quarta-feira, 30 de maio de 2012

BANCO ALIMENTAR: A ENGORDA DA IGREJA CATÓLICA







1 - Os meios de comunicação social dominantes e os piedosos moralistas defensores da especulação caritativa deram azo à sua veia "humanista", neste últimos tempos, enaltecendo o "trabalho" de uma entidade chamada Banco Alimentar contra a Fome por uma recolha "monumental" de produtos alimentares que, segundo os seus promotores, serão entregues a 2116 "instituições de solidariedade social" com quem aquele mantém "acordos".


De onde vieram os produtos? dos próprios contribuintes. Boa malha.


Chama-se isto "auto-abastecimento" para ser distribuído pelas "capelas".


Porque não recorreu o Banco Alimentar aos dividendos dos accionistas dos bancos, aos chorudos lucros dos capitalistas para "ajudar" quem passa fome?


É o Banco uma instituição idónea, independente? Não.


Os três directores executivos para o triénio de 2012-2014, são Isabel Jonet, José Manuel Simões de Almeida e Sérgio Augusto Sawaya, que foi até, há alguns anos atrás, administrador do Banco BPI (que curiosamente tem como principal accionista a catalã La Caixa, ligada à Opus Dei).


Todos se afirmam católicos e praticantes.


O iniciador do Banco, segundo a sua história oficial, teria sido o comandante José Vaz Pinto, mas a sombra tutelar foi o destacado membro da Companhia de Jesus padre António Vaz Pinto, tido como co-fundador com  o engenheiro Manuel Lencastre.


E no historial faz questão de se destacar que: "a sede social da nova instituição foi instalada, provisoriamente, no Centro Universitário Padre António Vieira". 


Foi criada - acrescenta-se - uma Comissão Instaladora constituida pelo comandante José Vaz Pinto, pelo snr. eng. Manuel Ferrão de Lencastre e pelo sr. Padre António Vaz Pinto". 


Tudo dito e reafirmado, para que conste.


É, portanto, necessário, dizemo-lo com todas as letras: Pertence à Igreja Católica e os benefícios reais vão direitos para essa super-estrutura do actual sistema capitalista, de que ela é uma das principais traves-mestras nos negócios obscuros, como fugas de capitais, e, consequentemente, na responsabilidade directa do despoletar da crise financeira especulativa.


O Vaticano - e as suas sucursais em cada país - é, na actualidade, um dos "pilares" mais influentes do capitalismo financeiro internacional, em perfeita parceria e união, com Wall Street e a City Londrina.


(O Banco Central Europeu tem, como seus accionistas, alguns dos principais grandes bancos ligados ao IOR, ou seja, o principal banco da Santa Sé).


Iremos, mais tarde, ao fundo da questão.


2 - Convém explicar, até com pormenor, qual a razão prática da inutilidade destes Bancos "moralistas", que são, apenas, instituições privadas, que não produzem riqueza,  nem fomentam o emprego produtivo, nem educam as massas populares para exigirem os seus direitos, que são deles próprios, porque fazem descontos, logo, pagam impostos.


É função do Estado - e não de qualquer empresa privada, apelidada de de "solidariedade", ou de "caridade" - de prover o bem-estar dos seus súbditos.


A chamadas Instituições de Solidariedade Social - na sua esmagadora, imensamente esmagadora - estão sob controlo financeiro, político e social da Igreja Católica portuguesa. O dinheiro não provem da sua acção.


É o Estado que transfere os dinheiros públicos para os homens-fortes dessas instituições (IPSS, Misericórdias, e outras) os hierarcas religiosos, que dependem dos bispos.


E a dotação orçamental do Estado (OE), repito do Estado ultrapassou em 2011 os 1,2 milhões de euros. 


Além do mais os utentes, nos casos dos lares, entreguem ainda até 80 por cento das suas reformas. Um duplo ganho para os cofres da Igreja Católica.


Do ponto de vista do progresso humano, da evolução societária, não podemos ser cúmplices das falsificações dos tipos de solidariedade colectiva social e das próprias relações sociais que atravessam todo o sistema da actividade humana. 


Tudo isto nasce, de uma situação de favor, crismada por  um documento leonino para o Vaticano que se chama Concordata.


Por muitas incompreensões que possam surgir, estes factos tem de ser denunciados.


As saudações dessa gentalha tem o seu quê de balofo, de hipócrita, de metamorfoses das verdadeiras, das reais intenções que enquadram toda a panóplia que está por detrás do Banco Alimentar contra a Fome, que é, nem mais nem menos, do que, em Portugal a Igreja Católica portuguesa, e, no Mundo, o Vaticano.


É natural que numa situação de empobrecimento real da população, que busca, em primeiro lugar, a sobrevivência, as pessoas - e são em número elevado - pensem na sua "barriga" e na alimentação, ainda que mínima, e dos seus próximos.


Naturalmente, os apaniguados da caridade, como reacção, lançar-se-ão, como leões esfaimados, contra aqueles que denunciam os manipuladores da miséria, os hipócritas do bem fazer, encobertos com a perfídia de evitar que os instigadores do empobrecimento do povo, sejam apontados e severamente castigados.


2 - O Banco Alimentar contra a Fome (BACF) é "uma grande empresa e tem de ser gerido como uma grande empresa", confessa à revista da CIA norte-americana "Selecções Reader`s Digest", numa entrevista conduzida por uma senhora chamada Anabela Mota Ribeiro à Presidente da Direcção da citada entidade, Isabel Jonet.


Ora, uma empresa em gestão capitalista tem de dar lucro, pois, caso contrário, deixará de existir.


Ela referencia, aliás, o seu papel: "o de gestora eficiente e quase implacável". 


E a empresa tem recursos?


Ela responde, que sim: "temos recursos que nos são confiadas por pessoas e empresas que acreditam em nós".


E a recolha de produtos é canalizada para quem? Isabel Jonet cita, na entrevista: "1.554 instituições".


Consultado o relatório do BACF de 2010, verifica-se que o grosso da distribuição de produtos se espalha, essencialmente, por "conferências vicentinas", "centros paroquiais", "centros sociais" e "associações", umbilicalmente, ligadas à Igreja Católica portuguesa.


Naturalmente, o BACF tem, ao seu serviço, muitos voluntários, mas igualmente trabalha com "profissionalismo", ou seja há um sector que recebe dos "donativos" para seu favor. Como sempre, em instituições da Igreja Católica, os valores monetários são "enrolados", obscurecidos, como por encanto.


Vamos referir e enquadrar a parte a que isso diz respeito no relatório de actividades de 2010, que tem a assinatura principal de Isabel Jonet.


Circulam, portanto, produtos, mas também dinheiro - não sabemos quanto, porque o relatório não o divulga.


"Em 2010, registou-se um grande acréscimo (19,7%) no total de produtos angariados relativamente ao ano anterior, resultante sobretudo da dotação orçamental extraordinária aprovada pelo Conselho de Ministros da UE para o Programa Comunitário de Ajuda a Carenciados (excedentes da União Europeia), em resposta à crise vivida na União Europeia e à qual Portugal não escapou", assinala o Relatório, ou seja a UE deu dinheiro ao Banco.


No mesmo relatório, pag. 12, são explanadas, em traços, largos, as contas, em dinheiro, repito, em dinheiro, que são "movimentadas", não sabemos como!!!, com os títulos gerais "Custos" e "Proveitos". Os primeiros, no total, ascendem, em 2010, a 17.500.303,38 euros, e os "Proveitos" somam 17.510.470,89 euros.


Dos custos, retiramos que foram "gastos", nesse ano, 16.585.250,47 euros em bens alimentares doados distribuídos, e entregues 278.197,70 em "renumerações e respectivos em encargos". 


Foram gastos ainda 117.322,24 euros em "transportes e combustíveis", bem como cerca de 20 mil euros "deslocações e despesas com voluntários". 


Além de que nesta rubrica geral, há uma sub-rubrica chamada "provisões", não explicitada, com o valor de 101.069,19 euros.


Dos produtos, doados pelas grandes empresas, como Pingo Doce, SONAE, entre outras, recebem os "restos", bem como do MARL, ao fim do dia, ou seja quando se encontram, provavelmente, em fase de degradação.


Estamos perante uma domesticação grosseira das necessidades das pessoas carenciadas. 


Roubam-se salários, roubam-se pensões, lançam no desemprego milhões de pessoas, e depois entregam o dinheiro a uns "seres morais" que, privadamente, com o dinheiro público e as doações populações, servem as refeições aos esfomeados. 


O desprezo mais repugnante pela condição, a hipocrisia do falso moralizador que, hipocritamente, se intitula em salvador e em benfeitor.


3 - O Vaticano - sejamos precisos, a Igreja Católica Apostólica Romana - com sede em Roma é hoje o maior Estado capitalista mundial, cujos tentáculos empresariais e negociais se estendem por todo o Mundo: Desde a União Europeia até aos Estados Unidos, passando pela China, Ásia e África.


É o Estado mais pequeno, mais também o mais autocrático. É regido, sem qualquer repartição de poder, por um único homem, que se intitula Papa, que movimenta biliões e biliões de euros, sem prestar contas a ninguém, nem sequer torna conhecido o seu Orçamento.


Controla bancos, grandes empresas industriais, redes de transportes ferroviários, rodoviários e marítimos, sistema inteiros privados e públicos de saúde, enquadra redes transnacionais de comércio e, acima de tudo,    trafica em tudo o que é ilegal, desde branqueamento de capitais, dinheiro do tráfico de droga e humanos, negócios mais escabrosos do armamento.


A Igreja Católica somente teve um papel preponderante, ao longo da História, quando teve acesso ao controlo de dinheiro. Assim ocorreu na Idade Média e no Renascimento e, assim, veio a suceder, na primeira metade do século XX, quando se aliou aos fascistas italianos em troca de uma quantidade enorme de dinheiro.


Quando perdeu poder - e isso aconteceu em plena fase da independência italiana, com a perda dos chamados Estados Papais - a Santa Sé ficou reduzida à sua insignificância.


Vamos, então finalmente, ao fundo da questão, tal como atrás apontávamos.


Em 1927, através de um Tratado que se chamou de Latrão, a Santa Sé, do falecido Papa Pio XI, em troca do apoio ao sistema fascista italiano, em todas as vertentes, recebeu das mãos de Benito Mussolini um valor de cerca de 100 milhões de dólares, que os financeiros do Vaticano aplicaram em negócios em todo o Mundo. Primeiro, em Itália, depois, na Inglaterra e Nos Estados Unidos.


Esse dinheiro foi aplicado em investimentos rentáveis imediatos e títulos de Tesouro (uma parte substancial do Tesouro inglês pertence ao Papado). O Banco do Vaticano, o Istituto per la Opere de la Religione (IOR), tornou-se um banco sem controlo, com completa imunidade nas transacções, de acordo com o Tratado citado.


O Tratado estipulava ainda que três alíneas (29, 30 e 31) que isentavam de impostos as chamadas "instituições eclesiásticas", incluindo o IOR, ou seja as nossos Instituições de Solidariedade Social e Misericórdias, entre outras, bem como o pagamento de salários aos padres


Com a permissão de Mussolini, o Papado começou a tomar conta de grandes empresas,  principalmente das que ficavam sob a alçada do IRI - Istituto di Reconstruzioni Industriale,  entidade criada para gerir os fundos estatais destinados a salvar empresas e bancos.


As empresas de águas das principais cidades saltaram para as mãos do Vaticano, bem como as redes de gás e grande parte da indústria automóvel e petrolífera e praticamente de mais de 3/5 do sistema bancário.


A Santa Sé interligou com a finança judia internacional, especialmente norte-americana, e hoje tem uma quota-parte significatica do investimento de Wall Street e da City Londrina (J.P.Morgan, General Electrics, Hambros Bank, Chase Manhattan, First National Bank, etc etc. Não falando já no Barclays Bank, o Santander, O Crédit Suisse,


O Vaticano tem uma supremacia acentuada, em parceria estratégica com o capital judeu (Rotschild/Rockfeller),  no Banco Central Europeu.


Domina, praticamente, o Banco Central Italiano ( com bancos accionistas como as Cassa de Risparmio, Intesa saoPaolo, Unicredit, Assicucurazioni General e Unibanca), para não falar em bancos dispersos por outros países que são accionistas do BCE: como o grupo Allianz, Deutschbank, Commerzbank, Abn Amro, Barclays Bank, BNP Parisbás, grupo Santander, Royal Bank of Scotland e Bankia.




terça-feira, 22 de maio de 2012

RELVAS, A PERSONAGEM FLORENTINA DO CAPITAL





1-  O Ministro Miguel Relvas está a tornar-se "célebre" em Portugal - e quiçá no Mundo - justamente, pelas verdadeiras razões da sua presença no terreno político.


E isto, porque de todos os pontos de vista, representa "a cara" mais clássica e factual do que são os representantes mais venais da desclassificada burguesia capitalista financeira.


É, caricaturalmente, o que de mais frívolo e rapace nos surge como o exemplo acabado do que são os "homens de mão" desse capital na sua representação de poder: o floreado diplomático florentino, a esperteza saloia de homem vulgar, mas que enche os bolsos em troca de algo, o antro de mixórdias criminosas que alimenta e faz fazer, ou que ele realiza, por acção própria, como actividade criminosa de bastidores, usando para tal do medo, da ameaça, se possível a prática encapuzada do crime.





Ao passarmos os olhos e a nossa consciência pela actual cloaca política e económica portuguesa, convém verificar que esta personalidade não age isolada, mas está em perfeita sintonia com o poder económico que representa, e, no caso em apreço, um dos seus patrões mais próximos, o Banco Espírito Santo.


Qual o verdadeiro passado de Relvas?: político profissional ao serviço do PSD, começando, justamente, com o cargo relevante, entre 1987 e 1989, de secretário-geral da JSD, na sucessão de Passos Coelho.


Do seu curricullum, convém lembrar, para não esquecer, está a sua filiação no GOL (Grande Oriente Lusitano), para onde teria sido recrutado "por conveniência".


Miguel Relvas apresenta-se como uma licenciatura de gabarito: Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Lusófona, mas de carreira profissional pouco consta - a não ser a de consultor, ou seja, "intermediário" político, pois nada mais consta da sua biografia. Em 2006,  entra como gestor num empresa de nome FINERTEC, com ligações oficiais a actividades comerciais no domínio da energia e petróleo.


/Para situar esta empresa, iremos citar o que o Diário de Notícias escreveu a propósito de um homem, José Braz da Silva, que pretendeu ser o Presidente do Sporting Clube de Futebol, de Lisboa.


"É um nome pouco conhecido em Portugal e os empresários que gerem negócios em Angola só muito vagamente reconhecem o seu nome. Mas José Braz da Silva, o homem que, com um projecto para vir a liderar o Sporting, tem muitos e bons contactos em Portugal e, sobretudo, em Angola.


É próximo de altos dirigentes do PSD, como Miguel Relvas, do movimento Compromisso Portugal (Alexandre Lucena e Vale, um dos promotores), de António Maurício, director de Santos Futebol Clube de Angola, da fundação do Presidente angolano. 


Juntamente com Lucena e Valle e duas outras pessoas, gere um banco off-shore em Cabo Verde, o Banco Fiduciário Internacional (BFI), registado na Cidade da Praia. Vale, Relvas e Maurício são administradores executivos do grupo FINERTEC, controlado (mas não gerido) por Braz da Silva. O BFI está na lista da entidades credenciadas pelo banco central de Cabo Verde na qual surge o problemático Banco Insular, o veículo que terá permitido ao Banco Português de Negócios "ocultar prejuizos e lucros, financiar empresas do grupo e esconder operações", como revelou há dias um ex-dirigente do BPN"/.


Ora, a FINERTEC tem ligações com a Fomentinvest, formalmente dirigida pelo ex-ministro Ângelo Correia, da qual o actual Primeiro-Ministro Passos Coelho é administrador (suspenso). 


A FOMENTINVEST comprou 20 por cento do capital à outra para se colocar na corridas às privatizações que agora decorrem.


Ângelo Correia comprou, por seu turno, 25 por cento da NUTROTON, controlado pelo empresário e dirigente do PSD Joaquim Coimbra, empresa aquela que, há muito pouco tempo, tinha a dirigi-la o ex-ministro e ex-presidente do PSD Luís Marques Mendes.


Mas quem controla, realmente, a FOMENTINVEST? 


Alguns dos principais bancos portugueses, incluindo o BES, com forte participação.


2 - Chegamos ao ponto quente. 


O BES tem estado, praticamente, desde a sua privatização a negócios "obscuros", construídos e apoiados pelo aparelho de Estado, seja ele gerido pelo PS, seja pelo PSD. 


Há meia dúzia de anos, através de uma delegação daquele Banco em Miami, EUA, soube-se que permitiu ao falecido ditador chileno Augusto Pinochet branquear dinheiro que subtraiu ao erário público do Chile.

Foi uma investigação da própria administração norte-americana (uma subcomissão de inquérito do Congresso), que teve de realizar a pedido do governo chileno.



Resultado, veio a saber-se que Pinochet tinha contas em 125 estabelecimentos bancários dos EUA, e, na citada delegação do BES, em valores, para o caso do português, que ultrapassava os três milhões de euros.


Pela mesma altura, foi efectuada uma busca à delegação do BES em Madrid pelas autoridades judiciais espanholas que acusavam a entidade de estar ligada a processos de fraudes fiscais e corrupção.


Entretanto, há mais de três anos, foi referido na imprensa, e confirmado pelos investigadores judiciais, que os responsáveis do BES, BCP, FINIBANCO e BPN, seriam ouvidos pelo Ministério Público no âmbito de uma investigação sobre fraude fiscal, abuso de confiança e branqueamento de capitais. 


O caso, que continua em investigação, e nunca mais termina - não é por acaso - refere que a evasão fiscal diz respeito a empresas através de sociedade off-shores. O processo chama-se "Furacão".


Por outro lado, o presidente do BES (Angola), Álvaro Sobrinho, foi constituído arguido num processo que envolve o crime de branqueamento de capitais.


A investigação deste caso terá começado em 2010, e está relacionada com a transferência ilegal de vários milhões de euros do Banco Nacional de Angola, através do BES, para Angola.


Recuemos um ano. O BES interpós uma acção contra o Sistema de Indemnização aos Investidores (SII), reclamando 64,2 milhões de euros pelo accionamento ocasionado pela falência do Banco Privado Português. Ou seja , existe uma ligação entre a actividade daquele banco e o próprio BES.

A última. Soube-se que um administrador do BES de nome Morais Pires está ligado à empresa de branqueamento suíça Akoya Asset Managemente, por lavagem de dinheiro em valores que podem atingir os mil milhões de euros.


A rede era dirigida pelo suíço Michel Canals e tinha ligações ao BPN, via Cabo Verde. 


Está tudo dito, é preciso tirar conclusões.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

A DITADURA DO CAPITAL ESPECULATIVO ESTÁ A TORNAR-SE INSUPORTÁVEL


1 - Quando se olha para a actual realidade política e económica mundial, a primeira percepção ditada pela manipulação ideológica da classe dominante é que de existe uma crise, e que ela somente se resolve com a produção de austeridade sobre as classes laboriosas, como condição "sine qua non" da "salvação"  da vida desses desfavorecidos.


Esta visão das coisas é simplesmente enganadora, humilhante e vigarizante, fomentada pelos detentores reais do poder político: a grande burguesia financeira especuladora. 


Não é uma situação e uma manipulação de agora. Foi paulatinamente montada, planeada. Criminosamente executada. Terá de ser julgada.


Desde a primeira crise petrolífera de 1973, quem forjou o actual sistema político mundial foi a ascensão, sem partilha, dessa fracção burguesa ao domínio dos centros vitais de poder: primeiro nos Estados Unidos e Reino Unido, depois por arrasto e cumplicidade, da sua congénere europeia. E no estrebuchar da antiga União Soviética, em 1992, os actuais oligarcas financeiros russos (que se interligaram rapidamente com os magnates especuladores de Wall Street e da City londrina), e, seguindo um caminho próprio - sem mexer no poder político - na aristocracia financeira chinesa, forjada e embalada no capitalismo de Estado, sob a orientação de um Partido que se apelida de Comunista.


A crise de 2008, iniciada nos EUA, representa o clímax do que se transformou o poder político mundial, chamado democrático e de livre mercado pelos representantes ocidentais dessa grande burguesia financeira, vigarista e traficante, entronizada como uma imensa sociedade anónima de grandes accionistas especuladores, que dividem e repartem entre si os "despojos" das rapinas sangrentas feitas aos desfavorecidos de todo o Mundo.


O que se verificou - e veio, justamente, ao de cima, de maneira evidente com a crise de 2008, é que a indústria, o comércio, os transportes, ou seja tudo o que era ou representava os interesses da chamada burguesia industrial foram trucidados e colocados em plano secundário.


Ou seja a produção industrial evolutiva foi secundarizada - em todos os países - face ao interesse meramente especulativo e de dinheiro "fácil" dos banqueiros, dos especuladores mais desclassificados, dos exploradores monetários e grandes branqueadores de capitais (utilizando até o dinheiro do narcotráfico, que passou a ser controlado, directamente, pelas instituições de Wall Street e da City londrina, e, em cada Estado pelos seus representantes directos, como nos EUA (os congressistas e deputados nacionais e estaduais), ou no México, ou Colômbia, a própria Presidência da República).


2 - O aparecimento de forte resistência - desde os EUA, com greves massivas nos Estados mais interiores, com movimentos chamados de "Ocupas Wall Street", à Europa, com conflitos e movimentos grevistas de grande proporção, desde a Grécia à Espanha, mas igualmente no Reino Unido, à própria China, endeusada, no próprio Ocidente, como modelo desenvolvimentista - é o aparecimento real desse trucidamento da indústria, do comércio e da agricultura fazendo com que seja intolerável a ditadura terrorista desse desclassificada grande burguesia financeira.


O que os movimentos sociais, de orientação política ainda indefinida, mas que procuram uma via radical de impor uma nova ordem económica, podem ser o embrião prático - e vão obrigar a elaborar um projecto político e ideológico de ruptura - estão a criar um fermento para uma nova via política.


O ataque feroz que se está a montar no seio das estruturas dirigentes do capitalismo internacional - G-8, NATO, G-20 - para desfazer um caminho próprio na Grécia para essa nova ordem, é o sintoma de que algo de novo pode surgir nos seios dos países das próprias potências.


Se o eleitorado grego mantiver o caminho já percorrido será o indício de que as classes laboriosas no seio da União Europeia podem estar dispostas, inclusive nas próprias ruas, a impor um novo sistema de governação política. Vamos estar atentos.







terça-feira, 15 de maio de 2012

A JUSTIÇA CEGA SÓ CONSEGUE VER COM UM OLHO

1 - O magistrado, mediático e falador quanto baste, Rui Rangel afirmou, há dias, num debate organizado pelo jornal "Diário de Notícias" que os sistema judicial "não está preparado para uma resposta" aos processos intentados contra os grandes capitalistas e seus representantes políticos e económicos.


É a confissão descarada de um magistrado do regime, que argumenta que o poder capitalista não pode ser julgado. 


Ou seja, a justiça é sempre uma justiça de classe. 


Deixemo-nos de imparcialidades, de independência dos Tribunais e outros tais. A super-estrutura judicial é um suporte legal da manutenção do regime. Está tudo dito.


Só não o compreende quer não quer. 


2 - Vamos aos factos.


A notícia esta inserta na imprensa, já tem uns meses, neste caso o veículo é o jornal Público.


"A tentativa de furto de um polvo e de um champô, no valor de 25,66 euros, valeu hoje a um sem-abrigo a condenação ao pagamento de uma multa de 250 euros, que pode ser substituida por trabalho comunitário.


" O Tribunal dos Juízos Criminais do Porto deu como provado que, em Fevereiro de 2010, o arguido, com cerca de 40 anos, se dirigiu ao supermercado Pingo Doce, na praça Afonso V, no Porto, é daí tentou retirar uma embalagem de champô e outra de polvo que ocultou na roupa.


"Ainda que à saída o segurança tenha abordado o arguido, e, assim, recuperado os artigos, o caso chegou a tribunal, porque a cadeia de supermercados não desistiu da queixa, obrigando o Ministério Público a avançar com uma acusação por se tratar de crime semipúblico.


"O Tribunal acabou por condenar o homem por um crime de furto simples, já que *passou a linha de caixa sem pagar*, considerando não ter sido provado que os bens em causa fossem para *satisfazer necessidades imediatas*.


"Este tipo de processo merece outro tipo de tratamento penal. Isto é gozar com os tribunais. São bagatelas formais", criticou o advogado Pedro Miguel Branco.


Para o causídico, este tipo de crimes "não merece ter de se estar a ocupar tempo" dos tribunais, lelbrando existir a alternativa da suspensão provisória do processo que os "grandes grupos económicos não aceitam", porque "não têm custos" por apresentarem queixas. 


"Existe em Portugal uma justiça para ricos e outra para pobres. O pobre, se rouba um pão, vai preso. Um rico, se rouba um milhão saí ileso", ironizou o mandatário, assinalando a "diferença brutal de tratamentos".


Citemos outra notícia. Publicada há dias, em vários jornais, rádios e televisões. 


O Tribunal de Pequena Instância do Porto condenou um dos actvistas da Escola cultural Fontinha a cinco meses de prisão e outros dois a multas de 750 euros.


À saída do Tribunal, o activista José Freitas disse que este "foi um julgamento político", no qual o tribunal se sentiu "na obrigação de proteger o sistema, voltando a afirmar não ter agredido ninguém naquela manhã. 


Qual foi a razão da prisão? Protesto, onde os polícias eram mais que os manifestantes, contra uma desocupação cultural.


Claro, os polícias actuam sob a orientação do poder, neste caso o Presidente da Câmara do Porto. Certamente, que ninguém gosta de ser preso, e, muito menos, por polícias à paisana. Se são polícias e têm uma farda, porque actuam à paisana? Será porque se escondem de algo que não é muito "popular": bater em pessoas, sem nada para se defender?.


3- Os casos verdadeiramente criminosos, esses andam de recurso em recurso, de grandes escritórios de advogados para cima (tanto pode ser do actual ministro da Administração Interna, como da Ministra da Justiça, como desse ilustre troca-trocas que até foi bastonário da Ordem dos Advogados, para não falar de Sérvulo Correia, Rui Pena ou Castro Caldas), em conluio com o poder e a corrupção.


Não vamos ao muito atrás como os casos Melancia, Tavares Moreira, Valentim Loureiro e quejandos.


Comecemos pelo caso Isaltino de Morais.


Em 2002, deixou o cargo de Presidente da Câmara de Oeiras e entrou no XV Governo Constitucional de Durão Barroso, com uma pasta apetitosa para negócios: 


Ministro das Cidades, do Ordenamento do Território e Ambiente.


Em 2003, abandona o cargo, por estar a ser investigado por branqueamento de capitais, corrupção, abuso do poder. fuga ao fisco, participação económica em negócios. 


É condenado a sete anos de prisão e perda de mandato autárquicos.


Recorre para o Tribunal de Relação de Lisboa, que, sem mais, nem menos, baixa a prisão para dois anos. (Um aparte, sabe-se, nesta altura, que Isaltino (PSD) é membro da maçonaria, como o eram os vereadores da mesma câmara (PS) e como o são muitos magistrados bem colocados deste país). 


Novamente recorre e chega ao Tribunal Constitucional, que o condena e manda transitar em julgado.


Ainda está cá fora e, pelo menos, o julgamento por corrupção já...prescreveu. Claro há sempre magistrados bem colocados...


Caso SLN/BPN. A maior vigarice criminosa organizada dos últimos anos em Portugal.


Arrasta-se pelas "baias" dos Tribunais desde 2009.


Como a Justiça é cega, não tem a noção de quanto foi o roubo: mais, muito mais de sete mil milhões de euros. Ser+a que não conseguem contar a tempo? Ou será que os ladrões estão demasiado cobertos e bem colocados?


Quem são os presumíveis ladrões, citados: Oliveira e Costa (secretário de Estado), Dias Loureiro (Ministro), Arlindo de Carvalho (Ministro) Duarte Lima (líder parlamentar do PSD), Abdool Vakil, Joaquim Coimbra (dirigente de topo do PSD), entre outros. Todos ligados aos governos, ao partido, à candidatura de Cavaco Silva, que está/esteve, conforme a perspectiva, metido nos negócios da SLN/BPN.


Onde para o processo? O Estado limpou o banco (600 milhões na recapitalização, 300 milhões em investimentos e a entrega a um grupo chamado BIC, cujo testa de ferro é Mira Amaral, um pobretana que foi ministro de Cavaco e tem uma reforma estatal de mais de 17 mil euros/mês.


Um outro caso de vigarice bancária capitalista, o Banco Privado Português. O Presidente da CNVM (Comissão Nacional de Valores Mobiliários), Carlos Tavares, comparou o caso do Presidente daquele banco João Rendeiro ao do norte-americano judeu Madoff.


Qual o valor do desfalque de Rendeiro e companhia? Não se sabe. Apenas percebemos que geria, pelo menos, fortunas privadas. Como tudo está calado, é porque essas fortunas não seguiam um caminho recto, mas embutido nos off-shores.


O governo de Sócrates - esse impoluto...!- disse, a princípio, que não iria injectar dinheiro público no banco, mas depois mandou a Caixa Geral de Depósitos fazer um empréstimo, juntamente, com seis instituições bancárias, no valor de 450 milhões de euros,


Afinal há fraude, mas há dinheiro público, quem perde? Nós, os contribuintes líquidos. Consequências? Nenhumas.


O juiz Rangel já sabe a sentença. A justiça, para estes casos, nada pode fazer.


Como eles se encobrem e recebem. 


Mas, haverá um dia que o cutelo saltará!!!







domingo, 6 de maio de 2012

GEO-ESTRATÉGIA: OS TEMPOS SÃO DE MUDANÇA RÁPIDA

1- Os grandes centros de informação e contra-informação do capitalismo financeiro internacional começaram a lançar "o isco" sobre a aplicação na Europa ocidental de um novo "plano Marshall",


(Em que consistiu o Plano Marshall? Lançado em 1947, pelo então secretário de Estado norte-americano George Marshall, tratou-se, na realidade, de um grande empréstimo daquele país, que "colonizou" os países europeus, que tiveram de se submeter a uma orientação económica, política e militar, tutelada de Washington. 


Oficialmente, chamava-se Programa de Recuperação Económica: Para os EUA tinham uma vigência de quatro anos fiscais, com uma capitação em dinheiro proveniente do outro lado do Atlântico, em troco de pagamentos de juros e compra de bens alimentares e matérias-primas, bem como tecnologia, máquinas, veículos, combustíveis. 


O valor investido pelos Estados Unidos rondaria, ao câmbio de hoje, um montante de cerca de 140 mil milhões de dólares. Na realidade, a grilheta continuou. O resultado prático ficou patente com a crise de 2008: submissão total do sistema financeiro europeu ao norte-americano, com o consequente cortejo de empobrecimento actual).


Conforme aceitaram o empréstimo amordaçante dos EUA, em 1947, um sector "pensante" da grande burguesia europeia - convém recordar que a França não aderiu ao Plano Marshall" - reflectiu, todavia, que as guerras de grandes proporções germinavam e alastravam, sempre, no território europeu, porque a Europa, embora fosse o centro revolucionário das grandes transformações societárias, era sistematicamente desmembrada, devastada, e traficada, a preço de saldo, pelas potências vencedoras, impedindo de construir o seu próprio destino e, em grande medida, forjar uma política económica independente, em particular na edificação do seu sistema produtivo industrial atractivo e autónomo.


Assim aconteceu com a repartição após o Congresso de Viena em 1815, assim sucedeu após a I Grande Guerra, em 1919, e estava a suceder, justamente, com o término da II Grande Guerra.


Ora, depois da guerra de 1939-45, perante o espectro de uma profunda revolta operária e popular, que começava a germinar na França (os guerrilheiros armados ligados essencialmente ao PCF - cerca de 120 mil -poderiam assumir o poder, e somente não o fizeram, porque foram desarmados por imposição da URSS, de Stáline e a cumplicidade dos dirigentes internos, como Thorez e Duclos, que aceitaram entrar para lugares menores de um governo de "salvação nacional", sob a hegemonia dos gaullistas), na Itália (a guerrilha do PCI era a maior força armada do país, e, sofreu igual imposição e submissão) e Grécia (em que grande parte do território era gerido desde 1944 por estruturas paramilitares do PC grego), o sector burguês capitalista avançado, liderado pelo gaulismo, sob a égide de um banqueiro, Jean Monet, fomentou, a partir de 1950, a ideia da busca da unidade económica europeia, em contraponto a uma total vassalagem ao imperialismo norte-americano, que contribuiria para o enfraquecimento político da própria burguesia, que se pretendia reerguer.


Assim nasceu, em 1951, a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA). Foram inspiradores o banqueiro Monet e o então ministros dos Negócios Estrangeiros francês Robert Schuman. 


Foi o caminho desbravado, embora por trajectos ínvios, por um lado, como uma pujante e crescente potência económica própria, por outro, optando por uma submissão servil ao capital financeiro especulativo e à supremacia militar dos EUA, para a constituição da União Europeia.


O peso que a União Europeia adquiriu, em particular desde os anos 80 do século passado, como a maior potência económica mundial, com uma única moeda, o euro, atractiva, na modelagem de um novo sistema comercial mundial, sofreu um rude golpe com a crise financeira norte-americana, e, a verificação de quão nefasta foi submissão financeira e militar europeia.


Os EUA procuraram, com a crise de 2008, fazer ajoelhar, nova e completamente, a UE aos ditames imperiais de Washington, realizando o mais feroz e concentrado ataque, através de Wall Street, com a cumplicidade descarada da City londrina (e dos sequazes políticos das finanças judias dos dois lados do Atântico, como Blair e Cameron), à unidade e formação europeia.


Apesar das incertezas e falta de uma perspectiva progressista de contra-ataque, a UE conseguiu refrear o ímpeto destruidor desta ataque especulativo, e, embora embrulhado em tibiezas e com lideranças pró-americanas em muitos Estados, como por exemplo França, Alemanha, Espanha e Itália, um sector mais esclarecido da burguesia, pressionado pela possibilidade real de um revolta e provável convulsão revolucionária das classes trabalhadoras, procura colocar de pé um caminho político que faça redefinir a criação de uma nova unidade europeia, livre dos entraves alfandegários, fiscais, e políticos nacionais, e, principalmente das amarras do capital centrado em Wall Street e na City londrina.


O que a vingar, colocará por terra a ideia, agora lançada, pelo agiotas especuladores, de um novo "Plano Marshall". Até porque as economias dos EUA, e dos seus mais firmes aliados, como o Reino Unido e o Canadá estão em recessão ou para lá caminham.


Dentro da própria estrutura militar da Europa, associada à NATO, sob a hegemonia norte-americana, está a esboçar-se, com maior rapidez, um projecto de uma "componente autónoma" europeia, projecto este que surge num novo contexto de mudanças geo-estratégicas no seio da União Europeia, consolidadas por eleições que possam fazer aplicar, uma nova orientação económica-estratégica de movimentações comerciais e financeiras em sintonia com os chamados países emergentes, desde a Rússia até à China, passando pela América Latina, através da preponderância do Brasil.





2 - Na parte final do mês de Abril, três das actuais grandes potências, EUA, China e Rússia, exibiram a força "muscular" castrense na área marítima do Mar Amarelo.


O pretexto foi um "pequeno incidente" numa das ilhotas que compõem o arquipélago de Spratly (ilhas, recifes e bancos de areia), cuja soberania é reivindicada  por seis países (China, Taiwan, Vietname, Brunei, Malásia e Filipinas).


(Este arquipélago com mais de 40 ilhas e ilhotas tem uma posição estratégica de controlo de rotas marítimas comerciais e potenciais jazidas de petróleo e gás natural).


O incidente iniciou-se quando um navio de guerra filipino encontrou uma embarcação de pesca a fainar junto ao banco de areia de Scarborough (Huanggyan, na terminolia chinesa) e pretendeu deter os pescadores. 


A China, de imediato, enviou navios da sua Guarda Costeira, que cortaram as veleidades dos filipinos.


Os EUA, pressurosos, mandaram para a região vários vasos de guerra, com uma grande unidade de fuzileiros, alegando "a existência de uma parceria militar" com as Filipinas. 


Simultaneamente, mandou os seus vassalos do Pacífico - Japão, Austrália e Coreia do Sul, zarpar para a zona para efectuarem "manobras navais conjuntas".


A China, pouco se intimidou:  fez embarcar em vários navios, mais de quatro mil membros das suas tropas especiais, e, juntou uma esquadra de 16 navios (cinco contratorpedeiros, cinco fragatas e cinco patrulhas, todos equipados com misseis e preparados para a luta anti-submarina, bem com um navio de apoio logístico, a que junto depois um navio-hospital). Inseriu ainda uma frota aérea de 13 aviões e cinco helicópteros de combate.


A novidade é que esta demonstração de força chinesa foi efectuada em manobras aero-navais conjuntas com a Rússia, que ali colocou grandes navios de guerra da sua Esquadra do Pacífico (o cruzador equipado com mísseis de longo alcance Varyag, duas fragatas equipadas para a luta anti-submarina (almirante Vinogradov e marechal Chaposnikov, bem uma outra da esquadra do Norte, a almirante Tribuz, unidades estas que se fizeram acompanhar dos navios de apoio MB-39 e Pechenga).


E os dois países fizeram questão de sublinhar que estavam em manobras no âmbito - e com o consentimento - dos países do Conselho de Cooperação de Xangai, dos quais fazem parte, e que junta ainda o Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão, que tem como observador permanente o Irão.


O que é que isto pode significar e o que, realmente está a suceder, na minha opinião, está ligado a toda a rápida mudança geo-estratégica mundial.


A desagregação, em 1991, do complexo imperial da ex-União Soviético, submetido ao capitalismo de Estado, embora imbricado no nome do comunismo, trouxe para a ribalta os Estados Unidos da América, que foram considerados com os "campeões da democracia" e seu tornou, na realidade, a maior potência capitalista dirigente do Mundo.


Para muitos, era a referência máxima da implantação de um regime de paz, liberdade, direitos humanos e bem-estar social.


O regime imperial norte-americano "deificou-se" como o ídolo perfeito da burguesia europeia na parte final do século XX.


Mas, essa euforia de "salvação da paz social mundial"  foi sol de pouca dura. Os EUA instituíram-se como propagandista fanáticos do "império capitalista da democracia". 


E fomentadores, sem nó nem piedade, da aplicação prática da sua "doutrina político-económica-religiosa" o estilo bárbaro do seu "farwest" a ferro e fogo. Teve, todavia, um sucesso momentâneo, ela está fracassar redondamente.


Em nome de uma política de violência de ferro e fogo, os EUA - em cumplicidade directa com a Alemanha e o Vaticano - fomentaram a carnificina que atravessou, em toda a década de 90, os Balcãs, chegando em 1999, utilizando a estrutura criminosa da NATO, para bombardear, pela primeira na Europa, após a II Grande Guerra um Estado soberano, a Jugoslávia.


Em 1991, invadiram, a ferro e fogo, pela primeira o Iraque, situação que repetiram na década seguinte com a ocupação sinistra e sangrenta do mesmo país, que se mantém até agora, com o velho argumento de um "inimigo" que se chamava "bomba atómica" que não existia. 


Em 2001, utilizaram um não esclarecido, sofisticado e embrulhado ataque às chamadas Torres Gêmeas por um organização que eles montaram na década de 80 do século passado, chamada Al Qaeda, cuja sede real se situa na Arábia Saudita, para desencadear um assalto pirata ao Afeganistão para controlar rotas geo-estratégicas e mananciais de matérias-primas. 


Puseram em guerra permanente toda a África Central (Uganda, Ruanda, República do Congo, Nigéria e Angola) para sacarem, através de "senhores da guerra" os beneficios de uma maior barateza de grandes riquezas, como o coltan, os diamantes e o petróleo, para não falar no urânio.


Cerca de 20 anos depois, tudo está a mudar na cena económica, política e militar internacional.


Entraram com uma arrogância imperial sem qualquer classificação no golfo Pérsico, mas estão a actuar, agora, com paninhos de lã, quando se constata que se está numa situação de pré-guerra, cuja vitória real pode não lhes ser favorável.


E isto porque, na realidade, a novo novelo de alianças se está a mudar e a fazer finca-pé sobre os apetites imperiais de Washington.


A Rússia armadilhou com sofisticados meios de alta tecnologia militar, que incluiu bombas nucleares toda a região do Mar Cáspio, nas próprias costas do Irão, com a conivência deste e o assentimento directo de Pequim, que pressupõe igualmente toda uma superestrutura industrial  de escoamento de petróleo e gás, que, a vingar, retirará grande parte desses produtos da passagem pelos países do golfo.


Por outro lado, desenha-se - ou está a desenhar-se - na Europa uma nova orientação política e económica que assenta numa maior parceria com os chamados países BRICS, o que implicaria uma troca comercial e cambial, que poderá colocar, num prazo relativamente curto, em perigo o facto de o dólar ser a medida de referência de troca mundial. 


Não é uma perspectiva, é um caminho que já rola com certa velocidade.


Os tempos estão realmente a mudar. 


Os progressos castrenses já não são apenas univocos: Os Estados Unidos ainda sendo a principal potência militar, já não é o "centro" decisivo dessa capacidade. 


A arrogância norte-americana obrigou todos os grandes Estados de diferentes partes do Mundo a dar saltos tremendos na sua própria tecnologia castrense. 


E os senhores de Washington para tentarem fazer-lhe frente, avançaram, como "baratas tontas" em várias direcções, fazendo explodir exponencialmente os seus encargos militares, que os atolam agora até ao pescoço. 


A questão castrense nos EUA tornou-se, praticamente, desde os tempos de Reagan, no fim principal da política de Estado dos Estados Unidos da América. 


Ora, esta ascensão dos falcões militaristas - civis e militares - corroem, de tal maneira, as despesas norte-americanas, que as estão a fazer cair num abismo.


Parte da crise financeira de 2008 está, justamente, relacionada com esta voragem gastadora, sem retorno, nas instituições e encargos militares. 


E o "establishment" norte-americano sabe disso, mas também está a ser pressionado por essa realidade para andar para frente. 


Estão a perder o pé. E podem dar um passo em falso, caminhando para a guerra. Só que os actores no palco mundial já são muitos e estão em vais de lhe fazer frente. Qual vai ser a saída?


3 - O que vai determinar, nos próximos anos, a grande viragem política e geo-estrátégica é a o princípio da verdadeira realidade que terá de evoluir num futuro não muito distante: a constituição de novas potências económicas que estão a emergir no pós-industrialização. 


Quem conseguir ter em mãos os grandes instrumentos económicos de uma nova industrialização centrada no seu próprio território será a força dirigente de uma nova sociedade que quer vir à luz do dia.

terça-feira, 1 de maio de 2012

PEQUENOS TRECHOS DA HIPOCRISIA CAPITALISTA


1- A administração dos supermercados Pingo Doce admitiu, hoje, ao colocarem os preços dos seus produtos a metade do seu valor de venda habitual que estão a explorar, desonestamente, os portugueses no seu dia-a-dia.

Na realidade, o objectivo da multinacional da distribuição 
alimentar, liderada por esse "democrata" chamado E.A. 
Soares dos Santos, que foge aos impostos, em Portugal, 
levando a sede da empresa para a Holanda, onde, 
curiosamente, é parceiro comercial com a UNILEVER, neste 
dia, 1º de Maio, era (e é) o de "destruir" o feriado do "Dia do 
Trabalhador".

Mas, ao fazê-lo, lançando "mão" da esperteza saloia de 
colocar no mercado preços mais baixos, numa altura de crise, 
levando, deste modo, sectores importantes desfavorecidos da 
população portuguesa, a servir de "almofada" à contestação 
dos seus próprios trabalhadores.

Todavia, um facto é evidente: se consegue colocar os produtos a baixo preço, o Estado - e já agora os partidos que se arrogam da defesa dos direitos dos assalariados e os sindicatos - devia actuar para obrigar este grupo capitalista a manter os preçários  daqui em diante.

Ou então, o que será mais grave, se tal acontecer - e aí a 
autoridade de segurança alimentar - deveria estar atenta, o 
grupo Jerónimo Martins, com esta artimanha, esteve a 
desfazer-se de produtos com os prazos no limite ou fora dele.

Foi realmente um triste espectáculo ao ver, em plena 
cidade de Lisboa, família inteiras, com filhos menores, em longas filas, e a transportarem - os miúdos também - caixas e mais caixas de cerveja e vinho, bem como outros produtos alimentares, como se tivesse a assistir a uma "romaria" de província. 

Na realidade, a encher os cofres desses cafres chamados Soares dos Santos. Miséria humana. 

2 - A multinacional IKEA, com sede na "civilizada" Suécia, foi 
acusada por por um canal de televisão daquele país, a SVT, 
que apresentou documentos, de ter utilizado a força de 
trabalho de presos políticos na antiga República Democrática 
da Alemanha (RDA), nas décadas de 1970 e 1980.

A multinacional, que, como grande empresa capitalista 
liberal, acusava a então RDA de ser um "antro do 
comunismo", e ser um país onde não existia liberdade, veio 
agora a saber-se realizava operações "encobertas" de 
trabalho forçado naquele antigo país, agora integrado na 
Alemanha, para aumentar exponencialmente os seus lucros.

O grupo IKEA é o maior vendedor de mobiliário do mundo, 
com uma facturação, em 2011, da ordem dos 25 mil milhões 
de euros e um conjunto de 130 mil trabalhadores em várias 
partes do planeta, na sua maioria, em precariedade de 
emprego. Mas com lucros fabulosos.

Era esta a RDA, que o PCP glorificou, e continua a 
glorificar, como modelo de capitalismo de Estado, 
que apelidava de socialista!!

3 - O jornal I traz hoje uma entrevista com um antigo 
diplomata britânico de nome Carne Ross, que fez parte da 
delegação governamental do Reino Unido na ONU, Nova 
Iorque, durante os anos de 1997 e 2002. 

O entrevistado afirma ao jornal, que se demitiu do cargo 
depois do seu país e dos Estados Unidos terem invadido e 
ocupado o Iraque, o acto bélico daqueles dois países 
imperialistas foi propositado, pois tanto o governo de 
Londres, como o de Washington, sabiam que não havia 
armas de destruição maciça, nem o regime iraquiano 
constituía uma ameaça militar para qualquer país da região.

"A nossa avaliação interna na altura - refere - era que não 
havia ameaça", sustenta Ross, que  acrescenta: "Tony Blair e 
George W. Bush ainda hoje dizem que foram levados ao 
engano pelas *provas* dos serviços secretos e pelos serviços 
de informação. Pura mentira".

Praticaram, pois, um crime de guerra, um crime contra a Humanidade. Morreram na invasão e, posterior, ocupação devastadora do Iraque perto de 
um milhão de pessoas. 

Pois estes homens são criminosos de guerra. Mas, os piedosos democratas ocidentais continuam a considerá-los como "heróis".

A questão era o controlo do petróleo e o desejo manifestado por Saddan Hussein de sair do sufoco do domínio financeiro do dólar.