segunda-feira, 31 de maio de 2010

ATAQUE ISRAELITA: A CUMPLICIDADE DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO PORTUGUESES


A Marinha Israelita, a mando do governo de Telavive, determinou um ataque aero-anfíbio a um grupo de embarcações turcas com ajuda humanitária para o território cercado de Gaza, há quase dois anos.
Foi o maior e mais violento acto de pirataria de Estado que se teve lugar nos últimos vinte anos, com mortos e feridos em larga escala - o que se passa na Somália parece uma bricandeira de crianças, mas mobilizou toda a comunicação social portuguesa durante dias. !!!.
Este acto israelita provocou as mais iradas tomadas de posição, mesmo ocidentais, que eu ouvi ou li, contra o Estado de Israel. Vai ruenir-se o Conselho de Segurança da ONU e a NATO.
Mas, hoje nos notíciários principais das três cadeias televisivas apenas saiu como informação de terceiro plano, com uns míseros cinco minutos. Nem se prontificaram a ouvir os atingidos pelos disparos de Israel, onde havia pessoas que falavam português.
Os directores de Informação desses órgãos de informação consideraram que o assunto Mourinho era o acontecimento mais importante da vida política nacional e internacional. A RTP chegou a enviar a Madrid (a 600 quilómetros de Lisboa) imaginem o seu correspondeente em Bruxelas....
Realmente, o papel da informação na vida portuguesa está pelas ruas da amargura...

ATAQUE EM ALTO MAR A UM NAVIO TURCO: A PIRATARIA EM NOME DO ESTADO




As autoridades de Israel cometeram um crime com acusações formais e oficiais de ser efectuado como "terrorismo de Estado" e em violação flagante do direito internacional marítimo.
Assaltou um navio marcante, alugado por uma ONG (Organização não Governamental) turca (que seguia numa formação de outros navios) com um objectivo declarado de "forçar um bloqueio ilegal" para auxiliar poplações cercadas de Gaza, condenadas por um Estado, neste caso, Israel, que não tem jurisdição mandatada de nenhuma instituição legítima internacional, a restringir o acesso de pessoas e bens.
O assalto foi efectuado, ainda por cima, em águas internacionais, que ainda bem agravar a acção ilegitima e provocadora do Estado israelense. Houve mortos entre os passageiros ou activistas do navio, mortes estas feitas à queima-roupa por um grupo de tropa de elite, que agia, claro, em perfeita sintonia com as autoridades de Telavive, ou seja o Primeiro-Ministro, Benjamim Nethanyu. Foi planeado, não haja dúvida.
Esta acção sem qualificação de Israel, ou foi efectuada como um acto de desespero, ou foi realizada com o apoio de um Estado (ou grupos de Estados), que lhe serve (m) de guarda-costas e lhe permite, em nome dos "seus interesses nacionais" no Médio-Oriente de actuar, como o pirata seiscentista inglês Drake o fazia sob os auspícios e a orientação de Isabel I, de Inglaterra, para levar a bom termo a política imperial naquela altura a britânica.
As justificações soezes do Primeiro-Ministro israelita são de um cinismo a toda a prova: agimos em legítima defesa. Que legítima defesa? o ataque partiu das tropas israelitas em alto mar. O governo de Telavive decide actuar em águas internacionais, contra uma frota mercante, arroga-se do direito de fazer um bloqueio a um território, que está sob protecção internacional, e, argumenta - justificações das justificações - que o faz em legítima defesa.
Israel nasceu em 1948, como um Estado artificial, imposto, de fora, pelas potências ganhadoras da II Grande Guerra, Estados Unidos, Inglaterra, França, e antiga URSS (hoje Federação Russa), com o pressuposto de que este Estado seria formado, ao lado, precisamente, de um outro, que se chamaria Palestina, com as populações, na sua maioria muçulmanas, mas não só também cristãs, afastadas arbitratiamente dos seus territórios ancestrais. Foi emitida, formalmente, uma resolução das Nações Unidas para o efeito.
Ora, a constituição deste último Estado foi sempre inviabilizado pelas entidades dirigentes de Israel, que, baseadas num fanatismo religioso judaico, intitulado sionismo, se achavam (e acham) como sendo o povo eleito de deus (o seu Jeová) e se auto-intitulam como proprietárias do Grande Israel, que avançaria pela Síria, Jordânia e o próprio Líbano.
Ora, para conseguir este pressuposto tem contado, ao longo de 60 anos, do apoio declarado da aristocracia finnanceira internacional de origem judaica, que se entranhou nos poderes políticos e económicos do
chamado Mundo Ocidental, como, de maneira particular, beneficiou do apoio financeiro, comercial e militar dos Estados Unidos, como "aliado estratégico" para a sua política imperial no Grande Médio-Oriente.
Israel só consegue fazer o que faz porque beneficia, portanto, deste "guarda-chuva".
Mas, as relações geo-estratégicas e de evolução do comércio, da movimentação financeira mundiais estão a mudar, nos últimos 20 anos. Primeiro de maneira muito incipiente e nebulosa, agora mais evidente.
Os EUA já não são a potência, especialmente económica, incontestável de há 20 anos. Estão percorridos por um crise financeira, económica e social de grandes proporções, corroidos por uma avassaladora dívida externa, que os leva a conter os gastos militares que a fizeram descarrilar para manter a sua capacidade imperial galopante. Está a retrair-se.
No próprio Médio-Oriente emerge, ainda que com uma limitada capacidade produtiva económica, uma potência regional militar AUTO-SUFICIENTE, chamada Irão, que joga com países que estão no tabuleiro onde ainda domina a América do Norte, como a Turquia. Mas não, na América Latina.
Por seu lado, a Rússia está a ser também concorrente, pois está imersa nos interesses geo-estratégicos e materiais de muitos dos países que rodeiam toda a bacia do Cáspio. A Rússia esta que está preocupada com o ascendente iraniano e com todos os rearranjos nacionais e geo-estratégicos regionais da zona.
Zona esta que igualmente é cobiçada pela China, um potência militar já respeitável, mas com um atrofiamneto ainda enorme da sua evolução económica, que está em expansão. Necessita, portanto, em larga escala, das matérias-primas desse Médio Oriente.
Israel sente que pode ser abandonada à sua sorte. Necessita de protecção. Estará esta acção, aparentemente, deseperada, para obrigar os seus protectores a virar-se para a sua defesa? Pode ser uma razão.
Só que a prazo isto não vai dar resultados. A chamada opinião pública começa a ver Israel, não como um Estado de descendentes dos que sofreram as agruras da II Grande Guerra, mas como um braço assasino de pessoas inocentes. Que fazem exactamente, claro que em escala menor, aquilo que efectuou o regime nazi: assassínios éticos, massacres indiscriminados, guerras sem razão de ser, bloqueios para levaram á morte, por falta de comida, de centenas de milhares de pessoas.
Israel está numa encruzilhada. Esta a ser parte do problema.

sábado, 29 de maio de 2010

E AGORA CGTP?


Mais de 300 mil pessoas, segundo dados da CGTP-IN manifestaram-se em Lisboa contra a degradação das suas condições de vida e apontaram o dedo das responsabilidades aos actuais detentores do poder: governo, Presidente da República, partidos do "arco" governamental do regime e, em particular, os principais responsáveis económicos, a fracção que enquadra os banqueiros e os especuladores financeiros.
A manifestação ocorrida em Lisboa não é a uma resposta a uma crise imposta pelo poder de Lisboa, é uma fase de um processo da luta de classes que IRROMPE por toda a União Europeia, claro que em diferentes escalões e estádios de movimentação popular.
O secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, o orador principal desta manifestação, centrou o tom do seu discurso na "realidade nacional", sublinhando que futuras lutas que possam vir a ser adoptadas, sob a orientação daquela central sindical estarão limitadas aos ditames que "a Constituição consagra".
Claro que as medidas gravosas que atingem os trabalhadores portugueses são, no imediato, provocadas pela parte portuguesa que está no noutro lado da barricada. Mas, um sindicalista consciente e experimentado e que se afirma defensor das classes assalariadas não se pode esquecer, nem restringir o âmbito de um batalha, que se vai ter por campo de actuação território multacional. Não se pode esquecer, nem fazer por obscurecer que foram os governos e as classes políticas e económicas dominantes da União Europeia que fomentaram e conduziram os roubos dos dinheiros públicos e os desperdícios das produções, produções estas que sairam do trabalho das classes assalariadas, pelo menos, nos últimos 25 anos.
E são os seus executivos caricatos e agiotas actuais que conduzem a política de saque dos diretitos e proventos dessas mesmas classes.
O repúdio e os protestos que estalam em territórios nacionais têm todos um centro de reacção que é a reprovação da agiotagem que foi orquestrada em Bruxelas pelos representantes políticos dos especuladores financeiros e bolsistas governados e supervisionados pelo Banco Central Europeu.
As burguesias dos diferentes Estados europeus, em particular daqueles que foram os mentores e promotores da chamada "política neo-liberal", ou seja o reino da aristocracia financeira institucionada, irão tentar instilar o ódio dos desprotegidos uns contra os outros.
As estruturas sindicais desses paises têm a obrigação de caminhar para uma resposta concertada, ao mesmo tempo que elevam o conteúdo reivindicativo das suas lutas nacionais.
Não se pode vir para a rua apenas com um objectivo de destapar a panela, mas de fazer ver aos desesperados que a reprovação em Portugal terá de ser idêntica à da Grécia, da França ou da Alemanha.
A conjura dos detentores do poder europeu é um instrumento de guerra contra os bolsos dos pobres. Ora, estes tem de ser consciencializados e organizados para mudar, política e economicamente, este estado de coisas.
Nesta batalha, irão existir barricadas, haverá, pois, necessidade de tempo para "preparar as bagagens e os instrumentos de defesa", muita paciência e compreensão, mas também indicações de que um desfecho para ter êxito terá de obrigar a enrigecer os músculos. E isto necessitará de ser empunhado e transmitido nas mensagens e programas que os assalariados irão receber. Caso contrário, o retrocesso será sempre mais doloroso e prolongado.
Numa frase de "desespero", mas real, nem Marcelo Caetano no seu período de estertor teve coragem de mexer nos bolsos dos trabalhadores como o governo actual, que pactuou com todos os casos de roubos e agiotagens que sucederam nas finanças públicas.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

CASA PIA: ONDE ESTÃO OS OUTROS?

No próximo dia nove de Julho será conhecida a sentença do chamado processo Casa Pia.

Um processo que começou em 2002, quando a mãe de uma então criança internada na Casa Pia de Lisboa acusou um funcionário da instituição, de nome Carlos Silvino, de ter violado, repetidamente, o seu filho.

Ainda em 2002, o jornal Expresso noticiou que "centenas de crianças" da Casa Pia lisboeta teriam sido violadas, nos últimos anos, por pessoas consideradas importantes na vida política, judicial, económica, social e até religiosa do país.

Um clamor se levantou. Foram feitas, repetidas, juras por parte das autoridades que iriam até às últimas consequências. Foram referidos muitas dezenas de violadores, a maior parte dos quais citados em conversas particulares pelas crianças vítimas.

Quando se iniciaram as investigações, algumas figuras, tidas como mediáticas, como o então apresentador oficial televisivo do actual regime, Carlos Cruz, que chegou a fazer parte da delegação diplomática portuguesa na ONU, saltaram para a praça pública.

Começaram a chover as "vozes sensatas" vindas de vários quadrantes a pedir contenção.

A investigação começou a sofrer atropelos.

Todavia, em 2003, mesmo com contratempos, O Ministério Público formalizou 10 acusações: ao apresentador de televisão Carlos Cruz; ao humorista Herman José: ao deputado socialista Paulo Pedroso; ao ex-funcionário da Casa Pia Carlos Silvino ("Bibi"; ao advogado Hugo Marçal, ao embaixador Jorge Ritto;ao médico Ferreira Diniz, ao ex-provedor da instituição Manuel Abrantes; ao arqueólogo Francisco Alves; a Gertrudes Nunes, a dona da casa de Elvas onde terãoocorrido alguns dos crimes.

Paulo Pedroso, Herman José e o arqueólogo Francisco Alves deixaram, entretanto, de pertencer ao rol dos arguidos, após processos rocambolescos com enormes de pressões pelo meio.

Ontem à noite, o arguido Carlos Cruz deu uma entrevista na TVI, precisamente, a afirmar-se inocente e a afirmar que a investigação foi incompetente, admitindo, no entanto, que existe um "indicío de condenação".

Ao fazer estas declarações lançou, no entanto, um aviso para os seus antigos envolvidos no processo. E ele sabe porquê. Referiu-se, especificamente, a Paulo Pedroso, que foi defendido, pateticamente, na altura pelo então secretário-geral do PS Ferro Rodrigues, pelo então Ministro António Costa e pelo ex-Chefe de Estado Mário Soares, entre outros.

Ora, Carlos Cruz disse não entender - e cito a imprensa - em que é que a sua situação é diferente da do antigo deputado do PS. "Os rapazes que o acusavam a ele são os mesmos que me acusam a mim. A credibilidade desses testemunhos, no caso dele, foi posta em causa pelo Tribunal da Relação e pela Juíza de Instrução Criminal. Ele não é culpado. Eu sou. Não entendo".

Ele entende, na verdade. Será um aviso aos culpados na sombra?

O caso que envolve estes arguidos e outras personalidades nos casos de pedofília na Casa Pia têm sido referidos, com maior ou menor intensidade, na Imprensa desde 1975. E os jornalistas que acompanharam estes casos sabem que alguns nomes citados, como pedófilos, por diferentes gerações de crianças, hoje homens e alguns com responsabilidades, eram sempre os mesmos. Carlos Cruz, culpado ou inocente, eram, precisamente, um deles.

O caso que deu "algum brado" ocorreu, em 1980, durante uma comemoração dos 200 anos da Casa Pia, onde esteve presente o então Presidente da República Ramalho Eanes. Ele ouviu da boca de alguns dessas crianças e jovens então alunos o que se passava. Acompanhava Eanes a então Secretária de Estado da Família Costa Macedo.

Quando rebentou o novo escândalo, em 2002, Costa Macedo fez declarações, chegando a confirmar que havia fotografias, que ele tinha ou teve na posse, onde personalidades estavam em poses de abusos sexuais com crianças da Casa Pia.

Macedo desapareceu desde então da circulação. Certamente, foi aconselhada a remeter-se ao silêncio.

Mas convém para que conste, como memória futura, o que ela revelou na Ãssembleia da República.

Cita-se a imprensa da altura, Dezembro de 2002.

*A ex-secretária de Estado da Família Teresa Costa Macedo revelou hoje que o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo do Bloco Central Jaime Gama teve conhecimento do processo relativo aos alegados crimes de abuso sexual na Casa Pia de Lisboa.

Na audição de hoje (22 de Dezembro) na comissão dos Assuntos Constitucionais, a ex-secretária de Estado da Família revelou que um ex-ministro a tinha acusado de perseguir funcionários do ministério daquele governante, acusação que Teresa Costa Macedo diz ter rejeitado.

A ex-secretária de Estado, referiu à primeira comissão, aconselhou o ex-ministro a consultar o processo relativo à Casa Pia para constatar que não havia qualquer perseguição política. O ministro assim o terá feito, contou a ex-secretária de Estado, tendo depois admitido que Teresa Costa Macedo "tinha razão".

Aos deputados, Teresa Costa Macedo nunca revelou o nome do ministro em causa, mas, à saída da audição, aos jornalistas, a ex-secretária de Estado da Família do Governo AD revelou que o governante em causa era Jaime Gama, ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo do Bloco Central, entre 1983 e 1985.

Ao afirmar que Jaime Gama consultou o processo, no qual constava o nome do diplomata Jorge Ritto, Teresa Costa Macedo deixa claro que o ex-ministro e agora deputado do PS tinha "conhecimento profundo" do que se passava na instituição*.

Teresa Costa Macedo igualmente denunciou que a RTP filmou e fez reportagem em 1980 e nunca a transmitiu.

Cita-se mais:

*A ex-governante revelou também que seis alunos da Casa Pia contaram "ao pormenor" as violações de que foram alvo nas comemorações dos 200 anos da instituição, acusando a RTP, que estava presente, de "ter abafado" a reportagem.

Teresa Costa Macedo disse mesmo que perguntou ao então presidente da RTP, Soares Louro, (convém aqui esclarecer que este senhor, já falecido, foi aluno da Casa Pia e figura importante no aparelho do PS) porque razão não foi divulgada a reportagem. O presidente ter-lhe-á dito que o conteúdo da reportagem "era tão grave" que não podia ser divulgado à época.

"Eu aceitei esta explicação. Ao tempo aqueles depoimentos eram de tal maneira chocantes, que era um programa que não podia passar na televisão", admitiu Teresa Costa Macedo.

A situação ocorreu nas comemorações dos 200 anos da Casa Pia de Lisboa, em 1980, já Teresa Costa Macedo era secretária de Estado da Família. Ramalho Eanes, Presidente da República, também esteve presente nas comemorações.

A ex-secretária de Estado contou hoje que quando se preparava com o então Presidente da República para ir "para o banquete" foram levados para uma sala da instituição, "onde se encontravam seis alunos e duas câmaras de televisão". "O provedor foi proibido de entrar", disse.

Os alunos, adiantou Teresa Costa Macedo, contaram "ao pormenor" as "violações de que eram vítimas" da parte "de ex-alunos, de alunos mais velhos e de funcionários" da instituição*.

E ainda:

*Porque é que não passou aquela reportagem? Eles [alunos] disseram tudo", questionou-se Teresa Costa Macedo sobre a conduta da RTP.

Escusando-se a revelar nomes de altas individualidades, alegadamente implicadas, na rede de pedofilia que disse existir desde há mais de duas décadas, envolvendo menores da Casa Pia, Teresa Costa Macedo reiterou que durante os anos em que tutelou a instituição (1980-82) fez o que pôde, enviando todos os relatórios para a Polícia Judiciária.

Costa Macedo disse que, em sua opinião, os ministros dos Assuntos Sociais entre 1980 e 1982 (Morais Leitão, Carlos Macedo e Luís Barbosa) sabiam do que se passava, tendo mesmo admitido que outros ministérios, até depois de 1983, tiveram conhecimento do caso.

A ex-secretária de Estado lamentou que, agora, depois de divulgado o escândalo, ex-governantes tenham sido "atacados de uma súbita amnésia", lembrando ter sido ela "a única pessoa com funções de governação que foi para a frente com processos contra" Carlos Silvino, o funcionário alegadamente autor de abusos sexuais.

"Fui a única pessoa a recordar-me de factos perante o silêncio dos outros", acusou, reiterando que Carlos Silvino era "o angariador de uma rede de pedofilia", mas que não passa "do elo mais fraco" dessa mesma cadeia.

A ex-secretária de Estado disse mesmo que Carlos Silvino "tinha os provedores da Casa Pia na mão", sem explicar a sua suspeita.

Teresa Costa Macedo voltou a afirmar que só tomou conhecimento de casos de abusos sexuais nas comemorações dos 200 anos da Casa Pia, admitindo que antes desse dia apenas "se falava em casos de homossexualidade".

As perguntas mais críticas surgiram da parte do deputado do CDS/PP Narana Coissoró, que quis saber se a ex-secretária de Estado tinha voltado a falar sobre o assunto com Ramalho Eanes depois das celebrações e por que razão não tinha recorrido ao Ministério da Justiça e ao procurador-geral da República face à inércia que diz ter verificado da parte da PJ.

Numa atitude defensiva, Teresa Costa Macedo admitiu que não voltou a falar com Ramalho Eanes sobre os relatos dos alunos, mas desde logo frisou que era o Presidente da República que lhe devia perguntar a ela o que estava a despachar sobre o assunto*.

A TERMINAR, sugiro que se veja uma entrevista elucidativa dada, em 25 de Novembro de 2009, à SIC por um antigo aluno da Casa Pia, hoje advogado de profissão Pedro Namora, entrevista esta que pode ser consultada em www.youtube.com, procurado no Google, tal como eu fiz, Casa Pia Namora.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

JAMAICA/EUA: UM JOGO DE SOMBRAS POR CAUSA DE UM TRAFICANTE

Há meia dúzia de dias, a capital da Jamaica parece um campo de batalha. Já morreram mais de 41 pessoas. Autoridades enfrentam um exército privado. O contrário também é verdadeiro. Um exército privado - que até pode ter sido armado pelas autoridades de Kinsgton e Washington - enfrenta as autoridades.

Tudo porque as autoridades dos Estados Unidos da América pretendem levar à extradição de um chefe de um dos mais poderosos gangues de contrabando de droga e armas, cujo centro de negócios, embora sediado na Jamaica, se concentra, precisamente, no território norte-americano.

O narcotraficante jamaicano, de nome Christofer "Dudus" Coke é, ao mesmo tempo, um empresário de sucesso, em sectores como a construcção civil, que curiosamente, também faz negócios com empresas norte-americanas. Tudo curioso.

Os jornais locais reportam que Dudus Coke, 41 anos, é um dos mais influentes financeiros do partido no poder, O Jamaicam Labour Party, JLP, cujo primeiro-ministro Bruce Golding, nos dois últimos anos tem mantido um aproximação crescente aos chamados "nacionalistas" sul-americanos, que se afastam de Washington, como Lula da Silva. Os jornais e televisões do sistema norte-americano, como é o caso do Fox News, lançaram a campanha em torno do narcotraficante Dudus, que faz negócios(legais e ilegais) com os senhores de Washington há mais de 10 anos.

Mas, o que mais relevante se filtra das notícias em torno do caso deste traficante é que a droga que ELE VENDE NOS EUA PROVEM, ESSENCIALMENTE, DA COLÔMBIA.

E as notícias assinalam que o "contrabando" da dita droga é feito em grande, o que, para uma pessoa minimamente avisada, quer dizer que essa movimentação terá de ser realizada, pelo menos com a CUMPLICIDADE das autoridades que estão ligadas ao combate à traficância, que no caso em apreço, são as autoridades militares do país e a DEA (o departamento governamental norte-americano de combate à droga).

Por outro lado, um pequeno país, como a Jamaica, situado logo nas bordas do seu super-protector de Washington, não faz traficância de armas SEM A ANUÊNCIA dos seus chefes norte-americanos.

Ora, em análise política tem de ser INDAGAR, DUVIDAR SOBRE o que está a suceder: a Colômbia está em campanha eleitoral e a actual equipa dirigente do País pode ir ao ar, ou seja o actual Presidente Álvaro Uribe, que documentos de Washington davam como ligado aos para-militares e aos barões da droga, e o seu candidato António dos Santos, o ministro da Defesa, colocado no cargo pelos norte-americanos.

O partido no poder na Jamaica procura afasatar-se das tenazes da Administração norte-americana. Então qual é o papel de Dudus? Porque não um informador do tio Sam, que pode vir a dar com a língua nos dentes, se houver uma mudança na política colombiana? Não será melhor recolhê-lo à clausura dos EUA?

São tudo hipóteses. Algumas meras hipóteses, outras mais consistentes. Mas, digamos lá na lembra o caso Noriega no Panamá de há 20 anos?

Deixemos a interrogação política e vamos à realidade.

Nada melhor do que citar uma autoridade da ONU, a propsito do dinheiro da droga e do branqueamento de capitais.

Esta foi nótícia que foi divulgada no princípio deste ano pela insuspeita imprensa internacional.

Fundos provenientes do narcotráfico avaliados em milhões de dólares mantiveram o sistema financeiro a salvo do peso da crise mundial, assim informou o chefe máximo do combate ao crime e narcotráfico das Nações Unidas ao Observer .

António Maria Costa, chefe do gabinete responsavél por assuntos relacionados com drogas e criminalidade, constatou que os fundos provenientes do crime organizado foram a único injecção de capital líquido disponível para alguns bancos à beira da falência no final do passado ano.

Ele afirma que como consequência a MAIORIA DOS 325 MIL MILHÕES de dólares de lucro, provenientes do tráfico de drogas foram absorvidos pelo sistema económico .

Tal acontecimento levanta questões sobre a influência da actividade criminal no sistema económico em tempo de crise.

António Costa disse em Viena no seu escritório, que tomou conhecimento de que dinheiro proveniente de actividade ilícitas estava a ser absorvido pelo sistema económico surgiram à cerca de 18 meses. "Em várias ocasiões, o dinheiro proveniente do narcotráfico era o único investimento de capital líquido. Na segunda metade de 2008 a liquidez era o principal problema dos bancos tornando-se então a liquidez financeira um factor de extrema importância", assim constatou.

Algumas destas provas apresentadas ao seu gabinete indicavam que dinheiro proveniente de gangs foi usado para salvar bancos do colapso financeiro quando os seus empréstimos venciam .

"Os empréstimos entre bancos foram financiados por dinheiro proveniente do tráfico de drogas e outra actividades ilegais ... há indícios que alguns bancos foram salvos dessa forma".

António Costa recusou-se a identificar países ou bancos que possam ter recebido dinheiro proveniente do tráfico de droga, afirmando que tal seria inapropriado uma vez que a função do seu gabinete é encaminhar o problema e não apontar culpas . Contudo acrescenta que o dinheiro faz agora parte do sistema oficial e foi efectivamente "lavado" .

"Tal ocorreu ( no ano passado ) quando os bancos estavam literalmente paralisados devido à recusa insistente de outros bancos em emprestarem dinheiro aos mesmos. A progressiva liquidificação de capitais no sistema e o progressivo aumento do valor das acções de alguns bancos no mercado cambista ( significa ) que o problema ( do dinheiro ilegal ) se tornou muito menos sério do que era", disse António Costa .

O F.M.I. estima que grandes bancos Europeus e Estado Unidenses perderam mais de 1 trilião de dólares em investimentos "tóxicos" (investimentos nos quais o investidor não consegue recuperar o montante investido) e empréstimos não pagos na totalidade de Janeiro de 2007 a Setembro de 2009, mais de 200 agências de financiamento ao crédito imobiliário decretaram falência .Muitas instituições foram ora adquiridas em condições de grande vulnerabilidade económica ou submetidas a controlo estatal.

A O.N.U. crê que os gangs tiram a maior parte dos seus lucros do tráfico de drogas e estima-se que tenham lucros no valor de 352 mil milhões de dólares. Estes grupos costumavam guardar as suas receitas em dinheiro vivo ou em contas "offshore" para o manter a salvo das autoridades.

Foi comprovado que dinheiro proveniente do narcotráfico se movimentou para bancos do Reino Unido, Suíça, Itália e Estados Unidos.

Os banqueiros britânicos gostariam de ver as provas com as quais Costa fundamenta as suas queixas.

O porta voz da associação de Banqueiros Britânicos fez as seguintes declarações:"não tomamos parte de qualquer acção reguladora que suporte esta teoria. Houve de facto uma falta de liquidez no sistema, mas em larga medida foi suprimida pelas intervenções dos bancos centrais".

terça-feira, 25 de maio de 2010

QUEM SÂO OS COMBATENTES "DA DEFESA PÁTRIA"?

1 - Nos últimos dias, temos assistido a um corrupio de tomadas de posições, enaltecendo a guerra colonial, lançando anátemas de "traidores", umas vezes veladas, outras acintosas, sobre pessoas ou personalidades que se manifestaram contra os conflitos sangrentos que percorreram todas - e digo todas - as terras extra-europeias que, teoricamente, estiveram sob a gestão centralista de Lisboa.

Muitos desses arautos da defesa de Portugal do Minho a Timor chegam a proclamara profissões de fé ou frases grandiloquentes contra "a perda das nossas provínciais ultramarinas", chegando inclusive ao desplante de sentenciar sobre a "a justiça da guerra e o direito de fazê-la".

Um destes habituais homens de peito feito na "defesa da Pátria" é um senhor que se chama Brandão Ferreira, que foi oficial da Força Aérea, onde atingiu o posto de tenente-coronel.

2- Eu, como antigo combatente, que participei em numerosos, dolorosos e mortíferos duelos com os guerrilheiros, que fui voluntário integrante de um corpo de elite da Marinha de Guerra, e que, pela experiência do que vi, assisti e meditei, me tornei crítico dessa guerra, curvo-me sempre, sobre os camaradas de armas, que, em consciência, defenderam as suas posições, se bateram, de armas na mão, nos mesmos ou noutros territórios operacionais. Discuto com eles, fraternalmente, porque, ambos conhecemos o que foi a dureza do combate e vimos o sangue de outros nossos camaradas, que, lá, morreram. Estivemos lá.

Não admito que senhores do "ar condicionado", das trincheiras "das repartições dos Estado Maiores", ou presunçosos que nem sequer chafurdaram nas lamas das bolanhas ou das imensas planuras alagadas das lalas, que não sabem o que é combater no duro, lancem balelas ou lições de moral sobre a "defesa da Pátria".

3 - Existe, ainda, um outro grupo, este de combatentes, que se arrogam de o ser, porque o foram, mas, primeiro, quando fizerem tais afirmações, têm de confessar que estiveram nas frentes de combate contra a sua vontade, e somente foram militares pertencentes a unidades de combate, porque o governo de António Salazar os obrigou. Uns portaram-se dignamente, apesar de tudo, outros nem tanto...Mas, repito, não estiveram nessas unidades por convicção de "Defesa da Pátria", mas obrigados, calados, e, muitas vezes humilhados.

Conheci muitos oficiais superiores (e generais) dos três ramos das Forças Armadas durante a minha permanência na Guiné, que ainda hoje se intitulam de combatentes, mas que nunca andaram sequer por um trilho, nem viram uma munição de G-3. Eu estive em muitos quartéis e em muitas batalhas, e estes olhos viram muita cobardia, reformulada, mais tarde, para manifestações de alta heroicidade.

4 - Estive, em Novembro de 2001, como palestrante, no II Congresso Internacional sobre a Guerra Colonial, que decorreu no Seixal, a convite do seu organizador, professor doutor Rui de Azevedo Teixeira. Na mesa em que participei, igualmente esteve presente o tenente-coronel Brandão Ferreira que fez uma intervenção com o título "o fim de uma maneira portuguesa de estar no mundo e a desmitificação dos ventos da história". De certo modo e em certo sentido, aquele oficial apresentou as teses políticas e ideológicas que vem defendendo.

Eu apresentei um pequeno trabalho que intitulei "a independência das colónias e seus problemas".
Os dois textos podem ser consultados na totalidade no livro "A Guerra do Ultramar - realidade e ficção", que foi editado pela Notícias Editorial, em Novemnro de 2002.

Em suma, e no que me diz respeito, eu sustentei que "a questão das antigas colónias portuguesas continua a ser vista por muitas pessoas, inclusive algumas com responsabilidade na vida política, militar, e mesmo académica, com uma perspectiva eurocêntrica e paternalista".
"quero eu dizer - expliquei - com isto que os pontos de vista dessas pessoas, quer na perspectiva histórica, quer na análise política, se regem pelos padrões de que a civilização europeia (que alías não é uniforme) é a única que está "no centro do mundo" e que os outros povos e países se têm de pautar exclusivamente pelas suas opiniões, directivas e mesmo organizações políticas e sociais".

E sugeri que se virassem para estudar a História de Portugal, para constatar que a organização interna do pequeno condado que se rebela, com Afonso Henriques, contra o poder imperial de Castela demorou séculos a consolidar-se. Que praticamente até até à segunda metade do século XX, Portugal foi um território continuado de guerras civis, guerras dinásticas, guerras de invasão. Por exemplo a fixação de fronteiras somente ocorreu em 1297, pelo Tratado de Alacizes, ou seja 150 anos depois de o primeiro rei se ter separado, politicamente, do imperador de Leão e Castela. Ou exemplo, quase todo o século XIX for percorrido por guerras, desde as invasões napoleónicas, as guerras civis entre D.Pedro IV e D.Miguel, às Regenerações, Marias da Fonte.

Sugeri, igualmente, que estudassem a própria presença portuguesa nas antigas colónias. Nos principios do século XX, praticamente, não havia colonos em Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde, S.Tome e Timor-Leste.

Quando começou a guerra de guerrilha em 1961, a esmagadora maioria dos naturais daquelas colónias, que não fossem brancos ou assimilados, não sabiam falar português.

Podemos, pois, falar em pertença, se nem sequer tinham um mínimo de toque civilizacional cultural português naquelas terras?

segunda-feira, 24 de maio de 2010

A COREIA E O ROBÔ SECRETO

Os Estados Unidos da América lançaram para o espaço, a 22 de Abril passado, um aparelho que disseram ser um robô espacial, que designaram com o índice X-37B, que foi propulsionado por um foguetão ATLAS, a partir algures da Base do Cabo Canaveral na Flórida, agora baptizada JFK.

O projecto é secreto e está enquadrado na estrutura de investigação -e naturalmente de planeamento - do sistema norte-americano de Defesa Avançada.
Embora, as autoridades não tenham dado pormenores sobre o lançamento, a não ser depois de ele estar no espaço, pouco adiantaram, no entanto, sobre a sua missão. Com arrogância habitual, o subsecretário de Estado da Defesa que tutela os voos espaciais, sublinhou logo que era secreto. Arengou muito sobre a sua utilidade, que iria trazer coisas boas, mas admitiu que era um "avião espacial" e poderia ter implicações de "prototipo militar".

Os especialistas da indústria militar e os astrónomos, depois de ter determinado o movimento da sua órbrita, verificaram que passa regularmente sobre determinadas regiões, tem capacidade de utilizar órbritas terrestres baixas (entre 11o a 500 milhas) e pode, inclusive, voar em várias velocidades. A sua missão está a ser testada para durar ate 270 dias.

Entre outras capacidades, que esses especialistas já detectaram, o projecto tem possibilidade de fazer sofisticados apoios, vigilâncias, mesmos baixas, reconhecimento, está a melhorar os sistemas de potências térmicas, e, naturalmente, servir de veículo de ataque castrense.

Enfim, é uma arma secreta que testa a proliferação armamentista dos EUA.

O curioso disto tudo é que os astrónomos que detectaram a sua órbrita assinalam que ele tem passagem pelo Afeganistão, Iraque e ...Coreia do Norte.

Há dias, saltaram para as primeiras páginas dos jornais notícias que uma "comissão independente" descobriu que um torpedo da Marinha da Coreia do Norte teria afundado uma corveta da Coreia do Sul, que teria sido atingida no limite preciso das águas interancionais que dividem aqueles dois países.

Curiosamente, foram os grandes meios de Comunicação Social norte-americanos a difundirem a notícia. E a inefável Hillary Clinton, aquela senhora que é Secretária de Estado da Administração Obama, colocou-se, logo em bicos de pés, a afirmar que a Correia do Norte teria de ser castigada.

E a arrogância imperial levou agora a Administração Obama, tão querida dos liberais portugueses, a fazer soprar os ventos de guerra, imposto a subserviente Coreia do Sul, que só existe porque é sustentada militarmente pelo regime de Washington, "manobras navais conjuntas" com o regime de Seul, para intimidar o regime norte-coreano. E, eventualmente, provocar uma guerra local que dê eficácia aos testes secretos do robô (avião espacial) norte-americano.

A finalizar um pequeno dado: Este projecto secreto tem o Orçamento que se segue, e está em investigação desde 1999, a NASA contribuiu com 109 milhões de dólares, a Força Aérea, que agora coordena o mesmo projecto, 16 milhões de dólares e a Boieng, que recebe todo este dinheiro, contribuiu com um financiamento inicial da ordem dos 67 milhões de dólares.

EUA: OS MENTORES DA PROLEFERAÇÂO DO ARMAMENTO

sábado, 22 de maio de 2010

O PAPEL DA UNIDADE EUROPEIA NA HISTÓRIA ACTUAL





O arsenal militar iraniano, bem como o norte-coreano, aliado a um distaciamento, cada vez mais crescente, da América do Sul, da tutela norte-americana, são indícios de que novos rearranjos geo-estratégicos se são a realizar no Mundo.

Não parece, mas a realidade é que as relações sociais, económicas e militares estão a mover-se no Mundo.

A ideia de que as grandes potências, digamos com mais precisão os que afirmam que dominam o mundo, através do veto no Conselho de Segurança da ONU, com os arrogantes Estados Unidos à cabeça, estavam, de cal e cimento, na sua ânsia de repartir as zonas de influência, não é um daso adquirido. Abrem algumas fendas. Ameaçam, incluisive com os seus arsenais nucleares, de que querem serem os únicos detentores, abrir caminho para uma guerra de proporções incalculáveis.

Pensaram que poderiam chantagear o Mundo inteiro com o peso dos seus enormes Exércitos, no caso concreto dos EUA, mas quando Estados, que anos atrás se ajoelhavam sem qualquer queixume, aos seus ditames, como o Brasil, a Turquia, a Venezuela, ou até o pequeno Equador, enfrentam o seu poderio, e assinam compromissos, lançam apelos na cara de Washingtoñ, Moscovo ou Pequim, de que a correlação de forças se está a modificar, e, assim sendo, a evolução da sociedade planetária, desde a finança até ao comércio, passando pelas alianças tudo tem de assentar em novas condições, em novas formas de poder e de reger a própria estratégia da Terra.

1 - Desde o fim da chamada Guerra Fria, verificamos que os EUA ganharam um ascendente económico, político e militar que, à primeira vista, parecia avassalador. Impuseram, unilateralmente, guerras, humilharam povos, destruiram sectores produtivos inteiros de Nações e povos, massacraram milhões de pessoas. Legalizaram e mantiveram ditaduras aos povos dos chamados países subdesenvolvidos, fragmentarm porções enormes da Europa em desprezo das próprias Nações europeias e com a cumplicidade descarada da maioria dos seus dirigentes. Acirraram o diferendo mortífero, nos anos 80 do século XX, entre o Irão e o Iraque. Elegeram o Presidente deste como seu aliado, incensaram-no. Depois invadiram-no, quando ele deu um ar de autonomia. Entraram com uma panóplia de armamento sofisticado, sob falsos argumentos e puseram o país a ferro e fogo. Executaram, porque foram eles os mandantes, o seu ex-aliado, Saddam Hussein, em condições humilhantes e terroristas. Forçaram uma guerra no Afeganistão, para consolidar, aquilo que consideram ser o seu "interesse vital" que se estende até às portas da China, Rússia e Índia. Estão a destroçar toda a economia do Paquistão, em nome desse mesmo "interesse nacional".

2- Mas esta investida imperial destruidora não pode durar. Custa dinheiro, custa desgaste económico interno, traz as suas forças armadas para o lado da exaustação.

Na realidade, desde o fim da II Grande Guerra, mas principalmente desde os anos 50 do século passado, com a criação da Comunidade do Carvão e do Aço, a força da História trouxe um facto novo, ainda que, aparentemente, forjado pela própria iniciativa dos EUA. Tibuteante ao princípio, centrada em quatro a cinco Estados, essa comunidade parecia não ter pernas para andar. Muitas descrenças, mesmo no seu interior, saltaram, com um propósito, declarado ou não, para a amordaçar e estilhaçar.

Mas foi, precisamente, o facto dessa Comunidade se cimentar e alargar, nos anos seguintes, à sua criação, em tornos dos mais importantes e principais Estados nacionais europeus (económica e politicamente) que o salto foi de envergadura, e isto, porque essa evolução estava assente no desejo e na estrutura da grande burguesia desses países.

Ora, esse passo no sentido da unidade, alicerçado, em primeiro lugar, em torno da economia, e agora, até por causa da crise financeira, em função de um reforço de uma moeda única, conduziu à constituição do maior pólo económico de crescimento de cooperação internacional, e serviu, ao mesmo tempo, como referência para os restantes fragmentados Estados dos outros continentes, nomeadamente, da América Latina, de África, e de maneira ainda incipiente para a Ásia.

Foi, justamente, a passagem de uma Europa fragmentada economicamente para uma Europa unida nesse propósito, que criou um mercado pujante de mais de 800 milhões de habitantes, que criou uma nova dinâmica de estrutura sócio-económica, que levou, na realidade, ao confronto concorrencial directo com os Estados Unidos (na economia, na sociedade, na força da moeda). Começo a debitar na Europa - e no Mundo - que se poderia formar uma nova sociedade, em contraponto com a arrogância imperial dos EUA. E estes sentiram isso. É por causa desta nova realidade que a União Europeia está a ser minada.

O ataque dos especuladores internacionais ao euro são fomentados pela agiotagem de Wall Street, Chicago e outros centros de especulação financeira, cuja representação política se concentra na Administração, Congresso e Câmara dos Representantes dos EUA.

A organização política da Europa tem de responder agora com diplomacia única, forças de segurança e castenses únicas e blindagens maiores da moeda e de novas relaões geo-estratégicas internacionais.

Vão surgir provocações, actos sofisticados ainda maiores de minagem da unidade europeia, que passam pelo Afeganistão, Coreia, Irão e Médio-Oriente. Possivelmente, também, pela América Latina.

Ora, esta viragem na maneira de se organizar a Europa, estabelecendo a cooperação internacional entre nações, é essencial, também para a própria elevação política dos assalariados.

Para evitar os "sentimentos nacionais" que ainda existem entre as diferentes classes trabalhadoras, nada melhor do que o "trabalho de casa" que lhe está a ser feito pelas burguesias nacionais dos Estados europeus.

Estão, pois, agora, na altura de falar a um só voz na Europa de cidadãos, que ainda estão divididos por culturas, línguas e contratos sociais desiguais.

3- Temos de deixar de ser ingénuos, neutrais ou apenas de agir como figuras decorativas, e esquecer o que de grave se está a passar com a tentativa de impôr sanções ao Irão, de alastrar a guerra no Médio Oriente, e entrar no pântano de um conflito com a Coreia, que só serve a administração de Washington.

Penso que mais do que a Coreia, o centro de um conflito sangrento esteja no chamado Médio-Oriente (petróleo, gás, rotas, posições estratégicas entre grande potências). Porque ele está, por um lado ligado à actual grande crise financeira, por outro aos desafios de política geo-estratégia que a Europa se tem de afastar da orientação dos Estados Unidos.

E´ aí é que surge o chamamento à política de ferro e fogo e destruição maciça que um único país insignificante em população e mesmo em capacidade militar ofensiva, que se chama Israel. Merece reflexão.

4 - Como pode esse país, economicamente débil, e esta debilidade advem-lhe, essencialmente, da falta de recursos naturais, em particular o petróleo, (cuja produção está, teoricamente, nas mãos de Estados ou regimes inimigos ou com os quais mantem um relacionamento tenso) se arroga no direito de ocupar terras e ditar a sua orientação a milhões de pessoas, simplesmente, porque não concordam com a sua estrutura estatal, que, na realidade, é artificial e criada do exterior pelas potências ganhadoras da II Grande Guerra?

5 - Como sobrevive um país que tem um deficit crónico interno, praticamente, desde a sua criação. Segundo os dados oficiais de Israel, tendo como base o ano de 1998, as exportações renderam-lhe 23,3 mil milhões de dólares, mas as importações conduziram a uma saida de cerca de 30 mil milhões de dólares do país? Apesar da existência de uma economia agrícola bem sucedida em certos segmentos produtivos, na realidade o país está, na realidade, dependente das importações de cereais e carne. Segundo o próprio Banco Central israelita, as previsões são muito pessimistas quanto à evolução futura da economia do país. A perspectiva é de que o crescimento caia para 1,5% no próximo ano, o que seria a menor taxa desde 2002.

6 - Como pode, então, um país com esta fraqueza real económica, manter um Exército enorme, carísssimo, desproporcionado e equipado com alta tecnologia? Segundo as informações prestadas pelas altas patentes das Forças Armadas, a acção que efectuou, em 2009, contra Gaza estava a ser planeada, há, pelo menos, um ano.

Logo, a razão do avanço sobre o território palestiniano de Gaza nada tinha a ver, com a eventual provocação de meia dúzia de dias antes dessa ofensiva, com o lançamento de foguetões por parte do movimento Hamas sobre as terras de Israel. Houve um propósito que foi liquidar a hipótese de serem finalizadas negociações para a criação de um Estado palestiniamo, que os dirigentes israelitas não querem sancionar, seja a que pretexto for.

Se analisarmos, friamente, a crise financeira internacional, e seguirmos o sentido do dinheiro e quem o detém no exterior, então poderemos concentrar-nos nessa ofensiva israelita sobre Gaza, e já agora, o atque foi foi efectuado contra instalações militares sírias, e a tentativa de arranjar um pretexto para forçar uma guerra com o Irão.

Israel é um Estado "parasita", vive essencialmente de "doações" provenientes de instituições e magnatas judeus de todo o Mundo e do investimento, na prática sem retorno, em particular dos Estados Unidos. De um volume de negócios de cerca de 1,8 mil milhões de dólares em 1975, os dois países - EUA e Israel - movimentaram, em 2005 (ano com os últimos resultados consolidados), 27,6 mil milhões de dólares. E quem lucrou foram as autoridades e empresas israelitas, com um superávit de 7,1 mil milhões de dólares. Mais,entre 1970 e 1988, os EUA injectaram em Israel, directa e indirectamente, cerca de 1,2 mil milhões de dólares de ajuda ao seu aliado do "coração". Desde 1988, segundo os dados mais consolidados (mas que o podem ser por defeito), Washington contribuiu, directamente, com 120 milhões dólares/ano para Israel.

Analisemos agora um outro ângulo do negócio, Israel é considerado o terceiro país do Mundo com o maior número de empresas cotadas no NASDAQ, sendo que o primeiro são os EUA e o segundo o Canadá. Curiosamente, muitas dessas empresas consideradas de alta tecnologia são detidas, total ou parcialmente, por empresários judeus ou fazendo parte do lobbie judaico norte-americano. E, inclusive as sediadas em Israel dependem em grande medida da casa-mãe norte-americana. O NASDAQ (North American Securities Dealers Automated Quotation System) é uma bolsa de valores do sector electrónico,constituída por um conjunto de correctores interligados por um sistema informático. Enquadra as empresas de alta tecnologia, informática, biotecnologia, telecomunicações, entre outras. O nome NASDAQ provem de National Association of Securities Dealers Automated Quotation System (Sistema Electrónico de Cotação da Associação Nacional de Intermediários de Valores), o organismo responsável do mercado não regulado nos EUA. Entre 1997 e 2000, movimentou 1649 empresas públicas e no processo gerou 316,5 mil milhões de dólares. Depois de uma profunda reestruturação em 2000, o Nasdaq converteu-se numa empresa com fins lucrativos e totalmente administrada por accionistas, com as suas acções negociadas no próprio Nasdaq. Hoje em dia, continua a aumentar sua capacidade no volume de transacções, sendo capaz de transaccionar seis mil milhões de acções num dia. Em número de acções transacionadas e em número de negócios é actualmente a maior bolsa de valores do planeta.

No essencial, essas grandes empresas estão dependentes do capital financeiro internacional, em particular norte-americano, e no caso em apreço detido, na sua maior parte, por financeiros riquíssimos judeus e por banqueiros e financeiros não judeus - alguns evangélicos e católicos - que apoiam, no entanto, sem reservas, a política norte-americana no Médio-Oriente, tendo como testa de ferro Israel. Ora, até há cerca de dois anos, o Presidente do NASDAQ chamava-se Bernard Lawrence Madoff, que, de um dia para outro, se diz que fez esfumar uma fortuna de ricaços de todo o mundo, na sua grande maioria judeus, estimada em 50 mil milhões de dólares (a fonte é o New York Post, que cita o FBI). Ora, este Madoff era, na opinião da imprensa norte-americana do sistema, um "simples judeu caritativo", que até tinha uma Fundação de Apoio a necessitados, mas, na realidade, era um figurão de alto gabarito do lobie judeu mundial, que preside, ou presidia até há poucos meses, ao conselho de administração da Universidade Yeshiva, em Nova Iorque, o estabelecimento de ensino superior que forma os quadros judeus das principais empresas. Não era, portanto, um judeu de Queens desligado do sistema financeiro supranacional que se interliga com o actual Estado isrealita.

Mas para onde foi todo esse dinheiro do caritativo banqueiro judeu?

7 - Há cerca de quatro anos, (Agosto de 2006) Israel sofreu uma derrota militar significativa ao invadir o Líbano, perdendo, não só politica e militarmente, mas também do ponto de vista económico, pois a guerra ficou-lhe cara, não só no desgaste humano, mas também material, em especial nas cidades próximas da raia libanesa. Foi um rombo financeiro avantajado. No entanto,em Dezembro de 2008, ao atacar Gaza, apresentava uma panópla de aparelhagem castrense, em aviação e misseis - tudo isto custa muitos milhares de milhões de dólares. (Só em 2007, segundo os dados oficiais comprou 85 modernos f-16 aos EUA).

Mas como pode fazer isto, se a economia está de rastros?

8- Um novo ponto para análise.

Israel é um dos prinicipais países produtores de armas, através de empresas subsidiárias da indústria do armamento norte-americano e inglês. E como é sabido as grandes empresas de armas do mundo, em especial as norte-americanas como a Boeing, a General Electric, entre outras, pertencem ao domínio do capital financeiro.

9- Nos finais de 2006, a economia ocidental fazia grande parangonas da sua bem sucedida política financeira capitalista. Afirmava-se então que tudo ia de vento em popa no mercado bancário financeiro, e era por exemplo a Goldman Sachs (GS) a trombetear que superava, já em Fevereiro desse ano, o recorde da Wall Street, com lucros da ordem dos 2,5 mil milhões de dólares. Nesta lista não estão englobados três dos cinco bancos do primeiro nível mundial (Citigroup, JP Morgan e Merrill Lynch), que admitiam no entanto lucros que deveriam ficar pelos 50 mil milhões para o ano de 2006.

Como se pode ver, dois anos depois uma parte substancial destes grupos financeiros afirmou dar o "berro". Uns optaram pela falência, outros foram sustentados pelos respectivos governos, recorrendo ao dinheiro dos contribuintes. Verifica-se agora que todos eles, além, de controlarem, na prática, o sector produtivo dos seus países e de outros, recorriam essencialmente à especulação, dedicavam-se, sem qualquer pejo à agiotagem dos mercados mundiais de valores, tendo mesmo alguns de entre eles, como o Morgan, obtido fortunas imensas com a especulação em torno da energia (em particular o petróleo).

Onde estão os fabulosos lucros acumulados, que, mesmo acreditando nos números das falências - os seus valores monetários -, se pode constatar que cobriam perfeitamente os prejuizos anunciados?

10 - Há cerca de dois anos. atrás, o petróleo ultrapassou largamente o preço de 100 euros por barril. Foi posto a circular na grande imprensa internacional - rádio, televisão e jornais - em especial dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Alemanha que o principal problema deste aumento era devido ao papel desempenhado pelos paises produtores, principalmente os emergentes, como o Irão e a Venezuela, que utilizavam essa arma para criarem problemas às "democracias ocidentais".

Hoje, com a actual crise, foi desmontado todo esse mito, e sabe-se que tudo foi engendrado, planeado econtrolado pelo sistema financeiro especulativo, principalmente o norte-americano. A dinâmica deste sistema capitalista financeiro especulativo (a que não está alheio, aliás, a gestão implantada na Rússia e na China) está assente numa perspectiva de crescimento contínuo para vastas áreas, onde se possa fomentar o dinheiro fácil e a riqueza sem olhar a qualquer acto de sentimentalismo e moralismo burgueses. Inclusive, entram em competição e mesmo em colisão com outros sectores capitalistas que procuram outras vias para solidificar e interpenetrar os seus negócios - registe-se que são grandes companhias ocidentais, russas e chinesas que procurar reestruturar o sistema energético do Médio-Oriente, incluindo o do Irão, e não conseguem porque a política belicista centrada na defesa de Israel não o permite.

Enfim, reenquadrar a dinâmica super-imperialista para os ditames da ascensão deste sistema capitalista, que se baseia, essencialmente, na predominância dos serviços. A questão é que a recente crise financeira mundial ocidental veio pôr em causa os pressupostos desse grupo. Como detêm, ainda, poder efectivo - e ele se centra numa minoria de capitalistas e financeiros judeus, uns activos politicos, outros mentalizados para o ganho do lucro fácil, e de outros capitalistas de outros etnias e raças, mesmo negras, todos irmanados na defesa cega de uma Israel arrogante e militante face a todos os seus vizinhos, eles tem de desviar as atenções do foco da responsabilidade, para a acção manipuladora de fomentar novos focos de conflito para relançar os negócios especulativos.

Convém referir que esse grupo mantem relaçõess estreitas com os negócios financeiros do Vaticano (os especialistas da matéria sustentam que neste momento a Santa Sé é o maior Estado financeiro do Mundo: os Rhotschild em Paris e Londres co-gerem os negócios com o Papado, bem como o J.P. Morgam, a General Electric, o Bankers Trust Company, nos EUA, ou a própria Shell no mundo anglo-saxónico europeu - e até mundial-, para não falar do Banco di Roma, ou do próprio IRI (Istituto per la Ricostrizione Industriale).

A gravidade do poder desse poderoso lobie pró-Israel, que domina a política externa norte-americana, e por tabela mundial, através da Trilateral e do grupo Bildberg, é que está a asfixiar e submeter a própria actividade cultural, científica e mesmo académica.

Um aspecto a destacar desse controlo: os grandes meios de comunicação social, desde a CNN até aos grandes jornais, como o Post e o New York Times. Ou seja, em termos políticos práticos, este tipo de sistema capitalista está a associar-se, cada vez mais, a uma fascização internacional, que é crescente.

Não já uma fascização de ruptura com a democracia parlamentar, mas um novo tipo de governo ditatorial assente numa existência formal de parlamentos sem qualquer capacidade de acção de controlo e de rectificação do estado de coisas.

11- Aqui é que surge a questão de um eventual atque ao Irão ou nova guerra no Líbano. Força-se uma acção bélica voraz, avassaladora, para evitar qualquer veleidade de contestar a responsabilidade do caos financeiro que percorre o mundo.

Relançam-se negócios especulativos (os bancos de Wall Street já falam em novos lucros fabulosos), fomentando a corrida desenfreada às armas, não no Médio-Oriente.

Israel adquiriu, em 2007, 85 novos caças f-16!!, mas também noutras partes do Mundo,como a América Latina.

Quem não apoiar o Estado de Israel na luta pela sobrevivência de uma política sionista e imperialista arrisca-se a ser apelidado de anti-patriota e anti-ocidental. Essa é precisamente a mensagem que o lobby israelista esta a lançar no mundo.

Respeito, com toda a honestidade, as barbaridades que os judeus sofreram na II Grande Guerra, estou ao lado deles, mas não posso calar com o que se estão a passar na Palestina, cercada e manietada. São seres humanos, como eu, que estão a sofrer.

Temos de reconhecer que Israel está a ser gerido, realmente, por fanáticos religiosos (o judaísmo é religião de Estado), que batem com a cabeça contra o Muro das Lamentações e realizam conselhos de ministros para aprovar o assassínio em massa de pessoas que não apoiam a sua política.

O Estado de Israel é hoje um ocupante, comete crimes contra outros povos.

Tem de se acabar com o mito de que o Estado de Israel continua a ser alvo de sofrimento e de compaixão.

Nada disso, a minoria israelita que dirige a estrutura económica estatal no país e o lobie internacional pró-Israel sáo os responsáveis primeiros pela continuação da crise no Médio Oriente, e pela disseminação da crise financeira mundial.

E aqui é que se tem de separar as águas: Israel hoje é parte do problema para se conseguir um ambiente menos conflituoso no Mundo e os decisores e os activistas políticos têm de tomar conciência desse facto. E a Europa tem um papel a desempenhar na misão de assegurar a paz internacional.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

FACE OCULTA: INCOMPRENSÍVEL O ARGUMENTO DE QUE AS ESCUTAS NÃO SERVEM PARA JULGAR A POLÍTICA







A ideia de que os representantes cimeiros da máquina judicial estão isolados da sua superestrutura política, e ainda mais, da estrutura económica, é uma ideia peregrina. Mas claro que essa ideia existe. Mas a prática desfaz isso tudo. Quem escolheu, nomeou ou até os indigitou e aprovou, os homens que estão á frente das grandes instituições judiciais, que, teoricamente, deveriam ser o mais independentes possíveis? A resposta está dada.
Por isso, no nosso regime estamos a ver o que está a suceder com a Justiça e a sua, cada vez mais, interpenetração e apoio ao poder político.
Num Estado democrático, assente numa verdadeira e eficaz autonomização do regime judiciário, os seus órgaos de cúpula deveriam estar o mais possível afastados das garras dos poderes dominantes, primeiro económico, e em segundo lugar político, mas deste o destanciamento deveria ser maior, pois os seus líderes na governação (PM, ministros e quejandos), são, na realidade, o braço gestor político das relações económicas dominantes.
Ora, a autonomia e a independência deste poder judicial estão envoltas em contradições: surgem, precisamente, como elos bem coniventes com os poderes dominantes, porque não conseguem impor-se como força autónoma da sociedade em geral. Não conseguem representar o conjunto de toda a economia, ou seja, balançam a favor dos patrões e seus apaniguados contra a imensa mole económica real, que são os assalariados.
Vem isto a propósito das investigações da Assembleia da República em torno do negócio PT/TVI.
Somente um distraido ingénuo, é que pode duvidar que o Primeiro-Ministro português, que tudo controla na governação, não estava a par de um negócio de milhões, que envolveria uma das principais empresas ecónomicas portuguesas, a PT, onde o próprio executivo dita a lei, que, a concretizar-se - e para isso tinha o assentimento governamental desde o início do processo negocial - iria mudar a estrutura accionista da então principal cadeia televisiva do país, e, certamente, mexer na própria orgânica administrativa de outras estações de televisão. O que poderia ser apenas um negócio, tornou-se, além de um caso judicial, mas, acima de tudo, político, porque pressupunha a mudança da linha de orientação informativa, ou seja da liberdade de informação.
Pode dizer-se: mas não há provas substantivas. Certo. Mas existe uma autoridade judicial, que investigava um processo crime, que alertou o poder de Estado para uma operação em marcha contra o Estado de Direito. Isto é mais do que suficiente, para se colocar de lado todos os pruridos jurídico- legais, para chegar à determinação da suspeita, que, naturalmente, foi conseguida pela via das escutas.
Separação de poderes, quando em causa está o poder de Estado? Todas as investigações são válidas neste caso, desde que não ponham em causa direitos humanos. O resto são apenas entraves na engrenagem.
O poder de Estado, neste caso, é a sociedade com a sua organização democrática actual (é a que existe) que está em causa.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

DISTRIBUIÇÃO EQUITATIVA DE SACRIFÍCIOS? SÓ CONTARAM PARA VOCÊ




Distribuição equitativa entre estas dias classes? Quem pode acreditar nisto?
Nos últimas semanas, ouviu-se uma algazarra dos diabos, proveniente especialmente de economistas ligados ao sistema bancário, ao patronato embutido na especulação bolsista, clamando contra o incremento da dívida pública, vociferando contras as obras geridas directamente pelo Estado, lançando a ave do agoiro da bancarrota. Alguns desses economistas e gestores fizeram mesmo um escarcéu dos diabos, propagadeando aos quatro ventos que era necessário uma reunião urgente com o actual Chefe de Estado, Cavaco Silva, que, como antigo ministro das Finanças e Primeiro-Ministro de governos onde cresceu o défice do Estado, lhe abriu, generosamente, as portas do Palácio de Belém.
Ao mesmo tempo, et pour cause, o actual e recente eleito líder do PSD, Passos Coelho, tirou pensou ser um passe de mágica "defesa do país", e em conluio com o actual Primeiro-Ministro, José Sócrates, conspiraram para elaborar e por em prática medidas que eles lançaram aos quatro ventos que eram absolutamente neecssárias para "conter a dívida pública".
Decidiram então, nas costas de todos, incluindo dos seus próprios partidos, que iriam aumentar o IVA, o IRS e IRC.
José Sócrates, que há menos de um mês, renegava que as finanças públicas estivessem em derrapagem total, adoptou umas máscara de pessoas honesta e sustentou que "as medidas aprovadas representam de uma forma equitativa os sacríficios". E jurou, como um menino de coro, que fazia isto para salvar o país.
Balelas.
O IVA, com um acréscimo percentual de 1% (tendo em atenção as taxas de 5 %, 12 % e 20 %) irá fazer, com que o contribuinte normal, ou seja a maioria dos que trabalham e os seus reformados, vão fazer entrar nos cofres do Estado algo que deve rondar os 800 milhões de euros. Por seu lado, os valores que serão retirados do IRS irão sacar ao assalariado (pequeno e médio, essencialmente) algo que se vai aproximar dos mil milhões de euros.
O IRC, a pagar pelas grandes empresas, essencialmente, deverá situar-se entre os 180 e os 200 milhões de euros.
Ora, a repartição em igualdade é, pois, um sofisma, quando se confrontam os números.
Mesmo assim a alta finança barafusta. As palavras inflamadas de Fernando Ulric, o Presidente do BPI, a afirmar alto e bom som que se caminha para o abismo são exemplo disso. E porquê? Porque havendo falta de poder de encaixe financeiro no Estado, a alta finança, que desde que tomou as rédeas do poder económico em Portugal, viveu, sempre, da especulação dos empréstimos de onde retirava lucros astronómicos, está a ressentir-se da sua mais que primordial fonte de enriquecimento.
Logo, quer mais, - quer que os cofres do Estado se encham novamente de dinheiro - para que a sua engrenagem do lucro fácil, à custa do mesmo Estado, entre nos carris. Daí para se que consiga esse restabelecimento, os impostos têm de ser buscados, essencialmente, a quem pode ser esmifrado, sem capacidade de fugir às taxas e impostos, os assalariados e os pensionistas.
Os antigos ministros das finanças, que se congregaram com Cavaco Silva, e eles tanto são do PSD, CDS, como PS, foram os mesmos que exponenciaram a dívida pública, desde 1976, com gastos públicos fraudulentos, que deram o seu asentimento a concursos ilegais, que desperdiçaram os Fundos Europeus por amigalhaços e companheiros de cargos públicos e privados. Eram eles, com ligações directas à alta finança, que governavam e impunham leis, que produziram, nestes trinta anos, aumentos sucessivos dos défices públicos. E agora, querem mais sangue e suor de quem trabalha para manter e fazer subir os seus enriquecimentos.
Os dados são públicos: Com a crise de envergadura que existe, as cinco principais instituições banacárias (CGD, BPI, BES, BCP e Santander) a operar em Portugal anunciaram, com fanfarras, que no primeiro trimestre deste ano tiveram um lucro de cerca de 500 milhões de contos (isto só em três meses, com crise, pasme-se!!!). As chamadas empresas de topo, como a EDP, Galp e PT, no mesmo período, tiveram um lucro líquido de, respectivamente, 309 milhões, 65 milhões e 100,3 milhões de euros.
As revistas da economia da alta finança, como a FORBES, divulga que a fortuna pessoal (e repito e sublinho pessoal) de Belmiro de Azevedo ultrapassa os 1,5 mil milhões de dólares. A - pessoal - de Américo Amorim ultrapassa os três mil milhões.
A revista Exame informa que as fortunas dos 25 mais ricos do país atingem os 18 mil milhões de euros, ou seja quase 11 por cento do PIB de Portugal.
Com esta desigualdade, por muito que o Primeiro-Ministro diga que está a salvar o país, não poderá haver um restabelecimento pacífico dos gastos públicos. Vai trazer barreiras e barricadas, quer queiramos, quer não.
Somente uma política de coragem para enfrentar o poder do capital financeiro poderá inverter o actual caminho para o enfrentamento. E esse caminho, mesmo no actual regime, poderá ser considerado: ir buscar, através de taxas extraordinárias e pesadas, o dinheiro que enche as contas encobertas ou não da alta finança e dos especuladores bolsistas. É uma reforma que, apesar de tudo, está ao alcance do actual poder.

terça-feira, 18 de maio de 2010

A minha reverência perante Saldanha Sanches

Faleceu, na passada sexta-feira, o fiscalista José Luís Saldanha Sanches.

Foi um antigo militante do PCP, posteriormente destacado dirigente do MRRP, e finalmente, militante de base do antigo PC (R)/UDP, que abandonou, possivelmente, por volta de 1978.

Conheceu a prisão da polícia política, a PIDE, antes do 25 de Abril de 1974, foi ferido pelos esbirros daquela polícia, sofreu torturas, e inexplicavelmente, nos pós-25 de Abril foi detido às ordens do COPCON, por indicação do gabinete do então Primeiro-Ministro Vasco Gonçalves.

Foi na altura da sua passagem pelo PC (R)/UDP, que eu conheci o Saldanha Sanches, juntamente com a sua companheira Maria José Morgado numa sede daquele partido, onde, segundo informaram na altura, estariam "colocados em processo de reabilitação", depois de terem cortado, politicamente, com o MRPP, que, na altura eu desconhecia. (Saldanha Sanches escreveu, então, um livro sobre o tema). Sei que abandonou meses depois aquele partido.

Vim a encontrar, posteriormente, Saldanha Sanches nos caminhos do jornalismo, onde fomos ambos profissionais. Curiosamente, passamos pela mesma empresa, a ANOP. Abandonara a militância política e desinteressara-se dos caminhos da Revolução, da ruptura da actual sociedade desigual, que, apesar de tudo, abominava.

Não fomos íntimos, nem privamos. Cumprimentamos ao longo destes anos, trocávamos umas meras palavras de circunstância, sempre que nos encontrávamos, na zona da Alameda, em Lisboa, pois viviamos em locais diferentes, mas, por acaso, havia, por vezes, um roteiro comum nas nossas andanças a pé pela zona.

Reverencio a sua memória.

Saldanha Sanches, como muitos dos jovens que vieram para a militância revolucionária nos anos 60, e face ao desagregar contínuo do regime salazarista português, amparado pelo "taticismo" da oposição republicana e do PCP, onde ele se inseriu, que preconizava um "levantamento pacífico" para o derrube do ditador, desiludiu-se daquele partido e enquadrou uma das muitas estruturas ditas de extrema-esquerda que "salpicaram" o panorama político português, preconizando uma subversão geral violenta da sociedade, precisamente, em ruptura com as teses de Álvaro Cunhal de conseguir a "unidade de todos os portugueses honrados".

Com o 25 de Abril, e a irupção de uma semi-revolução, Saldanha Sanches, como muitos outros, como eu, pensava que todos os dados apontavam para uma marcha, a curto prazo, para uma "revolução social".

Com o refluxo, que se seguiu ao 25 de Novembro de 1975, foram-se as ilusões de uma vitória repentina, decisiva e incisiva do "povo trabalhador" sobre o poder dos opressores. Criaram-se desilusões, desgastes, muitos escolheram caminhos de total complacência e participação directa na ascensão das antigas classes dirigentes. Tornaram-se mesmo contra-revolucionários.

Apesar da sua desilusão e do seu afastamento da chamada política activa de oposição ao novo regime, Saldanha Sanches não se remeteu, no entanto, a dar um amém aos ditames do novo regime.

Podemos criticá-lo por dar a mão ao PS, colocando António Costa na liderança da Câmara de Lisboa, mas temos de registar e enaltecer as suas intervenções e críticas escritas a fustigar, precisamente, a voragem da agiotagem, o desprezo pela chusma de vigaristas que vivem a custa do Estado.

A este propósito cito a sua última crónica, inserta no último jornal Expresso, onde justamente fustiga "Os papa-reformas".

"Além das vassalagens - escreveu - não podemos esquecer os outros papa-reformas, profissionais da acumulação de reformas públicas, semipúblicas e semiprivadas. Basta ver o caso do Banco de Portugal ou outros menos imorais, que permitem que uma série de cidadãos - gente séria, acima de qualquer suspeita - se alimente vorazmente, em acumulações de pensões, reformas e complementos, que começam a receber em tenra idade".

Apesar de tudo, e sem vergonha, alguns destes rafeiros da acumulação de reformas deram-lhe loas na hora da morte. Outros, com o dinheiro empochado, pedem que se cortem nos subsídios dos reformados e nos salários de miséria dos empregados, e já com reforma em acumulação ainda vão sacar mais uns proventos nos sofás de Bruxelas, outros já con reformas daqui e dali ainda se atrevem a pedir contenção nas despesas sociais.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

IRÂO: A POTÊNCIA REGIONAL CONCORRENTE DOS EUA

O Presidente da República Federal brasileira, Lula da Silva, está a visitar o Irão, e anunciou, depois de conversações em que interveio também o Primeiro-Ministro turco, Erdogaran, que as autoridades de Teerão estabeleceram um compromisso para enriquecer o seu urânio nuclear na Turquia.

De imediato, quase sem saber os termos do acordo, secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, arrogando-se do direito de imôr condições ao Mundo, afirmou que tal acordo era insatisfatório. O assessor político do Presidente Lula ripostou no geral: há países que não estão interessados em acordos, mas em impor os seus postos de vista (que no fundo são os projectos ecónomicos-militares).

O que está, pois em questão?

Os EUA sabem que o Irão, que tem uma fileira nacional completa de fabrico de armas, isto é não depende, neste momento, de tecnologia de ponta para o efeito em causa, construir uma arma nuclear, pois já tem, certamente capacidade para o fazer. Somente, não terá disponibilidades tecnológicas para enviar as ogivas nucleares a grandes distâncias (mais de cinco mil quilómetros). O busilis está na enorme probabilidade de o Irão ser, dentro de anos, o principal parceiro estratégico de armamento e de alta tecnologia no chamado grande Médio-Oriente.

Na realidade, Teerão já fabrica desde a simples espingarda-metralhadora até ao lançadores espaciais, capazes de direccionaram os foguetões em órbitra, bem comum manter no espaço satélites militares de vigilância e posicionamento. Mas, também, já tem capacidade de construir os seus carros de combate, assim como os seus aviões de combate e de transporte. Não deve ter, ainda, é a capacidade de colocar no mercado, em quantidades suficientes, os seus produtos. Nem ter uma capacidade logística de dimensões para enquadrar os seus Exércitos, com toda a panóplia de armamento de que dispõe. Possivelmente, nem treino suficiente.

É, essencialmente, esta vertente económica da sua evolução castrense iraniana que preocupa, de suma maneira, os Estados Unidos, e os chamados seus "interesses nacionais" em toda a região, que vão desde o gás, ao petróleo, mas também passam pela droga, e naturalmente, pelo enorme negócio das armas.

Esta avanço iraniano - a consolidar-se nos próximos 10 anos - irá subverter, como já está, toda a geo-estratégia norte-americana, e por arrasto a União Europia, ainda que haja já divergências entre esta última e a política norte-americana na NATO.

Não se considera estranho, ou pelo menos digno de reflexão, que, pelo menos seis governações norte-americanas (republicanas ou democratas), desde Ronald Reagan, James Carter, George Bush, Bill Clinton, George W. Bush e, agora, Barack Obama, tenham firmado a sua política estratégica defensiva de "interesse nacional ou vital" se situasse até aos limites das montanhas dos Himalaias.

E ao fomentaram esta política imperial, com argumentos nacionalistas de defesa dos "interesses vitais", tivessem sempre optado por uma intervenção bélica, arquitectada em propaganda manipualadora em ataques fictícios que proviriam dessas regiões para o "interior dos próprios EUA".

A razão principal está, pois, nos negócios que essa política de "interesses vitais" proporciona aos aristocratas financeiros, especuladores bolsistas e branqueadores de capitais, traficantes de droga, aventureiros do lucro fácil das negociatas petrolíferas, que dominam a Administração norte-americana, os seus corpos legislativos, e acima de tudo, toda a estrutura da alta finança e das empresas que vivem dela.

Os EUA - a pacífica administração Obama - conseguiram dos seus congressistas e legisladores, para o ano de 2010, sem grandes problemas de maior, um financiamento de 68 mil milhões de dólares para prosseguir a guerra no Afeganistão, mas os congressitas e senadores fizeram, o possível e o impossível para financiar um serviço mínimo de saúde, necesário, para um país, que tem um desemprego oficial - digo oficial - de cerca de 10% da população activa, perto de 17% dessa mesma população em subemprego, com os pensionistas com mais difculdades sem qualquer apoio eficaz do Serviço Nacional de Saúde.

Vejamos para onde vai uma grande parte desse financiamento militar: os EUA gastaram 500 milhões de dólares nas eleições afegãs, que a própria administração de Obama classificou de "corruptas" e "fraduluentas" e mesmo ineficazes, porque não colocaram no poder o seu homem preferencial, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabul!.

Desde 2001, os EUA gastaram no Afeganistão perto de 40 mil milhões de dólares, essencialmente para pagar a peudos soldados afegãos, o seu treino e manutenção. Reconhece-se agora que esse Exército, praticamente, não existe. A não ser para recber o pré.

Dinheiro gasto até agora com "empresas privadas", para treinar uma quase inexistente polícia fegã: 10 mil milhões de dólares.

Pagamento do Departamento de Estado à empresa Xe Services, antiga Blackwater, para fornecer apenas segurança (existe outro tipo de segurança) aos diplomatas norte-americanos no Afeganistão por um período de cinco anos: 500 milhões de dólares.

Segundo uma auditoria, o custo de "melhorias" na Base Aérea de Bagram atingiu um número de 200 milhões de dólares.

Nota-se agora o número de empreiteiros contratos pelo Pentágono para aquele país, os valores são dos finais do primeiro semestre de 2009: 74.000.

Reparem ainda: Valores de um contrato feito pelo departamento de Defesa com duas companhais(a DynCorp International e a Fluor Corporation para "construir e melhorar bases castrenses dos EUA no Afeganistão": 15 mil milhões de dólares.

Custo da vigilância á embaixada dos EUA em Cabul: Contrato feito com a empresa ArmorGroup North America, subsidiária da Wacenhutt Services: 189 milhões de dólares.

Outra achega: o controlo da movimentação do apoio afegão está agora nas mãos das auroridades locais norte-americanas. Qual o valor, mais ou menos calculado, da sua comercialização para o exterior?Entre três a seis mil milhões de dólares.

As despesas com o pessoal diplomático e quejando - novo programa "extraordinário" para reforçar os "diplomatas e afins" no Afeganistão e no Paquistão: mil milhões de dólares.

Claro que estes números se centram muito no Afeganistão, mas podem ser desdobrados do Iraque, da Jordânia e ate da Arábia Saudita (Já agora uma pergunta, não existem armas nucleares nesta monarquia ultra-conservadora?)

Como se pode verificar, o esforço financeiro norte-americano na região não vai, essencialmente, para modificar a evolução económica da região, mas sim para reverter os valores dos finannciamentos para a casta de especuladores e empresas capitalistas que recorrem à agiotagem mais desenfreada para enriquecer á custa da guerra.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

IRAQUE: QUEM ESTÁ POR DETRÁS DOS RECENTES ATENTADOS SANGRENTOS

A situação política no Iraque está a cair num impasse, com os partidos fomentados pelas tropas de ocupação da coligação militar ocidental, liderada pelos Estados Unidos, enredados em intrigas e conspirações, incapazes de chegar a um a compromisso para gerir os milhar de milhões de dólares debitados por Washington para manter a exploração do petróleo.

De repente, aparecem atentados por todo o lado, cujas vítimas principais são civis, o que leva a colocar reticências à razão de ser desta mortandade.

Na realidade, os atentados surgem como sendo atribuidos, logo de imediato e ampliados pelos meios de comunicação social ocidentais sedeados no terreno, normalmente em contactos com as autoridades de inteligência militar norte-americana em acção no Iraque, como sendo obra deste ou daquele grupo oposicionista, normalmente da facção religiosa sunita, que não pactua com os ocupantes.

Mas, o que me leva a reflectir, como profissional de informação e antigo combatente em África, é que muitos destes atentados levam o selo dos próprios serviços secretos.

Tal como a Al Qaeda foi uma criação da CIA, muitos dos grupos armados que pupulam no Iraque tem algo da forma de actuar de profissionais ocidentais, e isto porque as acções de sabotagem que levam a cabo, em meios fortemente armados e vigiados por meios ultra-sofisticados, para atingirem a eficácia que conseguem obter, tem de ter pelo menos um cumplicidade benevolente do ocupante. Não se anda com farda de polícias ou soldados durante horas numa zona de combate, sem se se rapidamente identificado e atacado. Ora, os homens que fazem os atentados, muitas vezes, actuam, com a maior impunidade, quase nas barbas dos quartéis, altamente guardados, das forças multinacionais ocidentais. Dá, pois, para pensar.

Sejamos, portanto, claros: no Médio-Oriente, são cada vez mais os atentados que tem um cariz marcador de terrorismo de Estado, e isto, apesar, de todo o esforço dos seus promotores de os manterem secretos e de os procurarem atribuir a outrem.

Israel, com a cumplicidade e a orientação dos Estados Unidos, atacou, há cerca de dois anos, instalações militares ou para-militares da Síria, a pretexto de que albergaria um incipiente arsenal nuclear. Durante meses e meses, as autoridades israelitas negaram. Como não podiam cobrir o sol com a peneira, admitiram-no e iludiram o facto de terem praticado um acto declarado de terrorismo de Estado.

As autoridades israelitas, que somente têm capacidade de actuar fora das suas fronteiras, porque tem um "guarda-chuva" dos Estados Unidos, pois caso contrário desapareciam do mapa em três tempos, construiram, à revelia, de todas as decisões das instâncias internacionais, incluindo a ONU, um amplo arsenal atómico, com que ameaçam os seus vizinhos.

O curioso é que os hipócritas paises ocidentais permitem esta proliferação nuclear descarada, somente porque as autoridades de Telavive são um "braço no terreno" de disputa no Médio-Oriente do controlo de matérias-primas e de posições geo-estratégicas do lobby judeu, que domina a economia dos Estados Unidos.

Mas, a referência que desejava destacar relativamente ao terrorismo de Estado, e que, propositadamente, está a ser obscurecido pelos grandes meios de comunicação social dos Estados Unidos foi o atentado bombista ocorrido, em Mumbai, Índia, em Novembro de 2008, onde faleceram, barbaramente assassinados, 166 pessoas .

Da investigação realizada, veio a saber-se que participou, activamente, em toda a operação de planeamento e de execução um cidadão norte-americano de nome David Colemam Headley, que trabalhava para a agência norte-americana de espoinagem CIA, agente este que manteve estreito relacionamente com os serviços secretos paquistaneses e, com o grupo islamista, que oficialmente, praticou o atentado o Lahkar-e-Taiba (Let).

Quando as autoridades indianas tentaram fazer extraditar aquele agente da CIA, reconhecidamente participante e alegadamente poder ser até o mentor do atentado, o FBI (o gabinete federal de investigação norte-americano) chegou a um "acordo" com Headley que está detidos nos EUA. Nesse acordo, forjado pelas autoridades de Washington, o governo de Obama abstem-se formalmente de dar quaisquer provas contra o seu agente em julgamento, em nome de um segredo de Estado.

Naturalmente, os EUA vão encenar um julgamento em Chicago, mas as famílias das vitimas não poderão ser representadas por causídicos que interroguem o agente Headley. A acção e a ligação deste agente à CIA serão mantidas confidenciais. E logicamente, não haverá a sua extradição para a Índia para ali ser julgado. O "acordo" inclui ainda a cláusula de o agente vir a ser punido com uma pequena mais leve por se declarar culpado e, naturalmente, a sua clasura será rigorosamente vigiada pela CIA, que, em último caso, o poderá fazer desaparecer.

Deste imbróglio, algo foi, no entanto, já comprovado: existe uma ligação estreita entre o grupo islamista e os serviços secretos paquistaneses, por um lado, e uma "cooperação estreita" entre aqueles e a CIA, por outro.

Politicamente, desta investigação se tira também um enquadramento: os EUA tem uma lógica terrorista na sua política estratégica na actividade mundial, que não tem pejo em utilizar os grupos fanáticos, que, hipocritamente, apelida de terrorista, conforme as conveniências.

Nesta fase da sua política de expansão parece dar ênfase à cooperação com o Paquistão naquilo que considera ser "o interesse vital nacional" norte-americano, em detrimento de uma aproximação maior à Índia, que, curiosamente, enquadra um governo muito pró-americano.

QUANTO PAGA O ESTADO PORTUGUÊS À IGREJA CATÓLICA?

O Chefe da Igreja Católica Apostólica Romana , o cidadão alemão Joseph Ratzinger, que o misticismo católico considera ser o representante de um outro ser mítico que teria vivido há dois mil anos, chamado Jesus Cristo, terminou hoje a sua visita a Portugal.

Uma presença no país que custou dinheiro, provocou transtornos na produção, no movimento das pessoas, um balúrdio em estruturas de segurança, tudo em nome de uma crença religiosa, que deveria ter ficado nos estreitos limites de um assunto privado, e que os detentores do poder político, incluindo o Chefe de Estado e o Primeiro-Ministro, elevaram a acontecimento nacional, imposto unilateralmente e de forma intolerante face a todas as outras crenças religiosas, em nome de um vago, obscuro e ilegal "sentimento" de que o catolicismo é dominante.

Agora, como contribuinte, como membro de uma sociedade que tem uma Constituição que é laica, gostaria de saber o que tudo isto custou.

Os políticos chutam para o lado, evitando pôr o dedo na ferida, os patrões rangeram os dentes, mas em nome da pacificação do país, lá rezaram o terço, outros entraram no folclore. Mas, claro, a realidade é esta: Qual a razão desta vassalagem a uma Igreja, que deve ser apenas, como crença, do foro pessoal de quem acredita nela.

E eu quero saber mais, e por isso lanço o alerta:

Temos de saber quanto é que o Estado - logo a sociedade contribuinte, que paga impostos - paga à Igreja Católica em Portugal.

Quais são os valores monetários lançados nos cofres da Igreja Católica com os apoios a escolas e instituições sociais ou de saúde geridas pelos representantes dessa Igreja?

Quais são as empresas e instituições da Igreja Católica que estão isentas do pagamento de impostos?

Quais são as propriedades da Igreja Católica igualmente isentas de impostos?

Quantos padres e outros hierarcas recebem, directamente, salários do Estado?

Critica-se a intolerância do islamismo no Ocidente, mas fecha-se os olhos a esta intolerância religiosa que vive na nossa sociedade, em torno da Igreja Católica, que se arroga de ser superior a outra qualquer crença reliogiosa no interior do Estado nacional português. Com o beneplácito de muitos intelectuais que se dizem ateus, mas passam a mão pelo fanatismo dominante do catolicismo.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

DN DO FUNCHAL: UM CRIME DE LESA MAJESTADE


Espanto dos espantos:

O director do jornal Diário de Notícias do Funchal, de nome Luís Calisto, demite-se do cargo, acusando, directamente, o Presidente do governo regional madeirense, Alberto João Jardim, de estrangular finnaceiramente o peródico, com a finalidade de o fechar.

E os partidos políticos portugueses, o Sindicato dos Jornalistas, a ERC (a entidade reguladora da Comunicação Social), mantém um silêncio cúmplice sobre o assunto.

O director demissionário faz acusações directas e graves: Jardim faz uma "manbra vil", "desvirtua o mercado regional dos media, passando a beneficiar, em 1992, um jornal concorrente "Jornal da Madeira" com uma verba anual astrónomica". Por acaso, o JM é, pura e simplesmente, dominado pelo Presidente do Governo regional.

Ninguém se levanta contra este estado de coisas, que é acima de tudo um crime directo, brutal, de lesa-majestade, pois atinge, essencialmente, a liberdade de informar numa região onde já é quase inexistente.

Que se espera para haver indignação. Quando estiver instalada a ditatura?

A aliança PS/PSD: O PODER POLÍTICO DO CAPITAL FINANCEIRO












Os banqueiros internacionais, em particular os especuladores de Wall Street, lançaram, nos últimos 15 dias, a ameaça da bancarrota sobre as economias europeias, recusando ou então limitando os empréstimos, se não houvesse condições mais favoráveis para as suas traficâncias.
Em lugar de enfrentar essa arrogência, com a arma da economia, do poder económico, contra-atacando o poder da especulação, com o controlo dos off-shores, aplicando impostos à alta finança, o poder político dominante europeu apanicou-se. Recuou.
Os seus confrades europeus, onde, no caso português, se destaca esse inefável Vitor Constâncio, que para manter as prebendas, agora aumentadas na alta roda bancária europeia, logo fizeram coro sustentando que novas taxas, novos cortes nos salários, novas restrições ao bem-estar social teriam de aplicados para "garantir" que a economia da classe dominante seja mantida, sem beliscar a sua riqueza.
O Presidente da República, Cavaco Silva, que se instituiu como "casa de aconchego" da especulação financeira, recebendo em audiência os antigos ministros das Finanças, onde ele se inclui, responsáveis directos, ao longo de décadas, pelo desperdício de dinheiros públicos em obras faraónicas de fachada, em concursos públicos desastrosos para as finanças públicas, em vigarices e subornos de todo o tipo a favor de empresas e capitalistas de que agora são administradores ou gestores de negócios, obrigou os lideres dos dois principais partidos do regime, PS, com Sócrates, (que está formalmente no governo) e PSD, com Passos Coelho (que se ofereceo para ser co-governante, mas, em tom lamentoso, se afirma de oposição balofa).
Esta tríade - sustentáculo político no momento do actual regime - é a gestora no terreno dessa sociedade accionista capitalista que domina a política dos negócios em Portugal.
Em conchavo, quase secreto, à revelia da mínima transparência, deitando para trás das costas juramentos eleitorais, decretaram aumentos generalizados dos impostos sobre os mais desfavorecidos, com aumentos do IVA para todas as categorais de produtos, incluindo os bens essenciais, lançaram novas taxas sobre os salários, que já estão congelados - e em arremedo de populismo lançam o aumento de 2,4 sobre o IRC das grandes fortunas, bem como um decréscimo de cinco por cemto sobre os salários dos titulares de cargos públicos, como se isso provocasse qualquer mossa a quem podem aumentar as comparticipações adicionais aos salários já de si elevados (ou seja tira-se 5% no salário, mas dá-se 10 por cento nas ajudas de custa. Demagogia barata).
Mas claro não se mexe no imposto de 13 por cento da banca, quando a legal deveria ser no mínimo de 25 por cento. Foi com essa taxa que a banca - os cinco maiores bancos: BES, BCP, CGD, BPI e Santader, arrecadou, em 2009, 1.724 milhões de euros em lucros líquidos. Uma barbaridade para quem é espoliado.