domingo, 14 de setembro de 2014

A PROFISSIONAL DA POBREZA ISABEL JONET


1 - A senhora Maria Isabel Torres Baptista Jonet, que se avaliza, na imprensa, como Isabel Jonet, mais conhecida, no entanto, como profissional do peditório caritativo, resolveu votar palavra para condenar os pobres, os desempregados, os que nada têm, a pretexto de alguns que utilizam a pedinchisse...Aliás, como ela.

E, toma esta posição, mais uma vez, como fanática da Igreja Católica, e que fala, justamente, em seu nome, pois é Presidente da Federação Europeia dos Bancos Alimentares, da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares contra a Fome e do Banco Alimentar contra a Fome, instituições de topo da sacagem de dinheiro para os cofres do Vaticano.

O que afirma agora esta licenciada, em economia, pela Universidade Católica é que "profissionais da pobreza" em Portugal, que fazem da mendicidade um modo de vida, e apelou ao reforço da cooperação entre instituições de apoio social para combater este flagelo, que chega a ser transmitido de geração em geração.

(Naturalmente já se deveria auditar, não só os dinheiros públicos desviados para a "Católica", mas todas as instituições *caritativas*, nas mãos da Igreja Católica portuguesa.

No entanto, tem de se fazer este reparo para o futuro: com outro regime político, ir-se-á avaliar o papel da dita Universidade - e de outras instituições - em Portugal e dos lucros que dá para os "debilitados" cofres da Igreja Católica, claro isto vai demorar uns tempos, mas, podem crer, não se esquece!!! ). 



Os pedintes *profissionais* da Isabel Jonet: a utilização das crianças para sacar dinheiro para a Igreja Católica


"Em Portugal há aquilo a que chamamos a 

transmissão intergeracional da pobreza e 

temos que quebrar com essa transmissão. Há 


profissionais da pobreza habituados a andar de 


mão estendida, sem qualquer preocupação em 


mudar, e as instituições, por mais 


assistencialistas que sejam, têm que fazer o 


acompanhamento e a supervisão, para que se 


quebrem os ciclos de pobreza. Ou seja, quando 


se ajuda uma família pobre, deve-se procurar 

que essa família queira deixar de ser pobre e 


não encare a assistência como uma forma de 


vida", afirmou a dirigente, no final da 


conferência de encerramento do 29Oº Encontro 


da Pastoral Social.



Para que conste, esta "Pastoral" é uma das 

instituições mais suculentas da Igreja Católica.



Estará ela - Isabel -  a denunciar o *desgraçado* do Ricardo Espírito Santo Salgado, o antigo líder do Banco Espírito Santo (BES), que, coitado!, não tem um tostão em seu nome - vive naturalmente da mendicidade - ou do rapaz Dias Loureiro, braço direito de Cavaco Silva, vigarista mor do Banco Português de Negócios, que vive do "peditório", pois nem uma "camisa" compra, porque o seu dinheiro não existe, oficialmente?

Ou do próprio Cavaco Silva, que foi seu professor, que, segundo afirma, tem a sua Maria, a viver de uma pensão miserável?



2 - Ora, Jonet, que casou com um antigo jornalista carreirista, que se trespassou para Bruxelas, onde arrecadou *grana*, através do bloco central, com os chorudos ordenados, dos funcionários superiores da UE, como porta-voz da REPER, não vive do ar, vive dos dinheiros que os produtos dos seus peditórios ensacam e são, *caridosamente*, distribuídos por instituições ditas de solidariedade social, cujo centro usurário é a Igreja Católica. 

Esta *caridosa pedinte profissional* não pode viver do ar... em 20 anos de voluntariado. 

Já dizia o outro, que é da mesma seita: "não há almoços grátis".

*Voluntariado* para quê? 

Ela di-lo, claro, mas de forma enviesada que é a "matriz" dos sacripantas católicos sacadores de dinheiro para os cofres da "confraria".

Vejamos a linha orientadora: retirada de uma entrevista, em 2012, à TSF e ao Diário de Notícias. Cito:

«As pessoas passaram a achar que têm direito a todas as prestações sociais e dão-no como adquirido. E portanto muitas vezes - isso verificou-se nos últimos anos - preferem até ir para o subsídio de desemprego do que ter um emprego, ainda que ele seja menos bem pago. Porque sabem que vão ter essa prestação no final do mês: ou o rendimento social de inserção ou o subsídio de desemprego. Ora, isso veio trazer alguma perversidade neste tipo de fórmulas, que são fórmulas de emergência e que deviam ser reduzidas ao máximo. Mas sobretudo para fazer com que este montante que é afectado a estas prestações sociais não atingisse níveis incomportáveis e insustentáveis para o Estado. (...) [o Estado] mete-se demais em coisas em que não deve».

Vamos ao âmago da questão; descodificando, portanto.

Isabel Jonet não quer que o Estado apoie as pessoas em sérias dificuldades, ou seja não "limite" a percentagem real de necessidades dos desfavorecidos, através de "prestações sociais", mas deseja que tal "trabalhinho" seja feito pelo "seu" Banco Alimentar e as Instituições Particulares (Privadas, portanto) de Solidariedade Social (IPSS) - ambos dentro do redil da Igreja Católica - sendo "alimentados" financeiramente pelo Estado.


Ou seja, em termos caridosos católicos, venha a nós o dinheiro do Estado para tratar dos *pobrezinhos*!!!! 


Maior cinismo não pode haver, mas é isso que está a suceder.




Estes não necessitam de apoio social. Estão apoiados no chão térreo. Mas recebem alimentos das "instituições" católicas, pagas pelo Orçamento de Estado

Desde a ascensão do actual governo 

(PSD/CDS) - mas claro já vinha de antes, do 

piedoso António Guterres - que tem, agora, 

como ministro da Solidariedade e da Segurança 

Social, o beato Mota Soares, ligado à duas das 

mais sinistras seitas católicas: OPUS DEI e 

Ordem de Malta.

É, precisamente, da colocação deste senhor e de outros ligados à Igreja Católica nos postos chaves do aparelho de Estado que se vai privatizando o apoio aos necessitados e se enchem os cofres dos afanados hierarcas daquela, que vivem em luxo escondidos e usufruem de regalias de antigos senhores feudais.

Como se fazem estas manigâncias ?


Referenciamos uma reportagem surgida em 2012 no jornal on line "Dinheiro Vivo", pertencente ao grupo de Joaquim Oliveira/angolanos. 

Reparem como se reconfigura toda a estrutura de Estado para colocar os "voluntários" católicos no centro do arrecadação de dinheiro do contribuintes:

"Assistência em casa, serviços de animação, ajuda nas compras, pagamento de serviços: o novo plano do governo para o apoiar os idosos em casa está pronto e prestes a ser assinado. A chave são as Misericórdias e as instituições particulares de solidariedade social (instituições controladas pela Igreja Católica. NM) : o governo vai transferir para as IPSS novas competências, alargando o âmbito - e o cheque financeiro - de um acordo que começou em Agosto com o Plano de Emergência Social. O problema é antigo: hoje há mais de um milhão de pessoas com mais de 75 anos, só há 1876 lares e 40 mil pessoas à espera de entrar.

O acordo tem sido mantido em segredo mas, sabe o Dinheiro Vivo, deverá ser assinado até ao final do mês, depois de ter sido criado um grupo de trabalho que inclui a CNIS (Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade), a União de Misericórdias - estruturas organizacionais ocasionais de controlo da Igreja Católica. NM) e o Instituto da Segurança Social. São estas propostas que vão dar corpo a um novo protocolo, que responde a um desígnio financeiro - mas também político - do governo.

"O Estado não tem vocação para gerir instituições sociais", garantia em Dezembro Pedro Mota Soares. Na mesma entrevista ao jornal i, o ministro da Segurança Social garantia que era urgente transferir os equipamentos para o sector social. "Não fazia sentido investir em mais equipamentos sociais. O que é preciso é maximizar o que temos no país.

"Essa transferência começou em Agosto - com a apresentação do Plano de Emergência Social - e promete, agora, ganhar novo fôlego. O princípio é o mesmo: entregar às Misericórdias e IPSS novos serviços, alargando e potenciando a rede de cuidados. Até agora, as Misericóridas e IPSS limitavam-se - na maioria dos casos e por falta de meios - a cuidar da higiene dos idosos e a entregar alimentação em casa. Mais serviços só com recurso a empresas privadas (mas aquelas instituições são tão privadas como as outras. NM), que dão assistência 24 horas por dia.

Para criar uma alternativa aos privados, o novo protocolo com as Misericórdias e IPSS já prevê, por exemplo, serviços de tele assistência, animação, visitas culturais, transporte de idosos - serviços que muitas empresas privadas já prestam, mas que eram, até agora, considerados demasiados caros para aquelas instituições". 


3 - Eis o cerne triangular do negócios caritativo 

da Igreja Católica: os peditórios regulares 

da senhora Isabel Jonet, que arrecada 

milhões em géneros e dinheiros que 

atribui, selectivamente, as IPSS e às 

Misericórdias e os dinheiros do Orçamento de 

Estado doados pelos governos ligados a essas 

sugadoras.

Passamos a expor: As IPSS e as Misericórdias, 

em maioria, são estruturas capitalistas da 

Igreja Católica. 


Recebem dinheiro do Estado e dos utentes - ou 



seja, ganham a dois carrinhos.

As IPSS são dirigidas pela Confederação 

Nacional das Instituições de Solidariedade 

(CNIS), cujo presidente é um hierarca de 

cabeção, o padre Lino Maia e as Misericórdias 

estão controladas pela União das Misericórdias 

Portuguesa (UMP) - em número de 400 -, 

presidida desde 2006 pelo *irmão da 

Misericórdia do Porto* de seu nome Manuel 

Lemos, de que se retira do seu "curricullum" o 

facto nada displicente de ter sido o chefe de 

gabinete de Leonor Beleza, ministra da Saúde 

de Cavaco Silva.

///Referenciamos alguns dados deste senhor da sua extensa passagem pela estrutura de Segurança Social estatal e aproximados para podermos meditar como a Igreja Católica +penetra+ por todos os poros no aparelho de Estado: 

Vogal do Conselho Directivo da Comissão Regional de Segurança Social do Porto; Presidente em dois mandatos da Administração Regional de Segurança Social do Porto; Presidente do Conselho Geral do Hospital de S.João e Comissário Regional do Norte da Luta contra a Pobreza (seis anos!!!).///

Entremos agora no âmago da questão - ou seja, na receptação de dinheiro do Estado por parte da Igreja Católica, em nome da *caridade*. 

2010, os portugueses estão a ser roubados pelo Estado nos seus salários e pensões.


A Igreja Católica vai receber uma parte significativa do Orçamento de Estado.




Alguns dos abutres católicos: Isabel e a Ordem de Malta.

A reportagem é da imprensa portuguesa da altura:

"As instituições de solidariedade social assinam hoje um novo acordo de cooperação com o Governo. 

As verbas a transferir pelo sector público - mais de 2500 milhões de euros em dois anos - vão beneficiar de uma actualização ligeiramente abaixo da inflação do valor da comparticipação pública por utente em creches, lares, centros de dia.

Mesmo assim, o sector está satisfeito. A cerimónia terá lugar às 15h no Palácio de São Bento, em Lisboa, e será presidida pelo primeiro-ministro.
"É um bom acordo porque no anterior as comparticipações ficaram congeladas", diz ao DN/Dinheiro Vivo, Lino Maia, o presidente da Confederação das Instituições de Solidariedade (CNIS), a maior estrutura do sector social.
Esta área tem vindo a ganhar muito peso nos últimos anos à medida que a Segurança Social foi passando mais competências de apoio social para as instituições, a maior parte delas ligadas à Igreja Católica. 

Além da CNIS, o acordo será assinado pela União das Misericórdias e pela União das Mutualidades.
A presença de Pedro Passos Coelho serve "para dar total visibilidade ao tema". "Até pelo dinheiro que envolve, sobretudo numa altura em que o País tanto precisa", observa outra fonte próxima das negociações.
O valor a transferir em 2011 e 2012 deverá ultrapassar facilmente os 2500 milhões de euros. 

Em 2010, o protocolo valeu às mais de 3500 instituições para cima de 1200 milhões de euros (valor a que acrescem outros subsídios e benefícios fiscais), mas ficou congelado (0% de actualização).
Agora, a verba contratada duplicará (assinada por dois anos para que as instituições "programem a actividade de forma mais sustentada") e o valor de cada resposta social (a comparticipação que o Estado dá por cada criança, idoso, deficiente) terá um pequeno aumento. Deverá ficar abaixo de 3%(ver caixa).
Mais: "estamos a trabalhar com o Governo para alargar o número de respostas", refere o líder da CNIS. Ou seja, para além do efeito de preço, o bolo da ajuda tenderá a engordar pois haverá mais gente a cargo das instituições sociais".




A íntima ligação entre a hierarquia da Igreja Católica e o governo actual


Pesquisando ainda a imprensa:


O sector social (explicitemos, a Igreja Católica.NM)e Governo 

assinaram, a 8 de Novembro, o Protocolo de Cooperação para 

2013 e 2014. 

O documento prevê um aumento de 0,9 por cento para a 

generalidade dos acordos com a Segurança Social. Este aumento 

representa cerca de 30 milhões de euros, não estando claro, 

contudo, o valor total da comparticipação.

As transferências, provindas directamente do Orçamento do 

Estado, têm vindo a conhecer um aumento anual de cerca de 

1% (cerca de 17 milhões de euros), ao valor total de 

financiamento, sem que, contudo, seja possível desagregar essa 

despesa ou tão pouco sindicá-la.

Os últimos relatórios do Tribunal de Contas específicos sobre o 

assunto datam de 2004 e de acordo com o Relatório sobre a 

Conta Geral do Estado de 2011 elaborada por esta entidade, o 

subsistema de acção social foi essencialmente financiado (em 

82,5%) por “Transferências correntes da Administração 

Central” (€ 1.470,1 M) e também por € 163,6 M (9,2%) de 

receitas consignadas transferidas pela SCML. Na despesa, 84,1% 

(€ 1.373,9 M) respeitam a transferências e subsídios para as 

IPSS e 5,4% (€ 88,8 M) a transferências e subsídios para as 

“Famílias”.

No Orçamento do Estado para 2012, a dotação orçamental para 

as instituições sem fins lucrativos era de €1.549.439.343,00".

São portanto muitos milhões de euros, a que se 

somam benefícios fiscaisdiferenciações na taxa social única.

Portanto, tudo sem controlo, a não ser a entrada nos bolsos da 

comandita Católica.


Eis, portanto, em todo o 

seu esplendor os "pedintes" da 

hierarquia católica, onde se inclui 

senhora Jonet, sacando o dinheiro 
aos contribuintes. 


Sem qualquer pena de cadeia....

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

SERÁ POSSÍVEL VENCER O CAPITAL EM DEMOCRACIA FORMAL?

1 -  Aproximam-se períodos de efervescência política em Portugal, em particular com as próximas eleições legislativas, que até podem ser antecipadas, e depois as presidenciais em 2015.

Elas vão surgir no aprofundamento de uma crise geral do sistema capitalista, que se está arrastando, sem conseguir fazer com que o seu modelo económico a consiga ultrapassar.

(É o exemplo mais gritante provem dos Estados Unidos. 




Para inglês ver, os departamentos estatísticos oficiais de Washington sustentam que a taxa de desemprego está nos 6,2% - quatro pontos abaixo de 2009-, a economia a crescer 4 %. 

É própria Presidente da Reserva Federal, Janet Yellen, na recente conferência anual dos bancos centrais estaduais, realizada em Jackson Hole, uma estância para ricaços nas Montanhas Rochosas, Wyoming, que duvida desses dados.

Yellen reconhece que a maior parte dos chamados novos empregos são quase fictícios, ou são programas estatais de formação, ou biscates. 

É ela que assinala que uma parte significativa dos cidadãos do país vive em condições muito piores que antes da crise. 

A recuperação da economia não atinge, verdadeiramente, quem está no desemprego, nem existe um aumento real da produtividade no trabalho.




A desigualdade classista na sociedade norte-americana incrementou-se. 

O dinamismo económico não é visível entre os que labutam no dia a dia para sobreviver.

São os especialistas capitalistas que o transmitem. 

Dean Baker, director do Center for Economic and Policy Research atira frontalmente (Jornal El País): "Milhares passam muito mal. Milhões de pessoas procuram há muito emprego sem o conseguirem. Os salários estão congelados. Os benefícios do crescimento económico não são compartidos. Por isso, eu não posso afirmar que os tempos estão a ser bons". 

Uma sondagem, recente, para o "The Wall Street Journal", o órgão oficial do grande capital financeiro de Nova Iorque, e para a cadeia NBC, refere que "64% dos norte-americanos continuam a sofrer, ainda, os efeitos de recessão". 

Ou seja, a inversão é irrelevante. Só serve uma minoria.

"Quatro em cada 10 pessoas tem em casa um familiar desempregado e 76% sustentam que os seus filhos estão a viver piores do que eles").

Ou seja, voltando à vaca fria, as eleições em Portugal estão enredadas e interligadas em todos os actos eleitorais e referendos separatistas que vão ter lugar na União Europeia, e, concomitantemente, na estrutura económica do capitalismo dominante, mas em falência, nos Estados Unidos.

Nem podem ser afastadas da crise político-económica montada pelos Estados Unidos em torno da Ucrânia, que, mais uma vez, recaem sobre a economia europeia, e, em particular a portuguesa.

O dado fundamental da economia política desde que rebentou, de maneira evidente e brutal, a crise financeira no centro do sistema capitalista mundial em Wall Street em 2008, é que até aos dias actuais, essa crise se tornou permanente, atingiu todos os grandes territórios capitalistas:

as diferenciadas estruturas produtivas do modelo económico capitalista - liberal ocidental, de "Estado" tipo chinês, cubano ou coreano, misto, com mixórdias várias do estilo venezuelano ou boliviano - estão descontroladas, quer nas finanças, quer na indústria, quer no comércio, desde essa data.

Crise-capitalista


Nesta crise, um dos factos mais salientes é que o mecanismo de circulação de modelo económico instalado - isto é o dinheiro, ou seja o sistema financeiro no seu conjunto - está a tornar-se, ele próprio um entrave, mais ou menos permanente, pelo menos desde aquela data, 2008, à própria circulação mercantil, industrial, agrícola.

O que significa, digamos, grosso modo, que se apresenta um "buraco negro" entre a produção societária e a atribuição para si próprio do sistema capitalista. 

Ora, esse "buraco negro" está a sugar, paulatinamente, o modelo económico, levando-o, em cadeia, para uma irrupção violenta.

Já não estamos numa fase de crise do capitalismo de 10 em 10 anos, que rebenta e se se redescobre, com mais ou menos feridas, em x tempo, e, recomeça: 

não, o tempo já não é esse - esta crise está tão profundamente enraizada, e o estagnamento produtivo acompanha um espaço temporal tão comprido, que a "explosão" - ou seja o "crack" - poderá atingir um grau de madureza que o leve a implodir ainda com mais potência.

E esse facto está a ensarilhado num dado ainda mais preocupante, para o próprio sistema, esta crise prolongada está a gerir uma concentração de capital em torno de um núcleo tão restrito que está a conduzir à ruína de sectores mais alargados dos próprios grandes capitalistas e de um conjunto de médios e pequenos capitalistas que atingem já os muitos milhões. 

Se persistir este caminho, quer nós queiramos, quer não, se não houver uma ruptura violenta da sociedade em torno de um programa revolucionário, será o próprio Estado, como o último organismo de poder da actual grande burguesia capital financeira, que terá de tomar nas suas mãos a gestão da produção.

O que significa - e se repararmos com atenção o que está a acontecer no sistema financeiro - que poder-se-á caminhar para uma nacionalização ou estatização encapotadas, mas generalizadas, já que, do ponto de vista económico, o sector privado está a mostrar a total incapacidade para gerir a "sua" sociedade.

Claro que tal passo não é socialismo, mas um certo capitalismo de "Estado" liberal, daí a importância de contrapor, e aproveitar esta oportunidade, em praxis e teoria, uma proposta, pelo menos a nível europeu, de um projecto socialista dentro de outro poder político revolucionário



A Europa continua a ser o farol para as grandes transformações revolucionárias, pelo seu passado, pela sua organização social dos nossos dias.

2 - Em Portugal, todos os partidos do actual espectro político parlamentar e aqueles que se fizeram representar no Parlamento Europeu estão imbuídos, na sua ideologia, do mais puro nacionalismo.

Em particular, não se verifica nos chamados partidos ou formações ditas de esquerda - embora estejam ligados, artificiosamente, a grupos parlamentares multinacionais europeus, qualquer tentativa de formalizar um programa de solidariedade política prática para gerir a União Europeia (UE).


Inclusive, os partidos nos seus projectos nacionais mostram-se preocupados apenas com os particularismos ridículos de um nacionalismo saloio (o fim das fronteiras acaba em parte com a questão da Nação, mas não das práticas democráticas e da harmonia produtiva, mas isso é outra questão!) que já nada tem a ver com a importância política e social de uma nova sociedade que somente poder surgir de uma Europa mais forte e solidária com as suas diferentes classes laboriosas.

Partidos políticos como o PCP, ou velhos manhosos trostkistas reciclados, como Francisco Louçã (que nos anos 90 do século passado ainda consideravam a URSS como Estado socialista mas degenerado) e que se auto-enaltecem agora, sem qualquer autocrítica, como democratas e campeões do apoio à conquista de "alternativas", falam em sair do euro, regressar à moeda nacional, sabendo o retrocesso civilizacional que tal significa, mas que eles enumeram como caminho para sair do "protectorado" para um nova via "revolucionária".

O mais completo desprezo, isso sim, pela luta por uma nova sociedade com a consequente ruptura com a lamechices democratas, a arrogâncias de intelectuais de meia tigela, enfunados na economia vulgar. 

E na análise dos projectos ideológicos e políticos dos partidos ditos de esquerda, como o PS, tem de se confrontar a sua verdadeira prática de representante do grande Capital.

Por muitos meios sonoros que os dirigentes do PS façam circular pelos grandes meios de comunicação social que são socialistas, historicamente tal facto é falso e como tal tem de ser rebatido.

O debate deve ser para fazer surgir projectos de novos e mais consequentes programas de ruptura com o actual sistema, e deixar de ser enredar em projectos pessoais populistas de pessoas como o antigo bastonário da Ordem dos Advogados Marinho e Pinto, antigo militante activo do PCP/CDE, depois assessor no governo de Macau sob a administração portuguesa, pela mão e benção do PS e agora engalfinhado num partido de opereta, chamado Movimento Partido da Terra.

Que exerceu a profissão de jornalista no semanário Expresso, ao mesmo tempo que praticava advocacia e utilizava aquele jornal para desenvolver as suas ideias de causídico.

E isto ao mesmo tempo, que leccionava no ensino superior (Curso Superior de Comunicação da Escola Superior de Educação de Coimbra e, depois, Direito e Deontologia da Comunicação no Curso de Novas Tecnologias de Comunicação, sendo ainda coordenador da pós graduação em jornalismo judiciário da Universidade Lusófona e professor auxiliar convidado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. 

Pois concorrendo pelo MPT para o Parlamento Europeu, tendo sido eleito deputado, abandona o cargo - ou diz que o vai abandonar em breve -, com a argumentação de que é em Portugal que vai regenerar a União Europeia.

Ele que defendia no programa do MPT que "tal como a democracia, os problemas da Europa de hoje resolvem-se com mais Europa e menos tecnocracia".

Mas, ele quer ser "tecnocrata" em Portugal, defensor da Europa, que se forma no exterior, como Primeiro-Ministro de um território sem poder real!!! 

Puro cinismo e carreirismo.

Como carreirismo é o de Rui Tavares, que eleito pelo Bloco de Esquerda, sai daquele partido, entra no grupo europeu de "Os Verdes", onde pontificam os partidos que estiveram no poder burocrático da UE, como a Alemanha.

Agora, quer formar uma aliança como PS pró-capitalista, como se um anão conseguisse subverter um gigante implantado e colado com aço ao poder capitalista europeu.

Desde que o capitalismo atravessou a sua fase de crescimento e consolidação, entrando agora, em declínio, o que se coloca na ordem do dia é a a conquista real pela sociedade das classes trabalhadoras da totalidade dos meios de produção.

E tal projecto, não pode ser alcançado dentro da democracia formal, dentro do actual sistema político. 

Claro que tal evolução não cai do céu aos trambolhões, sem estarem concluídas as condições materiais e teóricas para que tal seja possível.

Ora, tal significa que esse passo exige, portanto, um programa de ruptura ideológico e político que esteja à altura.

A acção parlamentar deve estar inserida naquele ponto de vista. Aproveitá-la ao máximo, saber utilizá-la pedagogicamente, naturalmente com alianças, até como programas de unidade avançados, mas que todos eles façam aumentar a consciência política das classes trabalhadoras e da pequena burguesia. Certo.

Essa é tarefa, a meu ver, que cabe àqueles que pretendem transformar a sociedade, e deixar-se de "rodriguinhos" enfadonhos de alternativas com partidos defensores do Capital.