sexta-feira, 25 de setembro de 2015

LOS ANGELES: A VERDADEIRA FACE DOS ESTADOS UNIDOS


1 – Querem ver o retrato dos verdadeiros Estados Unidos da América reparem na actual sociedade de Los Angeles.

Alguns dados sobre a cidade e a sua área metropolitana: Los Angeles – conhecida nos EUA por LA - é a segunda cidade mais populosa dos EUA, com perto de 3.800.000 habitantes, dados do Censo de 2012. A sua área metropolitana comporta perto de 17,7 milhões de habitantes.

Los Angeles é considerada a terceira cidade norte-americana na especulação financeira, logo seguida de Nova Iorque e Chicago, bem como uma urbe mundial onde se centram comércio internacional, meios de comunicação social, indústria do entretimento, produções cinematográficas, musicais e televisivas.

Afirma-se, actualmente, como o maior centro industrial norte-americano, principal na tecnologia de ponta, a indústria aeroespacial, e ainda a produção de roupas, móveis,computadores, softwares, borracha e pneus, bem como produtos químicos, electrónicos,  vidro e cerâmica, ferro e aço, brinquedos e a pesca.


Hotel Sunset Boulevard

2 - A realidade.

 A LA da ilusão, com as luxuosas limusinas, os néons, o desfiles de *bonecas e bonecos* articulados que chamam estrelas de cinema, surgem as milhares de pessoas que medigam, não têm lugar para dormir, nem assistência médica

Em LA, e de acordo com números estatísticos oficiais, mais de 500 mil cidadãos norte-americanos (desconhece-se a quantidade de imigrantes ilegais nas mesmas situações e são milhões, não só na cidade, mas na Califórnia) vivem, não na pobreza, mas em extrema pobreza.

Pelo meio dos guindastes da construcção de grandes prédios e vivendas para a grande e média burguesias de Los Angeles, o recenseamento municipal dos sem-abrigo (Autoridade de Serviços a Moradores da Rua) registou que existem 50 mil pessoas a viverem pelas avenidas na conhecida Sunset Boulevard dos filmes e outras diversões, em cidades-tendas do sul da cidade.

Porque é que isto sucede?

mãe solteira nas ruas de LA

Deve-se à degradação do nível de vida em todos Estados Unidos da América, que se dizem campeões dos direitos do homem.

E, em particular em Los Angeles.

Em Junho deste ano, o departamento de estatísticas daquela cidade registou um número elevado de pedidos de subsídios de desemprego – 281.000. O que significou um aumento de 3,7% face ao mês anterior. As previsões adiantavam uma subida de apenas 0,7%.

Os números oficiais aponta um decréscimo do desemprego de cerca de 10% este ano, face ao mesmo período do ano anterior, mas os resultados reais sobrepõem-se ao arranjo estatístico.

A situação dos sem-abrigo em Los Angeles não é pior do que em Nova Iorque, embora nesta última o seu número seja superior. As autoridades nova-iorquinas, todavia, fazem o possível para os retirar do meio da rua, para não dar muito nas vistas. E assim criam casas de recolhimento à noite para os *mendigos*, evitando a propaganda inconveniente de os ver morrer de frio.

sem- abrigos de LA em tendas

3 – A razão deste estado de coisas em Los Angeles prende-se com a gestão da economia dos EUA, ou seja o próprio sistema capitalista vigente.

O que sucedeu nas ultimas décadas na região de Los Angeles foi a destruição de um número elevado de emprego, tanto no sector público, como privado, com relevância para o desaparecimento, por exemplo da indústria automobilística, a partir dos anos 90 do século passado.

Embora tivesse acorrido nesse período à região de LA a indústria aeroespacial, tal facto não representou um acréscimo maior para o emprego que se perdeu.

Realmente, assistiu-se a um incremento da pobreza, no meio de uma aparente e superficial ilusão de boa vida, com a indústria de lazer.
Igualmente se registou uma diminuição do salário real e a existência de empregos temporários. Atingiu além da classes proletárias, também a pequena burguesia trabalhadora.

Os apoios estatais diminuiriam nos direitos à educação e à saúde.

Por detrás dos filmes de Hollywwod, onde estes personagens,praticamente, não entram, mas casas e moradias da lumpen grande burguesia local, como os magnates judeus do cinema, a paisagem real das ruas de Los Angeles está a ser percorrida por pessoas a procurar comida nos contentores.

Eis, a imagem da América profunda.













domingo, 20 de setembro de 2015

AS BALELAS DA LIBERDADE DE INFORMAÇÃO

1 – Atentemos na fase de campanha eleitoral para as legislativas em Portugal a 4 de Outubro deste ano, e, vejamos como funciona a chamada democracia burguesa.

Os dois grupos partidários (PSD/CDS e PS), que representam, na governação do país, o grande capital financeiro, são *acarinhados* pelos grandes meios de comunicação social, que lhe dão a *fatia* descomunal de propaganda em detrimento de outros, em particular, curiosamente, os restantes partidos parlamentares.

Que, na lógica da vida parlamentar da *igualdade de oportunidades*, idolatrada pela democracia burguesa, deveriam ser tratados da mesma maneira.

No entanto, arranjam os pretextos mais disparatados para afastar dos principais meios de divulgação de propaganda, as televisões generalistas, o confronto dos diferentes programas e propostas político-económico-sociais.

Assim sucedeu, justamente, com as televisões generalistas, que, apenas, comportaram um frente-a-frente que os representantes da grande burguesia, cujas fontes propagandistas estão naqueles grandes meios de comunicação, de que são donos e senhores.
As duas faces do mesmo poder

Depois, alardeiam, com sonoridade e cinismo, que o que funcionou foi a liberdade editorial dos mesmos…

Pergunta-se quem controla a liberdade editorial?

Lógico, os escolhidos pela entidade patronal…

2 – Que evolução sofreu a *liberdade de informação* desde o 25 de Abril de 1974 até aos dias de hoje?

Formalmente, vivemos hoje em democracia, mas a realidade é outra: os actuais donos dos grandes meios de comunicação são os mesmos representantes do grande capital que eram antes do 25 de Abril.

Claro, com as variantes de pessoas e grupos económicos que tem de se comparar com a evolução da sociedade desde então.

No período que antecedeu o golpe de Estado de 25 de Abril empenhavam-se a defender o regime fascista que, na altura, os serviu.

Na actualidade, tentam, desesperadamente, manter o sistema político que os serve e faz prosperar.

Os factos.

Antes do 25 de Abril existia uma única estação de televisão (RTP), três cadeias de rádios principais RDP, Rádio Renascença e Rádio Clube Português e um leque de jornais diários de informação nacional – Século, Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Diário Popular, Diário de Lisboa, República, A Capital, Comércio do Porto, O Primeiro de Janeiro, Época e Novidades.



Apenas havia um único periódico económico diário, o Jornal do Comércio.

Refere-se ainda um semanário de grande expansão Expresso, outro, no outro lado do espectro político, o Comércio do Funchal.

Apenas enquadramos os principais nos diferentes espectros, excluindo as miríades de pequenos jornais locais e regionais, que, como na actualidade, são pertença, na sua esmagadora maioria, da Igreja Católica.

Verifiquemos, agora, a *propriedade* desses meios.

A RTP e a RDP eram órgãos de comunicação do regime fascista que representavam a grande burguesia no seu todo.

(Classificamos de regime fascista, em traços gerais, a instituição estatal representante da grande burguesia, que governa por métodos ditatoriais brutais, sem repartição de poder).

A Rádio Renascença, pertença da hierarquia da Igreja Católica, estava, umbilicalmente, interligada com o regime salazar-caetanista.

O Rádio Clube Português, embora tivesse sido constituído como órgão de propaganda pró-fascista (família Botelho Moniz), veio, progressivamente, a tornar-se um veículo da grande burguesia capitalista «liberal», acompanhando o surto desenvolmentista económico dos anos 50/60.

Situação, aliás, similar ao papel desempenhado, na imprensa escrita, pelo semanário Expresso (família Pinto Balsemão-maioritária, em associação, minoritária, com banco Borges, Sociedade Nacional de Sabões, famílias Ruella Ramos e Botelho Moniz-RCP), criado já em 1973, e, pelo jornal A Capital (Banco Borges & Irmão-Grupo Quina), renascido em 1968, cujo desaparecimento se deu em 2005.

O Diário de Notícias esteve sempre ligado, até ao 25 de Abril, ao sector mais conservador da grande burguesia (Banco da Agricultura), enquanto o Século, que desde o advento do fascismo em 1926 até 1972, se institucionalizou, através da família Pereira da Rosa, como defensor do capital comercial e industrial (União dos Interesses Económicos, Associação Comercial de Lisboa). 

Todavia, em 1972, perante dificuldades financeiras, o jornal foi vendido ao Banco Intercontinental Português (BIC), liderado pelo banqueiro Jorge de Brito, que optou por uma linha de orientação favorecendo o capital financeiro *liberal*.

O Diário Popular, que manteve até ao 25 de Abril como director um apologista do salazarismo, Martinho Nobre de Melo, foi adquirido pelo Banco Borges/família Quina, que, igualmente, detinha o Jornal do Comércio.

Jornais diários, ainda com sede em Lisboa, mas com menos projecção, são de referenciar A Época, que nasce em 1971, como fusão de dois periódicos – A Voz e o Diário da Manhã – órgão do partido político do regime, governado por Marcelo Caetano, partido este que se chamava Acção Nacional Popular,  anteriormente, com Salazar, apelidado de União Nacional.

E o Novidades, este órgão do catolicismo mais conservador, interligado ao regime fascista.

Com sede no Porto, havia três diários – Jornal de Notícias, Comércio do Porto e Primeiro de Janeiro – ligados, de uma maneira ou de outro, à burguesia industrial e comercial do Norte.

Dos semanários, conforme já citado mais acima, de salientar o papel desempenhado pelo Comércio do Funchal, no período do marcelismo, desaparecido nos pós- 25 de Abril.
Chegou a ter cerca de onze mil assinantes. 

Representou, no espectro político, nessa altura, o que hoje se chama a extrema-esquerda, sendo um alvo constante da repressão censória, chamada Exame Prévio.

3 – Factos actuais dos meios de comunicação social.

Com o ascenso e reforço do controlo do país pelo capital financeiro, a grande imprensa, a rádio e televisão pertencem a empresas ligadas a esse capital.

Tal como a sociedade portuguesa, igualmente houve uma evolução no domínio dos meios informativos e propagandísticos da grande burguesia,  depois do golpe de Estado militar do 25 de Novembro de 1975.

A *democratização* do sistema político do Capital trouxe, aparentemente, um alargamento do número de meios de comunicação social, mas, na realidade, gerou a concentração e o controlo económico da chamada «liberdade de informação».

De uma cadeia de televisão de antes, passou-se para três generalistas e várias de *canais pagos*.

Todavia, separando a RTP,controlada pelo poder político do chamado *centrão*, as duas restantes SIC E TVI, estão ligadas a grupos económicos financeiros multinacionais, embora aparentemente não parecem.

Comecemos pela SIC, sob a gestão do grupo Impresa.  Pinto Balsemão é o principal accionista, os ditos minoritários estão interligados com o sistema financeiro especulativo multinacional, e, são eles que fazem circular os empréstimos bancários, recolhendo os dividendos. Cita-se, recorrendo a dados da imprensa: *O UBS, segundo o comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), passou a deter 3,93% dos direitos de voto da empresa, depois de ter comprado 6,6 milhões de acções, parte delas compradas em bolsa e parte fora de bolsa*.

*Também a IT International, noutro comunicado, anunciou ter adquirido uma posição económica longa na Impresa de 2,47% através de uma operação de 'equity swap' com o UBS*.

*A Henderson Global Investors comprou 2,50% da empresa que detém a SIC. E, por fim, a Fil Limited ficou com 2,98%.

*Duas gestoras de fundos (internacionais) já tinham comunicado  ter comprado participações qualificadas na Impresa*.

Repare-se agora a concentração de meios de comunicação social do grupo, além da SIC: Expresso, Autosport, Blitz, Volante, Activa, Arquitectura & Construção, Caras, Caras Decoração, Casa Claúdia, Exame, Exame Informática, Ideias, J. Letras, telenovelas, TV Mais, Visão, SIC Notícias, SIC Radical, SIC Mulher, SIC K, SIC Online, SIC Internacional, 30,55% na Lusa.


Agora, a TVI. O accionsita principal é grupo Prisa, com 84,69%, aparentemente espanhol.
Accionistas: Vertix SGPS SA (grupo Prisa), com 84,69%.

Mas veja-se toda a interpenetração do capital financeiro no grupo: Accionistas do Grupo Prisa (Media): Rucandio, S.A., com 41,4% (Polancos-Media), Inmobiliaria Carso, S.A. DE C.V., com 3.2% (imobiliário), BNP Paribas, Societé Anonyme, com 3,3% (banca), BH Stores, IV, B.V., com 3.65% (Vestuário), Liberty Acquisition Holdings, com 13.6% (Fundo de Investimento de Wall Street), Otnas Inversiones (Junção da Liberty e Rucandio), com 17.3%

E, ainda, PortQuay west I B.V., com 10%. É parte integrante da Quifel Holdings. Além da participação na Media Capital, detém a editora Leya, participações na Reditus (24,37%) e na Novabase (tecnologia), empresas de recursos naturais e energias renováveis (Quifel Natural ressources, Biobrax, Hemera e Enercome), interesses no imobiliário e turismo (The Edge group e Phillipspark), no sector financeiro, segurador e investimentos (Gryphon, Garantia Seguros, Patris – incluindo a propriedade de uma correctora), One – relógios e Brio – distribuição alimentar / retalho) e ainda no sector agrícola (Companhia das Quintas, Quinta de Pancas e Quinta da Fronteira) e ainda a Caixa de Aforros de Vigo, Ourense e Pontevedra, com uma participação de 5.05% (Sector financeiro parecido com o Montepio).

Situemo-nos, agora, no grupo Global Media Group, comprado, há cerca de dois anos, por capital especulativo, provindo do regime angolano, onde a cabeça visível é António Mosquito, até há pouco tempo administrador do grupo Espírito Santo.

Os seus órgãos de comunicação mais importantes são o Diário de Notícias, com sede em Lisboa, o Jornal de Notícias, sediado no Porto, e , a rádio TSF.

Além de Mosquito, são accionistas qualificados, António Montez, genro do actual Presidente da República português, Cavaco Silva, o antigo banco BES, o Banco Comercial Português e o dono do antigo grupo, que se chamava Controlinvest, liderado por Joaquim de Oliveira.
O Presidente do Conselho de Administração é o advogado Daniel Proença de Carvalho, emaranhado numa entrincada teia obscura entre o poder económico e político, com ramificações internacionais.

Uria promove investimento em Portugal na City de Londres
Uma multinacional de advogados ao serviço do Capital

Na realidade, Proença de Carvalho é figura de topo (Presidente) de uma multinacional da advocacia: a Uría Menéndez/Proença de Carvalho & Associados, percorrida, por muitos laços, ao capital financeiro internacional.
Assim, além da Global Media Group,é PCA da CIMPOR, desempenhando funções, até meses atrás, como membro da Comissão de Remunerações do Banco Espírito Santo.
Mas, há mais: presidente das Mesas da Assembleia Geral de Administração de Imóveis, S.A.; Almonda – Sociedade Gestora de Participações Sociais, S.A.; BESI – Banco Espírito Santo de Investimento; Cabo Raso – Empreendimentos Turísticos, S.A.; Coaltejo – Criador de Ovinos Algarve e Alentejo, S.A.; Companhia Agrícola da Apariça, S.A.; Companhia Agrícola das Polvorosas, S.A.; Companhia Agrícola de Corona, S.A.; Confiança Participações, SGPS, S.A.; ÉCAMPO - Cinegética e Turismo, S.A.; FREIXAGRO - Empresa Agrícola do Freixo, S.A.;  Galp Energia, SGPS, S.A.; Gotan, SGPS, S.A.; Herdade do Monte da Pedra, S.A.; INTEROCEÂNICO – Capital, SGPS, S.A.; Mague – SGPS, S.A.; Portugália – Administração de Patrimónios, S.A.;  Renova – Fábrica de Papel do Almonda, S.A.; Sétimos - Participações, SGPS, S.A.;Sociedade Agrícola Belo de Mértola, S.A.; Sociedade Agrícola da Serra Branca, S.A.; Sociedade Agrícola dos Namorados, S.A.; SOGEB – Sociedade de Gestão de Bens, S.A.; Sogesfin – Sociedade Gestora de Participações Sociais, S.A.; TRABELIBEX - Investimentos Imobiliários, S.A.

Ainda exerce funções de gestão ou direcção em empresas, consideradas como não comercias, como presidente do Conselho de Curadores da Fundação D. Anna de Sommer Champalimaud e Dr. Carlos Montez Champalimaud e da assembleia geral de AEM - Empresas Emitentes de Valores Cotados em Mercado, em representação da ZON MULTIMÉDIA - Serviços de Telecomunicações e Multimédia, SGPS, S.A.; do Instituto Português de Corporate Governance, membro do Conselho Consultivo da Fundação Galp Energia; presidente da Assembleia Geral da Liga de Amigos da Casa-Museu João Soares, membro do Conselho Consultivo da Fundação Renascer, docente no Instituto Jurídico da Comunicação (Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra),
membro do Conselho Consultivo do Fórum para a Competitividade; membro do Conselho de Patronos da Fundação Arpad-Szenes – Vieira da Silva,membro do Conselho Consultivo da Fundação António da Mota.

Regressemos ao grupo Global Media.

Ele tem interesses (ou controla) na seleção portuguesa de Futebol, Primeira Liga, Taça de Portugal, Taça da Liga, Liga dos Campeões da UEFA, Taça UEFA, O Jogo, Sport TV, TSF, DN, JN, Jornal do Fundão, Açoriano Oriental, DN Madeira  e ¼ do capital da Agência Lusa e várias revistas de especialidade.

Chegamos a um outro grande jornal actual, o Correio da Manhã.

A quem pertence? Ao grupo COFINA.

Acionistas: Caderno Azul – SGPS:posição 10.01% - Gestora de participações sociais, detida em 50% pelo administrador da Cofina João Manuel Matos Borges de Oliveira. Detém 15,49% da empresa cotada em bolsa Ramada Investimentos, sendo o seu maior acionista.
A Ramada Investimentos tem interesses nos mercados do aço através da F.Ramada, Aços e Indústrias, S.A, Universal Afir, Aços Especiais e Ferramentas, S.A.; dos sistemas de armazenagem através da Storax Racking (Reino Unido), Storax Equipements (França) e Storax Benelux (Bélgica); e ainda no ramo imobiliário (F .Ramada II, Imobiliária, S.A.).

A Caderno Azul é a maior accionista da Altri, outra empresa cotada em bolsa, com uma posição de 10,004%. A Altri é uma empresa produtora de pasta de papel, gestora de 84 mil hectares de floresta, e que comprou 50% da EDP Bioeléctrica.

Promendo – SGPS, S.A., com uma posição de 8.78% mais os 6,22% da administradora da Cofina Ana Rebelo de Carvalho Meneres de Mendonça Mariz Fernandes, que por sua vez é detentora de 59,6% do capital social da Promendo. A Promendo é um veículo desta administradora da Cofina para gerir participações sociais. Também é acionista da Ramada Investimentos (14,47%) e da Altri (15,52%).

Domingos José Vieira de Matos, detendo 7,11% posição. Este empresário detém ainda 9,4% da Ramada Investimentos e 6,8% da Altri.

Paulo Jorge dos Santos Fernandes,com  6.99%, dos quais 5,08% são da Caminho Aberto – SGPS, SA . Tem 6,83% da Altri e 10,03% da Ramada Investimentos.

Pedro Miguel Matos Borges de Oliveira: posição de 4.81% e ainda uma outra de 4,8% na Ramada Investimentos.

Vejamos agora os financiadores.

Credit Suisse Group AG: posição de 4,91%.  Este grupo tem ainda uma posição de 3,95% na Impresa, onde a Newshold é, também, proprietária de 1,05%.

O Crédit Suisse é um dos maiores bancos especuladores e branqueadores de Capital do Mundo, que mistura banca comercial e banca de investimento. A sua estrutura accionista está dividida por milhares. Entre os 4% que estão nas mãos de investidores institucionais, contam-se 43 bancos, 94 companhias de seguros, 912 fundos de pensões, 32 instituições governamentais, entre outros.



É uma autêntica rede profunda e obscura impossível de conhecer todos os cordelinhos.

E ainda o reino dos off-shores.

Newshold – SGPS, com a posse de  15.08%

A Pineview Overseas S.A., uma sociedade sediada no offshore do Panamá, com capital social de cinco mil euros, detém 95% da Newshold. Tem dois administradores fictícios: Edgar Diaz e Maria Vallarino. Um outro veículo, a TWK SGPS, Lda, tem os restantes 5%.

Curiosidade.

A Newshold detém 96,96% do SOL é Essencial, S.A., 100% da Newshold Consulting – Unipessoal, Lda, e 1,05

Além do CM, a Cofina detém a CM Rádio e a CM TV e um conjunto alargado de publicações na imprensa: Record, Jornal de Negócios,  Sábado, Destak (59%) e Meia-Hora (59%), Máxima, Máxima Interiores, Vogue, GQ, TV Guia, TV Novelas, Flash, Automotor, Rotas & Destinos, PC Guia, Semana Informática, Metro Portugal.
Como referimos acima, a Newshold domina O SOL é Essencial, S.A.

Proprietária em Portugal do Semanário SOL.

Alem da Newshold, com 96,96%, são accionistas Ana Cristina de Oliveira Bruno, com 3%, e detentora a 100% da Newshold Consulting – Unipesso0al, Lda, e a Comunicação Essencial, Lda, com 0,04%.

Até há meia dúzia de meses, a empresa Ongoing Strategy Investments , SGPS, S.A., detinha um Capital substancial no sector da imprensa em Portugal e no estrangeiro, em que se destacava os 22,89% da Impresa, que tentou adquirir através de uma OPA, que não resultou e abriu fendas no seu precário estatuto capitalista.

Hoje ainda é dona do Diário Económico.

Todavia, a sua ligação empresarial ia para outros sectores: Tecnologias (Mobbit, m-Store, IBT, HIS);  imobiliário; consultadoria (Heidrick & Struggles e Accelarator); gestão de marcas (MyBrand); produção de conteúdos através da CTN; nas telecomunicações (era ou é acionista da ZON -3,29%, da antiga Portugal Telecom - 10,05%]) e ainda accionista do Espírito Santo Financial Group (sector financeiro).

Temos ainda um outro jornal diário, de certa projecção, o jornal Público.

Propriedade da Sonaecom, SGPS, S.A, que enquadra ainda a Rádio Nova (45%).

Interesses económicos directos: Telecomunicações (Optimus) e Software e Sistemas de Informação (Bizdirect, Mainroad, WeDo, Saphety)

Mas os accionistas vão além da aparente liderança da família de Belmiro de Azevedo, ao vestuário, calçado, parafarmácias, telecomunicações e informática, na estrutura da sociedade  do grupo conta muito o Capital estrangeiro, através do BPI(8,9%, banca), Bestinver (7,53%, braço de investimentos do Grupo Acciona espanhol – Construção e engenharia, energia e ambiente) e Norges Bannk (2,0%).

Além da France Télècom, S.A.: através da Atlas Services Belgium (20%) e do BCP, S.A. (Banca 3,41%).

Todos estes dados foram recolhidos de informação divulgada por meios de comunicação social, impressos ou via net.

4 – A mudança deste estado de coisas somente se modificou nos últimos 60 anos, com o golpe de Estado do 25 de Abril e, principalmente, com o período de semi-Revolução que lhe sucedeu até ao 25 de Novembro de 1975.

Na realidade, foi com o revolucionamento da sociedade nesse período, em que os de cima já não tinham força para se opor ao movimento dos baixo que desejavam um novo tipo de poder que a liberdade de informação teve o seu verdadeiro período áureo em Portugal.

Dentro dos principais órgãos de informação, televisão, rádio e jornais, fez-se sentir a movimentação das ruas, as lutas contra o poder económico e contra o poder político, poderes esses que procuravam jugular a nova liberdade que levava os capitalistas para a prisão ou a fugir para o estrangeiro, as Forças Armadas a desobedecerem ao comando castrense de antigamente, o Presidente da República António de Spínola, desesperado, a tentar um golpe de Estado, sem ter força, em 28 de Setembro de 1974, e sem glória afastar-se da chefia do Estado, e, um outro golpe falhado, em 11 de Março de 1975, que o obrigou a fugir, para Espanha, com o rabo entre as pernas, humilhado.

Com o poder político, que restava, saído do 25 de Abril de 1974, a tentar segurar as rédeas do mesmo, enredado nas contradições de se dizer de esquerda, mas a evitar, a todo o custo, a radicalização societária, os representantes do capitalismo internacional, centrado nos Estados Unidos e Alemanha, principalmente, conspiravam.


Os majores do 25 de Novembro

Utilizaram um sector da oficialagem intermédia, coronéis, majores, capitães, aproveitando a sua cobardia e o medo de perderem pequenos privilégios, para conspirarem e se organizarem para dar um golpe de Estado contra as movimentações das classes trabalhadoras dos meios urbanos.

Montes de dinheiro, provindos dos off-shores capitalistas e dos Orçamentos clandestinos dos serviços secretos estrangeiros, para apoiar os chamados partidos democráticos, lançar jornais, seus apoiantes, que desapareceram depois do serviço feito, como A Luta e o Jornal Novo; destruir à bomba os meios de informação que se puseram, abertamente, a favor de um novo poder, desprezando os seus proprietários, como a Rádio Renascença.

Em 25 de Novembro, tudo foi conseguido, no entanto, porque as fraquezas e orientações, bem a sua consciência políticas, das classes eram inconsequentes e contraditórias.

A alvorada que parecia surgir com esse ascenso quase revolucionário, pós 25 de Abril, foi destruído com o golpe de 25 de Novembro e com isso destruiu-se também a réstia de uma verdadeira liberdade de informação.

Nestes 40 anos, o retrocesso político para os trabalhadores foi evidente.

E, essa evidência está à mostra com a liberdade de informação burguesa actual.

O capitalismo financeiro e os seus representantes no poder político lançaram uma barragem de propaganda monumental, fazendo crer que o sistema que engendraram era imutável.

As peias e armadilhas que montaram, com compra de marionetas para colocar na gestão dos meios de comunicação social estabelecidos, começam a tornar-se obsoletas.

O despertar de uma nova vaga de contestação está em marcha, não em Portugal, como na Europa. É um caminho, que poderá ser lento, mas também pode explodir mais brevemente, face ao aumento da exploração e das contradições evidentes nos vários centros de poder.

Se repararem existe uma brecha enorme que deseja uma nova liberdade de informação, brecha esta que é preciso aprofundar.

Nada é imutável na evolução da sociedade.











domingo, 13 de setembro de 2015

AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES NA EUROPA DEVEM SERVIR PARA FORJAR UMA NOVA CONSCIÊNCIA COMUM DE RUPTURA POLÍTICA


1 – O poder estatal, actualmente, no Mundo - seja qual for a potência ou o vulgar país ou Nação capitalista, desde os Estados Unidos a China, passando pela União Europeia, Rússia, Índia, Japão, Coreias, Cuba, Brasil, Argentina, México, África do Sul, e acabando no rol de médios e pequenos territórios, desde África à América do Sul, incluindo Próximo, Médio e Extremo Orientes -  tornou-se o centro de toda a devassidão, podridão, corrupção e crimes económicos, políticos e militares.

Seja através de eleições, seja sob a forma de regimes ditatoriais, de capitalismo liberal ou de Estado, toda a estrutura societária terrena está envolvida pelo poder do Capital.

Quer seja nos Estados Unidos da América, quer na Rússia, China, Índia ou outro Estado, de maiores ou menores, dimensões, em parceria político-militar ou não, ou como potências de economia altamente desenvolvida, essa estrutura societária, ainda que, dividida por Nações em concorrência, agem como poderes estatais imperialistas.

São poderes estatais que, na sua forma de governação, exploram as suas classes trabalhadoras em nome do capitalismo. 

 
O capitalismo financeiro só traz corrupção e devassidão

E, essa exploração atingiu a forma de escravatura moderna ultramontana, quando o domínio de toda a sociedade mundial, na sua extensão, foi logrado pelo lúmpen capital financeiro.

Embora se verifique uma concorrência interestatal, que pode levar a formas de violência inseridas em prováveis guerras de grande envergadura, regista-se, todavia, que a subjugação desse sector da grande burguesia ultrapassa as fronteiras, controlando a banca internacional, as bolsas, as matérias-primas, a alimentação, a alta tecnologia e a indústria de ponta, agricultura.

Um traço comum, na actualidade, a todos os Estados, com o ascenso, sem qualquer repartição na restante burguesia, desse sector, é a *asfixia* total que exerce sobre eles, levando-os à míngua financeira, de modo sempre crescente.

O estado actual de qualquer sociedade nacional é a dependência das governações públicas ao esbulho dessa lúmpen grande burguesia.

Vivemos, seja qual for a divergência entre potências, na fase mais aguda do imperialismo.

Não há possibilidade dentro deste domínio do poder de Estado de estabelecer um equilíbrio dos orçamentos.

Esta avassaladora conjugação do imperialismo, que trucida a vida dos assalariados, contudo, não se traduz numa resposta dos mesmos, rompendo, revolucionariamente, com essa situação.

Mas, essa resposta, a revolução, com um novo poder, é, justamente, a única via capaz de ser mudar o Mundo, tal como a História nos tem demonstrado.

2 – Esta fase de período eleitoral e/ou referendário em grande parte da Europa, incluindo Portugal, deve ser aproveitada para reflectir sobre a situação económico/política.

Porque não surgiu na segunda metade do século XX uma revolução socialista de envergadura, período que conduziu, justamente, a uma super exploração capitalista?

O retrocesso causado, no seio das classes trabalhadores pelas derrotas das Revoluções russa de 1917 e chinesa de 1949, conduziu a um adormecimento e amorfismo nos ímpetos revolucionários.

Paulatinamente, ao longo da segunda metade do século XX e na primeira década do XXI, desapareceu dos programas dos partidos e forças políticas que se diziam socialistas ou comunistas a explanação da necessidade de uma revolução fora do espartilho dos regimes estabelecidos.

Precisamente, nesse espaço de tempo, o poder capitalista liberal teve um desenvolvimento económico substancial, nos planos industriais, agrícolas, e mesmo no incremento de novas tecnologias, que, em grande medida, suplantaram o poder de capitalismo de Estado, prevalecente na antiga URSS, China, Cuba, entre outros, levando-os a sua desagregação ou empurrando-os para soluções ditatoriais, com a implantação em crescendo da *economia de mercado*.

O levantamento de Praga de 1969 mostrou a fraqueza do capitalismo de Estado

Verificou-se, pois, na realidade, uma calma dentro dos principais países capitalistas, mais avançados, que permitiu ao capitalismo, como um todo, prosperar, nesse tempo, sem sobressaltos de maior.

Esta calma no interior dos grandes Estados capitalistas foi utilizado por eles para fazerem explodir guerras no seu exterior, cujo objectivo principal foi o controlo de matérias-primas e os imundos fabulosos negócios de armas.

Na fase final do século passado, e, na primeira década do actual, fermentou a ideia em sectores mais avançados das classes trabalhadoras, que desaparecera a possibilidade de surgir uma revolução face ao peso esmagador de um pretenso domínio absoluto inamovível dessa grande burguesia financeira desclassificada.

3 – Todavia, a implantação arrogante e ostensiva do lúmpen capitalismo financeiro, com as suas descaradas corrupções e criminosos roubos do tesouro público em todo o mundo, escandalosa e despudoradamente, surgida à luz do dia, primeiro, com a crise de 2001 e, em seguida de 2007/08, tem criado condições para fazer irromper uma nova chama de mudança.

Presentemente, está mais visível que o empobrecimento generalizado das classes trabalhadoras em todo o mundo está associado ao enriquecimento rapace e sem vergonha dessa grande burguesia, que utiliza, sem qualquer pudor, o aparelho de Estado e os governos, formados por seus lacaios.

Os massacres imperialistas – Estados Unidos, União Europeia, Austrália, Turquia, Arábia Saudita - na antiga Jugoslávia, no Iraque, no Afeganistão, no norte de África e no Médio-Oriente, estão a dar condições a uma nova movimentação dirigida para afastar esse sector classista inútil e prejudicial à evolução da sociedade mais justa.

The Yugoslav Army Headquarters building hasn't been rebuilt after being damaged by cruises missiles in April 1999 during NATO's bombing of Serbia over Kosovo. Belgrade (AFP Photo)
O bombardeamento *humanitário* de Belgrado

4 – Regista-se nos últimos anos o nascimento de um movimento, titubeante, oscilatório entre o entusiasmo e o cepticismo, em toda a Europa que procura romper com o actual estado de coisas dentro do sistema capitalista vigente.

Na realidade, é preciso acompanhar esse movimento, com métodos de esclarecimento, de utilização das liberdades burguesas, incluindo o trabalhos políticos nos Parlamentos instituídos.

Mas ele ficará limitado à partida, se não assentar numa visão clara e sem rodeios de que é necessário um programa de ruptura revolucionária com a situação existente.

Ou seja, é necessário separar, claramente, os programas revolucionários dos programas sociais-democratas.

Tal como a História nos tem demonstrado, ao longo destes dois séculos de luta constante contra o poder capitalista, este só tremeu quando os revolucionamentos se deram sobre a orientação precisa de uma teoria de ruptura, que seja reconhecida em grande parte das sociedades mais avançadas e alvo de grandes convulsões internas.

E, tal facto somente sucedeu quando os partidos e forças políticas abandonaram os programas de alianças inter-classistas, metidos nos seus *feudos* territoriais, e se reuniram para avançarem na luta sob uma perspectiva única de um programa socialista de carácter global.

Ora, este caminho que é lento, deve no entanto ser encaminhado, rapidamente, para esta via.

Na Europa, esse caminho pode ser utilizado pelas eleições e outros actos de agitação política que estão surgindo – e à mercê – de um número crescente de massas exploradas.

Apesar da crise social que percorre a União Europeu, o centro de actividade política mais avançado no Mundo continua a ser esse mesmo espaço.

É aqui que estão em desenvolvimento as fases embrionárias de uma mudança que se avizinha; é aqui que começam a existir movimentações dos explorados em larga escala; é aqui finalmente que desabrocham sintomas de que poderão haver, em tempos próximos, convulsões revolucionárias de grande envergadura.

Finalmente, é aqui que essas massas exploradas estão a exigir uma resposta comum programática para pôr termo à crise social que mina o velho regime europeu.

É, justamente, na Europa que existe a experiência histórica concreta que a alternativa ao Estado imperialista está na revolução (Comuna, Revolução soviética, Revolução Spartaquista-Alemanha, Revolução húngara). 
  




sexta-feira, 4 de setembro de 2015

QUEM CONTROLA REALMENTE AS ROTAS DOS REFUGIADOS?

1 – A elite conservadora e pró-fascista dominante em parte substancial dos governos da União Europeia, que fomenta guerras e conflitos em várias partes do globo, como adorno militar menor dos Estados Unidos da América, arroga-se, agora, em defensora de um controlo apertado da entrada da onda de refugiados no seu território.



















Ela que, cúmplice e criminosamente, provocou e fomentou o êxodo de gente indefesa em várias partes do Mundo, vítima dos ataques militares, directos e indirectos, através de forças mercenárias, encapotadas como sendo *combatentes islâmicos*.

E, a hipocrisia atinge as raias do crime consumado friamente, quando muitos desses países, quatro décadas atrás, lançaram e permitiram, abertamente, a imigração ilegal de outros países europeus.


Há quatro décadas, França, Alemanha e Inglaterra abriram as portas a emigrantes ilegais dos chamados países do sul da Europa (Portugal, Espanha e Itália), e, em parte, da Turquia e Jugoslávia.

Acenaram-lhes, através de intermediários e *passadores*, com a manipulação de *melhores salários* - na realidade salários menores do que os dos operários dos seus países, o que levou a um decréscimo real do salariato nesses Estados ditos de economia avançada – para impulsionar as suas economias, reforçando os lucros das grandes burguesias nacionais.

Para o efeito, nessa ocasião, tiveram o apoio aberto e/ou encapotado dos governos de Portugal, Espanha, Itália, da então Jugoslávia e da Turquia, que, deste modo, procuravam evitar as implosões internas nos seus regimes fascistas e/ou ditatoriais a braços com eventuais colapsos, abalados por crises económicas e políticas.

Quantas mortes de emigrantes ilegais se deram (e são anónimas), e, não foram contabilizadas ao atravessar as raias de Portugal com Espanha e de Espanha para França.




emigração portuguesa nos anos 60

Quantas tragédias humanas ocorreram nesses países, com os seus emigrantes endividados para conseguirem satisfazer os cambalachos chorudos dos *passadores*, cujos *saltos* eram controlados, monetariamente, na maior parte dos casos, nas fronteiras pelas forças das polícias (civis e secretas) e paramilitares.

No caso de Portugal, a PIDE/DGS, a Guarda Fiscal e a GNR ou Espanha, a Guardia Civil e a Brigada Político-Social (BPS), a polícia política de Franco.

Quanto cinismo e xenofobia encapotados no actual governo, ao fugir com o rabo à seringa de recolher dois mil desses refugiados.
Governo esse, que, sem rebuço, menosprezou, ao longo destes quatro anos, a vida dos seus governados.

Não se pode esquecer que foi o governo liderado por Passos Coelho que lançou apelos para que os assalariados portugueses emigrassem, às centenas de milhares nesse espaço de tempo, para fugir à política de austeridade que pôs em marcha em Portugal, favorecendo a entrada da grande burguesia financeira capitalista internacional no controlo de toda a actividade produtiva portuguesa.

Deve-se, aliás, recordar: a seguir ao 25 de Abril de 1974, em pouco tempo, o Estado português integrou no seu espaço europeu cerca de 500 mil portugueses emigrados nas então suas colónias de África (naturais e seus descendentes, uma parte substancial destes mestiços, sem qualquer tipo de relacionamento cultural e social com a chamada *metrópole).


Retornados de África em 1974

E essa integração efectuou-se, sem problemas de maior, no meio de uma crise económica grave recessiva, sob a pata do FMI, tal como a que grassa na situação actual.

Qual a verdadeira razão porque não se faz a integração desses refugiados na UE agora, se, em anteriores situações, 40/30 anos atrás, cerca de 18 milhões de imigrantes, provindos de países exteriores à União – sem o alargamento a Leste – se estabeleceram, sem grande alarido, no seu território?

/Segundo o Eurostat Med, nos finais dos anos 90 do século XX, 3,5 % da população da UE de então, ou seja 18 milhões de pessoas era imigrante (cinco milhões naturais de Marrocos, Argélia e Tunísia, e 59% da Turquia e da antiga Jugoslávia (só na Alemanha viviam dois milhões de turcos)/.

2 – Apesar do alarido noticioso, não é a UE a principal receptora de imigrantes e refugiados.

Todavia, juntamente com os Estados Unidos, de quem é cúmplice servil, é promotora dos mesmos.

Vamos confrontar os números. E eles são de um organismo controlado, maioritariamente, pela dupla EUA/EU, o ACNUR, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugidos, liderado pelo português António Guterres.

No relatório do ACNUR, intitulado «Mid-Year Trends 2014», a instituição, que divulga os dados do primeiro semestre de 2014, sendo que o seu total será publicado este ano, os sírios são a maior população refugiada sob o mandato do organismo da ONU.

Já ultrapassou os três milhões de pessoas, desde que em 2011, os Estados Unidos e a UE decidiram apoiar os *islamistas radicais*, na sua maioria mercenários estrangeiros, para afastar do poder no país, o seu Presidente Bashar Al-Assad.

(O relatório não referencia os palestinianos, expulsos arbitrariamente pelos israelitas desde 1948 que estão sob a protecção da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina- sigla em inglês UNRWA).

Depois de Síria, vem o  Afeganistão, com 2,9 milhões.

Seguem-se a Somália (1,1 milhão), Sudão (670 mil), Sudão do Sul (509 mil), República Democrática do Congo (493 mil), Myanmar (480 mil) e Iraque (426 mil).

Refugiados no Líbano

Na origem deste fluxo de refugiados, estão guerras e conflitos, atiçados, todos eles, pela política expansionista dos Estados Unidos da América.

E quem são os principais países receptores? 

Para que conste, não são os Estados Unidos ou a União Europeia.

Cita-se, segundo o ACNUR:  Paquistão (que sozinho abriga 1,6 milhão de refugiados afegãos), Líbano (1,1 milhão), Irã (982 mil), Turquia (824 mil), Jordânia (737 mil), Etiópia (588 mil), Quénia (537 mil) e Chade (455 mil).

Comparando o total de refugiados relativamente à população, Líbano e Jordânia é quem possuem a maior população refugiada, de acordo com o relatório.

“Em 2014, nós vimos o número de pessoas sob os nossos cuidados crescer de uma forma sem precedentes. Enquanto a comunidade internacional não achar soluções para os conflitos existentes e para prevenir os que estão começando, vamos ter de continuar a lidar com as consequências humanitárias”, disse o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados António Guterres.

3 – Deve-se, todavia, reflectir sobre o actual fluxo migratório para a UE, em especial para a Alemanha.

Em primeiro lugar, na minha opinião, tem de se questionar a razão de um súbito engrossamento migratório organizado e explorado, nos dois últimos anos.

Este ano, de repente, em vagas, perfeitamente estruturas, mas sem qualquer segurança, o fluxo migratório para a União triplicou.

E, de uma maneira visível, com objectivos concretos de país de acolhimento: Alemanha e Inglaterra.

Em segundo lugar, porque razão os principais órgãos de comunicação dos Estados Unidos dedicam páginas e páginas, ao que se passa na UE e quase silenciam a exploração criminosa de imigrantes ilegais, nomeadamente da América Latina.

Estados Unidos esses, que implantaram, nas últimas décadas, uma política imigratória altamente restritiva e repressora face aos hispânicos, tendo construído, para o efeito, o maior muro fronteiriço com o seu vizinho México.

Esse território, cerca de cinco mil quilómetros, tem um muro, com intervalos de arame farpado, vigiado, diariamente, por polícias de fronteira  norte-americana e por sofisticados sistemas electrónicos, aparentemente – e esta aparência, está percorrida pelo dinheiro e corrupção, com o objetivo de impedir a entrada de imigrantes ilegais nos Estados Unidos.

Voltemos ao primeiro item, o aumento repentino do fluxo.

É um pouco estranho que pessoas com famílias completas, sem condições monetárias suficientes para pagar a eventuais intermediários, polícias e outros agentes estatais de países que atravessam – e eles percorrem distâncias e fronteiras que vão da África profunda até ao Bangladesh, passando depois pelo Médio-Oriente – pagando só nas *viagens* do Mediterrâneo valores da ordem dos 10 mil euros.

Na realidade, pergunto: quem financia estes desesperados?

Quem organiza, com precisão, estas redes que convergem para locais, controlados, de uma maneira ou de outra, por forças, embora dizendo-se islâmicas, aliadas ou cúmplice do chamado Ocidente, como o caso da Líbia actual ou a Turquia, enquadrada na NATO.

Como é possível que essas embarcações saiam para alto mar, sendo as costas e o Mediterrâneo oriental patrulhado por dezenas de navios da NATO e vigiada, permanentemente, por complexos sistemas de satélites e de aviões- espiões?

No fundo, quem será a potência – ou potências – que está (estão) interessada(s) na destabilização da UE, sem Exército único, para a controlar, mais abertamente, enviando depois unidades militares para o seu interior, desde Espanha até aos países raianos com a Rússia (Polónia, Estónia, Lituânia, Estónia, Bulgária, entre outros?

Atentemos, agora, o afã dos grandes meios de comunicacão dos Estados Unidos, ligados todos eles, desde jornais às televisões, ao lobby capitalista de Wall Street, centrados na movimentação de refugiados na UE, nos últimos meses.



O que leva, objectivamente, a obscurecer – melhor dizendo, a desviar a atenção - a imigração ilegal nos/e para os EUA, e, a exploração desenfreada dessa enorme massa assalariada ao serviço da exploração capitalista no interior dos Estados e cerca da fronteira mexicana.

Os factos: existe uma população de imigrantes ilegais, a trabalhar em condições por vezes inumanas, nos Estados Unidos estimada em cerca de 11 milhões de pessoas em 2014 – estável nos últimos cinco anos, segundo um documento divulgado a 22 de Julho deste ano pela Pee Research Center.

Vejamos agora o que a grande imprensa norte-americana não dá, praticamente, relevo.

Existe um movimento migratório interno para o norte do México, para se estabelecer junto à fronteira com os EUA.

Referem os especialistas, se este movimento se mantiver, dentro de 25 anos, cerca de 40% dos mexicanos estarão a residir nos Estados do México raianos dos Estados Unidos, onde já vivem perto de 20%.

Em 1990, ali viviam 15 %.

Qual é a razão deste movimento? Não é favorável para o México, mas para a classe dirigente dos EUA.

Ora, acontece que, nas últimas décadas, no lado mexicano da fronteira, foram construídas perto de duas mil fábricas norte-americanas, que utilizam a mão-de-obra local, com baixíssimos salários.


Estas empresas ficam situadas, normalmente, junto a uma cidade do México, que tem do outro lado uma cidade-gémea norte-americana.

Do lado do México, ficam as linhas de montagem, no território norte-americana, a gerência e os serviços administrativos.

Para aqui, no entanto, vão os dividendos da exploração do lado mexicano.

Diariamente, movimentam-se da fronteira do México para os Estados Unidos cerca de mil milhões de barris de petróleo, 400 toneladas de pimenta, 240 mil lâmpadas, além de 51 milhões de peças de todo o tipo.

A fronteira é também um corrupio de traficância de drogas, armas e de imigração ilegal.

Escondidas em fundos falsos de camiões, camionetas e outros veículos mercadejam-se toneladas de remédios banidos por lei, sapatos feitos com pele de animais em extinção, armas de todos os tipos, além de marijuana, heroína e cocaína.

Obra de gangues mafiosos, mas sempre sob o controlo clandestino das autoridades estatais dos dois lados, cujas receitas vão parar aos grandes bancos, os quais fazem o seu branqueamento e as debitam, depois, legalmente, na circulação monetária.

Naturalmente, os grandes meios de comunicação norte-americanos não estão interessados nestes *pormenores*.

4 – Terminemos com uma reflexão: Não estará toda esta movimentação migratória de grandes proporções ligada à crise permanente do sistema capitalista mundial, que não consegue dar a volta à situação?

Será que ela será percussora de uma grande mudança na sociedade nos próximos anos?







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