sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

BE: CLARIFICAR A QUESTÂO DO PODER








1 - A apresentação de uma moção de censura ao governo do PS, liderado por José Sócrates, por parte da estrutura dirigente do Bloco de Esquerda (BE), trouxe divergências internas, que se tornaram públicas, e o centro dessas divergências é, no fundo, a questão do poder.

Os críticos (internos e externos) da moção sustentam que a mesma é inútil, porque não vai mudar nada, os seus defensores internos, entre os quais os principais dirigentes argumentam que, no momento presente, é necessário uma clarificação sobre a política prática que está a ser seguida pelo PS, liderado por José Sócrates, em cumplicdade com o PSD e o CDS/PP.


Um dos críticos da actual moção a ser apresentada no Parlamentro no dia 12, Daniel Oliveira, argumenta que o objectivo desta fase de luta política é uma "clarificação interna" dentro do Bloco de Esquerda que seria liderada por um quadro de terceira linha da antiga UDP Luís Fazenda, hoje figura proeminente do BE, acusação que todavia não explicita.

Será errado fazer clarificações nas situações internas e na vida política nacional e internacional por parte do BE - e de qualquer outro partido?


Claro que tal decisão cabe aos seus militantes e filiados. Todavia, porque o BE propagandeia que é da "esquerda socialista" portuguesa e que se auto-considera como a "alternativa" na via socialista, eu, porque, no geral, pretendo tal viragem, sinto-me no dever de imiscuir no campo político e ideológico (e não partidário, naturalmente) de tal partido.


Eu considero que, mais do que nunca, qué é necessária "clarificação" e, tendo lido os seus principais princípios teóricos e programáticos verifico que a questão central do BE é, justamente, a necessidade de uma abordagem sincera sobre o programa teórico e prático socialista face ao actual regime que nos governa, que está na ordem do dia.


O único texto programático que eu consegui obter sobre o BE é o seu programa eleitoral às últimas eleições legislativas, porque, apesar das pesquisas efectuadas, apenas encontrei o seu programa eleitoral de 2009, onde se podem buscar resquícios daquilo que pretendem...como "esquerda de confiança". O que francamente, do ponto da ciência política materialista, não sei o que isso significa.


Como igualmente não sei do ponto de vista da mesma ciência política, o que é esquerda ou direita.


O que sei - isso sim - é que a clarificação política passa, essencialmente, pela separação entre o que é política capitalista e anti-capitalista, pois o que está em causa no país e no mundo capitalista mais avançado, onde nos integramos, é essa linha divisória do incremento do progresso.


O capitalismo, na sua fase actual, já não representa qualquer resquício de actividade progressista e, muito menos, revolucionária e as suas formas de poder sejam elas quais forem (ditaduras, parlamentos controlados ou não) são entraves ao real desenvolvimento democrático do exercício popular de gestão da coisa pública.

2 - Ora, no meu ponto de vista, o BE nunca se pronunciou, de maneira clarividente, sem ambiguidades, face a essa questão. Se há uma corrente que empurra os principasis dirigentes para a exigência de clarificação, estes acenasm com a obscuridade.


Quem está do lado de uma política anti-capitalista, tem de o defender num programa teórico e prático, sem tibiezas, face à situação actual.


Então quais os principais princípios gerais que devem nortear um programa revolucionário de poder na presente situação?


Toda a experiência histórica, desde há 150 anos, quando o capitalismo percorreu diferentes estádios, conseguiu inclusivé subverter revoluções vitoriosas, e atingiu nos nossos dias um incremento monumental, que o leva a entrar em colapso por uma desorientação no âmago da sua estrutura, tendo, então, precisamente as experiências práticas falhadas de revoluções que se transformaram em contra-revoluções, dizia eu, toda essa experiência balizou um princípio que não foi ultrapassado e continua vigente: as classes laboriosas, quando se coloca a tarefa da tomada do poder, não podem assumir o papel gestor na máquina de Estado, que entretanto pode vir a ser por elas tomada, e geri-lo dentro da sua perspectiva capitalista, mais ou menos reformada, para atingir fins claramenre capitalistas.


E este dado objectivo tem de ser assumido como programa, e tornar-se separador na economia, na política e na ideologia.


Claro que temos de considerar que as condições políticas, económicas, sociais e até culturais sofreram modificações brutais neste século e meio. Naturalmente, ter-se-á de ter em conta as transformações que se deram, a evolução que o mundo sofreu.


Mas, a questão do poder separador mantem-se e continua actual. Dentro do regime democrático que governa os principais países, o capitalismo reproduz-se, quer queiramos, quer não. E esta questão não diz respeito a Portugal apenas, mas a toda a Europa e, mesmo a todo o Mundo.


3- Apesar de terem havido revoluções nestas dezenas de anos, desde a Comuna de Paris até ao período pós 25 de Abril em Portugal, onde se chegou a sustentar que teriam sido implantados regime socialistas, o certo é que neles não foram postas em marcha as transformações radicais que os programas socialistas defendiam então. E o principal objectivo transformador nunca teve conexão prática com a sociedade.


Ou seja, a apropriação dos meios de produção pela sociedade nunca existiu, nem na antiga União Soviética, nem na China, nem na semi-revolução que houve em Portugal, mesmo com nacionalizações.


Foram minorias que se apropriaram do poder e o geriram de acordo com os interesses dessa minoria, mesmo que jurassem a pés juntos que o faziam no interesse geral.


Em Portugal, a gestão bancaria nacionalizada, desde Vasco Gonçalves até à sua desnacionalização completa, esteve sempre nas mãos da burguesia capitalista, através de seus representantes, mesmo que, em certas fases, houvesse um arremedo, sem efeito, de controlo operário.


Ora, esta questão torna-se central na elaboração de um programa separador de águas entre o capitalismo e anti-capitalismo.


E a este respeito, o BE não tem uma linha definida, nem orientadora, porque não existe.


4 - A questão da dívida pública é, no momento actual, um dos aspectos centrais da actividade política portuguesa. Apesar de todas as restrições impostas aos assalariados e, em particular, aos trabalhadores da Administração Pública, a ruptura financeira paira como ameaça por parte dos chmados "mercados", ou seja o capital financeiro especulativo.


Não se pode dissociar a inversão da produção nacional sem colocar em primeiro plano a implantação de uma administração de Estado ao serviço do incremento dessa mesma produção.


Ou seja, em termos práticos, se quisermos fazer um restabelecimento equlibrado do Orçamento de Estado, terá se haver uma sintonia perfeita entre produção nacional e administração estatal. Equilibrar significa restringir gastos públicos superfluos, procurar impostos onde eles estão encobertos e não pagos, mexer em toda a superestrutura da classe que domina. O poder de Estado, no fundo, terá de actuar contra o poder do Capital.


Ora, o Capital - o seu sistema financeiro especulativo - está mais que interessado em tirar dividendos da dívida pública. Eles querem empréstimos a baixíssimo preço para emprestar ao Estado e ao contribuintes a valores de lucro altamentes rentáveis.


E já estão a "ameaçar": se houver sacagem de lucros dos bancos, haverá crise política no seio da classe dominante.


Ora, neste aspecto, coloca-se uma medida prática de política anticapitalista que os partidos que se definem como socialistas têm de tomar uma posição inequívoca.


Como actuar contra a especulação financeira sem hesitações, colocando o Capital em sentido?


Só existe uma política prática: atacar o poder do Capital, através de impostos altamente taxantes ou indo para a própria nacionalização dos principais bancos.


Tais medidas têm de ser anunciadas, sem tibiezas, ou meias palavras. E o BE ainda não as anunciou.













quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O CENTRO DO FURAÇÃO DEVE SER A UNIÃO EUROPEIA

motim na Grécia





Cem mil gregos saíram às ruas de Atenas em protesto contra as medidas de austeridade decretadas pelo governo, num dia de greve geral de 24 horas. A manifestação ficou marcada por violentos confrontos com a polícia. Pelo menos sete pessoas ficaram feridas e quatro foram detidas.

De acordo com a Reuters, a polícia lançou gás lacrimogéneo e balas de borracha contra jovens manifestantes que ripostaram com pedras retiradas das calçadas e com cocktails molotov.

As imagens mostram polícias e fotógrafos com a roupa em chamas, num cenário caótico. A polícia refere que entre os feridos estão dois agentes e um jornalista.

A greve, que afectou tanto o sector público com o privado, levou ao encerramento de escolas e serviços, paralisações dos transportes públicos e ao cancelamento de muitos voos.

Esta é a maior manifestação desde Dezembro de 2008, um mês marcado por intensos protestos que se prolongaram durante semanas.


Esta é a notícia sucinta do que aconteceu hoje na Grécia, que, em grande medida, teve as mesmas medidas repressivas que as adoptadas no Magrebe e no Médio-Oriente, cujos policiais ou membros do Exército utilizaram, exactamente, os mesmos modelos de armas que fazem parte do arsenal da civilizada força armada da democrática União Europeia.


As razões que fazem estremecer o Magrebe ou Médio-Oriente são as mesmas que ocorreram na Europa nos últimos meses, e, tiveram um pico mais agressivo hoje em território helénico: a crise da especulação financeira capitalista ocidental de 2008, que se iniciou no centro tirânico do poder do grande Capital fiianceiro especulativo. - o Wall Street norte-americano.


A falência financeira criminosa dos magnates judeus e dos evangélicos brancos e negros, incrustados em numerosas pseudo seitas cristãs e quejandas, como o budismo do Dalai Lama, que são máquinas de branqueamento de capitais de Nova Iorque, Chicago, Las Vegas ou Boston, com a imensa fuga dos capitais dos contribuintes para paraisos fiscais e para manter o poderio do imenso complexo industrial-militar do imperialismo norte-americano por todo o Mundo colocou, ao longos últimos 30 anos, com a estruturação do actual modelo económico prevalecente em toda a economia internacional, todo o sistema político dos Estados Unidos, da União Europeia, mas também, por tabela e seguidismo, a Rússia, a China, a Índia, e os Estados então democráticos dos "reinos" do petróleo na dependência directa da agiotagem capitalista financeira especulativa.


Aqui reside, no momento presente, toda a raiz de uma crise.
Essa grande burguesia capitalista sabe que, a prazo, vai estar, novamente, de calças na mão, com novos surtos de miséria extrema do mesmo sistema. Como este sistema não está estribado no incremento da produção nacional dos principais países, será muito difícil restabelecer o equilíbrio das finanças públicas, ou seja manter na balança da "justiça" orçamental um equilíbrio saudável entre a despesa e a receita do (s) Estados (s), em particular daqueles mais desenvolvidos.


Para suprir esta relação desfavorável, o capital finnaceiro vai restringir, novamente, e de maneira crescente os gastos sociais públicos, sem mexer nos lucros do Capital. Este vai pedir, crescentemente, mais encargos a retirar do bolso dos contribuintes líquidos, que são, na realidade, as classes laboriosas e os pensionistas.


O sistema financeiro especulativo, que foi o modelo dominante que provocou a crise, na realidade não foi beliscado ainda em qualquer movimento de protesto que esteve e está a percorrer o mundo - em especial no Magrebe e no Médio-Oriente - tem o seu principal receio de que possa haver um descalabro, principalmente, com os movimentos de massas que atravessam ou possam vir a atravessar os países europeus, que são aqueles que têm uma maior experiência de luta de classes, e onde a luta popular produziu revoluções que deram rupturas totais ou parciais no passado e levantaram o espectro de verdadeiras revoluções transformadoras da sociedade.


Por isso, é que se verifica hoje que as grandes reportagens de imprensa continuam a centrar-se no que ocorre ma Líbia ou no Egipto com os cínicos políticos e capitalistas ocidentais a pedir a condenação das repressões naqueles países, mas nada dizem sobre os métodos terroristas que estão a levar a cabo, quer na União Europeia, que nos Estados Unidos, na repressão a tudo o que seja, ou possa ser, um esboço de uma grande movimento subversivo popular.


Por isso, os dirigentes revolucionários ou progressistas mais conscientes deve dar mais importância, política e organizacional, ao que se passa na UE, do que o que está a ocorrer na periferia.


Ainda não percebi porque não se preconiza uma acção colectiva multinacional em toda a União Europeia.

Vejam a resposta de um grego dado a uma reportagem da Reuteres:

«Chegámos ao nosso limite», disse Yannis Tsourounakis, um manifestante de 60 anos, que disse ter três filhos e estar desempregado. «O nosso futuro é um pesadelo se não banirmos estas políticas».

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

BANQUEIROS: PODERÁ A RUA FAZER-LHE FRENTE?





Desde que o governo de Sócrates se consolidou no poder, os banqueiros e os patrões dos negócios especulativos "perderam a vergonha" e começaram a ditar, directamente, para os grande público as suas ordens e orientações.




Deixaram de ser as "enguias" habituais das recomendações inócuas, e soltaram a língua: "nós é que mandamos no país, os partidos do poder fazem de contam que governam".

"A quebra de 0,3% no PIB nacional é o resultado das medidas de austeridade, para controlo do Estado. Daí retirar a conclusão de que vamos ter uma grande recessão... é preciso ter cuidado", avisou, há dias, Ricardo Salgado, o lídeo BES, em Madrid, aconselhando o aprendiz de banqueiro, Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, a ter contenção - frisara anteriormente que "estamos em recessão" - no que afirma porque o governo actual de José Sócrates é o executivo da preferência capitalista momentânea.


Se senhores como Alexandre Soares dos Santos e Belmiro de Azevedo, que sacam dinheiro dos portugueses através da especulação da alimentação, com lucros fabulosos, que eles não têm pejo em anunciar aos quatro ventos, como vantagens da sua roubalheira, à custa de salários baixíssimos e de compra de produtos baratos nos países em desenvolvimento que depois vendem a preços mais altos em Portugal, se atiram a Sócrates, eles fazem-no, porque quem domina o aparelho de Estado, desde os bancos aos branqueamentos de capitais, à circulação monetária provinda do tráfico de droga, entre outras, são os detentores directos e arrogantes do capital financeiro especulativo.


Através deste, são eles que ditam as leis, impondo o controlo dos seus lucros praticamente sem impostos, orientam as principais vantagens económicas dos grandes concursos públicos, enquadram, inclusive, os grandes clubes de futebol português.


São os grandes banqueiros, aliás, os grandes beneficiários em riqueza das especulações em torno da dívida pública.


São eles que recebem empréstimos públicos de Estado - via União Europeia, por exemplo - a juros irrisórios para os emprestarem depois aos clientes, a maioria do povo na realidade, a cinco e seis por cento. Cada novel ração de dinheiro que vem do banco central para os bancos privados nacionais significa um novo roubo institucionalizado das classes laboriosas, que para sustentarem uma eventual diminuição dessa dívida pública, se veem esbugalhados nos salários e nos impostos directos e indirectos.


Ora, esta rapinagem do dinheiro do Estado é, pois, do interesse desse capital especulativo, que pretende mais gastos públicos para imporem mais rácios de lucro nos próximos tempos.

Enquanto não se inverter este estado de coisas, não haverá possibilidade de fazer calar essas aves de rapina do Capital que começaram a cantar, cada vez de mais grosso, incluindo a solicitação de mais medidas repressivas para evitar explosões populares.


Se as ruas começarem a gritar "deitemos abaixo estes ladrões encartados" e "cortem a crista a estes emplumados que apenas gesticulam, mas são cobardes", então algo de importante poderá vir a surgir na actividade política nacional.



domingo, 20 de fevereiro de 2011

DANIEL DE OLIVEIRA: ALIANÇAS ALARGADAS OU RUPTURA?










As alianças alargadas sem um programa progressita conduzem sempre ao pântano reformista
A crise económico-financeira de 2008 parecia trazer, no imediato, nesse ano, no bojo uma convulsão de enormes proporções nos países capitalistas mais desenvolvidos.


Muitos olharam com espanto para o que estava a acontecer no sistema financeiro mundial, incluindo os comentadores e analistas habituais que pululam nos jornais e telejornais de referência da grande burguesia, como o Expresso, Sol, Sic e TVI, alguns dos quais se intitulam de “esquerda”, e admitiram, assustadiços, que se poderia estar perante uma perspectiva de uma grande revolução.

Até começaram a citar Karl Marx, como “farol vidente” do descalabro económico burguês, que estava a emaranhar-se, como um fantasma terrível, no seio da sociedade motor do capitalismo especulativo mais desenfreado: os EUA, e, por tabela, e seguidismo acrítico desse modelo, a União Europeia.
Eles que, ao longo dos últimos 30 anos, procuraram denegrir Marx e o seu legado, e, que, com a propaganda mais feroz e descabida, tentavam fazer obscurecer que o pensamento mais clarividente da economia política e da filosofia materialista estava riscado do mapa.

Respiraram de alívio, porque tal não sucedeu, de repente, no rescaldo tenebroso dessa crise.
Empolgaram-se, agora, depois do afastamento do centro capitalista da subversão acutilante, com as revoltas nas periferias, e em especial nos países árabes do Magrebe e Médio-Oriente.

Precisamente, um desses comentadores empolgantes, até porque se coloca como analista de esquerda – e para mim isso é importante - e é um dirigente ou ex-dirigente do Bloco de Esquerda, chamado Daniel de Oliveira, que, de repente, se armou em vedeta nos jornais da burguesia, pensando que se trata de um iluminado, (ver jornal Expresso de 19 de Fevereiro, pág. 33) mais concretamente em adivinho, para criticar, como pretenso arauto do anti-capitalismo, que o que move a luta política é “a esperança” e que os revoltosos do Médio-Oriente não estavam desesperados, mas que os protestantes dos países ricos, esses sim, estão “desesperados”, mas que sentem medo em ir para a luta e que “é preciso que as pessoas acreditem que há alternativas e que elas podem vencer”.

E quais são, para Oliveira, na Europa, essas alternativas: “Programa exequível e alianças alargadas”.

O vidente – melhor dizendo – o homem que está por dentro da revolta do Egipto.

Ele sabe tudo: “No Egipto, teve uma direcção política que a preparava há pelo menos três anos. No caso, jovens educados e apostados assumidamente num movimento não-violento”.

Especula, todavia, cauteloso, para não ficar com as calças na mão:”Contaram com o descontentamento que resultou da situação económica? Sim. Com o facto de, vivendo numa ditadura, não haver outra forma de protesto? Claro. De, com desemprego galopante e a ausência de Estado Social, os egípcios não terem nada a perder? Provavelmente.

(Mas então, pergunto eu: houve ou não movimento violento?)

E prossegue: "Mas contaram com uma única coisa que constrói movimentos em tempo de crise: a esperança, essa palavra maldita para os cínicos. Não tinham programa, (mas então para os desesperados europeus é necessário um programa, para os outros não?), mas tinham um objectivo possível: o fim da ditadura. E um inimigo claro: Mubarak”.

(Quererá ele afirmar que, aqui, em Portugal, o objectivo possível é o fim do regime actual e o inimigo claro é o “Sócrates”?).

Ou quererá ele afirmar, no meio do embrulho, que o essencial, na sua perspectiva, são “as alianças alargadas” para constituir um governo com o PS?. Terá de ser claro.

(Precisamente, o que falta na actividade política do BE é, justamente, a falta de um programa anti-capitalista).

Na realidade, no Egipto, houve um dilúvio que começou em Janeiro passado, com muita violência, e levou ao afastamento do Presidente Mubarak, mas o que sucedeu desde então ?.

Passou a “hetacombe” que varreu a ditadura, na opinião de Daniel Oliveira, mas o que ficou de verdadeiramente progressista e revolucionário?

A Alta hierarquia militar e a oligarquia “civil” tomaram conta do poder e impõem, eles sim, o seu programa de “lavagem do rosto ao regime”.

A juventude que veio para a rua, sem programa, não foi colocada na gestão do Estado, como desejava, fazendo uma revolução, mas sim contentou-se com uma “transicção pacífica” orientada pelas figuras cimeiras do poder que manteve 30 anos Mubarak na ribalta. Um torturador, aliás, é, neste momento a sua figura de topo.

Daí, portanto, depois da revolta fomentada com “preparação” de “pelo menos três anos”, os heróis sejam os sustentadores do regime ditatorial apoiado pela América e pela Europa, que, curiosamente, foi “um golpe” que até pode estar nos seus cálculos.
E, Daniel de Oliveira, tem de reconhecer que, nesta revolta, o Exército – e certamente a burguesia interna e externa – que se aliou a ela, não mexeu um dedo para se alçar ao poder.

Permitiu que a massa popular, especialmente os jovens, enfrentassem na rua uma parte do sistema policial, mas não deixou que essa revolta extravasse os limites da dominação da burguesia instalada. O povo até bateu palmas logo que o poder caíu na mãos dos cães de guarda internos, que Mubarak liderava, e do imperialismo externo.

Poderá haver desenvolvimentos, nos próximos meses, é certo, mas o que acontece agora é quem vai “participar” nesses desenvolvimentos são os actuais detentores do poder, que certamente elaboração um programa dito reformista para que tudo caminhe no sentido da serenidade.

E porquê? Porque os revoltosos da rua, aqueles que fizeram o chamado “trabalho sujo”, e morreram, não tinham um programa de transformação da sociedade.

Aliás, Daniel de Oliveira, como antigo revolucionário, tem a noção histórica do sucedido em Portugal em 1974.

Se não houvesse um programa democrático progressista do MFA, o homem que tomou o poder em 26 de Abril António de Spínola iria conseguir impor-se como cabeça de uma novo regime autoritário que substituiria o de Marcello Caetano.
E se passado um mês, o “programa” spinolista é posto em causa, logo na primeira tentativa de golpe por ocasião do I Governo provisório, foi porque os militares que fizeram o golpe de 25 de Abril se ativeram a um programa que ia contra as pretensões “situacionistas” da burguesia que apoiava o general Spínola.

Não estou, portanto, a falar de flores, mas de radicalização da situação política que se deu, que permitiu, na altura, alicerçar os primeiros verdadeiros indícios de um Estado Social, de um verdadeiro Estado Social.
Na actual crise portuguesa, para mudar o actual estado de coisas, é preciso, pois radicalização, mas esta, certamente, tem de ser preparada por uma agitação, programada, sistemática, dura, no seio das classes assalariadas super-exploradas, que para se movimentaram não necessitam de “alianças alargadas”, mas sim de um “programa exequível” de cariz socialista que não leve a uma simples lavagem da actual estrutura política tal como está estabelecida.

Ou há ruptura, ou tudo continuará na mesma.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

COMO DESEJA RUI TAVARES QUE SE FAÇA CLARIFICAÇÃO POLÍTICA?

Rui Tavares quer que a mudança cai do céu?




1 - “Nada muda se a moção perder. O governo fica no lugar, e é provável que dure até mais tempo. Se a moção ganhar, tudo muda – para pior, com um governo ainda mais à direita".

Esta afirmação do deputado do Bloco de Esquerda Rui Tavares é, no momento actual, o caso acabado do que representa no seio do movimento revolucionário a visão política do calculismo reformista.

Se Rui Tavares criticasse a timidez política da argumentação que sustenta, at
é agora, a apresentação do moção do Bloco de Esquerda que não diz, frontalmente, que a mudança política somente é real com uma política claramente anticapistalista, eu, aí, estaria com ele.

Agora, quando, pela primeira vez, no Parlamento português, se apresenta uma moção para clarificar posições políticas face à orientação claramente pró-capitalista do PS, fiel representante do poder do capital financeiro especulativo, em estreita aliança com o PSD e CDS, e, que com tal mensagem, que é de propaganda, certamente, mas obriga todas as forças a definir-se sobre o modelo económico do regime, um deputado do partido proponente que critica tal posição, tenho de o dizer não está no lugar certo.

Além do mais, Rui Tavares, que até é deputado europeu, deveria procurar levar tal clarificação ao Parlamento Europeu, precisamente, para obrigar à definição de políticas sobre os modelos de economia política que se estão a impor na União Europeia, naturalmente a partir de Bruxelas.

2 - Claro que se o Bloco de Esquerda se remeter apenas a propagandear uma clarificação política no estreito limite da arena parlamentar, o seu efeito político será, realmente, nulo. Poderá mesmo sustentar-se que será uma derrota para o movimento de massas subterrâneo que está a emergir entre os assalariados.


A batalha da clarificação entre politica capitalista e anticapitalista não pode ficar pelo arenga da Assembleia da República, tem de alastrar para todas as arenas onde se movimenta a luta de classes.


Não se pode renunciar a um direito que as classes trabalhadoras ganharam ao longo de centenas de anos que é o direito à subversão. E a moção também deve colocar este ponto de vista.

Rui Tavares, como político, e não como adivinho, não pode sustentar que "se a moção ganhar, tudo muda – para pior, com um governo ainda mais à direita".
Pois, se a moção ganhar, com o seu pendor anti-capiatslia, certamente, que tudo muda.


O seu discurso é o do político cobarde, que está, por detrás da arena, a fazer contas de cabeça, antes de entrar na liça da batalha eleitoral pela mudança política.


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

EUA CONTINUAM A PENSAR QUE A AMÉRICA LATINA É O SEU QUINTAL






O governo argentino, liderado por Cristina Kirchner, retem, desde quarta-feira, um avião militar dos Estados Unidos, que pousou no aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, contendo equipamento ultra-sofisticado de espionagem, armamento e drogas, que não tinham sido declarados às autoridades do país.

O executivo de Buenos Aires, citado pelas agências internacionais, frisou que 1/3 da carga do avião não foi, propositadamente, declarada.

Os membros da tripulação sustentaram que o equipamento se destinava a um sobre "técnicas de resgaste de reféns e material próprio para actuar em crises".
A Argentina não gostou, naturalmente, da justificação. E o material foi minuciosamente revistado e apreendido.
Certamente, as autoridades de Buenos Aires interrogaram-se sobre as verdadeiras intenções dos "democratas" norte-americanos: entregar material à polícia sem consultar o governo? Estavam a conspirar? Com quem ? É o que, possivelmente, se virá a saber dentro de meses.
Claro, os representantes do Império norte-americano ficaram fulos com a teimosia de um país soberano, que, na sua suprema opinião, não deveria sequer questionar se estavam a fazer espionagem.
O porta-voz da maquiavélica Hillary Clinton, o senhor que veio do jornalismo oficial chamado Philip J. Crowlwy, falou e manifestou "a perplexidade" da Secretaria de Estado com a retenção e apreensão do material.
Por seu turno. o subsecretário de Estado para a América Latina dos EUA, Arturo Valenzuela, considerou "desrespeitosa" a atitude do governo de Cristina Kirchner.
A resposta do ministro dos Negócios Estrangeiros argentino, Héctor Timerman, foi rápida: “A Argentina já sofreu dois atentados terroristas, por isso o país tem leis rígidas”.
E a interpretação pode vir a ser brutal, se os jornalistas perguntarem: "Quererá dizer com isso que os atentados terroristas, que foram assacados a islamistas, foram praticados pelos serviços secretos norte-americanos, e possivelmente, israelitas"?

SÓ UMA GRANDE CRISE NA EUROPA E EUA PODE DAR RUPTURAS NO ACTUAL SISTEMA








1 - Com o eclodir da crise financeira e económica de 2008, o que ficou visível, em termos de economia política, é que os poderes económicos que dominaram e formaram a sociedade capitalista que criou a chamada "Grande Depressão" e a enquadrou, políticamente, nos anos 20 e 30 do século passado, através de regime ditatoriais, com ou sem formas parlamentares (mas no fundo todos mantiveram parlamentos, ainda que formais, incluindo os dos EUA), são, novamente, os mesmos poderes que estiveram na origem da actual crise e estão a reorganizar essa mesma vida societária, sob a sua batuta.

Esses poderes, para se equilibrar no seu centro de poder que é, em primeiro lugar, os Estados Unidos e a União Europeia, estão a "distrair", neste momento, o centro da turbulência, procurando afastar todo o séquito de presidentes, reis, ministros, generais, magistrados, dos seus "territórios de interesses nacionais" para que se reformem governos, sistemas bancários, sinecuras militares, de modo a reaparecer como verdadeiros poderosos, que até ajudaram a fazer implantar a democracia no mundo!!!


Mas, perante uma crise desta envergadura, justamente, no centro dos poderes económicos e produtivos mundiais de primeiro plano, o que temos de analisar é a razão porque se está, nessas regiões, a desenrolar uma resistência menos tenaz e demolidora das classes assalariadas.


(Este interregno deve levar-nos a meditar e analisar, com espírito crítico, precisamente o que de complexo se interligou, nestas décadas todas, que, apesar de fases profundas de movimentações revolucionárias, de agitação social em larga escala, porque veio ao de cima o carácter mais retrógrado da burguesia capitalista, cujo pico saliente é o desenvolvimento da crise actual, inciada em 2008, que está a levar ao maior rectrocesso económico e político entre os sectores mais explorados da sociedade).


Temos de reconhecer que estamos, na realidade, a sentir - com tal crise, que não está ater uma resposta à altura - de forma aguda o que significa um retrocesso revolucionário de grandes dimensões em todo o Continente Europeu e nos Estados Unidos, desde os anos 60, e que esta derrota está intimamente ligada ao desaparecimento do espírito revolucionário, o que, em termos práticos, teremos de associar à não existência de um partido com um programa revolucionário mundial desde há 80 anos, mas essencialmente europeu.


E isto porque foi, pois, no continente europeu que, apesar de tudo, se deram as maiores movimentações e convulsões progressistas e, em certos casos, mesmos de cariz revolucionário, como sucedeu em Portugal em 1974/75, em França em 1968, e, em grande medida toda a agitação efervescente de Itália dos anos 60/70. E, noutras circunstâncias, todo o período de distúrbios que percorreram o leste europeu desde os anos 50 até aos anos 90.


2- Ora, este retrocesso revolucionário - melhor dizendo, esta derrota - dos partidos revolucionários que estiveram na frente das batalhas dezenas de anos antes da segunda grande guerra, não se pode explicar pela má liderança de um homem, nem pela má gestão partidária de uns outros quantos, nem da parónia pessoal de um outro qualquer em quem acreditávamos, acriticamente, como se fosse o lider do proletariado revolucionário internacional.


Apesar de toda a fase de inexistência de um partido revolucionário, nacional, europeu ou mundial, durante toda a época que vai desde o surgimento do fascismo e do nazismo na Europa e na América, o que é certo é que, em certas épocas históricas, como na Alemanha dos anos 20/30, ou na Europa após a II Grande Guerra, e em anos posteriores em França, por exemplo, o triunfo do movimento revolucionário esteve mais perto de acontecer, mesmo quando se pensava que as épocas ditatoriais estavam mais cimentadas do que nunca.


Foram períodos históricos terríveis, porque se pensava que as subversões eram impensáveis. Que se instituia a ideia - ou se procurava lançar pela massacragem sistemática da propaganda nazi-fascista ou democrata ditatorial norte-americana do mckartismo - que toda e qualquer Revolução era um acção de fanatismo, de seres abjectos e sem qualificação.


Pessoas essas que, na opinião do poder dominante, procurava instilar no povo que a Revolução não era um direito histórico que ele conquistou ao longo das suas convulsões subversivas e mudanças de sistema político.


3- Desde chamada crise do petróleo dos inícios dos anos 70, que surgiu, precisamente, num refluxo dos surtos subversivos e revolucionários que percorreram, essencialmente, a Europa Ocidental e os Estados Unidos, teve lugar a partir dos meados dos anos 70 do século passado uma fase de ascenso económico, que foi incensado com a criação da União Económica Europeia.


Ora, deste então, o traço marcante político foi o incremento constante do sistema reaccionário em toda a Europa e na América do Norte, e o traço económico o desenvolvimento acelerado do modelo económico capitalista assente na maior especulação sem freio do capital financeiro.


Para resolver esta evolução negativa para os interesses das classes assalariadas, um novo ciclo revolucionário somente poderá criar raizes se houver uma nova crise multilateral, que ponha em marcha milhões de explorados em torno de um programa que preconize uma transformação radical económica, lance uma substancial revolucionamento da organização social.


Mas, para que isto tenha os pés assentes na terra e se movimente para um objectivo que seja transformador é necessário que sejam as massas trabalhadoras que estejam na cabeça desse movimento e ajam com preserverança e ideias precisas do que é necessário mudar, fazer rupturas.


Acreditar que o movimento espontâneo será suficiente para criar a ruptura, é cair nos velhos slogans do voluntarismo que nada de real trouxe para o avanço da humanidade.


È preciso preparação, persistência, muito trabalho de agitação, mas formado em torno de um programa de Revolução.


4 - Ora o centro desta ruptura, desta verdadeira ruptura, está na União Europeia, ela é hoje o centro produtivo mais compacto e avançado do mundo capitalista; é o espaço onde se movimentam os sectores mais conscientes das classes laboriosas; é o espaço onde se deram as experiências mais marcantes de surtos e movimentos revolucionários mais profundos e mais vigorosos.


É aqui que se deve formar, criar a base de um partido com um programa revolucionário avançado.















sábado, 12 de fevereiro de 2011

ESTAMOS NA PRIMEIRA FASE DE SEPARAR ÁGUAS




Está na altura da clarificação













1 - Um facto relevante (uma moção de censura) - embora as nossas personalidades políticas procurem menosprezar - está no centro da actividade política nacional, em geral, e, na parlamentar, em particular.

Não se pode ficar indiferente. Podem fazer-se análises, conjecturas, andar para trás e ver qual foi a evolução do Bloco de Esquerda desde as presidenciais (que eu pessoalmente discordei). Não concordo, aliás, com o programa político ideológico do BE.

Tenho, no entanto, como cidadão, de posicionar-me sobre este moção.

Fá-lo-ei.

2 - Não dou o meu assentimento total à moção do bloco, enquanto não souber o projecto político que vai assentar na argumentção prática, escrita, da sua apresentação. Escrevo, portanto, sobre o que ouvi e li do seu principal dirigente, Francisco Louçã.

3 - Acho, no entanto, que no momento presente é essencial que após a tomada de posse do Presidente da República reeleito, que frisou que a situação política é de crise e que é necessário uma mudança na actividade política, a moção do BE parece-me lapidar para essa clarificação. Ainda que se esteja a estrutura a nebulosa.

O curioso é que todos aqueles que dias atrás, sutentantavam que era necessário uma clarificação, usem agora muitos argumentos para criticar, justamente, um documento político que visa - nas palavras de Louçã - essa clarificação.

4 - Estamos na primeira fase de um acto dramático que, iniciando-se por Portugal, irá atingir todo a União Europeia. É preciso determinar e apresentar alternativas políticas - capitalistas e anti-capitalistas - sobre os poderes económicos que estão a destroçar o progresso político e económico da UE.

Esta moção, que, na minha opinião, é tímida, porque, no que se conhece, não define, com clareza, o carácter revolucionario da alternativa que é necessária ser apresentada na UE, para definir a sua evolução societária futura, tem o mérito de colocar, em parte, muito sumidamente, a questão central: é necessário uma ruptura.


Os legisladores actuais representam os interesses económicos do pior conservadorismo económico que existiu há 40 anos. Eles têem de ser confrontados, do ponto de vista revolucionário, com uma nova forma de governar. Irá a moção do BE colocar o dedo na ferida?.

Esta é a falha maior que noto nesta pré-apresentação da moção.

Louça argumenta: "Esta é uma governção falhada". Eu concordo com ele. O "PS é que está de braço dado como PSD". Eu concordo com ele.


Como produzir a ruptura? Dentro dos limites da actual representação parlamentar?. Nada dará, se assim for.

Somente um programa anti-capitalista poderá separar águas, incluindo o capitalismo de Estado, preconizado pelo PCP.

5 - Estamos em crise, é certo. Todos os afirmam. A solução para a crise para ser favorável ao mundo do trabalho terá de ferir e grandemnete os interesses do Capital. Uma crise não é, propriamente, um almoço de meia dúzia de pequeno burgueses no Gambrinus. É algo de grave, de seperador de águas.


Caso contrário, haverá retrocesso revolucionário. Será um passo gigantesco, no entanto, se havendo eleições, se formar um bloco político em crescendo que defenda soluções anti-capitalistas.


Deixemo-nos da mesquinha política de afirmar que se está a fazer o jogo da direita. Não sei, o que é direita e esquerda em termos de economia política. Quem é de esquerda, o PS?

Ora, defender soluções anti-capitalistas é derrotar o PS, como actual gestor dos interesses genuinos do Capital. O PS não é um Partido de esquerda, que isso é retórica de samaritano. O PS é direita pura e dura. Quem for do PS e quiser ser de esquerda tem de derrotar o poder dos seus representantes capitalistas incrustados nos cargos de decisão, como Sócrates, Mário Soares e Almeida Santos.

Esta é, pois, a questão.





quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

EUA: OS AMIGOS DO PEITO ESTÃO A SER CHAMADOS AGORA DE DITADORES








Os amigos de peito da administração norte-americana são agora todos ditadores....Boa.



Está a findar uma faceta do drama imperial norte-americano no Magreb e Médio-Oriente, que atinge, por tabela, os zelosos e serventuários dirigentes da União Europeia.
Os poderes, que eram o centro da glorisosa luta pela democracia e da defesa do mundo ocidental, prenhe de civilização capaz de transformar o mundo, são "etiquetas" que cairam em desuso.
Apressadamente, os biltres imperiais de Washington sustentam que aqueles amigos de peito são afinal ditadores sem coração, torturadores infames, destruidores do bem-estar das suas populações.
Aquele séquito de serventuários do regime de Washington estão todos a ser escorraçados como vulgares vigaristas e criminosos, que estavam ligados ao Império norte-americano.
Não se pode imaginar, desde já, o alcance real das transformações que se estão a dar desde Marrocos até ao Paquistão, mas uma coisa é certa: está a aparecer uma derrota memorável da arrogância imperial de Washington, pois estão a perder, ainda que a situação seja indefinida, na principal frente política geo-estratégica da sua concepção de "interesse nacional" fora dos territórios norte-americanos.
Está em marcha uma convulsão revolucionária, naturalmente de cariz obscuro, indefinido.
Teremos de ver, nos próximos dias ou meses, os alcances reais destas movimentações. Estes rápidos movimentos não foram obra de um ou dois indivíduos, mas sim de manifestãções, umas mais espontâneas, outras mais solidificadas, mas todas elas trazem no bojo o descontentamento contra o modelo económico e social orientadao por Washington e em grau menor pelos seus sicários encrustados nas instituiões europeias.
Eles também estão na mira.
Vamos ver.