


O militarismo norte-americano está conduzir à sua auto-destruição, e, a forçar, devido à concorrência, à militarização de China, da Rússia, e em menor escala na União Europeia, simplesmente, porque, neste último espaço geográfico, não existe ainda um Exército único.

Em terceiro lugar, e este é o aspecto central que nos interessa: a descrença na Revolução está a começar a desaparecer do seio das classes exploradas.

Admite-se de modo crescente, ainda que com avanços e recuos,  possa haver um subversão revolucionária e que essa possibilidade pode ganhar foros de cidadania e mesmo de necessidade para mudar radicalmente o actual estado das coisas.

2 - A contínua pressão do capitalismo financeiro especulativo centrado nos EUA (Wall Street) e no Reino Unido (City), desde 2008, sobre a União Europeia deve fazer-nos reflectir sobre o que realmente está a acontecer.

Tornou-se evidente, a partir do início da década de 80 do século passado, que a Comunidade Económica Europeia, como entidade  supranacional, estava  a adquirir uma forma de cooperação internacional harmoniosa. Uma nova forma de governar o próprio mundo capitalista.

Esta facto deu-lhe uma pujança acrescida no comércio, na indústria e na agricultura de toda a Europa, por um lado, e veio a manifestar, por outro, um poder económico que, embora sob uma submissão militar e, de certo modo política, perante os norte-americanos, entrou, na realidade, em rivalidade concorrencial com os Estados Unidos.

Ao mesmo tempo os restantes países em fase de desenvolvimento acelerado capitalista, como o Brasil, Venezuela, Argentina, na América Latina, e China, Índia e outros do Extremo-Oriente, começaram a sentir-se atraídos pela forma modelar de nova organização económica da burguesia europeia comunitária. 

O avanço da CEE para União Europeia, com a aplicação de uma moeda única, o euro, que, num espaço muito curto, se tornou uma moeda forte, de referência nas trocas comerciais mundiais, fez "soar" as campainhas em Wall Street, que estava - e está -ameaçada por uma quebra acentuada do poder do dólar na cena política e económica mundial.

Esta evolução, ainda que lenta, fez surgir muitas contradições, e acima de tudo, fomentou resquícios de nacionalismo entre as próprias burguesias europeias, que entraram em conflitos de interesses em torno de eventuais supremacias, desprezando o passado recente de cooperação, mais ou menos harmonioso, dos inícios da CEE, e que, rapidamente, foram aproveitados pelo centros financeiros capitalistas norte-americanos e ingleses para criar divisões, que persistem latentes até hoje.

Claro que a UE tem um outro "calcanhar de Aquiles", que é a sua desunião política.

Para impor a sua *acção própria* e reforçar a sua unidade já conseguida, a União para assegurar a sua própria paz transnacional no seu espaço geográfico, e mesmo no plano internacional, tem de caminhar para pôr termo às fricções nacionais e às tentativas de imposição de supremacias regionais no seu interior, mantendo as identidades de cada povo e mesmo de cada Nação numa base de igualdade e de democracia política.

Naturalmente, para cimentar esta via, somente será conseguido se estiver por detrás a sombra ameaçadora das classes trabalhadoras.

Na realidade, foram elas, em grande medida, com as suas reivindicações e as suas lutas, que conquistaram direitos e garantias transnacionais, inseridas naquilo que se convencionou chamar os Estados Sociais, que levaram a burguesia que dominou, em primeiro lugar, ao ocupar as instituições nacionais logo após o fim da II Grande Guerra, e, em segundo lugar, a abrir caminho à organização económica da própria Europa. 

Então, qual a razão principal de uma concorrência tão feroz entre os EUA, com a cumplicidade descarada e cínica do Reino Unido, que, formalmente, se diz europeu, e, na prática é um "cavalo de Tróia" na procura do seu desmembramento, e a UE?

Desde o final da II Grande Guerra, apesar da divisão política radical dos diferentes Estados europeus, acobertados pela vassalagem, do lado ocidental, aos Estados Unidos da América, e do lado oriental, à antiga União Soviética, efectuou-se, na realidade, uma nova e pujante fase de incremento industrial e agrícola.


Primeiramente, no centro europeu, depois, de maneira, não uniforme nos outros Estados da chamada periferia ocidental, mas, também, embora, noutras condições, nos principais Estados de leste, nomeadamente na antiga Alemanha democrática, Polónia e Hungria.


E, apesar da separação entre dois modelos de capitalismo, o liberal ocidental e o capitalismo de Estado, este centrado na ex-União Soviética, registou-se, particularmente nos anos 70, a partir da Alemanha de Oeste e países nórdicos, e em escala mais reduzida, de França, uma troca crescente entre os países vizinhos, no domínio do comércio, da tecnologia e até nas relações financeiras.


Registava-se, em particular com a *real politik*, começada por  Willy Brandt, uma "atracção" continua, lenta, para uma cooperação mais profícua, que permitiu em toda a Europa - dos dois blocos - uma clima de distensão e de certa harmonia na busca de uma paz duradoira, que foi real por mais de 60 anos. 


A crise económica e financeira de 1973 (a chamada crise petrolífera) foi o primeiro grande indício de que o sistema financeiro mundial estava a abrir fendas, como fase avançada do capitalismo internacional.


O período que se lhe seguiu foi para a Europa um tempo de prosperidade industrial e de incremento produtivo interno, e para os chamado países em via de desenvolvimento, como a China, a Índia, o Japão e o Brasil os começos de um incremento impulsivo no estado da sua própria produção capitalista.


De certo modo e em certo sentido, quer na Europa, quer nesses países em fase desenvolvementista deram-se verdadeiras revoluções económicas.


(Estas revoluções tinham, todavia, dinâmicas diferentes: 


enquanto na Europa estava virada para a criação e interligação de um espaço económico e social mais concertado, estribado em cooperação transnacional, fortemente influenciada pelas reivindicações de mais distribuição social e melhoria acentuada das condições de vida das classes laboriosas, que forçavam as próprias burguesias nacionais a unificar as suas políticas, que do ponto de vista económico, quer social;


Nos chamados grandes países em desenvolvimento, a sua revolução económica estava mais centrada na conquista das suas reivindicações nacionais próprias e na conquista de mais liberdade, com a excepção da China, que aderiu à chamada "economia de mercado" sob os auspícios de um mitigado capitalismo de Estado).


Em grande medida, este modelo desenvolvementista do capital liberal ocidental contribuiu para aprofundar as contradições com o modelo de capitalismo de Estado, dominado pela antiga URSS, que se viu enredada numa crescente voragem militarista, sem estar apoiada numa produção industrial pujante, pelo contrário apresentava sintomas graves desde os anos 70 de estagnação - ao contrário da ocidental.


A queda do domínio imperial da antiga União Soviética sobre uma grande parte da Europa de Leste, e o corte ideológico que o mundo sofre com o desmoronamento visível de um falso comunismo, que se acorbetava com a capa de capitalismo de Estado, colocou os Estados Unidos, com uma vassalagem política bacoca da  UE e do Japão, como a única potência dominante - económica e militar.


Foi uma vantagem que lhe subiu à cabeça. 


Aumentou a sua política de arrogância, de ferro e fogo sobre as diferentes partes do mundo, procurando imiscuir-se, violentamente, nos assuntos internos dos países que procuravam seguir a sua via independente de construção económica, política e militar.


Vejamos a prática de violência e destruição que os EUA levaram às diferentes partes do Mundo, na sua ânsia de sucesso imperial mundial, situando apenas a partir dos anos 80 do século passado.


Nesse ano, fazem uma surtida militar de grande envergadura no Irão, com o argumento de irem resgatar cidadãos norte-americanos retidos na sua embaixada em Teerão. Em 1981, assumem o controlo do Exército de El Salvador, através de centenas de "conselheiros militares" com a justificação de combate à guerrilha.


Neste mesmo ano, depois em 1986 e mais tarde em 1989, atacam unidades militares líbios na zona do golfo de Sirte. Pretexto: actuar "contra o terrorismo".


Em 1982 e 1983, fazem entrar pelo menos dois milhares de membros das suas tropas especiais no Líbano, de onde saem depois um forte ataque ao quartel-general dos EUA no país, em que morrem cerca de 300 militares norte-americanos.


Em 1983, invadem Granada para afastar o governo eleito que não lhe era favorável. Entre 1983 e 1989, enviam contingentes militares e unidades aéreas para defender o regime hondurenho, sem forças para conter um eventual conflito com a Nicarágua Sandinista.


Desde a segunda metade dos anos 80 do século XX, verifica-se uma alegada "obsessão" pelo Médio-Oriente. Quando o Iraque, aliado subserviente dos EUA, invade o Kuwait (1990), um enclave iraquiano, protectorado de Washington, devido ao petróleo, a administração ianque sente o terreno a fugir-lhe e emprega a mais alta tecnologia castrense para manter, ainda que, temporiamente, a sua política de ferro e sangue de defesa dos "interesses nacionais".


Ainda em 1988, não têm pejo em abater um avião civil iraniano com 290 pessoas a bordo. Em 2003, efectuam, com um rastro enorme de destruições e mortes, a invasão e ocupação do Iraque, que, oficialmente, abandonam este ano, embora, oficiosamente, continue ocupado por cerca de 100 mil paramilitares mercenários.


Ainda na década de 80, intervêm violentamente no que consideram ser o seu quintal na zona sul do seu "espaço vital": militarizam em crescendo desde 1988 o Panamá, até que  1989 o invadem e capturam o seu chefe de Estado, o general Noriega, seu agente secreto, que se rebelou contra o amo. 


Desde meados dessa década, começam a intervir no terreno com tropas, unilateral e directamente, na América Latina, primeiro, na Bolívia (1986), depois em 1989, em força, na mesma Bolívia, Colômbia e Perú, onde estabelecem bases castrenses operacionais: Pretexto: luta contra a droga.


Nos inícios dos anos 90, com a evolução crescente da economia europeia, os EUA intervêm directamente nos assuntos da própria Europa, minando a sua implantação. 


Concentram-se militarmente na ex-Jugoslávia, que colocam a ferro e fogo (são centenas de milhares os mortos, essencialmente civis), nas guerras da Croácia, Bósnia-Herzegovina e Kosovo, mantendo, nesses territórios estruturas militares. Envolvem os seus vassalos europeus nessas guerras, incluindo os cobardes e mercenários dirigentes portugueses.


Como podemos verificar mais à frente este sucesso imperial teve um espaço temporal momentâneo - 40 a 50 anos - ele está a acabar.


Caminha para o fracasso. E a razão principal está na economia.

3 - Em Agosto deste ano, os EUA viveram um período considerado crítico para a sua sustentação como Estado: o espectro da bancarrota imediata esteve no ar. 


E porquê?


A dívida total nacional norte-americana, referente a Julho deste ano, ultrapassava o valor de 14, 4 biliões de dólares, um valor superior ao que era considerado como limite autorizado - 14,3 biliões - para cumprir os pagamentos aos credores e satisfazer os compromissos internos.


A classe dirigente norte-americana engendrou um compromisso de última hora para evitar a insolvência, que passou pela ultrapassagem do limite estabelecido para a dívida, através de emissão fictícia de papel e restrições enormes nos direitos e garantias dos seus assalariados.


Os governantes e banqueiros norte-americanos, em particular os capitalistas judeus de Wall Street, já tinham essa percepção desde há mais de 10 anos.


Efectuaram, então, a partir de 2008, uma manobra manipuladora dirigida contra o euro, procurando limitar-lhe a evolução, aproveitando para tal a incapacidade (e a submissão) dos governantes e dirigentes políticos e económicos europeus, e as fraquezas evidentes da sua desunião, e os resquícios de nacionalismo imperial que ainda subsistem em alguns dos Estados da UE.


Mas, a crise do sistema financeiro norte-americano, e por arrasto, do sistema mundial, não vem de hoje.





Como se pode verificar, a dívida pública norte-americana sofreu uma enorme incremento, a partir de 2000, que coincide, em grande medida, com dois gigantescos encargos: a entrada de capitais públicos para injectar capitais públicos nos bancos e empresas de seguros privados falidos fraudulentamente (possivelmente mais de 850 mil milhões de dólares) e as despesas descomunais de carácter militar.


(Em 2008, o total oficial (não real) dos gastos militares dos EUA ascenderam a 600 mil milhões de dólares, um valor superior a 41 % das despesas castrenses mundiais, despesa esta superior aos 14 maiores gastos militares nacionais.


O Orçamento da Secretaria de Defesa (Ministério da Defesa) em 2010 atingiu, precisamente, os 600 mil milhões de dólares, um acréscimo de 14 % face a 2009 e 80 % superior a 2001. Mas, esse Orçamento tem um adicional de 130 mil milhões de dólares só para as guerras do Iraque e Afeganistão.


De referir que os próprios responsáveis do poder, como o Nobel da Economia Joseph Stiglitz desconfiaram desses valores. Ele fez as contas e divulgou-as, através do Daily Telegraph: a guerra do Iraque já fez sair dos cofres do Estado mais de três biliões de dólares (dados de 2008) e acrescentava que, nos dois anos seguintes, iriam ainda ser gastos, pelo menos, mais 500 mil milhões de dólares.


Outras dados, baseados nas despesas reais do Orçamento federal, assinalam que, os EUA gastam, no Afeganistão, uma média de dois mil milhões de dólares por semana, cerca de 104 mil milhões por ano. A guerra já leva 10 anos).


Significa que, na realidade, a economia dos EUA está ser "afogada" pelo militarismo. E este militarismo está a ser usado pelo sistema financeiro de Wall Strert para se tentar salvar. 


(Os EUA mantém um número de 865 bases e instalações militares em 150 países).


Provocando a intervenção, quer directa, quer indirectamente, constante nas fontes essenciais de matérias-primas para controlar, a administração norte-americana está a procurar, nos últimos 10 anos, a "asfixia" das duas principais potências concorrentes a essas fontes, em particular o petróleo e o gás


A bacia mediterrânica africana e o grande Médio-Oriente, incluindo a zona do Cáspio têm sido as áreas privilegiadas da actuação militar como um fim em si da própria existência do Estado norte-americano. 


Quem pretendem atacar, essencialmente?: a UE e a China, ambas muito dependentes do petróleo dessas regiões.


Está a forjar, no entanto, o seu próprio "estrangulamento" económico. No fundo, a sua destruição. 


Os próximos anos vão mostrar se a crise norte-americana entra num espiral de decomposição imperial.


Alguns dados desse declínio: a presença do dólar nas reservas monetárias internacionais, em 1995, representava 44 %. Subiu, em 2000, para 56%. Mas desde então a queda da moeda norte-americana tem sido acentuada. Em 2010 desceu para 34%. O dólar, embora ainda tenha um peso significativo nas relações cambiais internacionais, já não é o "pilar" norte-americano. Começa a "dividir" a liderança com o euro e o yuan.


O desemprego no país cresceu e estará hoje na ordem dos 10 por cento da população activa. Um em cada seis dos seus habitantes já recorre às senhas de alimentação.


A actividade produtiva está em recessão, continuamente, desde 2006.


E, aqui, surge o chamado *nó górdio* da actual situação política é que os EUA, colocando perante uma perspectiva de falência, ou seja um prenúncio, de dentro de alguns anos, poder ficar sem controlo governamental central (existem Estados e cidades completamente insolventes, como a Califórnia) e acossados por potências que lhe "batem o pé", poderá querer avançar para a guerra, para evitar a implosão financeira. 


Se os Estados, que lhes são vassalos, os seguirem, haverá conflitos económicos, financeiros, sociais, que poderão atingir violência inaudita.


3 - Esta escalada actual de tensão militar, fomentada pelos EUA, com a presença cada vez maiores de outras potências em zonas críticas (a China tem 25 navios de guerra nas regiões do Mar Arábico, Golfo de Aden e Somália, bem como tem unidades da Marinha de Guerra a fazer missões no Pacífico Sul, o que acontece pela primeira vez; a Rússia deslocou uma frota naval numerosa, com dois porta-aviões nucleares para as costa da Síria e reforçou com armas sofisticadas a área fronteiriça com o Irão do lado do mar Cáspio e, eventualmente, forneceu aos iranianos misseis e defesas electrónicas mais potentes. e, o Irão, possivelmente já com armas atómicas e misseis intercontinentais em serviço), não serve a unidade europeia.


Para analisarmos esse aspecto, temos de reflectir sobre o que está a acontecer no seio da UE e, particularmente, na consolidação da moeda única.


Apesar da pressão intensa de Wall Street e da City, que provocou desorientação, contra-formação e muita descrença, e, essencialmente, porque despertou as classes trabalhadoras europeias para o problema do papel nefasto do capital financeiro internacional, a burguesia europeia, através dos seus dirigentes tiveram de se "desenvencilhar" e seguir uma via própria.





No mês de Dezembro, que agora está a findar, os principais dirigentes da UE, entalados pela mais que provável convulsão social generalizada no seu território, com a perspectiva de uma ruptura no euro, avançaram para uma fase de integração orçamental e financeira mais acentuada, e colocam mesmo em marcha um projecto de integração fiscal, para "blindar" o euro e o espaço monetário único. 


Quem perdeu, neste intervalo, foram, precisamente, o Reino Unido, que ficou completamente marginalizado e engalfinhado numa crise de grandes proporções (não sei se não se colocará, a breve prazo, uma fragmentação da monarquia inglesa), e os EUA.


Os europeus ao optarem por este caminho, abriram a via para a  criação dos títulos de dívida pública centralizada, que se apelidam de eurobonds.


O que pressupõe que terá de ser aberto um debate democrático, e se não for estimulado de forma democrática, haverá tentativas retrógradas, nacionalistas, que destruirão o sistema criado.


Para avançar nesse caminho longo e contraditório, a burguesia europeia terá de relançar a indústria em termos de progresso social e incrementar o comércio que lhe é inerente. Ou seja, impor melhorias económicas e sociais, fazer crescer a exportação, como um bloco, e conseguir uma voz única de poder na arena internacional.


(Convém recordar com a crise em cima, em traços largos, que recorrendo a uma análise comparativa dos activos financeiros em 2009 e 2010, o Banco (BEI) Europeu de Investimentos é a principal instituição financeira mundial. Por seu lado, o Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (BERC) evlouiu significamente na sua carteira de projectos, com um aumento de valor da ordem dos 40 %).

O que traz ao de cima, a capacidade de efectuar esta transformação. 


A unidade política europeia, para ser real e eficaz, terá de ser realizada contra o sistema capitalista internacional. 


Ou seja, terá de ser efectuada contra os inimigos internos e externos.


Poderá ser, na verdade, uma tarefa para as classes trabalhadoras.






sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A JUSTIÇA DE CLASSE







1 - As notícias são do jornal "Público" e agora sintetizo-as em meia dúzia de linhas.


Uma senhora reformada foi apanhada a furtar um frasco de descafeinado, cujo valor era de 2,58 euros. Foi presa e levada a um Tribunal. Rapidamente julgada e condenada a um pagamento de uma multa de 540 euros, mais as custas processuais. Tudo somado, 642 euros.

Num outro processo, um sem-abrigo está em julgamento e aguarda sentença por ter furtado seis chocolates num valor que não ultrapassará os 15 euros.

Apesar de ser um processo sumário, o caso demora um pouco mais, porque o ladrão não tem residência fixa para ser...notificado.

Certamente, a justiça não deixará de sentenciar este perigoso criminoso.

2 - Em 2003 começou um processo que se apelidou de "Caso Casa Pia".

Foram identificados os criminosos, pois de criminosos se trata.

São, no entanto, "pessoas respeitáveis" que violavam crianças de uma instituição de recolha de menores.

Criminosos estes que estão há...oito anos a "gozar" com o pagode com a cumplicidade de toda a estrutura superior do Estado português.

O seu julgamento tem de seguir todos os trâmites vagarosamente legais, pois não se pode condenar tais personalidades sem lhe dar todas as possibilidades de se defenderem. Não se pode condenar ninguém sem provas, dizem as sumidades da Justiça deste país.

3 - Foram condenados na Alemanha dois administradores de uma empresa que vendeu submarinos a Portugal.

A razão da condenação está, precisamente, no suborno de "personalidades" portuguesas - com mais de 30 milhões de euros - para decidirem a compra dos navios àquela empresa alemã. 

Em Portugal, sabe-se isso, e as autoridades judiciais até sabem que são os prováveis subornados, que empocharam a maquia.

Não é difícil de saber. Mas claro são "figuras respeitáveis" e estão no poder.

Não podem ser julgados em processo sumário, como a reformado ou o sem-abrigo, porque as provas, para estes, são difíceis...de encontrar.

4 - O maior roubo dos últimos tempos deu-se com o banco BPN (Banco Português de Negócios). Não se conhece exactamente o valor do desvio de dinheiro.

É um crime mais grave, porque estão a roubar dinheiro aos trabalhadores para "tapar" o buraco financeiro provocado por este crime de lesa- pátria. Contribui para o empobrecimento de milhões de pessoas.

A JSD (juventude social-democrata), lesta, sustenta que foram sacados 5,3 mil milhões de euros do erário público para o efeito. Procura atingir o anterior governo.

Mas, claro JSD sabe, e muito bem, quem foram os criminosos que praticaram estes crimes: Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Abdul Kaim Vakir, entre muitos outros da sua "rede" partidária.

Mas não exige a prisão imediata e sumária desta cáfila.

Certamente que vocifera contra o pequeno furto exige mais repressão, mais polícia, aumentos dos períodos prisionais para estes crimes que põem em causa a "segurança pública".

Os outros não. Satisfazem a clientela onde eles chafurdam e se vão tornar grandes em breve, tal como Miguel Relvas e o próprio Primeiro-Ministro, Passos Coelho.

Nem denuncia que o seu governo, da JSD, ou seja do seu partido-pai, o PSD, já entregou o BPN, via um seu apaniguado, o antigo ministro Mira Amaral, como esta de ferro, a um grupo angolano, onde se destaca a filha do actual chefe de Estado de Angola. 

5 - Esta é a justiça de classe, que está a ser implantada, com reformas pela actual Ministra da Justiça, que foi para o governo por pertencer a um grande escritório de advogados, que protegem justamente a cálifa que nos rouba descarada e criminosamente.


O roubo do BPN foi um crime, mas, também, é um crime - embora tudo esteja na lei - entregar um banco aonde foi injectado dinheiro dos contribuintes, e aonde será injectado mais dinheiro para o "reabilitar" e colocar "no mercado" pela módica quantia de 40 milhões de euros, pagos em prestações suaves. 

AFINAL CATALINA PESTANA, QUEM SÃO OS PEDÓFILOS DA IGREJA CATÓLICA?


                                       

                              



Catalina Pestana, que assina uma coluna semanal no semanário "Sol", e já exerceu, recentemente, o cargo de Provedora da Casa Pia de Lisboa, e, muitos mais anos atrás, serviu como directora de um dos colégios tutelados pela mesma instituição, tem escrito, em diversos ocasiões, sobre a continuidade, na mesma, da existência da "indústria" da pedofília.

Na edição de hoje do mesmo semanário (pág. 36), Catalina Pestana sustenta sem rodeios, no geral: "Houve e há abusos sexuais em instituições da Igreja Católica Portuguesa".

Ela, que se intitula cristã, e faz questão de assinalar que o chefe de Igreja Católica Apostólica Romana, o cardeal alemão Joseph Ratzinger, apelidado de Papa Bento XVI, incita à denúncia dos casos de pedofília "já" que "não está sujeito a excomunhão como até há bem pouco tempo", não apresenta um único caso concreto. 

Confessa, no entanto, que "a associação onde sou voluntária - sublinha -, a Rede de Curadores, recebe várias queixas de situações com esta origem", origem esta que - penso será - a prática de pedofília no interior da Igreja Católica.

 Esta piedosa mulher, que sublinha ter sido invadida por "um longo vómito" que lhe percorreu "todo o corpo" ao saber da extensão dos abusos sexuais denunciado pela Conferência Episcopal Liberal Holandesa, fica-se, todavia, pela cumplicidade com esses abusos, porque sabendo que existem, e assistindo à afirmação do cardeal José Policarpo, bispo de Lisboa, de que não conhece "casos de pedofília na Igreja em Portugal", apenas sentencia um lamento.

Para que serve, Catalina Pestana, o conhecimento das queixas, se estas não são transformadas em actos concretos de denúncias, quer às autoridades judiciais e políciais, quer aos próprios órgãos de comunicação social?

"Lamento - escreve Catalina Pestana - que um homem (Policarpo) tão inteligente, e pelo qual nutro respeito e estima, não saiba ler os sinais que o rodeiam, ou estes lhe são sonegados. Há centenas (sublinho eu!!!) de católicos que têm informações em sentido contrário".

Pois, Catalina Pestana, estes lamentos são hipócritas.

Como pode você ter respeito e estima por alguém que nega o que diz ser uma evidência.

É você que refere: "quando falamos de abusos sexuais, falamos de crimes, de criminosos compulsivos, quando são pedófilos".

E prossegue: "De criminosos respeitados pela função que desempenham, de criminosos acima de qualquer suspeita".

Está a sustentar que os hierarcas católicos estão incluidos nesta suspeita?

Tenho de inferir que sim, porque a sua prosa aponta para isso: "houve e há abusos em instituições da Igreja Católica Portuguesa".

Até, porque você esteve a discutir a questão com o "anterior presidente da Conferência Episcopal, D. Jorge Ortiga".

Então como ficamos, piedosa Catalina?

Não denuncia os crimes, porque tem medo de se atrever a fazê-lo?

Estamos, pois, no campo da cumplicidade.

Mas, o caso torna-se mais grave, porque tendo Catalina Pestana exercido o cargo que exerceu, as autoridaes judiciais e policiais não investigam as queixas que estão em posse da Rede de Curadores.

Porque se encobre então todos estes crimes de personalidades "respeitadas pela função que desempenham"?.

A Ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, que lançou, recentemente, a sua fúria justiceira contra os atrasos na Justiça ainda nada fez para impulsionar o término do caso Casa Pia.

Será porque existem muitas outros "criminosos respeitados pela função que desempenham, criminosos acima de qualquer suspeita" que ainda não foram chamados à barra dos tribunais e à prisão? 





segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

"O ÚLTIMO SEGREDO": A IGREJA CATÓLICA DEVIA ESTAR CALADA









1 -  Fui ler o livro do jornalista José Rodrigues dos Santos, um romance com o título "o último segredo", porque uma nota, profundamente crítica, da hierarquia da Igreja Católica portuguesa, através do seu Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (uma metáfora estrambólica dos constantes enigmas desta confissão religiosa) se insurgia contra o "tom de intolerância desabrida" que os escritos contemplariam sobre a "história da formação da Bíblia, quer ainda sobre a "fiabilidade das verdades da Fé (com maiúsculas! em que os católicos acreditam".


E o que me me lançou definitivamente para a compra do livro e a sua leitura foi o tom arrogante que os doutos senhores da Igreja Católica se arrufiam na classificação do trabalho de uma pessoa que não segue os seus ditames, lançando-lhe um desprezo inquisitorial e intolerante: "É lamentável que escreva centenas de páginas sobre um assunto tão complexo sem fazer ideia do que fala".


Mas afinal o que é complexo?

a) Os textos da Bíblia não assentam em realidades históricas comprovativas por documentos coevos. É uma realidade, é um dado histórico.

São fruto da fé, de uma orientação mística, fora da realidade histórica, articulada, ao longo de tempos, mais ou menos longos, por meio da imaginação e de ritualismos religiosos.

b)  Relativamente ao Novo Testamento, e em concreto à própria figura de Jesus Cristo, não apareceu, até agora, qualquer documento factual da pretensa época em que ele viveu, que consagre, historicamente, que a pessoa tivesse existência real.

Todavia, porque existem documentos de diferentes proveniências a referenciá-lo, pode admitir-se (mas isto é uma probabilidade) que a personagem Jesus tivesse vivido, mas alguns anos antes daqueles que são assinalados pelos pouco textos posteriores que falam dele. 

c) O cristianismo e os cristãos, esses, têm referências históricas precisas, mas elaboradas e organizadas muitas décadas depois da pretensa existência - vida e morte - de Jesus Cristo.

Portanto, nada há de complexo na pesquisa histórica. Será escusado fazer considerações sobre o livro de Rodrigues dos Santos, baseado na História, pois os textos bíblicos são escritos retirados do contexto histórico e qualquer um os pode refazer, revirar ou tornar inúteis.

Invocar a questão da fé é um mero pretexto irracional, que os teólogos sabem ser assim e somente fazem finca-pé deste contexto, porque estão interessados nessa irracionalidade como forma da sua vivência própria para manter a ignorância dos povos.




 2 - Convém referir - e isto até agora é factual e histórico - os documentos canónicos que falam de Jesus Cristo são 27: os quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), os Actos dos Apóstolos, as Epístolas (21) e o Apocalipse.

Foram todos redigidos em grego e enquadrados como "cânone" - apoiados, em épocas diferentes, por hierarcas e rejeitados por outros -, mas, finalmente, formalizados e uniformizados, como tal. por alturas do século IV. 

Ora, significa isto que não foram transmitidos para as épocas posteriores, na língua falada na região onde teria nascido e vivido o personagem Jesus Cristo, nem os factos relatados e com ele relacionados, o aramaico, nem sequer no chamado hebraico bíblico, utilizado, então, pelas estruturas superiores religiosas da mesma região.

(De assinalar que o número de livros do Novo Testamento é, exactamente, igual ao numero de livros do Antigo Testamento (27), ou sejam os únicos que são reconhecidos como fazendo parte do "cânone" pelos hebreus/judeus da Palestina, nos finais do I século DC.

Claro que existem outros, mas foram colocados fora da "regra", porque foram redigidos, essencialmente, em grego.

A justificação para esta expurgação baseia-se no pressuposto de que Javé (o Deus) apenas falou em linguagem hebraica.

Todavia, quer os judeus da emigração, quer os primeiros cristãos consideraram esses livros expurgados como "deuterocanómicos".

A religião católica aceita-os nos dias de hoje, mas as diferentes religiões protestantes consideram-nos "apócrifos", ou seja "não autênticos").

3 - Porque estamos no Natal, podemos verificar com as fés católica e cristã forjaram uma estória. Como manipulação para a criação da figura de Jesus Cristo.

(Um pequeno aparte: situemos a personagem no próprio nome. Qualquer simples mortal não achará estranho que ele seja formado por duas palavras de origem linguística diferente?
Jesus é um nome, que provem de uma forma abreviada de Jehosua, que em aramaico significa "Deus Salvador". É um nome comum, mesmo muito comum na região na mesma época. 
Cristo é uma palavra grega, que literalmente se pode traduzir por Messias, ou seja o "Ungido".) 
A data do Natal, 25 de Dezembro, que a Igreja Católica impôs como dia e mês do nascimento de Jesus Cristo, é um acto arbitrário forjado no século VI, no tempo do imperador Justiniano, por um frade ou monge de nome Dionísio, baseado em cálculos da sua imaginação.
Os Evangelhos canónicos nada dizem, pura e simplesmente, sobre o mês e o dia do nascimento de Cristo.

Se se tomar em conta o que está inserido no Evangelho de Mateus, este refere que Cristo nasceu "no tempo de Herodes".

Ora, Herodes morreu em 4 AC, conforme está perfeitamente documentado.
Ou seja, Jesus Cristo, a ter nascido e vivido na Palestina, teve uma idade mais "precoce" pelo menos cinco ou mais anos antes do registo que os apologistas da doutrina cristã crismaram.
Poder-se-ia avançar por teste trilho para desmontar as inverdades, omissões e mentiras que a Igreja Católica inventou para modelar a figura de Jesus Cristo a uma imagem universal que hoje alcançou.
Não vale a pena fazer grandes considerações, porque tal como a nota pastoral faz questão de recordar. É tudo uma questão de fé.

A nota pastoral não esclarece nada.

Não pode refutar que Jesus Cristo se assume como judeu e não quer ter nada a ver com os "gentios", que repudia a família em detrimento dos "seguidores" e apaniguados, que os seus conterrâneos o consideravam um lunático.

Nem pode refutar que a uniformidade dos textos que enquadram a fé cristã e católica foi modelada séculos depois da eventual verdadeira existência de Jesus Cristo.
O resto não conta para a História.


quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

GOVERNO PSD/CDS: AS NOMEAÇÕES REFORÇAM O PODER DO CAPITAL FINANCEIRO

                                

1 - Estamos a chegar ao fim do ano, praticamente sete meses depois do actual governo português PSD/CDS, liderado por Passos Coelho, e podemos afirmar que o primeiro acto de mudança da maneira de ser que era declamada por aquele político, antes de ser governante, a nomeação dos cargos políticos para a Administração Pública, se transformou em hipocrisia.


Na realidade, Passos Coelho, tal como o seu antecessor José Sócrates, como os antecessores Durão Barroso, Pedro Santana Lopes, António Guterres e Cavaco Silva - ficamos por aqui para não recuar mais - seguiu, exactamente, a mesma senda.


Os nomeados para "reestruturar" a Administração Pública são os mesmos meros vassalos políticos do actual governo, como o eram dos anteriores. As prebendas, as sinecuras identificam-se, tal como dantes; os dinheiros dos contribuintes, gastos inutilmente, são embolsados por uma nova cáfila de medíocres, sabujos, carreiristas dos aparelhos partidários do PSD e CDS.


De acordo com dados oficiais - repiso oficiais - referentes a Setembro, o governo tinha feito 769 nomeações para cargos da função pública e governamental, 283 dos quais não foram publicados em Diário da República.


A emissora Rádio Renascença referia, há dias, que o governo desde que tomou posse fez, em média, três nomeações em por dia.


Ao todo, segundo a Rádio Renascença, foram 610 os novos funcionários que entraram nos gabinetes ministeriais desde 5 de Junho.


O salário médio é de, aproximadamente, 2.300 euros, representando um encargo anual de quase 20 milhões de euros para o Estado.


O Ministério da Agricultura foi o que mais funcionários nomeou - 91 novos colaboradores -, seguindo-se o Ministério da Economia, com 86.


São os dois «superministérios» que agregam, no primeiro caso, os anteriores ministérios da Agricultura com o do Ambiente e, no segundo, os antigos Ministérios da Economia, das Obras Públicas e do Trabalho.


Conforme, assinala a RR, os dados são oficiais e são aqueles que estão referenciados no "site". E, é o governo que faz comparações com o executivo anterior.


Na realidade, desconhece-se as nomeações encobertas, sob a forma de "consultadoria" e outras manigâncias.


Não se pode deixar de denunciar a trafulhice em torno do emagrecimento real do aparelho de Estado, que os arautos Passos Coelho e Paulo Portas preconizavam e sustentavam ser dos primeiros actos do seu governo.


2 - O que atrás se afirma é um aspecto da questão.


O outro mais grave e perigoso para a governação do país são as nomeações que estão a ser feitas para servir o verdadeiro poder, o económico capitalista, que o poder governamental serve na realidade.


Cito a imprensa do regime. Foi nomeado um novo conselho de Administração para o AICEP - um instituto dito de promoção económica do país no estrangeiro .


Pois, o seu Presidente Pedro Reis, além de ser um homem do PSD, é uma personalidade intermédia da finança, ou seja um representante do capital financeiro especulativo.


Além do presidente, Pedro Reis, foram hoje indicados os outros quatro elementos.


Pedro Gonçalves, actual quadro do Banco Espírito Santo (sublinhado meu), onde era director coordenador do gabinete de monitorização e crédito de empresas; o embaixador António Almeida Lima que foi nos últimos cinco anos o cônsul-geral de Portugal no Rio de Janeiro e é apontado como um dos diplomatas com perfil empresarial e económico mais apurado (sublinhado meu); Manuel Mendes Brandão que é advogado na sociedade Albuquerque e Associados e chefiou o gabinete de Paulo Portas quando o actual MNE passou pela Defesa; e, por fim, José Vital Morgado que transita do anterior conselho de administração, é licenciado em engenharia e trabalha na agência que promove a internacionalização das empresas portuguesas e a captação de investimento externo desde 1987 - na altura, ainda se tratava do ICEP.

Como se pode verificar, nestas nomeações estão representados justamente os representantes do capitalismo, tal como se verifica no governo: Passos Coelho veio da gestão de empresas cujos accionistas principais são bancos (CGD, BES, BANIF); Vitor Gaspar é um quadro superior do sistema bancário, quer português, quer europeu; Paulo Macedo (Saúde) era administrador do BCP, Miguel Relvas (cujo enriquecimento deveria ser investigado), igualmente foi administrador de empresas, onde o capital bancário era dominante, e além do mais já confessou que é "um facilitador" de negócios (e esta facilitação certamente é paga e bem paga); Aguiar Branco, Paula Teixeira Pinto, Miguel Macedo e Assunção Cristas provem de grandes escritórios de advogados, que servem essencialmente as grandes firmas bancárias e ligadas aos interesses de bancos.




3 - Para terminar, vamos concentrar-nos num caso paradigmático do papel político como servidor do capital e dos seus interesses específicos na própria instituição bancária.

Reportamo-nos a um caso que já tem meses. Lembram-se da nomeação da nova administração da Caixa Geral de Depósitos, que o governo PSD/CDS anunciou que iria privatizar (total ou parcialmente), e em cujo universo de empresas que representam está o sector de Saúde? 
Falemos então de António Nogueira Leite  que foi escolhido ser vice-presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos e ganhar mais de 20 mil euros por mês.

Esta marioneta político-financeira, que foi conselheiro de Pedro Passos Coelho, é um homem do grupo CUF, de que éadministrador executivo. Mas também é administrador executivo da SEC,  administrador executivo da José de Mello Saúde,  administrador executivo da EFACEC Capital,  administrador executivo da Comitur Imobiliária, administrador (não executivo) da Reditus, administrador (não executivo) da Quimigal - presidente do Conselho Geral da OPEX,  membro do Conselho Nacional da CMVM,  vice-presidente do Conselho Consultivo do Banif Investment Bank, membro do Conselho Consultivo da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, vogal da Direcção do IPRI.

É membro do Conselho Nacional do PSD desde 2010.

Ou seja, o domínio do capital financeiro é total. Quem está no poder (económico, social e político) não é a burguesia portuguesa.

É, directa ou através de seus representantes, um sector específico dela, a grande burguesia da finança.

Ela atingiu, finalmente, todas alavancas do poder de Estado.

Nunca poderá reestruturar a economia a favor da produção nacional. Ela vai continuar a aprofundar a manutenção do sistema financeiro especulativo em grau cada vez mais sofisticado e elevado.

Para o fazer terá de endurecer o regime, caminhar para formas autoritárias de poder repressivo, possivelmente até fascistas, se não houver compreensão da gravidade que se está a desenrolar.


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

CAVACO: UM APELO À NOVA COLONIZAÇÃO INTERNA






1 - O Presidente da República, Cavaco Silva, falou, esta semana, em Lisboa, no encerramento do Congresso do Centenário do Crédito Agrícola, um programa de "repovoamento agrário".

Cavaco Silva, hoje, não está no poder executivo, ocupa um cargo de incidência protocolar de Chefia do Estado, mas, no passado, como chefe do governo do actual regime preconizou e pôs em prática, exactamente, o contrário: a desertificação dos campos, o abandono do cultivo das terras, pagando, mesmo, para se deixar de produzir nas zonas rurais.

Retirando incentivos a quem, realmente trabalhava a terra, destruindo uma Reforma Agrária, iniciada em 1975, com alguns erros e defeitos, mas que se começava a implantar, verdadeiramente, em território português uma nova estrutura inovadora de desenvolvimento rural.

Ao mesmo tempo que indemnizava, pelo contrário, os latifundiários absentistas, a quem financiava, a fundo perdido, como pretensos lavradores, que canalizaram esse dinheiro para proveito pessoal e enriquecimento ilícito. (Não se reporta aqui o autêntico crime que se praticou na atrofia da actividade pesqueira nacional).

"Precisamos de um programa de repovoamento agrário que consiga captar uma parte dos recursos humanos desaproveitados", preconizou, salientando que veria com "muito bons olhos" uma concertação de esforços entre entidades públicas e privadas para criar medidas de incentivo à fixação e atracção de activos nas zonas rurais.

Entre as soluções possíveis, Cavaco Silva avançou com a hipótese de serem criados incentivos ao emprego e aos jovens agricultores, o apoio a empresas de inserção e a concessão de micro-crédito para projectos de desenvolvimento rural.

Além do cinismo destas propostas, para quem destruiu, justamente, a produção nacional dos meios rurais, elas são claramente obsoletas, pois o actual regime, como regime capitalista que é, ainda mais integrado num espaço económico mais amplo, a União Europeia, mais avançada e competitiva na produção, não dará a mão a qualquer valorização da terra e do lavrador independente a ela ligado.

Com os avanços tecnológicos e os progressos manifestos na própria agricultura capitalista que se incrementou nos últimos 50 anos, reduziu, neste período, a população rural agrícola a 12% da população activa.

Em 2009, o recenseamento do INE registou um total de 304 mil explorações agrícolas no país.

Significa isto que, em 10 anos, - 1999 -, foram suprimidas 112 mil empresas.

Enquanto cresceu, neste período, a mecanização e a produtividade relativa em grandes superfícies agrícolas,(dados estatísticos de 2009 assinalam que dois por cento de empresas agrícolas capitalistas estruturadas ocupam 25 por cento do solo rural cultivado), diminuindo, em consequência, a mão-de-obra nessas regiões, devido a esse facto.

Por outro lado, trouxe uma diminuição de população agrícola noutras regiões menos desenvolvidas por causas ligadas ao empobrecimento do agricultor e às transformações capitalistas industriais e de serviços, que fizeram acorrer parte da mesma aos grandes centros industriais.

Ora, no conjunto do sector da agricultura existente, 80 por cento dos produtores fazem o seu trabalho em regime familiar, sendo 6 por cento deste conjunto afirmou trabalhar a tempo parcial.

Ora, Portugal, através dos seus governantes, não utilizou os dinheiros da sua inserção comunitária para desenvolver produção própria competitiva, realizando uma transformação tecnológica e de estruturação agrícola associativa.



Ficou, em inferioridade, face á produção mais avançada e à competividade dos seus parceiros europeus. Tudo isto contribuiu para a desertificação e para o envelhecimento da população agrícola, que, neste estao etário, se torna avessa à modernização.

2 - Como se pode "repovoar" um país, se a política portuguesa (e europeia) - que Cavaco Silva defendeu e continua a defender - está centrada no desenvolvimento desenfreado do capitalismo financeiro, que despreza a produção nacional dos países, e de maneira evidente, a sua economia agrícola, aumentando a ruína contínua de quem, está directamente ligado à terra?

Claro que noutras condições, Cavaco Silva procura, na realidade, fazer renascer a velha política salazarista da "colonização interna", lançada nos finais dos anos 30, também, para resolver uma crise política e social, que a industrialização começava a criar, com desemprego crescente e ameaças de conflitos sociais, que surgiram depois.

(A Junta de Colonização Interna foi um organismo oficial, criado em 1936, dependente do Ministério da Economia, que tinha por missão colonizar os baldios, terrenos públicos e propriedades privadas beneficiárias de infra-estruturas hidráulicas e fomentar a actividade agrícola em Portugal continental e ultramarino).

Foi um fiasco.

António de Salazar apostou, então, deliberadamente na emigração. Discutiu, mesmo, o assunto em 1940, no decorrer dos Congresso da Exposição do Mundo Português.

Algumas das figuras mais eminentes do regime, desde a política à diplomacia, passando pela economia, falaram sobre o assunto, tendo como referência o fracasso que o projecto de "colonização interna" já se lhes afigurava.

Sustentou então Salazar: "Mesmo que supusessemos o aproveitamento integral das terras irrigáveis e baixássemos para um hectare o lote a distribuir por família, teríamos conseguido estabelecer 150.000 famílias, e, a 4 ou 5 pessoas por família, 600 a 700 mil indivíduos. Ficaríamos longe da absorção total".

Salientou que aquele projecto não resolvia os problemas que estavam para surgir.

No seu raciocínio, a questão teria se ser resolvida com uma saída: dar mãos largas à emigração.

Os seus pupilos actuais estão a seguir-lhe as pisadas. O secretário de Estado da Juventude do actual governo já deu mote.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O 25 DE NOVEMBRO GEROU O ACTUAL REGIME







1 - Passou hoje mais um aniversário do golpe militar do 25 de Novembro.


Curiosamente, os seus mentores e promotores, que, normalmente, deitam palavra pela ocasião estão calados e procuram atirar, rapidamente, a data para "debaixo do tapete".


A distância, hoje, é grande, e, o esquecimento procura silenciar a gravidade do que sucedeu na sociedade portuguesa de então.

Um grupo numeroso de oficiais, que se encobriu sob o manto diáfano da democracia, e se intitulou "grupo dos nove", efectuou, em conjunto com as direcções políticas do PS, PSD e CDS, e uma "neutralidade" activa da liderança cunhalista, a 25 de Novembro de 1975, um golpe de Estado para "endireitar" o que eles consideravam ser o seu objectivo do 25 de Abril, trucidado pelas lutas populares.


Na prática, jugularam pela via militar a movimentação popular que se desenrolava no país entre 1974/75, que extravasava os limites impostos pelas coligações governamentais e arranjos realizados sob a chancela do MFA (Movimento das Forças Armadas), movimentações e rebeliões que forçaram as nacionalizações da banca e dos grandes centros produtivos, impuseram uma nova orientação no interior dos quartéis. E, no limite, se aproximava de uma Revolução, que estava a desmembrar, ainda que incipientemente, a estrutura capitalista que se mantinha no país.


Com este golpe, foi iniciado um regime político, assente na primazia da economia de mercado, retomando a privatização da banca e dos principais grupos produtivos, remilitarizando as Forças Armadas, no modelo do regime anterior.


Desse golpe, constituiu-se o actual regime político.


2 - A efervescência revolucionária, que germinou no pós-25 de Abril, sucumbiu, com certo pacifismo, em 25 de Novembro de 1975, devido precisamente ao papel desempenhado por partidos que se afirmavam defensores do socialismo e neutralizaram, por um lado, pela força que mantinham em certos sectores das classes trabalhadores, por outro, pela inexistência de um partido revolucionário, que materializasse um projecto de transformação radical da sociedade.


Todavia, o que realmente foi destroçado com esse golpe não foi, propriamente, a Revolução.


O que foram destroçados foram as ilusões, as ideias, os programas desfasados do conjunto da sociedade portuguesa.


Em primeiro lugar, os projectos de uma sociedade socialista constituída com uma amálgama de alianças de classes ("maioria de esquerda", "unidades de todos os portugueses honrados"), classes essas que, em determinada altura, afirmavam defender a sociedade socialista, mas, na prática, promoviam uma contra-revolução.


Em segundo lugar, a constatação de que não existia uma "vanguarda" revolucionária capaz de conduzir o povo à sua libertação. Na realidade, as relações sociais, apesar da grande tensão política que existiu na altura - chegava a falar-se em perspectiva de guerra civil, não se tinham agudizado em grau de suficiência que colocasse as classes antagónicas em contradição insanável.













quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A GRANDE REFORMA DO TURISMO: DEITAR PELA BORDA FORA A ASSESSORA DE IMPRENSA DO ÁLVARO!!









































1 - O "boy" do poder financeiro, Pedro Passos Coelho, como Primeiro-Ministro de Portugal, segue as pisadas dos seus antecessores na colocação dos "boys" de segundo plano nos institutos e direcções-gerais estatais e para-estatatais.

Argumenta que haverá alguns cortes no número de cargos, mas, na aplicação, os sucessores como gestores ou directores são os homens de palha dos partidos e sectores capitalistas apoiantes do actual regime (podem recolocar na RTP, como Presidente do seu Conselho de Administração, um boy do PS, Guilherme Costa, que, na realidade, pouco importa, é um rapaz do regime).

A questão que pretendemos falar, agora, é no entanto a substituição da administração no Instituto de Turismo de Portugal. Saiu o "rapaz" do PS, Luís Patrão e colocam o seu congénere do PSD, que já estava lá, na repartição de tachos. Chama-se Frederico Costa.

Diz o Ministro da Economia, o tal Álvaro, que vivia no Canadá e dava uns bitaites de escrita, que é uma reforma profunda que o seu Ministério quer conduzir no sector. E o que faz: deita pela borda fora a sua assessora de Imprensa, um antiga jornalista do Diário de Notícias, Maria de Lurdes Valle, e, como recompensa para instituir a reforma, coloca-a como administradora do ITP. Não servia para o assessorar, mas é capaz de ganhar mais uns dinheiritos - naturalmente, para se manter calada do que já sabe - como membro da equipa da "importante reforma".

Se isto não fosse grave, até dava vontade de rir. Mas é grave, muito grave, criminosamente grave. Não se esquecerá.

2 - Eis mais um acto, magnânimo, de Passos Coelho contribuindo para a austeridade do Estado.



Socorremo-mos da imprensa:

"O primeiro-ministro de Portugal decidiu conceder subsídio de alojamento ao ministro da Economia e a três secretários de Estado, lê-se num despacho de Pedro Passos Coelho hoje publicado no Diário da República.

Assim, por não terem “residência permanente na cidade de Lisboa ou numa área circundante de 100 quilómetros”, receberão subsídio de alojamento o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, o secretário de Estado da Defesa, Paulo Braga Lino, o secretário de Estado da Economia e Desenvolvimento Regional, Almeida Henriques, e o secretário de Estado do Empreendedorismo, Carlos Alves de Almeida.

O valor do subsídio é de 75% do valor das ajudas de custo a que têm direito e que são calculadas em função da remuneração que auferem, lê-se ainda no despacho assinado pelo primeiro-ministro.

Esta questão dos subsídios de alojamento a membros do Governo esteve recentemente envolta em polémica depois de dois jornais, Sol e Diário de Notícias, terem revelado que o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, e o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, recebiam este apoio apesar de serem proprietários de casas em Lisboa, embora a sua residência permanente fosse fora da capital.

Tanto Macedo como Cesário, que têm residência permanente em Braga e em Viseu, respectivamente, acabaram por renunciar ao subsídio de alojamento. O mesmo fez o ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, em “solidariedade” com os dois “colegas de Governo”.



Mas a austeridade também entra no Ministério das Finanças, do rapaz Vítor Gaspar.



Cita do semanário Sábado: "O Ministério das Finanças fez duas nomeações em que especifica que terão direito a 14 ordenados". Todavia, à revista disse que os citados não receberão subsídios.



O jornal explica no entanto: "Foram duas nomeações, numa altura em que o Ministério das Finanças já saberia que os subsídios de férias e Natal estarão suspensos para a função pública em 2012, e em que se determina que haverá "percepção de subsídio de férias e de Natal".



João Pedro Martins Santos, do Centro de Estudos Fiscais, foi nomeado assessor do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, com a renumeração do serviço de origem "acrescida de dois mil euros por mês", e, "direito à percepção dos subsídios de férias e Natal".



Já António Costa Vaz, da REFER, foi contratado"para realizar estudos no âmbito da sua especialidade", equiparado a adjunto para efeitos de vencimento "com despesas de representação, acrescido de 45% deste montante e com percepção dos subsídios de férias, de Natal, e de refeição".




Foi contratado pelo gabinete da Secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque.



(Como se pode verificar nas falcatruas as mulheres são, exactamente iguais aos homens!!!).




Mas, para tranquilizar o leitor, pode-se, desde já, afirmar que o governo actual segue fielmente em tudo as pisadas do antecessor. De boy em boy, de roubo em roubo, de mentira em mentia que lucra é o capital financeiro e o Estado está na bancarrota.


terça-feira, 22 de novembro de 2011

HOSPITAIS PÚBLICOS PASSAM, COM ARMAS E BAGAGENS, PARA AS MÃOS DA IGREJA CATÓLICA



















1 - O governo português decidiu entregar vários hospitais públicos às Misericórdias portuguesas, acrescentando que, essa benesse, será acompanhada com o dinheiro dos contribuintes, embrulhado no argumento de indemnização, a uma instituição privada, chamada Igreja Católica.


Na realidade, as Misericórdias Portuguesas são, nada mais, nada menos, órgãos de gestão, sob o manto da pseudo-caridade da Igreja Católica portuguesa.


Naturalmente, para muito gente, essas Misericórdias são vistas apenas como prestadores de serviços e cuidados primários. O que é real.


Mas, nas profundidades, do serviço prestimoso está dinheiro público, que reverte para interesses privados, e, neste caso concreto para uma estrutura que somente se deveria preocupar com a "esfera espiritual" que é, teoricamente, o seu campo de actuação.

(A gestão, certamente, não vai ser gratuita, e os provedores e conselhos de administração das "empresas fabriqueiras" da Igreja Católica receberão o correspondente "bodo dos pobres". Tudo boa gente!!!)

Ora, esta passagem dos hospitais públicos para as Misericórdias "cheira", não a espiritual, mas a material, a muitas centenas de milhões de euros.


Centenas de milhões de euros, que o erário público ja desembolsou para os hospitais de cuidados primários e continuados das Misericórdias, ao longo destes anos, mas não colocou dinheiro para implantar um verdadeiro serviço de saúde no IPO.


Naturalmente, cá estaremos, em devido tempo, para enquadrar todo este desperdício de dinheiro...para a Igreja Católica.

Reparem que, logo que souberam que havia "dinheiro fresco" os hierarcas católicos trataram de acautelar a divisão de despojos entre "leigos" e "religiosos", pois, como se pode recordar, criaram-se fissuras nas "heranças" em torno das Misericórdias tempos atrás, quando o bispado católica queria abocanhar tudo.


Eis, parte do texto da Conferência Episcopal Portuguesa, transcrito na sua agência noticiosa Ecclesia.


"O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) reafirmou a autonomia das Misericórdias e a vontade de dialogar em ordem à regulamentação do decreto da Santa Sé que as enquadra, à luz do Código de Direito Canónico, como “associações públicas de fiéis”.

Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do Conselho Permanente da CEP, o porta-voz do episcopado referiu que esse estatuto não retira autonomia às Misericórdias, cujo governo depende dos seus provedores.

“As Misericórdias auto-governam-se com a presidência dos seus provedores” e a Igreja quer continuar a promover este sistema, afirmou o padre Manuel Morujão.

O sacerdote sublinhou que “a Igreja tem a tutela das Misericórdias” mas só a utilizará para “casos especialíssimos”, como a venda de património de “altíssimo valor”.

“Em alguns casos extremos, que não são os do governo ordinário”, a Igreja exerce a sua tutela, referiu o padre Manuel Morujão, admitindo que o "encadeamento" jurídico do decreto “pode levar a crer” que a hierarquia eclesiástica quer apoderar-se dos bens das Misericórdias, suposição que segundo o porta-voz não corresponde à verdade.

O porta-voz da CEP afirmou que “está em curso o diálogo” entre ambas as partes, não havendo “nenhuma urgência” na regulamentação do estatuto jurídico das Misericórdias, que à luz do Código de Direito Canónico – lei interna da Igreja – são associações públicas de fiéis.

“Está a trabalhar-se numa regulamentação que não deixe dúvidas sobre a intenção da Igreja” em relação às Misericórdias, afirmou.

O Conselho Permanente da CEP esteve reunido durante a manhã e início da tarde do dia 12 de Outubro, em Fátima.".


A Igreja Católica já recebe do Estado, através do seu Orçamento, e os valores, referem-se a 2011, 2,1 mil milhões de euros que são transferidos para as Instituições de Solidariedade Social (lares, creches, etc), entidades estas geridas, essencialmente, por aquela confissão religiosa.

2 - Centremo-nos, agora, na hipocrisia justificativa. Ou seja, como se pretende argumentar com valores humanos um favor financeiro à Igreja Católica.

O líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, louvou na passada segunda-feira o anúncio da regularização das dívidas e a devolução dos hospitais às misericórdias, defendendo que decisão pode «combater as listas de espera» e «melhorar a resposta aos doentes», noticia a Lusa.

Convém recordar que, pelo menos, dois dos mais importantes ministérios deste governo estão nas mãos de serventuários da Igreja Católica: o da Saúde, com Paulo Macedo e da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares.





















segunda-feira, 21 de novembro de 2011

OS PARTIDOS FASCISTAS ASCENDEM AO PODER PELA MÃO DO CAPITAL

Quais as diferenças de formas de governação fascistas? Só nas gravatas







1 - Na passada semana, com a aparência de indignação, vários órgãos de comunicação social alemães, incluindo a estatal Deustche Welle, noticiaram, com grande parangonas, que durante anos "um grupo de extremistas de direita", actuando "na clandestinidade, e, sem ser importunado" assassinou um série de trabalhadores estrangeiros.

Com o cinismo típico dos cúmplices de toda a estrutura de poder nazi, que continua a existir na Alemanha, mesmo depois da queda de Hitler, esses órgãos de imprensa, rádio e televisão, questionam-se como velhas prostitutas que sustentam nada saber do que fizeram. "Houve falha das autoridades responsáveis na sua vigilância?".

A questão não é saber se houve falha, a questão é desmontar que os serviços secretos da Alemanha estão nas mãos dos nazis, desde 1946. Em perfeita sintonia com os EUA e a cumplicidade de Israel, que está a par


Os norte-americanos, antes mesmo de instituírem, na Alemanha Ocidental, um governo, puseram em marcha uma estrutura de inteligência militar e civil, liderada pelo general Reihnard Gehlen, que era um major-general dos Serviços Secretos Militares de Adolf Hitler, nazi convicto, que montou toda a máquina (que vai servir de "centro" expansivo para outros países, com todos os oficiais superiores que comandava no departamento que chefiava no Reich hitleriano, e, ainda, por outros quadros das SS e das SA, do que veio a ser o BND (Os Serviços Secretos da então Alemanha Ocidental -RFA, onde de todo o território alemão).

Gehlen permaneceu à frente do BND até à sua morte em 1968.

Em 1965, pelo que agora se sabe, uma investigação interna, que as autoridades alemãs e norte-americanas, fizeram questão que permanecesse "secreta", detectou que os principais lugares de estratégia e operacionais do BND foram ocupados, pelo menos, por 200 antigos nazis.

Gehlen e os sequazes não foram beliscados.

As investigações assinalam ainda que Konrad Adenauer e o seu partido CDU - Cristão democrata - foi largamente apoiado por essa estrutura pró-nazi encavalitada na BND, que protegeu igualmente a reintegração económica-financeira dos antigos empresários e banqueiros, que apoiaram Hitler, como os Krupp, os Thyssen, os Porsche, entre muitos outros.

Entretanto, a rádio estatal Deustche Welle publicou, tempos atrás, uma entrevista com o historiador norte-americano, Timothy Naftali, que está a conferir as informações (27 mil páginas) que a CIA (Agência norte-americana para os serviços secretos externos) teve de tornar publicas, por "caducidade" do rótulo de confidencial, que assinala que os Estados Unidos encobriram a identidade de ex-nazistas e os usaram como espiões contra a antiga União Soviética durante a Guerra Fria.

Timothy Naftali é um dos quatro académicos do chamado Grupo de Trabalho sobre Crimes de Guerra Nazistas e Arquivos do Governo Imperial Japonês, encarregado pelo governo norte-americano de examinar e interpretar o material agora libertado.

Numa conferência de imprensa, o historiador disse que os documentos mostram que a CIA e a antiga Alemanha Ocidental cooperaram para encobrir o paradeiro do criminoso de guerra nazista Adolf Eichmann em 1958.

Os arquivos colocados, recentemente, à disposição do público também mostram que a CIA e a Alemanha Ocidental suprimiram parte do diário de Eichmann que poderia ter comprometido o nazi Hans Globke, o conselheiro para segurança nacional, que reorganizou os corpos castrenses e de segurança, do então chanceler federal alemão Konrad Adenauer.

Globke ajudou a elaborar s Leis de Nuremberga durante o regime nazista (as leis de perseguição às minorias étnicas, como os judeus, ciganos e eslavos).

No governo de Adenauer, ele foi a principal ligação com a CIA e com a NATO. Nazis de convicção foram também colocados em lugares chaves das administrações das cidades, logo após a queda de Hitler e da rendição da Alemanha hitleriana.

Igualmente se veio a saber que o antigo chefe da Gestapo em Lyon, Klaus Barbie, após a Segunda Guerra Mundial, se tornou colaborador dos serviços secretos (BND) da República Federal Alemã, de acordo com o semanário Der Spiegel (17.01).

O «carniceiro de Lyon», que em 1987 foi condenado a prisão perpétua em França por crimes durante a ocupação nazi, foi recrutado pelo BND no início de 1966, quando vivia clandestinamente na Bolívia sob o pseudónimo de Klaus Altmann.

Mesmo antigos chanceleres alemães, como Kurt Georg Kiesinger (CDU) e Helmuth Schmith (SPD), pertenceram a estruturas do Partido nazi, sendo este último oficial das SS, durante a guerra.

Ora, os nazis nunca saíram do poder. Agora estão a renascer, naturalmente, noutras condições, mas com as costas protegidas.

A evidência é que eles já estão, há largos anos, em alguns parlamentos regionais (caso do NPD).

Mas a imprensa escreve agora, candidamente, que "um relatório de 1995 do Departamento Federal de Proteção da Constituição já dizia que os extremistas de direita planeavam criar uma rede terrorista no país, e, há 15 anos, os neonazis estavam sendo vigiados na Turíngia. Somente sobre os três acusados de ter assassinado as vítimas turcas e um grego há mais de 20 dossiês de investigações".

Todo este emaranhado pseudo-jornalístico, agora engendrado, visa esquecer a verdadeira realidade: O Partido Nazi, de Hitler, nunca foi desmembrado e destroçado na Alemanha Ocidental, a estrutura reconstruída deste Estado em 1946, foi efectuada contando em lugares chaves, desde a economia até aos serviços secretos e partidos, passando pelas Forças Armadas, com quadros destacados nazis. normalmente intermédios.

Finalmente, a hipocrisia chapada. Assinala a imprensa alemã, que "ao que parece não faltavam indícios da existência de um terrorismo de extrema direita na Alemanha".

Grande verdade, não é?

2- O que tem sido pouco divulgado foi a ligação (melhor dizendo, a interligação) entre o BND de Gehlen e a CIA, de Aleen Dulles, irmão de Foster Dulles, que foi o secretário de Estado do general Eisenhower, como Presidente dos EUA, na "limpeza" do passado de grandes quadros intelectuais nazis e a sua inserção no complexo militar espacial norte-americano, onde se tornaram dirigentes.

Foram eles que organizaram a operação PaperClip, que permitiram, na maior impunidade, a transferência de convictos nazis para os EUA.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, houve a "caça aos cientistas alemães", quer por parte dos EUA, que da então URSS. Isso é conhecido por todos.

Mas, os EUA integraram os cientistas nazis no seu aparelho de Estado da investigação e dos negócios científicos.

O mais conhecido foi Werner Von Braun, o arquitecto da NASA e o "herói" da conquista do espaço.

Procurou-se escamotear o que ele representou no Reich Alemão e na sua máquina de guerra destruidora. Convictamente.

Ele é o pai e incitador da criação da bomba V2. Foi construída numa fábrica gerida pelas SS e usando trabalho escravo dos campos de concentração.

Von Braun pertencia ao partido nazi e tinha "cadastro" político elevado.

O que constituía um grande entrave para sair do país: a lei norte-americana proibia expressamente a emigração de nazis para os Estados Unidos.

Quando se colocou essa questão na sociedade norte-americana, os seus dirigentes procuraram contornar a questão, pois, praticamente todos os cientistas, já em solo dos EUA, teriam de ser expatriados de volta para a Alemanha.

Quer o Secretaria da Defesa, quer a CIA, quer o complexo-industrial militar (curiosamente onde já estavam os capitalistas judeus) não queriam perder o seu contributo, fruto de muitos projectos avançados que tinham decorrido na Alemanha nazi.

Assim, o sucessor de Roosevelt, Trumman autorizou o "projecto Paperclip" em 1946, o projecto para expatriar cientistas alemães seleccionados para trabalharem para os Estados Unidos.

No entanto, Trumman excluiu, expressamente, todos os que "tenham sido membros do partido nazi e mais do que participantes nominais nas suas actividades, ou apoiantes activos do nazismo ou militarismo". No papel.

A Agência de Investigação do Departamento da Guerra (JIOA), conduziu investigações sobre o passado dos cientistas.

O seu director, Bosquet Wev, submeteu o primeiro conjunto de dossiês ao departamento da justiça para serem apreciados.

Os dossiês eram, naturalmente, arrasadores.

Samuel Klaus, o representante do Procurador-Geral da Justiça,, afirmou que "todos os cientistas do conjunto eram nazis convictos". Os pedidos de visto de entrada foram recusados.

Wev reagiu mal. Considerava que a devolução à Alemanha dos cientistas iria constituir uma ameaça maior à "segurança dos Estados Unidos" do que mantê-los em território norte-americano.

Quando o JIOA começou a investigar os nazis, Reinhard Gehlen, chefe da inteligência na frente leste, encontrou-se com Allen Dulles, o director da CIA. Dulles prometeu-lhe que a sua organização ficaria em segurança dentro da CIA.

Wev decidiu contornar o problema. Dulles mandou alterar os dossiers sobre os cientistas alemães, removendo-lhes quaisquer informações incriminatórias. Dulles integrou a organização de Gehlen na CIA, donde foi responsável por vários projectos de espionagem e relacionados com as experiências nazis durante a guerra.

Baseamo-nos na imprensa norte-americana para referir o que se passou.

A Inteligência Militar "limpou" os dossiês relativos aos cientistas. Em 1955, mais de 760 cientistas nazis tinham já cidadania norte-americana, tendo-lhes sido dadas posições de relevo na comunidade científica americana.

Muitos tinham sido membros do partido nazi e da Gestapo, e conduzido experiências em seres humanos nos campos de concentração, tinham usado trabalho escravo, ou cometido outros crimes de guerra.

Este "branqueamento" dos nazis foi mantido secreto até do presidente Trumman, ao ponto de este o negar em Potsdam, o que só serviu para exacerbar as suspeitas soviéticas.

Alguns exemplos destes cientistas:

ARTHUR RUDOLPH

Durante a guerra, Rudolph foi director da fábrica Mittlewerk nos campos de concentração Dora-Nordhausen, onde 20.000 trabalhadores morreram de espancamentos, enforcamentos e fome. Rudolph era membro do partido nazi desde 1931.

O seu ficheiro militar dizia em 1945 "100% nazi, do tipo perigoso, ameaça à segurança. Internamento sugerido".

O Dossier final do JIOA dizia: "nada no seu registo indica que tenha sido um criminoso de guerra ou um nazi convicto"

Rudolph recebeu cidadania norte-americana e projectou, mais tarde, o Saturno V, usado nas missões Apollo. Em 1984, o seu registo de guerra foi finalmente investigado, e ele fugiu para a Alemanha Ocidental.

WERNHER VON BRAUN

De 1937 a 1945, von Braun foi o director técnico de Peenemunde, onde o foguetão V2 foi desenvolvido. O seu dossiê foi reescrito para que não surgisse o facto de ser um nazi fervoroso.

Von Braun trabalhou em mísseis teleguiados para o exército do EUA e foi mais tarde director do Marshall Space Flight Center da NASA .

Em 1970, tornou-se num dos administradores associados da NASA.

KURT BLOME

Um cientista nazi de alto nível, disse aos seus interrogadores militares em 1945 que tinha sido mandado em 1943 investigar o efeito de vacinas em prisioneiros dos campos de concentração.

Foi julgado no Tribunal de Nuremberga, sob a acusação de ter praticado a eutanásia em prisioneiros doentes e conduzido experiências em seres humanos. Apesar de absolvido, as suas alegações prévias eram conhecidas, e era aceite a sua participação em experiências sinistras.

Dois meses depois do seu julgamento em Nuremberga, Blome foi entrevistado em Camp David, acerca de guerra bacteriológica. Em 1951, foi contratado pelo Corpo de guerra química do Exército dos EUA. O seu ficheiro não menciona o seu julgamento em Nuremberga.

MAJOR GENERAL WALTER SCHREIBER

O Tribunal Militar dos EUA em Nuremberga investigou provas sobre "Schreiber ter encarregado médicos de conduzir experiências nos prisioneiros dos campos de concentração e ter arranjado os fundos para financiar essas experiências".

O delegado do Ministèrio Público afirmou que Schreiber teria sido condenado se os soviéticos não tivessem retido as provas de 1945 até 1948 e as apresentado em tribunal.

Mais uma vez, o ficheiro de Schreiber não menciona este facto. Schreiber foi colocado na Escola de Medicina da Força Aérea em Texas. Quando estes dados foram tornados públicos, a JIOA tratou de lhe fornecer "visto e um emprego na Argentina, onde a sua filha vivia". Em 22 de Maio de 1952, fugiu para Buenos Aires.

HERMANN BECKER-FREYSING e SIEGFRIED RUFF

Estes dois, junto com Blome, pertenciam aos 23 acusados no Julgamento de Nuremberga àcerca dos "Casos médicos". Becker-Freysing foi condenado a 20 anos de prisão por conduzir experiências em prisioneiros de Dachau, tais como fazê-los passar fome e depois fazê-los beber à força água do mar que tinha sido quimicamente alterada para a tornar potável. Ruff foi absolvido (numa decisão muito renhida) de acusações de que ele tinha morto pelo menos 80 prisioneiros de Dachau em câmaras de baixa pressão para simular as condições a 20000 metros de altitude.

Antes do seu julgamento, ambos foram pagos pela Força Aérea do Exército para escreverem relatórios acerca das suas experiências grotescas.

Mas, o papel do BND de Gehlen, e, depois do seu sucessor, igualmente membro da organização que leva o nome daquele general nazi, tem marcas na constituição de redes terroristas da direita e mesmo fascistas na Europa, com a Gládio e a Loja Maçónica P-2, de Lício Gelli, que tentou dar um golpe fascista em Itália nos anos 80.

Segundo os dados da investigação que mais tarde foi realizada após a descoberta do papel da Loja P-2, onde estavam inscritos então "jovens promissores", como Silvio Berlusconi, Gelli tinha ligações à CIA e era um membro "bem colocado" junto do Vaticano.

Tinha pertencid0 também à direcção da Gládio, uma estrutura fascista, montada para actuar como organização anti-comunista nos países ocidentais da Europa, incluindo Portugal de António Salazar e Espanha de Francisco Franco.

Mais tarde, fundou e dirigiu a Loja Maçónica P2, que recebia uma verba de 10 milhões de dólares mensais da CIA.

Tinha ligações a membros altamente colocados na Máfia, nos Serviços Secretos, de Segurança Interna e nas Forças Armadas e Associações patronais de Italia e na organização financeira do Vaticano, nomeadamente com Roberto Calvi, Presidente do Conselho de Administração do Banco Ambrosiano, o principal banco de negócios e de financiamento do Estado da Santa Sé.

3- Está a extrema-direita pró-fascista e pró-nazi em decadência e formada por grupos minúsculos, na Europa e nos EUA?

Pura mentira.

Está no poder ou directamente em centros de poder.

E a questão não é a profissão de fé no anti-nazismo, mas sim na necessidade do Capital, para sobreviver, em recorrer a métodos cada vez mais repressivos de exercício de poder.


O verniz democrático estala logo para os chamados amantes da liberdade, quando em causa está a destruição capitalista. Aí tudo vale.

Desde a civilizada Holanda até ao auto-proclamado Estado anti-nazi de Israel, passando claro pelos EUA. O curioso é que, em grande parte, desses Estados, incluindo o poder de Washington, assenta em convictos capitalistas judeus.

O primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, governa a quinta maior economia da zona do euro com o Partido Democrata Cristão num executivo que tem o apoio directo do partido nazi de PVV, de Geert Wilders.

Mas vejamos como se deu esta evolução e como ela está ligada à profunda crise do capitalismo financeiro mundial.

A formação do governo austríaco em 2000 veio colocar com particular acuidade a questão da ascensão da extrema-direita neonazi na Europa. O Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), liderado então por Jorg Haider (já falecido) esteve quase para entrar no executivo de Viena, liderado pela direita conservadora. Um clamor mundial afastou na ocasião a hipótese.

Claro que não era uma situação nova na Europa. Em França, com a ascensão do partido da Frente Nacional de Le Pen, admitiu-se que ele poderia fazer parte de um governo com a direita francesa de Chirac. O que, realmente, não aconteceu, porque os tempos não estavam maduros.

Anos mais tarde, já com a crise a crescer, em Itália permite-se que os partidos xenófobos e fascistas, a Liga do Norte de Humberto Bossi e a Aliança Nacional, de Gianfranco Fini, fizessem parte do governo de Silvio Berlusconi, um vigarista empresário, tal como referimos membro da Loga Macónica golpista P-2.

Hoje, temos a prova de quem impôs a entrada da extrema-direita no poder com a formação do novo Governo grego, liderado por Lucas Papademos, foi, justamente, o FMI, o BCE, e naturalmente, os representantes políticos do capital na União Europeia. Assim, o partido Laos, pró-fascista, entra e impõe até condições.

Aparentemente, contradições das contradições, o fascismo e pró-fascismo domina actualmente o poder político em Isreal, a partir, precisamente, do actual governo, liderado pelo presidente do Partido direitista pró-fascista Likud, Benjamim Natanyahu, e tendo como o seu mais destacado representante diplomático, o fascista Avigdor Lieberman, do Yisrael Beitenu.

Mas, a tendência do Capital para o endurecimento político e social no interior dos seus Estados, com a ascensão das chamadas "democracias musculadas", pré-formas estatais de governações ditatoriais e pró-fascistas ganhou uma extensão evidente na principal potência económica e militar mundial desde os anos 70: os EUA.

E não começou com o 11 de Setembro de 2001, nem com o surgimento do "terrorismo", como arma ameaçadora para o chamado "Mundo Livre". Não. Começou, justamente, com a crise económica de grandes dimensões em todo o Mundo, nos finais dos anos 60 e princípios, cujo aspecto mais evidente foi a crise petrolífera de 73.

Começaram então a serem elaboradas no interior dos meios capitalistas e académicos financiados pelos grandes capitalistas financeiros, os programas de restrições das liberdades, dos direitos dos povos à sua emancipação, da ideia de que teria de haveria uma única potência imperial no Mundo, que regularia "o status quo" da economia no planeta. E centro desta teoria foi, precisamente, o império norte-americano.

Ganhou foros de domínio público, quando foi entregue formalmente, em 1992, um programa ao então Presidente George Bush (o Bush pai), com as assinaturas do então secretário da Defesa, Dick Cheney, o Secretário de Estado adjunto Paul Wolfowitz, entre outros, definia como principal o papel hegemónico dos EUA, pela força se necessário, pela conquista, pela defesa da estratégia de "interesse nacional" norte-americano em todos os pontos do Mundo.

Para esses neo-conservadores, que vão tomando todas as estruturas da administração, desde a governação - mesmo com democratas como Bill Clinton até aos Serviços Secretos e de Segurança Nacional, e desenvolvimento em extensão do complexo industrial-militar. Tudo sobre o manto da valorização da democracia e do comércio livre, que não colocasse entraves às ambições de Washington.

Paulatinamente, esses neoconservadores venceram e fizeram-no, com a entrada de George W. Bush na Presidência.

Cheney ascende à vice-Presidência e domina a administração. Donald Rumsfeld é colocado na Secretaria da Defesa, Paul Wolffowitz em número dois da Secretária de Estado, teorizador dominante, onde balançeava um general Powell, sem qualquer poder para impor uma outra política. Na Segurança Nacional, um negra fanática religiosa protestante Condoleeza Rice.

Todas as acções criminosas lançadas no Mundo pelos EUA tem, por base este programa capitalista imperialista, onde estavam irmanados os judeus Wolffowitz e outros como Richard Perle e Rahm Emmanuel (que continuou na governação, como chefe de gabinete do democrata Obama e é hoje Presidente da Câmara da segunda mais importante cidade financeira dos EUA, Chicago).

//Curioso é que expoentes desse neoconservadorismo dominam hoje duas das principais cidades norte-americanas: Nova Iorque, o capitalista judeu Michael Blomberg, e o judeu militante Rahm Emmanuel//.



O objectivo continua para o capitalismo mundial, em governação ditatorial ou parlamentar formal, aumentar a repressão do Estado para evitar uma ruptura total na sociedade actual decadente.