domingo, 26 de agosto de 2012

UNIDADE NA EUROPA, DESAGREGAÇÃO NOS EUA?




1 - A crise financeira de 2008 veio demonstrar, pouco a pouco, ano após ano, que a sua profundidade está a atingir as raízes do próprio capitalismo, tal como o conhecemos até aqui.

Analisando todo o processo de "austeridade" nos principais centros do capitalismo internacional, como a União Europeia e e os Estados Unidos, os processos de evolução rápida da produção industrial e tecnológica super-capitalista na China, sem trazer riqueza para o povo, a recomposição da mesma estrutura, dita de Estado para liberal, na Rússia, as revoltas surgidas em muitos países árabes, a recomposição colectiva do mercado capitalista *independente* no Mercosul (América Latina), os ferozes conflitos regionais, as fomes que atravessam países e regiões ricas em matérias-primas, traz para a superfície da vida social a destruição produtiva, por um lado, e, por outro, um impasse na ultrapassagem da mesma crise, dos fundamentos históricos da própria evolução capitalista.

E o que é grave é que esta crise está a ser gerida e programada, desde há dezenas de anos, pelo capital financeiro especulativo, que lançou agora a sua fase mais obsessiva e violenta, que é a destrutiva, e sem uma veleidade orientadora de criar ou construir algo que lhe seja sucedâneo ou, pelo menos, assente em termos considerados paliativos.

Tudo o que retiramos da crise é que nestes cinco anos, nos principais centros capitalistas, UE e EUA, nunca existiu um ano de crescimento (quer na produção, quer no emprego, quer no Produto Interno Bruto, quer na evolução do bem-estar relativo), e os aparentes sucessos de gestão capitalista acelerada, como a China, a Rússia,a Índia e o Brasil, entraram em processos de estagnação e mesmo de retrocesso económico.

Quer a Rússia, que a China, o reconhecem na recente cimeira da APEC (Cimeira Ásia/Pacífico).

A omnipotência do capital financeiro especulativo - o único a tirar dividendos - reproduziu por todos Estados do Globo os mesmos programas: destruição acelerada dos regimes sociais ditos sociais democratas (os chamados Estados Providências) , sem apresentar, até agora, qualquer estimulo ou pressuposto de criar o que quer se seja, que relance o desenvolvimento.

Esta perda real do poder aquisitivo das classes laboriosas, e por tabela, das classe médias inferiores, está a fazer crescer o empobrecimento real dos povos, fazendo vir ao de cima o estrangulamento do sistema anterior, com um carácter de desespero quase mundial, criando uma barreira efervescente entre os trabalhadores, que vão caindo cada vez mais no desemprego, e uma mínima classe ociosa capitalista especulativa, sem que se vislumbre qualquer espécie de incremento ou reviravolta capitalista produtiva.

2 - A chamada crise do petróleo cujo ano marcante foi 1973 colocou no centro da economia capitalista o capital financeiro especulativo.

Entre aquela data e os inícios dos anos 2000, o segredo de polichinelo da propaganda da ideologia burguesia liberal, de que a política comandava a economia, foi desmascarado pela realidade: os grandes banqueiros começaram a deixar a discrição, que até aí os mantivera, e fizeram soar trombetas, sem cinismos, através de mensagens directas dos seus pares como, Alan Greenspan (Presidente da Reserva Federal dos EUA, entre 1987 e 2006), Georges Soros e Buffet, entre outros, sublinhando que eles, os banqueiros, são os donos reais de todo o poder, incluindo o político.

Em 1980, a antiga União Soviética parecia estar a empreender uma nova política económica dentro do sistema de capitalismo de Estado, recuperando de uma estagnação que se seguiu a um salto produtivo enorme no pós guerra. Naquele ano, os dirigentes da ex-URSS procuraram descentralizar, politicamente, o poder, principalmente com a grandes Repúblicas associadas, lançando ao mesmo tempo um novo processo de industrialização e na agro-indústria.

Todavia, o recomeço imperialista expansionista da ex-URSS em direcção a Sul, em particular ao Afeganistão, abriu um período intenso e improdutivo de fomento, em grande escala, com os encargos militares, o que inverteu, total e fatalmente, a evolução incipiente que estava em marcha.

Em grande medida, esse afã expansionista militarista contribuiu para o colapso, que já vinha, todavia, de dezenas de anos atrás da antiga URSS, e a sua desagregação final em 1991.

(Não estamos aqui a analisar a  Revolução Soviética de 1917, que forjou, posteriormente, a formação estatal URSS, sob a dominação e consolidação, ao longos dos anos, do chamado capitalismo de Estado, que partiu de uma revolução verdadeira, mas foi progressivamente, em poucos anos, trucidada e instituída de forma contra-revolucionária, mas este assunto merece outra ponderação e análise que procuraremos fazer numa apreciação mais aprofundada e interligadas com os acontecimentos políticos e as condições económicas deficientes da época na Rússia czarista e no seu seguimento revolucionário).

Com esta desagregação do Império soviético, o imperialismo norte-americano tornou-se a principal potência dominante no mundo e julgou poder "reformular" toda a História Mundial desde a Revolução de Outubro de 1917.

Eles pensaram que poderiam fazer obscurecer que toda a evolução humana dois últimos 200 anos esteve centrada nas erupções revolucionárias, que nasceram na Europa, e se foram alastrando à América Latina, mudando radicalmente o sistema económico medieval e imponto o sistema capitalista, certo, sob o domínio da burguesia, mas marchando na realidade sob a batuta das reivindicações proletárias e operárias, que, por vezes, sem grandes orientações programáticas, iam impondo formas de governação, que geravam programas políticos que continham as reivindicações que obrigavam o modelo económico capitalista a aceitar as propostas proletárias, como as oito horas de trabalho, os apoios à saúde pública para todos, entre outros itens.

Tentou o imperialismo norte-americano alastrar a sua supremacia, impulsionando, a níveis nunca vistos, os encargos militares, sustentando-os no argumento que era desse modo que se imporia em todo o mundo o domínio da democracia e das chamadas liberdades individuais, da organização livre dos mercados.

Claro que esta orientação ideológica foi posta em prática, em larga escala, durante cerca de 20 anos, por uma estrutura político-militar estribada na violência.

O descalabro da ex-URSS deu alento aos financeiros e militaristas norte-americanos para intervirem, descaradamente, nos assuntos internos da Europa e da sua unidade, com a cumplicidade dos dirigentes vendidos dos Estados europeus, como a Inglaterra, a Itália, a Suécia, a Noruega, a Alemanha, Holanda, Bélgica, Espanha e Portugal, fosse o governo do país das forças direitistas conservadoras ou sociais democratas pró-capitalistas.



De certo modo e em certo sentido, foi um ataque concentrado quer à tentativa de unificação europeia, por um lado, quer ao próprio sentimento nacional dos povos.

Assim desde 1991 foi retalhada, a ferro e fogo, a Jugoslávia, submetida a vexames a Polónia, Roménia, Bulgária, Lituânia, Letónia e Estónia e Hungria, tornadas colónias norte-americanas no seio da UE, através de injecção de dinheiro "encoberto" - numa política de divisão da União em velha Europa e nova Europa, que conduziu, na prática, em linha directa ao presente ataque e desnorte, sem freio, à unidade monetária da UE.

Mas, também se deu nesse período, as acções mais selvagens no Continente africano, como na tentativa de divisão da República Popular do Congo e nas guerra fratricidas que ainda ocorrem no Ruanda, Uganda e Quénia, e em escala mais localizada na Nigéria. Que começaram com a Presidência de Bill Clinton.

Não se pode esquecer a intromissão brutal e espezinhadora dos direitos dos povos que ocorreu nos últimos dois a três anos em todo o Magrebe e Médio-Oriente, onde a cabeça de víbora foi uma pró-nazi, antiga democrata, chamada Hillary Clinton.

Naturalmente, esta situação não pode, todavia, prosseguir em larga escala. Embora hoje, os EUA sejam o imperialista moderno que substituiu o antigo imperialismo teutónico nazi-fascista. Naturalmente, noutras condições e situações diferenciadas no tempo e no modelo político formal.

A meu ver por duas ordens de razões:

A) Com este frenesim imperialista norte-americano fez despoletar um "monstro" a nível global.

Os Estados Unidos, no topo, lançaram-se numa corrida aos armamentos e à criação e constituição de stoques de armas, cada vez mais caras e sofisticadas.

Ora, isto, catadupejou o sistema de indústria castrense para um nivelamento em progresso contínuo. 

Mas, essta corrida trouxe uma evolução armamentista, não só nos Estados Unidos, mas em todos os outros Estados, em particular aqueles que se estão a desenvolver economicamente a ritmos elevados e concorrenciais.

Quer isto dizer que o armamento traz encargos, que são cada vez mais insuportáveis ao bolso dos contribuintes. 

Na prática, em primeiro lugar os EUA, mas também a China, a Rússia, a América Latina e a própria UE, estão a endividar-se em progressão geométrica, levando que a maior fatia do Orçamento de Estado se destinem a fins militares, em detrimento do próprio progresso produtivo interno.

E, na realidade, os Estados Unidos estão a ser trucidados pelo domínio do sector do complexo industrial militar, o que contribui para a sua própria decadência produtiva interna.

Mas a nível político, os EUA são um centro mundial de prática de tortura, de violações internas e externas dos direitos humanos, com uma discriminação racial acentuada sobretudo tudo o que "não é branco", actuam, em todas as partes do globo, sem olhar a meios, incitam a intromissão descarada e eles próprios se organizam clandestinamente ou através de "mercenários" que lhe pagam principescamente, ocupam, fora de toda e qualquer estrutura internacional decisória, em países e zonas limitadas. 

Prendem os seus próprios cidadãos sem julgamento ou a cesso a advogados, muitas das vezes baseados em simples suspeitas. Expandiram, unilateralmente, a todo o Mundo as escutas telefónicas e as manipulações via internet. 

A oposição interna é reprimida violentamente, à mínima suspeita de que possa estar em causa "a segurança nacional". O assassinato, colectivo e selectivo, adquiriu a legalidade de acção em qualquer zona do planeta.

E esta situação é grave, porque pode trazer no bojo uma guerra geral contra povos e diferentes nações, que se sentem ameaçadas e feridas nos seus sentimentos nacionais ou interesses estratégicos.

B) Todavia, esta voragem imperialista imperialista norte-americana, com o apoio directo da Inglaterra, da Holanda, da Suécia, Dinamarca e Noruega, parece estar a entrar num descalabro e a obrigar os EUA a fazer marcha atrás, por um lado, com o espectro de um movimento reivindicativo internacional -e em certos aspectos de carácter insurrecional - que se estão a forjar no horizonte; por outro pela reacção de parcerias de grupos de países e de incremento armamentista de resposta de outros Estados ou grupos de Estados coligados (como O grupo de Xangai, o Mercosul, a aliança temporária Rússia, China Síria e Irão).

Mas acima de tudo, porque a economia capitalista dentro dos Estados Unidos está a colapsar.

A dívida pública norte-americana atinge, actualmente, os 16 biliões de dólares, que ultrapassa deste modo os cerca de 14 biliões do ano passado. 

Apesar da injecção forçada de capital circulante - ou seja a emissão de notas "sem cobertura real" do Banco Central - A Reserva Federal -, a economia está estagnada e o desemprego não baixou.

(As realidades são realidades, na América, como noutras partes do Mundo: as grandes cidades norte-americanas estão endividadas:  mais de dois triliões de dólares e uma centena de entre elas estão mesmo na insolvência. 

O número de norte-americanos a viver da sopa dos pobres cresceu assustadoramente, como se multiplicaram as chamadas "cidades-tendas" nas ruas de grandes cidades como Nova Iorque, São Francisco ou Los Angeles).



         

Um facto novo, ainda sem efeitos visíveis evidentes, é o afastamento crescente dos naturais do interior e das periferias do centro de poder, em Washington, o que pode implicar, com um maior agravamento de crise nos Estados federais - Alabama, Califórnia, Colorado, entre outros - estejam a surgir tendências centrífugas para escapar ao poder de Washington, considerado um sorvedouro de dinheiro por muitos norte-americanos, principalmente da classe média. 

O problema nacional federal pode tornar-se um assunto sério nos Estados Unidos da América, com o aprofundamento da crise.

3 - Desde 2008, foi planeado, a partir de Wall Street, e em particular do lobby judaico, que domina o poder económico financeiro norte-americano ( e em grande medida mundial, 40 por cento dos deputados russos são judeus, 35 a 40 por cento dos Congressos e Deputado das Câmara dos Representantes dão o seu apoio directo ao sistema judeu financeiro e a Israel), um ataque feroz e concentrado contra o euro e a unidade política da Europa.

(Os seus representantes em Portugal estão concentrados directamente no governo e no sistema bancário: Carlos Moedas, Pedro Passos Coelho, Vitor Gaspar, António Borges, Fernando Ulrich, Ricardo Espírito Santo, entre outros).

Esta "guerra" económica concentrada dos Estados Unidos contra a Europa, que se deixou corromper e vender aos financeiros norte-americanos, e por associação estreita aos interesses do Vaticano, apesar de tudo, está em vias de terminar em retrocesso para Washington.

Eles não perceberam que, por um lado historicamente, desde a decadência medieval, o avanço histórico - que tem séculos, é certo - é um avanço para a unidade europeia

(E esta tendência não foi uma acto de mágica criada pela dupla Schuman/ Monet). 

O avanço para os grandes Estados nacionais na Europa, desde o século XV, estão ligados ao aparecimento da burguesia como força política dominante na Europa, e na necessidade económica, para ela, de esbater barreiras de fronteiras e fazer circular as mercadorias com maior barateza e celeridade.

A burguesia teve a percepção - e agudeza, então, como classe social - que a cooperação supracional só poderia trazer vantagens se as fronteiras fosse minimizadas.

Ora, este avanço no século XX foi sentido, com maior agudeza, porque foram as particularidades nacionais que contribuíram para a desarticulação e catástrofes em toda a Europa, desde Portugal aos Urais, fomentadas pelas guerras de conquistas.

Quando nasceu a Comunidade Europeia, as classes trabalhadoras sentiram a evolução do seu bem-estar com o desenvolvimento da indústria e do comércio sem limites de tributações alfandegárias.

Apesar da crise económica, financeira e social, actualmente existente, essas classes têm a percepção que a União da Europa criará condições para a criação de uma maior consciência de que é possível, com essa unidade, fazer das reivindicações nacionais reivindicações gerais europeias.

Essa é a lição que a crise grega deu à UE. 

E essa foi a reivindicação central dos sectores mais avançados dos partidos gregos nas suas mais recentes lutas e eleições.

A questão que deve ser analisada é a de buscar a razão porque os partidários de uma nova ordem social de progresso ainda não a fizeram propagandear na União Europeia.

Ora, esta questão está em cima da mesa.











quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A NOVA GRANDE GUERRA ESTÁ EM FORMAÇÃO




1 - Um velho de barbas há mais de 160 anos referiu-se, de forma brilhante, ao que mudou com o golpe de Estado de Luis Bonaparte, no século XIX e toda a evolução mundial que lhe seguiu e produziu uma frase que ficou célebre, indo rebuscá-la a Hegel. Sublinhou que aquele filósofo alemão "fez notar algures, que todos os grandes acontecimentos e personagens históricos ocorrem, por assim dizer, duas vezes. Esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa".

Não pretendo rivalizar, sequer em em pensamento, com o alcance da análise daquele velho senhor, mas, na minha perspectiva, dois acontecimentos separados por quase 100 anos, fazem-me inverter a dialéctica do sucedido. 

Os prenúncios e subsequente Primeirra Grande Guerra tornam-se, actualmente, uma farsa, embora com as consequências catastróficas que produziram na altura, face à tragédia colossal que se está a engendrar paulatinamente na arena internacional, com epicentro secundário no Próximo e Médio Oriente, mas com o objectivo de se virar para a Europa. Aqui foi enquadrado um novo alargado sistema político e económico, com a maior capacidade produtiva mundial até há meia dúzia de meses atrás.

A Guerra da Crimeia de 1905 foi uma paródia, montada nas estepes do sul da Rússia czarista, mas os protagonistas estavam a alindar as ferramentas do expansionismo imperialista para a transportar para onde se concentrava então o maior centro produtivo e industrial do Mundo, que era a Europa.

Tal como hoje.

Nos anos que antecederam essa I Grande Guerra, começou a dar-se um salto espectacular, sem precedentes, no aperfeiçoamento do sistema armamentista, que vieram a formar a aviação e a colocar nos mares a guerra submarina. 

A guerra, em si, desenvolveu a níveis até aí nunca vistos o arsenal de artilharia, e, em grande medida deu impsulso ao desenvolvimento sem limites da guerra quimíca e bacterológica.

Tudo isto estava enquadrado numa perspectiva económica de repartição prática de impôr no terreno europeu, mas essencialmente, nas colónias e antigas colónias, os domínios imperialistas das potências já estabelecidas ou em vias de emergência, tal como sucedia com os Estados Unidos da América, que surgem no final dessa guerra, a cobrar os despojos de quem "não molhou os pés" suficientemente. 

Nos dias de hoje, com a diversificação dos centros de potências económicas em ascensão, com a rarefacção, cada vez maior, da imposição de produtos de exportação, sem contrapartidas, das potências estabelecidas, consideradas dominantes como os EUA, da criação de novas focos de potências em ascensão isoladas,  como a China, a Rússia, a Índia, o Paquistão e até o Irão ou integradas em mercados com largos poderes produtivos, caso da Europa, ou de riquezas, com o  Mercosul, com o Brasil, surgem indícios de guerras em mais larga escala e de maior poder destrutivo.

O progresso técnico cientifico no sistema militar está a atingir situações nunca antes conseguidas, caminha-se para a uma evolução de uma guerra, em largos espaços territoriais, com o emprego de armas de destruição maciça nunca antes testadas.

A concorrência castrense e de investigação sobre o armamento e a sua utilização, descarada e ameaçadora de maneira crescente, como campo de treino, como sucede ou sucedeu no Iraque, no Afeganistão, na Líbia e agora na Síria, está a empurrar esses países para uma desgastante perda de dinheiro na manutenção dos aparatos militares em detrimento das produções nacionais (industriais, agro-industriais, tecnológicas, etc). 

Os Estados, tidos como potências, estão a tornar um fim si da sua própria estratégia nacional, quase único, a  organização da estrutura e do complexo industrial castrense. 

Ora, esta paranóia militarista está a destroçar toda a capacidade de recompor o poder económico em busca do bem-estar material das populações.



É uma contradição que a prazo irá produzir efeitos na própria consciência dos povos. Certamente, esta voragem servirá para que as classes trabalhadoras se preparem para enfrentar o belicismo, que pretende conquistar os "mercados" pela guerra.

Quer queiramos, quer não esta via, irá aprofundar a crise financeira e contribuir para a bancarrota dos Estados e de quem participa nessa voragem de guerra. 

2 - Esta é uma lista dos quinze países com os maiores orçamentos em defesa para o ano de 2008. A informação é a mais actualizada retirada do Stockholm International Peace Reserarch Institute, que é usado para calcular os gastos em defesa pelo Ministério da Defesa britânico e muitos outros ministérios governamentais da União Européia. (retirado da Wikipédia)



PosiçãoPaísDespesas Militares($ b.)Percentagem Mundial (%)
 Mundo1464.0100
1Estados Unidos Estados Unidos da América607.041.5
2República Popular da China China84.95.8
3França França65.74.5
4Reino Unido Reino Unido65.34.5
5Rússia Rússia58.64.0
6Alemanha Alemanha46.83.2
7Japão Japão46.33.2
8Itália Itália40.62.8
9Arábia Saudita Arábia Saudita38.22.6
10Índia Índia30.02.1
11Coreia do Sul Coréia do Sul28.92
12Turquia Turquia25.42
13Brasil Brasil25.32
14Austrália Austrália20.72
15Canadá Canadá18.61

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

EUA: A LIGAÇÃO ESTREITA ENTRE A CIA E A MÁFIA



1  - Estranhamente, os telespectadores e leitores portugueses - e por tabela, os ocidentais - dão uma importância elevada aos filmes e livros que envolvem agentes da CIA, a Central de Espionagem assassina dos Estados Unidos, como se tratasse de uma instituição séria, eticamente impoluta, marcadamente nobre, soberbamente instituída para salvaguardar a chamada civilização ocidental.

Nada de mais errado. 

Tudo é realizado sob a batuta de uma propaganda barata feita nos guiões sebentos encomendados pelos financeiros judeus de Washington, melhor dizendo, de Wall Street.

Até chegam a fazer séries televisivas, onde se interligam norte-americanos das agências de informação e da MOSSAD israelita em missões candidamente "patriotas", cujo esplendor é a riqueza da bondade do chamado mundo ocidental dos capitalistas desclassificados.

Vamos aos factos e às realidades. 

As Agências de Informação do Ocidente, tal como da Rússia ou China, são máquinas oleadas da política externa imperialista, que superintende esses países.

A CIA, na actualidade, é o centro mundial por excelência das patifarias, ilegalidades e assassinatos organizados sob a orientação directa do Chefe de Estado. 

Está a realizar, a nível mundial o que as SS alemãs efectuaram nos anos 30 e 40 no Mundo.

Não sejamos lamechas. Chamemos os bois pelos nomes. Eles terão de ser julgados pela História.

2 - Factos são factos. Comecemos pelos mais recentes.

Foi realizado, recentemente, nos Estados Unidos da América uma investigação em torno de uma reputado agente da CIA, que, formalmente, já não pertence à respectiva entidade oficial governamental, mas que se descobriu que o citado fulano, cujo nome iremos divulgar mais à frente, é um quadro superior da empresas de Segurança Falken, uma das muitas subsidiárias da multinacional ligada, privadamente, ao aparelho de Estado norte-americano chamada Xe Services, e que, há um ano atrás, se apelidava de Blackwater.

Mudou o nome, depois de ser descobrir que era uma "máquina assassina" contratada pela Presidência dos EUA para actuar impunemente no Iraque e no Afeganistão, e, hoje, sabemos, em todo o mundo. 

O seu mais destacado quadro e impulsionador foi justamente o antigo vice-Presidente norte-americano Dick Cheney

O nome do agente em questão é Henrique "Ricky" Prado.

Formalmente, esteve 25 anos na CIA.

Era (e é) considerado pela seus superiores um "agente exemplar" e recebeu inclusive várias medalhas de distinção da própria agência.

Ora, quer a agência CIA, que a própria polícia de Miami, onde ele vivia e actuava, sabia, pelo menos desde 1991, conforme a investigação agora divulgada, que ele era o braço direito e assassino a soldo do um dos maiores traficantes de cocaína na Florida nos anos 70 e 80, que se chamava Alberto San Pedro.

Ou seja, o seu negócio cresceu e floresceu com a conivência da CIA e da Polícia Federal da Florida.

Está escrito e documentado.

Ricky Prado foi colocado, pelos seus superiores, na unidade de contra-terrorismo da CIA (CTC) para perseguir Osana Bin Laden. Todos eles sabiam que era um mafioso notório e actuante. Matou vários rivais de San Pedro. Tudo está registado nos documentos oficiais da Polícia.

Foi com a conivência da CIA que esteve luta anti-guerrilheira da América Latina, principalmente na Nicarágua, e treinou os Contras e a superintendeu o negócio da droga.

Segundo a investigação, Prado fomentou a transferência de prisioneiros para "prisões secretas" dos chamados seguidores de Bin Laden, tendo sido nomeado mesmo vice-director do CTC pelo seu director directo Cofer Black, hoje o principal assessor de segurança do candidato presidencial norte-americano Mitt Romey.

Prado conduziu a unidade de assassinos "selectivos" de alvo atribuídos à Al Qaeda, com a assinatura directa do antigo Presidente George W. Bush, que o actual prossegue.

Leon Panetta, actual secretário da Defesa, que foi director da CIA, esteve a par desta actividade e nunca afastou este assassino da agência de espionagem e da Máfia.



Alias, foi através de uma audição parlamentar da Panetta, que se soube que a CIA contratou a Blacwater para fazer o "trabalho sujo" dos assassinos. Para ela, transitou o exemplar assassino Ricky Prado.

3 - Formalmente, a CIA foi criada, em 1947, sob a presidência de Harry Truman. Foi montada sob a égide de Foster Dulles, que dirigia a Agência dos Serviços Estratégicos (OSS, em inglês). Dulles era um conservador que admirava Hitler e manteve, sempre, fortes contactos com os Serviços Secretos Nazis na Europa, através da Suiça.

A primeira missão da CIA na Europa foi a montagem do novo Estado alemão ocidental, saído da divisão da Alemanha hitleriana, no final da Segunda Grande Guerra. 

E a CIA ultilizou, deliberada e conscientemente, o aparelho dos serviços secretos e de segurança nazis, através de um dos seus chefes, o general  Reinhard Gehlen.  

Este general, nas suas memórias, refere, aliás, com pormenor, como a estrutura estatal se estabeleceu, com o controlo absoluto dos seus serviços de informação. E, naturalmente, o beneplácito e orientação geral de Washington.

Embora, a partir de 2004, a CIA tivesse sofrido, aparentemente, uma limitação, com a centralização dos serviços de informações norte-americanos com a criação de um super-funcionário, que dirige a Espionagem Nacional (DNI), na prática, a experiência e a actividade da Agência mantém a sua actuação, agora protegida pelo "segredo de Estado", estipulado pelo Presidente dos EUA. Com a Lei da Reforma da Espionagem e do Terrorismo (2004), a DNI, e logo a CIA, pode actuar clandestinamente para assasssinar qualquer pessoa que se oponha "aos interesses nacionais" dos Estados Unidos.

Tornou-se na realidade uma estrutura ao serviço da prática de ilegalidades, de acções criminosas e mafiosas, com o assentimento da Administração norte-americana.

Está longamente documentado e traduzido para a escrita de investigadores considerados como competentes que a CIA controla grande parte do tráfico e do branqueamento de capitais ligados à droga.

Pesquisas históricas, que nunca foram postas em causa, assinalam que a Administração norte-americana, através da recém-formada CIA, apoiou abertamente o contrabando de ópio da China e da Birmânia, com aviões da própria agência, cuja companhia de fachada se chamava AIR AMERICA.

Irá ser utilizada, novamente, no triângulo vermelho indochinês nos anos 60 e 70 do século passado, para ser distribuido, em venda livre, para recolher "fundos secretos" para o Kuomintang, do general Chiang Kai-Shek, que se refugiou, mais tarde, em Taiwan, com a protecção militar norte-americana. 

O negócio funcionou, depois, nos anos subsequentes. Possivelmente até hoje.

Como assinalamos atrás, os EUA foram os distribuidores principais de todo o ópio indochinês nos anos 60 e 70, introduzindo-o no seu próprio país e na Europa. Utilizando, para branqueamento, a maior parte dos principais bancos de Wall Street.

O envolvimento dos Estados Unidos da América colocou, à luz do dia, a verdadeira face da política internacional daquele país. 

Por um lado, dominar as riquezas naturais não só afegãs, como de toda a região, mas, ao mesmo tempo, e por outro lado, forjar o lado sórdido e nefasto do capitalismo financeiro que domina Washington, através do lobby judeu, a utilização das drogas da morte para o enriquecimento ílicito de uma élite, não tendo pejo de levar para a morte, em combate, milhares de norte-americanos e de outros países, mas igualmente ramificar o tráfico de ópio por todo o mundo, a favor dessa mesma elite.

Desde os anos 80 do século passado, quando os EUA afirmava apoiar a libertação do Afeganistão do jugo soviético, criando gangues paramilitares, como a Al-Qaeda, que nunca deixou de ser uma emanação da CIA, que sempre soube onde estavam os seus dirigentes (que agora surgem a ocupar postos de responsabilidade em países como a Líbia ou a Tunísia),  sabe-se que aquela agência deu toda a cobertura, apoio e logística, para que "os barões da droga" afegã, que Washington elevou a "combatentes da liberdade", como Gulbuddin Hekmatyar, mercadejassem o ópio do Afeganistão para o Ocidente e os disseminassem dentro do próprio país "para enfraquecer" os soviéticos.

Hoje, no Afeganistão, a CIA controla, directa ou indirectamente, todo o tráfico de droga, que está concentrado na governação do presidente-fantoche Hamid Karzai.

(Em 2009, o responsável pelo departamentre Droga e Crime da ONU (UNODC), o italiano Antonio Maria Costa, denunciou que, referindo-se à crise de 2008, o narcotráfico serviu para resgatar os principais bancos do colapso ao actuar como fonte de capital líquido. Ou seja, os governos e os banqueiros autorizaram que o dinheiro da droga entrasse na circulação monetária, com toda a legalidade, para salvar o seu sistema financeiro em bancarrota!!!. E onde estava o centro de decisão mais importante: Washington e Wall Street).

Avancemos. Em Abril de 1989 foi conhecido um relatório elaborado por um conjunto de congressitas, liderados pelo futuro candidato à Presidência Kerry. 

Este relatório afirmava textualmente: Os Estados Unidos, através do Departamento de Estado,  "forneciam apoio aos contra da Nicarágua, estavam envolvidos em tráfico de drogas...e os próprios membros dos Contra, recebiam com toda a naturalmente, assistência financeira e material dos traficantes de droga".

Os casos são tantos e tantos, mas este não pode ficar de fora.



O governo dos EUA, liderado então por George Bush (pai), que fora director da CIA, mandou, em 1989, invadir o Panamá, cujo principal dirigente o general Manuel Noriega, era um conhecido membro da agência e dera todo o seu apoio militar aos grupos Contra, a pedido de Washington. 

Noriega era também o centro do tráfico de droga no país, que se destinava, na sua quase totalidade, para o seu aliado norte-americano.

Em 1971, a justiça dos EUA tentou incriminar Noriega, mas Bush, como director da CIA opõs-se.

Noriega sentiu-se seguro e aumentou a parada, procurando uma certa independência. OS EUA deixaram andar, porque os principais beneficiários eram eles.

Entretanto, dá- se um incidente, os sandinistas na Nicarágua abateram um avião pilotado pelo agente da CIA Eugene Hasenfus. A bordo estavam muitos documentos da agência que reportavam várias actividades da CIA e enquadrava perfeitamente o relacionamento entre aquela e Manuel Noriega.

De imediato, o governo Bush engendrou uma operação militar "Causa Justa", que afirmou ser realizada para acabar com o tráfico da droga e prender Noriega. Milhares de soldados norte-americanos ocuparam o Panamá e mataram milhares de pessoas. Noriega refugiou-se na Nunciatura da Santa Sé no Panma´e negociou a sua entrega, o que foi efectuada.

4 - A face nazi dos EUA.

Desde os tempos da guerra do Vietname, que os Estados Unidos perderam sem qualquer espécie de pudor, apareciam, com frequência, relatos da existência de torturas e campos de concentração nas zonas ocupadas pelos EUA, quer no seu próprio país, onde não se pode entrar, quer em bases estrangeiras, de acções criminosas dos agentes castrenses e policiais contra populações e combatentes inimigos, com assassinos premeditados e consentidos à partida pela Administração governamental em Washington.

Todavia, apenas em 2009, ficamos a saber, preto no branco, que tais práticas estavam instituídas em "documentos secretos" assinados pelos Presidentes do país, aliás, exactamente ,como o o chanceler nazi Adolf Hitler pós em pratica, na Alemanha, desde 1933 até à sua derrota e morte em 1945.

Embora, oficialmente, o Sistema de Tortura da Agência de Informações tinha sido, totalmente, legalizado e definido em 2001, apenas se conseguiu a sua divulgação em 2009. 

E isto, porque por insistência da chamada ACLU, uma instituição antiga de defesa das minorias e direitos humanos, que vem dos anos 50 do século passado, conseguiu, através de sucessivas acções judiciárias, que fossem tornados públicos os termos dessa lei secreta e nazi. 

Nessa primeira divulgação, vem a saber-se que foram dadas ordens para violações de leis e tratados internacionais por parte da Administração de Washington. Tal facto, apesar das resistências, obrigou o Procurador-Greal da Justiça dos EUA, que era Erc Holder, a iniciar uma investigação.

Foi a partir daqui que se descobriram as "prisões secretas" em vários países, que ainda se mantêem, pois, a maioria nunca chegou a ser divulgada, os interrogatórios a prisioneiros, a maioria dos quais simples cidadãos, alguns dos quais foram mortos, quer nas torturas, quer nas acções de prisão. Tudo isto em território estrangeiro, e com o apoio dos países da NATO e de Israel e da confraria muçulmana, incluindo o Egipto, a Síria e a Líbia.

Muitos desses documentos interligam-se com outros e descobre-se que a CIA esteve ligada a actividades de derrube de governo democráticos estrangeiros, nomeadamente na América Latina, que se opunham à sua política, caso do golpe, em 1964, contra o Presidente brasileiro João Goulart, a deposição do Primeiro-Ministro do Irão, em 1953, Mohammad Mossadegh, que colocou o criminoso Xá Reza Palhevi no centro do poder em Terrão. Igualmente se descobre a ligação íntima da administração norte-americana (Nixon/Kissinger), com o apoio directo e financeiro de multinacionais como a ATT no derrube e morte do Presidente do Chile, em 1973, Salvador Allende.

Confirma-se que foi a Administração norte-americana, através da CIA, que mandou matar, em 1967, o líder guerrilheiro argetino-cubano Che Guevara na Bolívia. 

E o que é mais grave - por ser mais recente - verificou-se que a CIA não divulgou ao Congresso e ao Senado dos EUA que tinha sido criado um programa, com a assinatura presidencial, para contratar criminosos e outros agentes para realizar assassinatos preventivos sobre personalidades em qualquer país do mundo, sem que fosse necessário qualquer autorização especial para actuar.