sábado, 30 de março de 2013

APELO AO PAPA CATÓLICO PARA SER NÃO-CRENTE E ATEU


O Sumo Pontífice da Igreja Católica Romana, o argentino Jorge Mario Bergoglio, apelou hoje, durante um ritual da sua seita religiosa, por ocasião de uma data que não tem sequer existência histórica, a Páscoa cristã, aos não crentes e aos ateus que se encontram “longe de deus” para “se interrogarem”, optem por “darem um passo” e “aceitarem o risco” de se integrar na sua congregação.

Eu faço um idêntico apelo ao Papa católico: acorda e diz-me onde se encontra esse “deus” que nunca ninguém viu, nem conheceu, que largue a irracionalidade da sua metafísica e se torne racional e se oponha a uma doutrina que se baseia numa metafísica. Seja não-crente e ateu.

Em vez de olhar para o céu, se vire para a terra e medite sobre o que é a sua Igreja: uma empresa capitalista. Que entregue os imensos tesouros aos Estados, onde foram doados, roubados, ao longo dos séculos em saques materiais violentos, ou simplesmente adquiridos nos jogos da especulação bolsista ou da rapina capitalista.

Como homem de estudos, e, aparentemente culto, não acha estranha que a personalidade que ele considera como fundador da doutrina, onde assenta a sua confissão religiosa, tem um nome de origem aramaica vulgar, Jesus, um diminutivo de Jeshuah, semelhante a centenas, senão milhares, de seres que existiram na região, onde pretensamente, se deu o seu nascimento, e um apelido grego Cristo, que nem sequer deveria ser conhecido naquele território?

Não acha estranho que os romanos ocupantes dessa terra, a Palestina, que tudo registavam de subversivo nos seus anais, nem sequer um página dediquem, digo por menos, uma palavra, a um acontecimento a Páscoa, que segundos os cânones cristãos, os Evangelhos, movimentou milhares de pessoas, movimento este em que era Cristo proclamado “rei dos judeus”?

Como se atreve a falar de “ ressurreição” desse Cristo grego, pregado na cruz, sem qualquer documento coevo a descrever um acto de tal envergadura?

Não acha estranho que a classe sacerdotal judaica, que era letrada, e deixou os seus escritos, por essa época, igualmente nada referenciem sobre o acontecimento?


Não considera este Sumo Pontífice, que se dedica a um Deus etéreo e desprovido de bens materiais, deveria abdicar do poder do dinheiro e viver apenas das rezas e das procissões rituais, para ser consentâneo com a sua doutrina primitiva?

sexta-feira, 29 de março de 2013

PAPADO ROMANO: DA TRAGÉDIA À FARSA


1 -Numa obra muito célebre intitulada “o 18 de Brumário de Luís Bonaparte”, o filósofo e economista político alemão Karl Marx escrevia, no século XIX, indo buscar o argumento inicial a Hegel, segundo o qual os grandes factos e pensamentos da história universal aparecem como que duas vezes.

E acrescentava, então da sua autoria, que tal acontecia uma vez como tragédia e a outra como farsa.

A história da nomeação dos últimos quatro papas da Igreja Católica Romana tem todos os ingredientes económicos, políticos e sociais numa interligação com a evolução societária mundial desde a crise de 1973, que, em grande medida, atingiu também o próprio sistema financeiro capitalista onde se movimenta e medra a estrutura dirigente do Vaticano.
Nos primeiros quatro a cinco anos da década de 70 do século passado, o Vaticano, através do IOR, com a liderança do arcebispo norte-americano Paul Marcinkus, já falecido, envolveu-se juntamente com a Máfia dos Estados Unidos e Itália, numa enorme fraude de compra e venda de títulos, aparentemente falsificados, de grandes companhias e bancos, bem como de investimentos obscuros que levaram a movimentações ilegais de tráfico de dinheiro que ascendeu a vários mil milhões de dólares. 

Uma fonte histórica, não desmentida, para uma parte substancial deste acontecimento, é o livro “Escândalo no Vaticano”, do norte-americano Richard Hammer, (Publicações Europa- América – 1982), que se baseia nas investigações policiais oficiais efectuadas, quer pelas autoridades de Washington, Alemanha e Interpol.

O Sumo Pontífice da Igreja Católica Paulo VI esteve envolvido até ao pescoço, neste e noutros negócios, igualmente escandalosos, que emaranharam, candida e sinistramente, pelas paredes do palácio papal.
Paulo VI – ou melhor dizendo, o cardeal Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini -, que já chafurdava no maquiavelismo financeiro da Igreja Católica, desde os tempos que estivera na Secretaria de Estado, onde se iniciou em 1922 e ascendeu à sua chefia, principalmente, com o Papa Pio XII, o aristocrata cardeal Pacelli. 

Que, aliás, enobreceu, com todo o espírito prático, quase toda a sua família mais próxima.


Ora, o sucessor de Montini, o cardeal patriarca de Veneza Albino Luciani, porque não apresentava grandes sintomas visíveis da lama do pântano fraudulento bancário e bolsista vaticanista, foi escolhido, a dedo, para tentar limitar os efeitos nefastos do poder temporal do seu antecessor, com o objectivo de preconizar uma “ruptura” com o sistema de administração financeira da Santa Sé. 

O que sucedeu apenas como “uma pretensão pia”, porque o Papado, em si, não domina a justiça social, mas, está estreitamente ligado a o poder do sistema financeiro internacional.

Durou apenas um mês a sua permanência no cargo (26 de Setembro a 28 de Setembro de 1978).

Apareceu morto na sua cama, ao princípio do dia, sem que a Cúria tivesse divulgado a causa da morte, com contradições, na altura, das fontes oficiais vaticanas de como teria ocorrido esse falecimento. Enterrado sem autópsia.

Foi a tragédia.

2 - O papa seguinte, o cardeal polaco Karol Wojtyla, personalidade religiosa que representava e representou o papel da evolução pró-nazi da Igreja Católica na Polónia, embora oponente ao regime contra-revolucionário ditatorial existente no país, com rotulagem de socialista, foi o escolhido.

Havia, já então, uma aliança política, financeira e militante entre os hierarcas católicos daquele país e a Administração norte-americana, cujo expoente foi, no pós II Guerra, o cardeal primaz Wyszynski, um agente do regime de Washington.

Nomeado pelo sector dos hierarcas cardinalícios imbricados no sistema financeiro instituído do Vaticano, o papa Wojtyla procurou, nos seus rituais iniciais, assemelhar-se ao falecido cardeal Luciani, ligando o seu novo cargo ao do antecessor, intitulando-se João Paulo II, e dizendo-se apostado em reestruturar a decadente estrutura político-religiosa da Santa Sé.

O cardeal polaco organizou uma imagem de “missionário” viajante e de manipulador de multidões, alicerçado numa mensagem política de defesa da “democracia ocidental”.

Na realidade, foi o impulsionador da mais destravada especulação financeira mundial em íntima ligação com os financeiros judeus de Wall Street e o crime organizado da Máfia e da Cosa Nostra.

Foi um dos banqueiros da Máfia norte-americana, Michelle Sindona, o principal conselheiro económico de João Paulo II, Sindona este que, mais tarde, foi assassinado numa das grande prisões de alta segurança de Itália, quando se prontificava a falar sobre o que sabia nos negócios do Capital internacional.

A investigação judicial e parlamentar desenvolvida em Itália depois do envolvimento criminoso da Loja Maçónica P-2, veio a mostrar a íntima ligação entre o Papa João Paulo II e a Cúria Papal (os cardeais Agostino Casaroli, Jean Villot, John Cody - o homem da Igreja Católica considerado mais poderoso nos EUA - e ao arcebispo Paul Marcinkus, entre outros) nas tentativas de subversão do regime italiano para edificar um poder ditatorial, e os negócios mais tenebrosos da lavagem de dinheiro, falsificações de títulos, agiotagem, assassinatos, como do jornalista Mino Pecorelli e do banqueiro Roberto Calvi.



Roberto Calvi enforcado

A que se somava o imenso processo de corrupção nacional, envolvendo os principais partidos, chamado de Tangentopoli , e que levou a dissolução da Democracia Cristã e do Partido Socialista italiano.

Entre os homens da P-2, acobertados pelo Vaticano estava um capitalista em ascensão chamado Silvio Berlusconi, protegido de Giulio Andreotti e sempre em ligação estreita com a Santa Sé, através dos seus homens de mão, primeiro, no negócio, depois, na governação berlusconiana ( a dupla Letta e Tremonti, ministros e o seu homem de mão Bisignani, antigo assessor de imprensa de Andreotti, como primeiro-ministro) e, posteriormente, no executivo de Mário Monti .


Karol Wojtyla foi um dos maiores “inquisidores” de toda a tentativa de “mudar introduzir novas ideias no interior da Igreja Católica”, em especial a perseguição material e ideológica a padres e instituições religiosas que pretendiam uma “Igreja dos pobres”, como os promotores da Teologia da Libertação. 

Quase todos tiveram de sair da corporação religiosa para seguir as suas ideias, como o teólogo suíço Kung e o franciscano brasileiro Boff.

O executor desta política de “ostracismo” foi um então obscuro cardeal alemão, mas ligado,como civil, ao nazismo hitleriano, e, já dentro da carreira religiosa alemã, abertamente conotado com “o conservadorismo mais puro” do catolicismo, chamado Joseph Ratzinger, que foi nomeado por João Paulo II, líder da Congregação para a Doutrina da Fé, como se intitula hoje, no ritual romano, a antiga Inquisição.

Wojtyla não condenou o sistema político existente em El Salvador, que assassinou, em 1980, o arcebispo Óscar Romero, nem se atreveu a questionar as ditaduras sul-americanas, fazendo questão mesmo de ir apoiar Augusto Pinochet, quando este já estava e, agonia do seu poder, em 1987.

O Papa João Paulo II interveio, directamente, no derrube ou intrusão nos assuntos internos de governos, que não mantinham ligações ou não toleravam a interferência da Igreja Católica nos negócios materiais e assuntos de natureza religiosa, como o caso da Polónia (financiou com perto de 300 milhões de dólares os movimento liderados pelos padres e por um chefe de uma equipa de operários chamado Lech Walesa, que alçaram, mais tarde, a Chefe de Estado polaco), Federação Jugoslava (o Papa foi um dos principais apoiantes, juntamente com a Alemanha e os Estados Unidos na desagregação daquela, apoiando abertamente a cessão da Croácia), Argentina, na transição política da ditadura, Brasil, entre outros.

Foi ainda com o reinado do cardeal polaco, que se descobriu que o Papado entravou as investigações ao papel de vários criminosos da II Grande Guerra, como Ante Pavelic, Klaus Barbie e Adolf Eichmann, os quais teriam recebido protecção no final da guerra.

Mas, foi João Paulo II o principal encobrir dos abusos sexuais de crianças – pedofilia – quando os casos de hierarcas começaram a ter relevo público. 

Propositadamente.

Sabe-se hoje que Wojtyla protegeu o fundador de uma das seitas internas da Igreja Católica, a Legião de Cristo, Marcial Maciel, das centenas de crimes que cometeu, e evitou que fosse presente à Justiça.

João Paulo II, para se impor numa estrutura teocrática, monárquica, e ditatorial que é o Vaticano, teve de se apoiar e intrigar entre as mais influentes instituições religiosas que pululam em torno do que se convencionou apelidar de Igreja Católica Apostólica Romana, enquadrada em Estado material vulgar, mas anormal, com o nome de Santa Sé.



Marcial Maciel e o Papa


E uma delas, possivelmente, a mais importante e poderosa financeiramente, foi o OPUS DEI, que, na sequência do escândalo do Banco Ambrosiano, socorreu as finanças vaticanas com a sua teia subterrânea bancária mundial.

A ascensão do Opus Dei foi visível nesse período, desde a elevação da seita a uma prelatura pessoa, cujo líder se tornou bispo, sob supervisão do Chefe da Igreja Romana, o fundador Escrivá tornou-se santo, à escolha de vários cardeais do Obra, bem como a sua colocação em lugares de destaque na hierarquia do Vaticano, como espanhol Julián Herranz, presidente do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, e a nomeação para seu porta-voz de um influente membro, Joaquin Navarro-Valls.
Claro que esta preferência levou ao afastamento de outros grupos dentro da Igreja Católica do poder que detiveram muitas dezenas de anos atrás, como os jesuítas.

A escolha do novo Chefe da Igreja Católica, em 2005, que recaiu no alemão Joseph Ratzinger, um braço direito do anterior, aparentemente reforçado com o poder económico do “ramo teutónico” do Vaticano – é das congregações europeias católicas mais ricas, quer em economia, quer nas finanças – veio, no entanto, na orientação central do poder do dinheiro.

O OPUS DEI tinha-se apoderado do IOR, o Banco do Vaticano, e ditava leis.

Além do mais representava, em termos ideológicos, um dos ramos do “poder conservador” que submergia, de dia para dia, a orientação vaticanista.

Desde Paulo VI, que fechou o badalado Concílio Vaticano II, já prenunciava o atoleiro vigarista financeiro onde o Vaticano estava metido e as instituições que lidaram com a entrada da Igreja Católica nos meandros do sistema capitalista financeiro mundial, como os jesuítas, franciscanos e outros sugeriam uma aplicação diferente dos dinheiros do potentado .


Com o alargamento do Vaticano nos negócios mundiais e, principalmente, fazendo parte do lúmpen grande capital financeiro, os dirigentes de topo da estrutura da Santa Sé – Cúria e leigos que lhe serviam (e servem) de correia de transmissão - apostaram, também, numa ideologia mais radical, de direita, pró-nazi, de presença na cena política mundial.

E esta ideologia estava e está concentrada nas chamadas “comunidades” modernas, que recrutam nas élites políticas, económicas e sociais sem escrúpulos, que mobilizam as multidões que se concentram nas visitas do Sumo Pontífice da Santa Sé nas suas viagens pelo mundo.

Além do Opus Dei, adquiriram preponderância “Os legionários de Cristo”, o “neocatecumenismo” (uma seita populista, de raiz ditatorial, nascida, em Espanha, com o beneplácito de Paulo Vi e oficializada em 2012 pelo Papa Bento XVI, com largo apoio na Cúria Papal e entre os cardeais pró-fascistas, que permitiu que se tornasse, através do seu líder, um laico, Francisco José Gómes Arguelo Wirtz, auditor da XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos), a Sociedade Pio X (SSPX), que o cardeal Ratzinger reintegrou na hierarquia da Igreja Católica e a Sociedade de São Pedro.

3 – A farsa.

A 28 de Fevereiro findo, numa reunião de cardeais, num ritual muito ao gosto do tradicionalismo papal, pronunciou-se em latim, cuja transcrição se faz: "No mundo de hoje sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida e para a fé, para governar a barca de Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário vigor, tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu de tal modo em mim que devo reconhecer a minha incapacidade de administrar bem o ministério a mim confiado. (...) Deverá ser convocado, por quem de direito, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

O acto apareceu como algo inesperado, uma coisa nunca vista desde a Idade Média no seio da Igreja Católica.

Um Papa deve permanecer no seu posto até ao fim.

É o único monarca teocrático no interior do Vaticano, não pode haver dois. Mas, vai haver e, naturalmente, ir-se-ão confrontar, no futuro, ainda que, possivelmente, subterraneamente.
A razão principal da renúncia não foi a idade, pois o cardeal Ratzinger, que viveu anos e anos, na Cúria Papal em Roma, que foi o ideólogo do seu antecessor, sabia muito bem aos trabalhos que se metia quando foi escolhido aos 80 anos.

Aliás, para um estudioso mediano do que se passa nos meandros do Vaticano sabe que, em primeiro lugar, está a enormidade do poder económico-financeiro da Santa Sé, como entidade aparentemente unida numa crença metafísica irracional, e, o crescimento de poder também económico-financeiro das diferentes instituições e grupos de interesses que germinam no seu interior, mas que são concorrentes e até divergentes, não só na economia política, mas na geo-estratégia e até na própria concepção ideológica com que deve ser regido o colosso do Vaticano.

Além do mais verifica-se uma diminuição drástica dos chamados “fiéis” católicos no mundo, ao mesmo tempo que a opulência e a arrogância dos magnatas cardeais e bispos, e dos leigos intimamente ligados à Santa Sé, provocaram a inversão de todos os valores que aquela procurava fazer crer do que seria a chama da sua “evangelização” casta e humilde do cristianismo.


A realidade é outra: a corrupção entrou por todos os poros, os hierarcas tornaram-se pederastas, capitalistas gananciosos, mentores das maiores tropelias em todo o mundo e no próprio submundo.

Com a sua base de apoio a fugir-lhe, inclusive da parte da “sua” base nacional alemã, o cardeal Ratzinger estava fechado numa concha.


Tinha perdido o poder autocrático papal.

Fugia-lhe entre os dedos a obediência canina de outrora. (Tudo isto aparece retratado no livro do jornalista Italiano GianLuigi Nuzzi “Sua Santidade – As cartas secretas de Bento XVI /COMO O VATICANO VENDEU A ALMA”).


As ordens e congregações da Igreja Católica, como os jesuítas, beneditinos, franciscanos, entre outros, que outrora influenciavam as decisões negociais vaticanas foram afastadas do grupo mais próximo dos Papas, desde os anos 70 do século passado.

Mas não se afastaram de Roma.

Eles intrigaram, fizeram movimentar o seu poder material, actuaram sobre os próprios seus representantes junto dos grandes bancos e instituições de crédito e grande empresas capitalistas.

Tudo isto se enrodilhou, quer nos países onde são poderosos, quer nas redondezas do palácio papal.

Quer os próximos do Papa e beneficiados directos da sua “generosidade”, quer os mais afastados, todos eles, desde cardeais a padres, desde administradores laicos a simples bispos de locais distantes, são “gestores” encobertos ou identificados do poder de bens móveis e imóveis imensos, controlam o sistema de saúde e de educação em grande parte do Mundo.

4 – Ora, o central de todo o emaranhado e imbróglio que domina o Vaticano é, justamente, a crise capitalista económico-financeira e societária que percorre e está a afundar, em primeiro lugar, o chamado mundo ocidental, em particular os Estados Unidos e a União Europeia.

E esta crise perpassa, precisamente, por um dos principais esteios desse mundo, o Vaticano, o outro é Wall Street, de Nova Iorque, e, em plano secundário, mas muito importante para o papado, a City londrina, onde aquele investiu, em grande, desde que Benito Mussolini e o papa Pio XI, assinaram o Tratado de Latrão, que fez acorrer ao cofre do IOR muitas centenas de milhões de dólares.

Este mundo ocidental é o centro político, actuante, da Igreja Católica Romana.

Ele está estraçalhado pela crise. Os valores patrimoniais do Vaticano estão, portanto, em risco nesta parte do Mundo.


Se o bolo pode diminuir, os interesses concorrentes entram em choque mais acentuado pelo seu controlo.

E mais conflitos podem duplicar, porque a entrada de dinheiro também pode minguar por outra via: há menos fiéis a contribuir.

Mas, acrescente-se um outro dado, este de pura economia política, o centro produtivo internacional está a desenvolver-se, rapidamente, noutras partes do globo.

E com isso novas estruturas de grande poder económico e financeiro se incrementam nessas regiões, em que a influência da Igreja Católica não é tão preponderante como no chamado “primeiro mundo”.

Para pôr em prática uma “nova política económica” no Vaticano teria – ou terá – de haver “uma revolução” mexendo essencialmente nos interesses instalados na Cúria, e principalmente, no domínio central do Banco do Vaticano.

5 – Aqui é que a farsa “amadurece” dentro do grupo dirigente que domina a Santa Sé para lançar um tipo de responsável máximo, despojado dos “pecadilhos” do centro.

O grupo lúmpen capitalista financeiro e os seus ideólogos pró-nazis lançam mão de um cardeal que, já na reforma, pode ser uma “lança” nos chamados países emergentes, sem ferir a linha ideológica dominante, o argentino Jorge Maria Bergoglio, colaborante, por omissão activa ou passiva, ou até participante, com a Junta Militar fascista que governou a Argentina nos anos 60 e 70.

É o primeiro Papa católico, saído dos jesuítas (Ordem de Jesus), uma das congregações religiosas mais tenebrosas da História do Catolicismo.

Numa manobra demagoga, escolhe o nome de Francisco, e di-lo, com toda a candura e sem pejo de vergonha, que o fez, porque quis associar-se á pretensa obra “de pobreza” do fundador dos franciscanos, Francisco de Assis.



Videla e o cardeal argentino: alegria do encontro

Embora se apresentem como modelo de religiosos despojados de bens terrenos, a Companhia de Jesus é a maior e a mais poderosa Ordem da Igreja Católica.

Domina, praticamente, todo o ensino privado de elite em todo o Mundo, e penetrou, também, profundamente, nos negócios financeiros, bolsistas e grandes empresariais, não só dos Estados Unidos, mas de toda a América Latina.

Dos seus documentos oficiais, retira-se que detêm em todo o globo mais de 200 Universidades e 225 grandes Colégios.

Só nos Estados Unidos estão referenciadas, pelo menos, 28 universidades, a mais famosa das quais a de Georgetown (Washington), que além do ensino, é um poderoso centro de pesquisas, no campo médico, da economia, da saúde pública.

Por exemplo, foi sob o impulso da Ordem que se montou e desenvolveu uma das maiores empresas de frutas mundiais, a Di Giorgio Fruit CO, que opera em larga escala, na Florida, na Califórnia, estendendo-se para a América Central. Tem inclusive uma frota mercante marítima para mercadejar pelo mundo.

Mas também se pode exemplificar com a sua penetração no grande sistema financeiro norte-americano, onde se admite que controla uma parte substancial do conglomerado accionista do Bank of America.

Refira-se igualmente esta ligação bancária com outras estruturas accionistas que passam pela Boeing, Lockheed, Douglas, entre outras, cujos braços se expandem pelos grupos poetrolíferos desde os EUA até à Venezuela.
O Papa Francisco, com as suas tiradas em torno da pobreza e da humildade, será o títere da manipulação e mistificação, porque o essencial do papel real será efectuado pelos “senhores do Capital” dentro do Vaticano.

Naturalmente, uma Igreja Católica em crise financeira, terá de se reestruturar e evolucionar no meio do decadente sistema capitalista onde ela se impulsionou e ganhou foros de grande potência.

Esse será o papel verdadeiro que o cardeal argentino terá de enfrentar, no meio da farsa, que foi a sua nomeação. 

A sobrevivência do poderio da Igreja Católica está na própria sobrevivência do sistema capitalista mundial, que ela co-lidera com a Wall Street e a City Londrina.




segunda-feira, 18 de março de 2013

EUA: UM SISTEMA NAZI EM CRIAÇÃO, COM A COBERTURA DE ELEIÇÔES



1 – Quando faleceu, a 12 de Abril de 1945, o 32º Presidente dos Estados Unidos da América Franklin Roosevelt, os seus sucessores tiveram todos, mas todos, o condão de surgirem no firmamento político – nacional e internacional – como figuras, burguesmente, tacanhas, travestidas mais tarde, até, como espantalhos de opereta, com Ronald Reagan, servidoras de uma ascensão lenta, mas progressiva, que se acelerou, após a crise de 1973, de estratificação no poder do lúmpen do grande capital financeiro.

O primeiro sintoma de que os Estados Unidos iriam militarizar a sua vida em sociedade deu-se logo com a ascensão do sucessor de Roosevelt, o vice-Presidente Harry Truman. 


Terminando a II Grande Guerra em 8 de Maio de 1945, na qual os Estados Unidos só entraram quando o sistema nazi-fascista europeu estava em retrocesso e acossado pelo avanço soviético (pouco desgaste humano – menos de 500 mil mortos militares e civis e material norte-americanos tiveram lugar face aos países europeus e União Soviética, que no conjunto tiveram mais de 40 milhões de mortos e a destruição de grande parte da suas infra-estruturas económicas), o complexo industrial militar norte-americano ganhou, de imediato, força política, económica e militar, ligado ao capital financeiro, que se direccionou, em primeiro lugar, numa exportação maciça de 12 mil milhões de dólares para a Europa ocidental, ao mesmo tempo que fomentava a criação de armas de destruição maciça, construindo a primeira bomba atómica. 

O primeiro sintoma evidente e letal por parte dos Estados Unidos, na sua orientação abertamente imperialista já no final da guerra na Europa foi o lançamento propositado de duas bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasaki, sem evidente impacto militar, apenas para mostrar o impulso da capacidade, à sua concorrente, ainda aliada ex-URSS, de ser a potência castrense enquadrada por nova tecnologia de ponta de violência guerreira 

A grande burguesia norte-americana, como o governo Truman, julgava-se no topo da supremacia mundial, porque saíra pouco beliscada da guerra. 

Estava empenhada em exportar, logo nos meses finais de 45 e nos anos seguintes, o capital florescente com o desenvolvimento industrial do seu país à custa das produções internas desenfreadas para “vender” aos empobrecidos países, vencedores e perdedores da batalha sangrenta global. 

E, ao mesmo, desejava impor o seu caminho capitalista, centrado num ideologia de transmissão a todo o custo da democracia, como forma ideal de governação face à outra grande potência que vencera a guerra, a antiga União Soviética, que apresentava um modelo de desenvolvimento, enquadrado num pretenso socialismo, assente na realidade no Capitalismo de Estado, mas que era contrário ao ideário de capitalismo liberal vinculado a uma obscura doutrina liberdade abstracta e iniciativas pessoais. 

Mas, como não o poderia fazer, naquela altura, na Europa que, realmente sentira os efeitos da rapina capitalista nazi, através da lisura de uma verdadeira liberdade de eleições livres, onde os partidos que se diziam comunistas surgiam com uma capacidade mobilizadora e até eleitoral crescente, forjaram, logo em 1949, um estrutura militar supranacional, a NATO, que impedia e sabotava toda a possibilidade de uma verdadeira representação progressista e até revolucionária nos Estados europeus pós-guerra. 

Ao mesmo tempo, ocuparam militarmente o Japão, tornando-o seu protectorado e lançaram-se, em 1950, numa aventura militar de envergadura na Coreia, na tentativa de limitar do Extremo-Oriente a acção soviética e amedrontar, se possível, a China, cujo Partido Comunista ascendera ao poder em 1949, isto, portanto um ano antes, destroçando os financiados aliados ianques do Kuomintang, que se refugiaram, atrapalhadamente, numa ilha chinesa, hoje denominada por Taiwan. 

2 – Após a morte do líder soviético José Stálin, - frisemo-lo, com mais precisão, depois de em 1956, o então secretário-geral do PCUS Nikita Khrutchov ter denunciado que a acção política do seu antecessor fora contra-revolucionária e contrária aos interesses da construção de uma sociedade socialista -, a grande burguesia norte-americana, em especial o sector em ascensão que dominava já o sistema financeiro interno, e, mundial devido à sua expansão agressiva considerou que era ela que devia impor a sua orientação ao planeta, através de um pretenso fanatismo ideológico de conquista, sem partilha, de um poder alicerçado na democracia oligárquica dos Partidos rotativos reinante nos Estados Unidos da América. 

Estava em embrião um novo tipo renovado de doutrina de carácter nazi, ainda, na altura, discutida a nível de institutos fomentados pelo grande capital financeiro e em certas revistas de especialidade, que considerava que os EUA eram a potência da supremacia mundial e, nesta perspectiva não deveria limitar a sua acção expansionista em todos os ponto do globo, que tivessem valor estratégico, económico ou político para impor o seu modelo de poder político ou manter parcerias de acção com governos “autoritários” que fizessem frente “ao poder totalitário”, que indicavam explicitamente existir em países ou territórios sob uma eventual “ameaça comunista”, mesmo que o propósito fosse apenas o alcance de um poder nacionalista, como sucedeu no Egipto, República Dominicana, Tailândia, Congo ou no Líbano, entre outros. 

Esta doutrina foi instituída em orientação estratégica oficial e actuante sem disfarces do regime norte-americano a partir do desmembramento da antiga URSS, em 1992. 

Ficou a ser chamada, desde esta última data, de doutrina do “neo-conservadorismo”, conhecida pelo “petit non” de neo cons”, em vigor desde os governos de Ronald Reagan e George Bush, actualmente cristalizada e radicalizada na administração norte-americana, que sustenta que os Estados Unidos são “a única superpotência a quem compete gerir a “Ordem Mundial”. Todo o planeta é, pois, “espaço vital” para o poder norte-americano. 

Os Estados Unidos da América são, pois, na actualidade, um Estado nazi enfeitado com um pseudo sistema político parlamentar, na realidade oligárquico, dividido entre os principais sectores do lúmpen capitalismo financeiro, cujos representantes rotativos, mas convergentes, são os Partidos Democrata e Republicano. 

A crise financeira que abalou, em 2008, todo o sistema económico norte-americano, e que foi “exportada” rapidamente para a Europa, como entidade concorrente, veio reforçar as teses já impregnadas no poder de Estado de Washington desde a década de 80 do século passado de que o papel principal daquele na economia devia ser o de proteger a todo o custo as grandes entidades financeiras e seguradoras, utilizando como “capa protectora” nos negócios mundiais a força castrense cada vez mais modernizada e sofisticada. 

3 - Entretanto, desde a crise “petrolífera” de 1973 – na realidade uma crise que se iniciou uma meses antes do embargo dos países produtores de crude, cujo epicentro continha, em tons menos escuros e menos ostensivos, os mesmos fenómenos que aprofundaram o actual colapso mundial: o empolamento desgravado já em gestação do mercado imobiliário, a desindustrialização interna, a falência de vários bancos, e colapsos parciais das bolsas norte-americanas -, novas potências (ou grupo territoriais de Estados aglomerados) começaram a emergir a solidificar capacidade económica e política concorrencial com os Estados Unidos da América. 

Este último facto levou os financeiros, estrategas e políticos do poder de Washington a desenvolver, sem olhar a meios, orçamentos cada vez mais crescentes e custosos de encargos militares e de alastramento pelo mundo todo de bases e esquadras permanentes, com intervenções violentas castrenses, que transformaram a acção das Forças Armadas como a política oficial do Estado norte-americano. 

O militarismo entranhou-se na sociedade norte-americana e começou, também, a minar os Estados em concorrência, e, mesmos aqueles que começaram a emergir, economicamente, já neste século, como a Índia, o Brasil ou o próprio Irão. 

Mas, a expansão capitalista em Estados, que anteriormente, eram subalternos dos ditames de Washington, por um lado, e por outro, da ex-URSS, mas acima de tudo naqueles que estavam subjugados à preponderância e pujança da economia e das qualidades da tecnologia militar dos Estados Unidos, produziu, em meados dos anos 90 do século passado, um salto enorme e impulsivo nas condições materiais – ou sejam essencialmente económicas – e nas estruturações de tecnologias de guerra nacionais, com reforço acentuado das Forças Armadas dessas entidades estatais a Índia, o Paquistão, e, ultimamente o Irão, e numa escala territorial alargada na América Latina, com a formação do MERCOSUL (economia) e UNASUR (força comum de defesa). 

(O caso chinês seguiu outros trâmites, mais nacionalista e independente). 

Justamente, o que é novo nas actuais relações de forças geo-políticas-estratégias -  o que está a suceder é que a principal potência económica, os Estados Unidos, está em recessão contínua há vários anos, e, este facto que mina a sua capacidade de projectar forças armadas em extensão, quantidade e qualidade, retira-lhe igualmente capacidade de impor a hegemonia, que apregoa.

Sem incremento das condições materiais, a força deixa de a ser. 

O seu “espaço de dominação” começa a ser contestado e a ser ocupado, lenta mas paulatinamente, por Estados (ou grupos de Estados) concorrentes. 

O que se torna preocupante, mas também desafiante, é que essa potência em decadência económica, está toda ela impregnada de militarismo, com material castrense de qualidade e a transformar-se, radicalmente, em formação estatal de guerra, como forma de sobrevivência da sua doutrina de superioridade. 

Internamente, estrutura um forte Estado policial, como está a acontecer, e dele falaremos mais adiante, e externamente, utiliza (e continuará a utilizar), directa ou por intermédio de capangas associados, a violência guerreira sem limites. 

O que os próximos anos – dez, 15 – nos irão indicar é, se a ascensão sem limites do grande capital financeiro ao domínio total do poder público, se torna um travão à evolução económica interna e externa (na indústria, na agro-indústria, na garantia de melhoria das condições de vida das populações), e então teremos um isolamento quase total do seu poder político estabelecido. 

(Pouco antes da primeira eleição de Barack Obama, como Chefe de Estado norte-americano, a CIA emitiu um relatório, intitulado “Como será o mundo em 2025?”, onde o departamento oficial da espionagem dos Estados Unidos admite que, naquela data, aquele país já não será a principal potência mundial, embora registem que ainda terá um papel a desempenhar na política activa mundial). 

E se tal ocorrer, certamente, irão haver movimentações populares e mesmo de sectores sociais da pequena burguesia que contribuirão para a destruição desse poder político. 

4 – Como atrás referimos, a crise de 1973 foi o sinal de alarme para um sem número de crises, que se estenderam desde a social democrata Suécia às falências dos “trigres asiáticos” nos anos 80. 

Os EUA voltaram a sentir nova crise de envergadura no sistema financeiro entre os meados dos anos 80 e os princípios de 90, com mais de dois mil bancos e entidades financeiras a entrarem em colapso e a falirem. 

É, precisamente, neste período que os mentores do sistema político norte-americano emitem e põem em prática a doutrina de, em primeiro lugar, está o grande capital financeiro, e, para conseguir tal, o poder de Estado tem de impor esta doutrina a qualquer preço, interna e externamente. 

Está, deste modo, em marcha a fascização de novo tipo da sociedade norte-americana, e, em todo “o seu espaço vital”. 

É nesta altura que, ideologicamente, se impõem os “neo-cons”, e politicamente, se vai organizar internamente, toda a superestrutura estatal norte-americano com cariz policial. 

O pretexto foi o chamado ataque às Torres Gémeas, a 11 de Setembro de 2001, na realidade um “golpe de Estado interno”. 

E a ele estiveram associados todos os nomes sonantes dos “new cons”, pertencentes à Administração norte-americana, ou em sintonia política com essa orientação, nomeadamente os então vice-presidente Dick Cheney, o secretário de Defesa Ronald Rumsfeld, o procurador-geral da Justiça, primeiro, John Ashcroft, secretário da Defesa adjunto Paul Wolfowitz, subsecretário de Estado da Defesa Richard Perle, subsecretário da Defesa para os Serviços Secretos William. Boykin, a conselheira da Defesa Nacional Condoleeza Rice e a embaixadora dos EUA na ONU Jeanne Kirkpatrick, o director da CIA George Tenet e os principais chefes militares da altura. 

(Todos estes políticos estão ligados ao lobby judaico, que domina o sistema financeiro e bancário norte-americano. A maior parte são mesmo judeus ortodoxos de submissão aos ditames da política de Israel, o seu primeiro e principal país!!!) 

Sem qualquer tipo de investigação, apontaram de imediato que teria havido um ataque da Al Qaeda e instituíram uma teoria e prática de “Guerra ao Terror” e apontaram o Afeganistão, naquele momento, como o centro de formação de “terroristas”. 

O governo do Afeganistão pediu provas ao seu homólogo de Washington de que os ataques teriam provindo de Osama Bin Laden. Caso fossem apresentadas, segundo Cabul, o executivo talibã entregaria de imediato Bin Laden. 

A Administração norte-americana nunca apresentou quaisquer provas, nem a Cabul, nem publicamente, e, prontamente lançou uma guerra contra aquele país. 

Em poucos dias, estava elaborado o chamado “Acto Patriótico”, em que, em nome da “segurança nacional”, poderiam ser detidas, sem qualquer mandado judicial, pessoas eventualmente suspeitas de poderem praticar actos lesivos da mesma. 

Deste modo, começaram a ser detidas ilegalmente milhares de pessoas, primeiro, nos Estados Unidos e, posteriormente, em todo o Mundo. 

Em 2002 (Setembro) foi, oficializada, a “Doutrina Bush” de guerra preventiva, votada e apoiada no Conselho de Segurança Nacional, como texto intitulado “Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos”, que, se pontuava pelo seguinte: “temos de dissuadir e defender contra a ameaça antes que ela seja desencadeada…mesmo que não existam certezas quanto ao momento e local do ataque do inimigo…Os Estados Unidos. Se necessário, agirão preventivamente”. 

Esta política nazi levou à detenção indiscriminada de estrangeiros (cerca de 1.500 teriam sido detidos e colocados em prisões, muitas delas secretas, nos dias seguintes ao 11 de Setembro). 

A Administração norte-americana nunca divulgou o número real, nem até agora levou a julgamento esses detidos. 

Nem se sabe exactamente o que aconteceu à sua maioria. 

Pelos documentos oficiais, entretanto tornados conhecidos, além do planeamento já existente para levar a guerra ao Afeganistão, sabe-se que, a 11 de Setembro, o secretário da Defesa Ronald Rumsfeld emitiu ordens de acção imediata para os seus mais próximos colaboradores para arranjarem “provas de evidência” do envolvimento do Iraque no chamado ataque terrorista às Torres Gémeas, de Nova Iorque. 

Em conluio, e sem qualquer espécie de reflexão, os países membros da NATO sustentaram que um ataque contra os Estados Unidos se transformava num ataque a todos os países da coligação militar ocidental. 

De imediato, países como a Austrália, Nova Zelândia e Inglaterra, puseram em marcha medidas idênticas nos seus países contra estrangeiros e troca de informações privadas. 

A política de “segurança de Estado” norte-americana levou à oficialização da tortura como método legal de obtenção de informações, à criação de campos de concentração em áreas exteriores aos limites do Estado norte-americano, mas sob ocupação ou supervisão da Justiça e das Forças Armadas, à utilização de cadeias secretas em numerosos países, amigos ou inimigos, mas que aceitavam, secretamente, as condições de Washington. 

Tudo com a assinatura do próprio Presidente dos Estados Unidos, ou, no caso das torturas, do seu Ministro da Justiça, que nos EUA se apelida de Procurador-Geral. 

E, foram postas em prática a intervenção e ocupação de países estratégicos para “a segurança nacional” dos EUA. 

Falamos concretamente do Iraque e Afeganistão, 

Existe um único “relatório oficial” sobre o 11 de Setembro, que culpabiliza sem qualquer prova a Al-Qaeda.  

Hoje, sabe-se que aquela estrutura é uma formação formada pela CIA e financiada pelo regime sunita wahhabita da Arábia Saudita. 

Nunca houve uma reivindicação formal daquela da efectivação do ataque às Torres Gêmeas. 

Os especialistas independentes e conhecedores, sempre desmentiram que indivíduos, sem experiência de navegação aérea, tivessem capacidade de pilotar aviões, com a tecnologia desenvolvida como a dos dois que se despenharam sobre as citadas Torres. 

3 - Nem a “Guerra do Terrorismo” era (e é) uma questão meramente passageira norte-americana, nem a politica dos “neo cons” de defesa intransigente do sistema financeiro dos Estados, como uma questão fulcral da defesa do Estado, um assunto apenas da classe dominante de Washington (políticos, governo e capitalistas), que esmorecia com o afastamento dos principais impulsionadores do centro de decisão de um novo executivo que sucedeu a Bush filho

Os propagandistas liberais do sistema capitalista eterno e duradoiro, que se poderia “democratizar” com o sucessor democrata e descendente de africano na chefia do Estado, como Barack Obama, depressa ficaram desiludidos com o seu ídolo de pés de barro. 

Não só não acabou com o sistema nazi-fascista que orienta o “Acto Patriótico”, como manteve os campos de concentração, como o de Guantánamo, e as cadeias secretas, que se estão vindo a descobrir um pouco por todo o Mundo, forjadas quer por liberais e sociais democratas da Europa, quer por “ditaduras” então amigas dos Estados Unidos, como a Síria e a Turquia. 

Mas avançou mais. Autorizou a organização de operações que podem conduziram à “morte selectiva” e secreta dos próprios norte-americanos que se manifestem contra a doutrina da supremacia imperial ianque. 

E deu cobertura total aos massacres e métodos nazis de tortura desencadeados nos países ocupados do Médio-Oriente, como Iraque e Afeganistão, efectuado sob o comando do general David Petraeus, que veio a nomear, como prova da sua dedicação á causa imperial, director da CIA. 

Na realidade, conforme foi agora tornado público pelo jornal inglês “The Guardian”, não desmentido, David Petraues está acusado de formar campos de concentração para sunitas no Iraque, onde eles seriam torturados por xiitas, supervisionados pela chefia militar norte-americana. 

O subordinado de Petraeus, que dirigia esses “esquadrões da morte” era um coronel de nome James Steel, nomeado para aquela missão pelo secretário da Defesa de Bush Donald Rumsfeld. 

A demissão apressada de Petraeus da CIA, há seis meses, atribuída a um caso extra-conjugal, parece estar relacionada, na realidade, com a investigação que o jornal britânica estava a realizar e que chegou ao conhecimento dos serviços secretos de Washington. 

Entretanto, Obama nomeou para o cargo vago de director da CIA, outro torturador, John Breenam, também ele ligado aos centros de detenção e tortura e aos programas de utilização de “drones” (pequenos aviões ultra-sofisticados, sem tripulação) para abate selectivo de oposicionistas, incluindo cidadãos norte-americanos, que o poder considere serem “terroristas”. 

El presidente estadounidense, Barack Obama (izda), escucha a su consejero adjunto para Seguridad Nacional, John Brennan, nombrado nuevo director de la CIA, en reemplazo del general David Petraeus, en la East Room de la Casa Blanca, Washington, EE.UU. EFE

Mas a continuação da política económica dita “neo-conservadora” (os economistas da nossa praça chamam-lhe neoliberal) foi prosseguida por Barack Obama. 

Claro que noutras condições e com a mudança de certas caras. 

Ele deu o lugar de secretário de Estado do Tesouro, no seu primeiro mandato, precisamente, a um dos homens-chave de Wall Street, apologista da defesa intransigente do sistema financeiro, o judeu Tim Geithner e os seus conselheiros económicos – Richard Rubin e Larry Summers, ambos judeus – personalidades chaves da desregulamentação total do sistema bancário nos Estados Unidos. 

Mas como referíamos, a questão da “luta anti-terrorista", bem como a política de sustentação a todo o custo do grande capital financeiro, como objectivo central do Estado, não está confinada aos Estados Unidos. 

Alastrou-se a todo o Mundo, incluindo aos modelos de capitalismo de Estado, como a China. 

O ídolo da burguesia mundial que foi Barack Obama, no seu primeiro mandato, rapidamente levou as suas premissas económicas de modelo capitalista, e ele está a ser aplicado, com a força, com gradações diversas segundo os países mais ou menos industrializados, na União Europeia, em menor escala na América Latina, mas em grande escala no Japão, Malásia, Tailândia e Coreia do Sul. 

Bem como, o modelo de nazificação crescente da sociedade. 

Tal processo esta a ser introduzido, paulatinamente, como “única alternativa” de “salvação da sociedade”. 

E estão a fazê-lo utilizando, justamente, o voto popular e as eleições parlamentares, para tornar legais, através de uma campanha, sem precedentes, de manipulação de propaganda, via grandes meios de comunicação social, as medidas mais opressivas e de rapina das classes trabalhadoras, sugando-as até ao tutano. 

A interajuda dos poderes políticos dominantes actuais – desde republicanos ou democratas, nos EUA, conservadores ou social democratas na Europa e noutros Estados, é-nos, precisamente, relatado com o que se está a passar – porque a situação persiste hoje - com a colaboração entre os governos norte-americanos de 54 países dispersos por todo o mundo para manter prisões secretas e de tortura de prisioneiros, que se iniciou, oficial e clandestinamente, com o 11 de Setembro de 2001. 

Um relatório da organização humanitária Open Society Justice Iniciative referiu, sem contestação, 54 paises, onde estão, nomeadamente, a Bélgica, Dinamarca e Canadá. Na Europa são citados 25, alem dos já mencionados, entre outros, apontam-se Áustria, Bósnia-Herzegovina, Croácia, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Reino Unido, Espanha, Itália, Roménia, Polónia e Lituânia. 

Mas abrange, territórios tão diversos: do Afeganistão, passando pelo Iémen, Tailândia e pelo Zimbábue. A Austrália é mencionada, assim como o Irão, que entregou dez pessoas aos Estados Unidos apesar da difícil relação com Washington. 

5 – O grande capital financeiro chegou a um impasse. E a sua expansão baseada no poder crescente da força das armas está a minar a própria sociedade. 

Quer o poder do Capital, quer a voracidade armamentista, como política imperial de Estado, está a minar o actual sistema política, não só dos Estados Unidos, mas da própria Europa, e a dar sinais que poderá atingir, nos próximos anos, a China e a Rússia. 

As relações produtivas capitalistas estão a dar sinais de decadência acelerada, mas ainda não se verifica um amadurecimento total do capitalismo para levar à sua eliminação indolor. 

Terá de haver uma melhor preparação da subversão, com um programa mais elaborado, um alargamento maior e a um estádio superior de descontentamento e revolta para fazer implodir um movimento revolucionário nos Estados mais avançados e conscientes. 

Os contratos estabelecidos entre os povos, através de conquistas de melhorias sociais e societárias, estão a ser quebrados. 

As classes trabalhadoras que estavam confinadas e cumpriam esse contrato, começam a deixar de estar sujeitas a essas leis, incluindo as Constitucionais. 

O direito à Revolução é um espectro que hoje ameaça as classes dirigentes. 

Vamos ver como serão os próximos tempos.

sexta-feira, 8 de março de 2013

O PAPADO ROMANO: A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO DINHEIRO



1 - O jornal italiano "la Repubblica" publicou, sexta-feira, uma entrevista com um indivíduo não identificado, que intitula de o "Corvo", e que, segundo o periódico português I - é  «a enigmática figura que sempre reivindicou a autoria da operação de entrega de documentos confidenciais da Santa Sé à imprensa», o qual garante que a renúncia do Papa Católico Apostólico Romano Bento XVI está relacionada com um assunto material e bem prosaico - o controlo da imensa fortuna do Vaticano.


"Na mesma entrevista, a fonte sustenta que Bento XVI não renunciou por causa do Vatileaks. O Papa emérito, conta o Corvo, propôs-se fazer uma limpeza em várias áreas dentro Vaticano, de maneira a promover a transparência e a verdade. Só que encontrou resistências, o que acabou por conduzir à sua demissão", escreve o I, citando o seu congénere italiano.

"Bento XVI sentiu que não conseguia realizar aquilo que desejava", acrescenta o La Reppublica.

De acordo com a fonte do "La Repubblica", segundo o jornal português,  a origem de toda a destabilização na Cúria - e a origem do próprio Vatileaks - tem um nome IOR (Banco do Vaticano).

Ou seja, a renúncia deveu-se, justamente, porque o Papa Católico perdeu o controlo “autocrático” que mantinha sobre o Império material do Vaticano, e, pelo menos, algumas das suas facções internas já estavam (ou estão) a ganhar um poder real superior ou, pelo menos, semelhante ao próprio Sumo Pontífice da Igreja Católica Romana.

Intrigante, neste momento, é a certeza desta fonte do que se passou com o cardeal Ratzinger.

Ou o Papa Católico é a própria fonte, ou permite que “alguém” ou um “grupo” incrustado na Cúria fale em seu nome.

E mais intrigante, porque o Corvo dá a entender que conhece “o relatório” encomendado por Ratzinger a um grupo de três cardeais eméritos, Julián Herranz, Jozef Tomko e Salvatore De Giorgi, o primeiro deles a eminência parda do Opus Dei na  cúria.

E o Papa que se retira manda dizer pelo seu porta-voz que o relatório apenas será entregue ao seu sucessor.

"O Santo Padre decidiu que os resultados deste relatório, cujo conteúdo apenas Sua Santidade conhece, permaneçam exclusivamente à disposição do novo Pontífice", informa uma nota oficial do Vaticano. Citado da agência France Presse.

Se o Papa toma esta atitude é porque, no jogo de forças interno, já sabe quem lhe sucede.

Ou então, irá intervir, da sua pretensa “clausura” – e com o apoio de Corvos ou Corvos - na reestruturação dos capitais financeiros que o Vaticano controla e estão no centro dos apetites em competição com o que lhe suceder.

Na realidade, há duas nomeações que fez, tendo já renunciado, que são significativas: a colocação de um alto dignitário da Ordem dos Templários, Presidente do Conselho de Administração dos estaleiros alemães, ligados à indústria naval militar, Blohm & Voss, o aristocrata  Ernst von Freyberg, que acumulará os dois cargos.



Bento XVI afastou de Presidente do IOR, o membro do OPUS DEI Ettore Gott Tedeschi, um dos administradores do Santander. (Significa isto que o Vaticano tem fortes interesses, através de duas suas facções naquelas duas empresas).



A outra nomeação é a do seu secretário particular de Bento XVI, o alemão Georg Gänswein, para governador da Casa Pontifícia, subindo também na hierarquia católica para o posto de arcebispo.

2 –  Conforme assinalei em artigo anterior, a questão central, hoje, do Vaticano é que ele é o Estado, sem território, mas inserido num continente, que controla a maioria do capital financeiro mundial.

Expandiram o seu negócio pela Europa, pelos Estados Unidos, pela América Latina.

Depois seguiram para África. Hoje apostam, em grande, na Ásia, incluindo a China.

Ligaram-se à Máfia, principalmente norte-americana.

Fundaram empresas de fachada, multiplicaram e entrecruzaram centenas de “off-shores”. “um império secreto”, como lhe chamou recentemente (Janeiro de 2013) o jornal inglês The Guardian.

A revista The Economist, igualmente, tem acompanhado com frequência a evolução do poder político, económico e financeiro da Santa Sé.

Deles respigamos – e, essencialmente, de dezenas de publicações de vários países, incluindo italianos – que a Igreja Católica é sócia maioritária – ou com intervenção decisiva – em quase todos os principais bancos de grande projecção internacional: desde o Bank of América, Stanley Bank, Chase Manhattan, City Bank, JP Morgan Chase, Bankers Trust., dos Estados Unidos, aos Rothschilds, Hambros, Barclays e Royal Bank of Scotland (Inglaterra), Crédit Suisse, UBS (Suíça)  NBP Paribas (França),  Santander, Bilbao y Viscaya (Espanha).

Ora, o Vaticano, um Estado minúsculo está a mexer nos negócios internos de grandes potências, como os Estados Unidos e a Inglaterra, exteriores – como ideologia religiosa dominante – à Igreja Católica.

De certo modo e em certo sentido, obscurecida por questões religiosas – as facções religiosas internas – estará a verdadeira razão de uma guerra económica que opõe, desde 2008, a União Europeia e os Estados Unidos.

O Papado parece estar – como potência financeira internacional – a servir o enquadramento e até o “financiamento” do euro e, em grande medida, a entrar nos jogos de defesa do capital imperialista europeu face ao decadente sistema financeiro norte-americano – e por tabela – o capital da City em íntima ligação com Wall Street.

Os próximos tempos irão dar-nos pistas mais concretas.