sexta-feira, 25 de março de 2011

QUEM É A RESPONSABILIDADE DE ESTARMOS À RASCA?


De diferentes origens, enviaram-me este texto do escritor moçambicano Mia Couto, acompanhado de um assentimento "Concordo".


Eu discordo. É um texto de puro moralismo de um senhor que é hoje escritor badalado e foi comissário político do regime actualmente no poder em Moçambique, co-responsável da situação actual. Dirão alguns: está afastado. Certo, mas, quando se é um homem político, que se pretende interveniente, não se pode deixar de explicar a sua mudança.


Vou transcrever o texto e apor a minha posição. A memória é importante para debater sobre o presente e o futuro.


"Mia Couto - Geração à Rasca - A Nossa Culpa "Um dia, isto tinha de acontecer. Existe uma geração à rasca? Existe mais do que uma! Certamente! Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida. Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações. A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo. Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos. Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor. Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada. Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes. Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou. Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado. Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais. São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração. São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar! A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas. Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados. Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional. Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere. Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam. Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e, que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras. Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável. Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada. Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio. Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e Claro que há. Conheço uns bons e,valentes que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós). Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida. E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e, que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!! Novos e velhos, todos estamos à rasca. Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens. Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles. A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la. Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam. Haverá mais triste prova do nosso falhanço?"



Mia Couto termina com uma pergunta patética "Haverá mais triste prova do nosso falhanço?".


É uma manobra airosa de evitar responder ao que está realmente em causa: o sistema económico e social capitalista.


Pela descrição de Couto, tudo o que está a suceder aparece do nada, parece uma hecatombe etérea, que destroi a vida das pessoas, como se de um feitiço se tratasse.


Ora, a culpa "não é nossa", do assalariado. É uma ilusão mascarar que a razão do que está verdadeiramente a suceder não é o desejo de melhorar o bem-estar material e social de pais e filhos, não é da educação pessoal ou social, dada com maior ou menor rigor, mas o poder autêntico que está a subverter o caminho conquistado para uma nova sociedade.


E que, enquanto não se exigir, com todas as letras e sem superfúgios, a abolição desse poder - do Capital - e das suas relações sociais em que ele está assente, as lamentações piedosas de pessoas, como Mia Couto, surgem como discursos moralistas sem qualquer valor.


Aqui sim, a culpa é nossa. Porque baixamos as defesas para levar a verdadeira educação política aos seio dos nossos filhos, prepará-los para luta sem contemplações contra o sistema que nos coloca à rasca.


Porque para muitos, com o colapso do sistema social soviético, consideraram que em causa estava o socialismo, e não admitiram que esse sistema era somente uma forma autoritária de capitalismo, fomentado pelo Estado, que se dizia socialista, e, então, optaram pela via mais fácil de continuar a actividade humana e política, sustentando que o capitalismo poderia vir a ser transformado em "democrático e socialista".


Abandonaram a via de refazer toda a opção pela abolição do sistema capitalista "concorrente" mais desenvolvido e acutilante, o capitalismo liberal dominando pelo sistema financeiro internacional.


Isso, sim, aconteceu. Houve derrota revolucionária. Houve retrocesso ideológico.


Não foi transmitido aos filhos, porque era mais duro, mais ameaçador para os pequenos burgueses, que se intitulavam revolucionários, e entraram na ilusão de que seria possivel "viver melhor" entrando na gestão e cumplicidade do próprio sistema que os engolfinhava e fazia definhar o avanço para o progresso da humanidade.


Foram muitos, realmente, os que ficaram encerrados na mesquinhez e tacanhez de que o capitalismo se podia humanizar, e agora lançam as lamúrias quando se coloca na ordem do dia a opção pelo enfrentamento duro, pela necessidade de uma ruptura política e social, que poderá ser violenta.


É fácil deitar a culpa para cima dos baixo, e não se aponta o dedo a quem é, verdadeiramente, responsável.



MERKEL ESTÁ A MAIS NUMA UE SEM LIDERANÇAS ARROGANTES





A chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, intromete-te descaradamente na vida politica interna de Portugal, dos seus actos políticos parlamentares, e todos os partidos nacionais calam-se, como se tratasse de um patrão ditatorial a actuar sob a sua empresa.


A primeira-ministra alemã exige que os partidos portugueses que rejeitaram o PEC IV, em decisão soberana da Assembleia da República portuguesa, apresentem "outras medidas que cumpram os objectivos fixados".


Com que autoridade se arroga a chefe do governo alemão para usar esta linguagem?


Aí de ti, português, se permites que sejas governado por arrogantes dirigentes que pretendem seguir o trilho dos arrogantes ditadores germânicos, como Hitler, de que Merkel é representante, como líder do Partido mais conservador da Europa, que, tal como a velha direita alemã, abriu caminho aos calamitosos partidos nazis, que submergiram a Europa e a arrastaram para a guerra!!!


Os partidos portugueses recusaram o PEC IV, como medida preventiva contra a especulação capitalista escandalosa, que tem centros dinamizadores como a Alemanha e os Estados Unidos da América, irmanados em serem, a nível mundial, os braços executivos de um sistema finnaceiro que somente tem levados os países e povos da Europa e dos EUA para a bancarrota, para a pobreza, para o retrocesso económico.


Merkel, como representante política dessa faccção da burguesia capitalista, está a mais num governo harmónico e integrado de uma União Europeia, que se pretende como modelo de uma unificação federal, sem supremacias políticas ou territoriais.


E isto tem de se lançado à sua cara, sem mais delongas, nem cumplicidades.

quarta-feira, 23 de março de 2011

CRISE PORTUGUESA: QUE PROGRAMA DE RUPTURA?




A crise política portuguesa, forçada e organizada com a demissão do primeiro-ministro do PS José Sócrates, abriu uma porta de clarificação.

Pode vir a transformar-se numa hetacombe para o capitalismo financeiro, que, apesar de ver satisfeitas as suas revindicações, exigia sempre mais, com a evolução da dívida pública, que apenas interessava directamente aos grupos políticos e económicos que gravitavam e gravitam à volta de quem governa e quem dirige a política de Estado.

Mas também se pode transformar num reforço, ainda que momentàneo é certo, mas não deixa de o ser, na realidade, da dominação do capital financeiro, que se alberga, neste momento, na tutela do actual Chefe de Estado, Cavaco Silva, e deseja um governo que lhe seja mais fiel, dirigido por esse "empregado" do BES, que é Pedro Passos Coelho.


O capital financeiro português- mas também internacional - rejubilará se houver uma vitória clara do PSD (e também do CDS) nas próximas eleições legislativas ( ou então de uma vitória tangencial de Sócrates, que obrigue a um governo abrangente do capitalismo que governa realmente o país).

O que se pretende instituir na Europa capitalista liberal (UE) - e Portuagl será uma lebre no processo - é a estruturação de um poder de Estado de uma República aparentemente democrática, que siga o modelo norte-americano,de constituição rotativista de uma governçaõ, orientada por dois partidos que se revezam no poder, fazendo da política uma "bolsa sacadora" para o negócio mais especulativo e marginal de ganhos sem olhar a meios, repartindo o "bolo" quer nas empresas estatais, quer nos poderes legislativos e executivos, desde o sistema bancário até ao município mais banal.

Ora, essa porta de clarificação, que se iniciou com a moção de censura do Bloco de Esquerda (BE), pode não vir a servir de nada, se debaixo de uma crise política e económica de envergadura, não se produzir uma mudança de relações de forças, que cause mossa à mediocridade criada pela burguesia rotativa desde há 25 anos.


Exige, pois, também uma clarificação ideológica entre os que se dizem anticapitalistas, que para o serem realmente tem de apresentar um programa que o seja, que demarque a queda pacífica do arrogante José Sócrates, com uma alternativa que ponha em marcha os princípios de um processo revolucionário, não só nas relações de forças partidárias, mas também na destruição de uma máquina de Estado que tem recebido apenas o incremento do Capital.


Se tal pretensão não for alcançada, haverá uma derrota, e os representantes do Capital financeiro especulativo serão atirados, com mais supremacia, como heróis, para o topo da organização e dominação do Estado.


A responsabilidade está, pois, nas mãos dos que se dizem anticapitalistas.




sábado, 19 de março de 2011

O NOVO COLONIALISMO COM O CAPITAL EM DECADÊNCIA: NOVA ERA DE REVOLUÇÕES?

















As barbaridades coloniais, que o chamado Ocidente capitalista está a procurar restabelecer no Magrebe e Médio-Oriente, com a cumplicidade activa das capiatlistas Rússia e China, com o ataque planeado e executado hoje na Líbia, vão provocar uma reacção mais profunda e sangrenta não só na região, mas praticamente em todo o Mundo.
Não está a suceder apenas um complô entre as ditaduras capitalista ocidentais (EUA, França, Itália e Grâ-Bretanha), mas também com todo o despostimo monárquico da Arábia Saudita e das monarquias do Golfo e a perniciosa actividade do sistema financeiro e político judaico internacional.
Está a fomentar-se, sim, um novo tipo de confronto de classes internacionais das potências capitalistas, poderosas militarmente, mas decadentes em termos produtivos e económicos, com sistemas capitalistas emergentes em todo o Magrebe e Médio-Oriente, que faz entrar em maior convulsão todo o sistema capitalista internacional, descarnado por uma crise financeira e económica, que não consegue ter ainda uma luz ao fundo do túnel.
Os ataques, revoltas, e intervenções unilaterais, que tem a chancela da ONU, já não são apenas para destruir formações medievais despóticas, mas sim para destruir incipientes paises capitalistas árabes, centralizados e com poderes ditatoriais concentrados no Exército, que procuram uma via independente, sem a tutela do sistema financeiro internacional pró-judaico, para entrar na vida da nova sociedade do capitalismo.
Não é, pois, propriamente o desmantelamento do velho mundo barbárico medieval muçulmano, mas sim a tentativa de imposição de novas formas coloniais de domínio de países e povos, para rapina das matérias-primas.
Quem cria revoluções, e depois as procura jugular com pretextos mesquinhos de interesses próprios de rapinas das matérias-primas, quem utiliza a força da violência, quando as suas economias estão em franco retrocesso, - e a violência é uma força económica, que para garantir a sua sobrevivência necessita de injeccção de mais capital - teremos, dentro de meses, um espiral de novos movimentos revolucionários.
Espero que eles ganhem espaço na Europa, em particular na União Europeia.
Pode ser que, em breve, estaremos a verificar revolucionamentos mais brutais nessa mesma Europa e, quiçá, nos Estados Unidos.
Olhemos para a economia nos próximos meses.






PÀSCOA CRISTÂ: UMA HISTÓRIA SEM CONSISTÊNCIA HISTÓRICA COEVA






A religião cristã está quase a comemorar a época da Páscoa, uma tradição mitológica, que, também, é venerada pelos judeus.

O cristianismo ligou esta interpretação à eventual morte da personalidade que lhe veio a servir de mentor, Jesus Cristo, que, segundo a tradição, que hoje prevalece nos documentos creditados pela Igreja Católica romana, teria ocorrido na semana da Páscoa judaica, semana esta que se celebra na Primavera, sem data precisa - uma variação estabelecida, grosso modo, entre 25 de Março e o 6 de Abril.

Não existe documentação coeva que prove quer a existência de Jesus Cristo, quer quaisquer dados da sua vida, ainda que indirectos, nem sequer de uma eventual crucificação colectiva efectuada em Jerusalém sob as ordens de Pôncio Pilatos.

Muitas dezenas de anos depois da sua provável existência, cerca do ano 100, aparecem livros, cartas e outros escritos muito diversificados, que falam dele, já com uma doutrina estabelecida, mas sob várias formas e conteúdos, por vezes contraditórios, com ressonâncias míticas e obscuras.


(O primeiro documento romano que fala da existência de cristãos é de Plínio, o Moço, do tempo do tempo do Imperador Trajano (já no século II), que sendo governador da Bitínia (Ásia Menor), escreve àquele relatando os rituais de uma nova - para ele - seita religiosa, já estruturada, que não compreendia).

A Igreja Católica Romana Ocidental, quando se tornou religião de Estado do Império Romano, sob Constantino, (século IV DC) limitou os os textos oficiais a um punhado, que chamou Evangelhos canónicos, que ficaram conhecidos pelos nomes de Mateus, Marcos, Lucas e João.

São estes, pois, para a tradição cristã sancionada pela Igreja de Roma, que confirmam e são apresentados como documentos de chancela oficial.


Todavia, mesmo os relatos oficiais cristãos, não assinalam com precisão a idade de Jesus Cristo na sua morte. Uns sustentam que ele teria 30 anos, outros 33.
Por outro, outros Evangelhos, que não são tidos como canónicos, mas provêem das mesmas épocas, chegam a afirmar que ele teria morrido com perto de 50 anos. Por exemplo o Apocalipse de S.João assinala a determinado passo que Jesus Cristo "ainda não tem cinquenta anos". Alguns dos apologistas dirigentes do cristianismo primitivo como Irineu, que escreve no II século DC, sustenta que a pregação de Cristo teria continuado até aos seus 50 anos.

Depois da descoberta e do estudo dos chamados Manuscritos do Mar Morto, encontrados num gruta do deserto na região de Qumran, verifica-se uma similitude extraordinária entre as descrições e pensamentos daqueles e os dos Evangelhos do cristianismo, o que leva a apontar que, com uma maior investigação e aprofundamento de novas pesquisas arqueológicas, se possa situar os primeiros passos do que veio a ser o cristinianismo, como estrutura religiosa posterior, possa ser uma seita muito incipiente constituida cerca de um século antes da data que, actualmente, a Igreja Católica fixou para a morte de Jesus Cristo.



Na realidade, verifica-se nos Evangelhos canónicos uma muito obscura descrição sobre a vida de Jesus Cristo e a sua própria família e o modo desprezivo como aquele a ela se refere, bem como à própria aceitação da sua figura e doutrina.

O pai de Jesus Cristo, José, é uma figura apagada, que cujas raizes anteriores são apresentadas contraditoriamente nos Evangelhos. A mãe de Cristo, Maria, Mariam ou Miriam, está, em grande medida, afastada dos mesmos Evangelhos ( surge no nascimento e depois apenas reaparece no momento da sua morte, e curiosamente, com uma personalidade semi-marginal chamada Maria Madalena, que um dos Evangelhos não canónicos, mas da mesma época -o de Filipe -, descoberto muito recentemente, a apresenta como "a mulher de Jesus". Este tem várias frases a desprezar a mãe. Em S. Marcos, ele afirma, dirigindo-se seus discípulos, como sendo a sua família: "Eis a minha mãe e os meus irmãos". Também em S.Marcos, assinala-se que "os seus" familiares o tentam fazer voltar para a sua terra, sustentando que "estava fora de si".

Finalmente, a crucificação. Uma leitura cuidada dos Evangelhos não refere explictamente que Jesus Cristo tinha sido pregado na cruz. Nos Actos dos Apóstolos, escreve-se que Cristo faleceu pendurado na *madeira* ou *lenho".





terça-feira, 15 de março de 2011

CAVACO SILVA ELOGIA POLÍTICA COLONIAL DE SALAZAR

O Presidente da República, Cavaco Silva, prestou hoje uma homenagem aos combatentes portugueses da guerra colonial de 1961/74, considerando que o regime de então estava a cumprir uma missão patriótica.

Cavaco Silva, além de fazer uma interpretação errada da História, efectuou igualmente um elogio - sem o citar, claro - ao papel desempenhado pela ditadura de António de Salazar, que esfacelou uma parte da juventude portuguesa numa guerra injusta, ao mesmo tempo que atolou o País no lamaçal da depressão económica e expulsou cerca de um milhão de portugueses para a emigração.

Ao solicitar ao jovens de hoje que se empenhem "em missões e causas essenciais ao futuro do país com a mesma coragem e determinação com que fizeram os militares que participaram há 50 anos na guerra do Ultramar", Cavaco Silva estão a efectuar um apelo a novas missões coloniais, com intervenções em zonas territórios que estão sob a alçada de poderes e potências imperiais.

E ao fazer este apelo, o actual Chefe de Estado está a renegar, exactamente, todos aqueles que fizeram e participaram no 25 de Abril de 1974. justamente para acabar com um guerra que nada tinha de patriótica e nem seguida pelos que nelas estiveram envolvidos como combatentes, que, por acaso, não foi o caso dele.

O combatente portugûes foi carne para canhão ao serviço do regime ditatorial de Salazar e Caetano e desprezado mais tarde, por falta de apoio, por todos aqueles que estiveram até agora no poder no pós-25 de Abril.

segunda-feira, 14 de março de 2011

ARÁBIA SAUDITA OCUPA BAHREIN: UM PROBLEMA CALADO NA IMPRENSA DE CÁ


Claro que o bárbaro regime monárquico saudita é um modelo de democracia para os EUA




Mais de um milhar de soldados de élite da Arábia Saudita, que este país sustenta ser parte de uma "força comum" do Conselho de Cooperação do Golfo chegaram ao Bahrein, para dedender o poder interno do emir daquele país rico em petróleo e onde está sediado o comando norte-americano de ocupação do Médio-Oriente.

De imediato, a oposição do Bahrein considerou tal facto como "ocupação", seja qual for o estatuto inventado para a presença das forças sauditas.

Mais de um milhar de soldados sauditas que fazem parte da força comum do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) chegaram ao Bahrein, confrontado com uma contestação social desde meados de Fevereiro.

“A força chegou ao Bahrein no domingo à noite”, afirmou um responsável saudita, que pediu para não ser identificado.

A oposição afirmou que irá considerar ”qualquer presença militar estrangeira” como “uma ocupação”, numa reacção a notícias segundo as quais tropas sauditas chegaram ao pequeno reino do Golfo.

“O povo do Bahrein enfrenta um perigo real, o de uma guerra contra os cidadãos do Bahrein sem que haja uma declaração de guerra”, sublinharam em comunicado os sete partidos da oposição, incluindo o xiita Wefaq.

“Consideramos a entrada de qualquer soldado, qualquer veículo militar no espaço terrestre, aéreo ou marítimo do reino do Bahrein como uma ocupação flagrante, uma conspiração contra o povo do Bahrein desarmado, e uma violação dos acordos e das convenções internacionais”, adianta o texto.

A oposição apelou à comunidade internacional para “assumir rapidamente as suas responsabilidades” e para “proteger o povo do Bahrein do perigo de uma intervenção militar”.

Mas claro, a chamada comunidade internacional está com o fito na Líbia.

A Arábia Saudita pertence ao bando imperialista ocidental, embora seja, formalmente, árabe.

Ora, isto acontece, precisamente, quando a Arábia Saudita lançou uma maciça operação de segurança já iniciada no final da semana passada, como forma intimidatória e repressiva para dissuadir os manifestantes de levar adiante o plano de celebrar um "Dia de Fúria" para pressionar a adopção de reformas democráticas no reino medieval.

Manifestações ilegais estavam previstas para o meio-dia, depois das orações desta sexta-feira, dia santo para os muçulmanos, mas enquanto as mesquitas se esvaziavam não havia sinais de manifestações e as forças de segurança controlavam postos de vigilância das principais vias em localizações chave de várias cidades. Todo o armamento era (e é) de origem ocidental.

Foram presos centenas de activistas, bem como dirigentes oposicionistas.

A Arábia Saudita, com cerca de um quarto das reservas de petróleo do mundo, é chave para a segurança ocidental no Oriente Médio e sinais de instabilidade no reino são nervosamente acompanhadas pelos Estados Unidos e por outras potências europeias.

Os ativistas pedem reformas amplas, como a adoção de um governo representativo, um poder judicial independente, a abolição da polícia secreta, a libertação de todos os prisioneiros políticos e garantia de liberdade de expressão.

Na área econômica, pedem um salário mínimo de 2.667 dólares e trabalho já que a taxa onde a taxa de desemprego é de 10,5% e atinge cerca de 30% na população com idades entre 20 e 29 anos.

A origem da inquietação deve-se, em parte, à distribuição desigual da riqueza derivada do petróleo, enquanto cerca de 40% da população vive em relativa pobreza.

Entretanto a Arábia Saudita arma-se com o apoio militante dos Estados Unidos, retirando este dinheiro da distribuição da riqueza pela população.

A Arábia Saudita vai adquirir 84 novos caças-bombardeiros F-15SA, assim como modernizar aproximadamente 70 F-15S para o mesmo padrão. Essa compra, de mais de 29 mil milhões de dólares, representa praticamente metade do que o país deverá gastar nos próximos cinco a dez anos em armas fornecidas pelos Estados Unidos, conforme notificação ao congresso dos EUA feita pela DSCA (Defense Security Cooperation Agency) no final do ano passado.

São 60 mil milhões de dólares no total, representando o maior acordo já feito pelos EUA para venda de armamento a um outro país.

Segundo reportagem da Arabian Aerospace, a Força Aérea do Reino da Arábia Saudita (RSAF) tem preferido um longo e, em geral, constante relacionamento com a norte-americana Boeing.
Por seu turno, a Raytheon informou no último dia 20 de Janeiro que assinou um contrato no valor de 475 milhões de dólares com o Reino da Arábia Saudita, referente a uma encomenda de armamento do modelo Paveway – kits que transformam bombas chamgadas de “burras” em munições guiadas de precisão.

Segundo o presidente da Raytheon Missile Systems, Taylor W. Lawrence, “esta venda é o mais recente capítulo co compromisso de quatro décadas de duração da Raytheon com o Reino da Arábia Saudita e com a segurança regional do Golfo Árabe.”

Ora, no meio de todo este rápido armamento, o Presidente dos Estadios Unidos pediram ao monarca da Arábia Saudita para enviar, rapidamente, armas de vários tipos aos rebeldes líbios, que se encontram em fase de retirada.

Curioso não é: os meios de comunicação social quase não dão relevo a toda estra tramóia.

sábado, 12 de março de 2011

LÍBIA: UMA CARTA FORA DO BARALHO DA ESTRATÉGIA NEO-COLONIAL EUA/UE















Os meios de comunicação social ocidentais dão notícias atrás de notícias da Líbia (esquerda), mas esquecem-se de mostrar como actuam os tanques ocidentais ao serviço do regime da Arábia Saudita para reprimir manifestações (direita)





1 - Os males, que presentemente, o chamado mundo ocidental está a causar no Magrebe e no Médio-Oriente diferencia-se, em parte, do que aconteceu anteriormente com a colonização forçada de toda aquela região pouco depois, e nas dezenas de anos subsequntes, à Conferência de Berlim em 1815, onde os povos locais foram invadidos e trucidados, principalmente, pelas patas despóticos dos apetites coloniais europeus.

2- Todas as repartições arbitrárias de territórios, as rapinas desenfreadas das matérias-primas, as guerras civis fomentadas, tiveram
um traço distintivo das dominações coloniais inglesas e francesas, principalmente, e em menor escala na Líbia, com a colonização italiana.

3 - Todavia, todas estas acções pretendiam, melhor dizendo, fazia-se propagandear na altura, que se actuava para conseguir uma transformação societária, tirando os povos árabes e muçulmanos da barbárie. Claro que essa piedosa pretensão trouxe, em parte uma desarticulação dos regimes medievais que existiam, então, desde Marrocos até ao Irão.


Mas, essa intervenção não trouxe, na realidade, um desejo de criar algo de novo, de fomentar o desenvolvimento social e económico de novos países que se foram formando, nem a melhoria real das classes exploradas.

4 - Embora as intervenções consideradas subversivas para os regimes despóticos de barbárie dos clãs e tribos tivessem produzido um safanão e, em muitos territórios, vieram a mudar, realmente, os regimes de monárquicos para republicanos, o que em si se pode considerar que houve neles revoluções, o certo é que o papel interventor das antigas potências coloniais se transferiu para o controlo total - ou em parceria - com os novos regimes nascentes, que não evoluiram, regrediram, sempre servindo os apetites coloniais das velas potências europeias, e, de maneira particular após a II Grande Guerra tornando-se aliados, mais ou menos permanentes das verdadeiras potências ganhadoras dessa guerra, a antiga União Soviética e os EUA.

Toda a agitação nacionalista dos anos 50 que percorreu o chamado mundo árabe tinha no bojo um desejo profundo de mudança que os povos da região queriam empreender para afastar o jugo do peso colonialista anterior. Quer os EUA, quer a ex-URSS, impulsionaram essa mudança, é certo, mas faziam-no tendo em mente a conquista de interesses próprios, mesquinhos, para os seus objectivos estratégicos.

Em parte conseguiram-no. Em particular, os EUA, depois do colapso da URSS, que manietaram, praticamente, os principais países produtores de petróleo, encimando-os de regimes o mais retrógrados possíveis, como o caso do Irão, da Arábia Saudita, do Egipto pós Nasser, da Jordânia, do Iraque, da Tunísia, da Argélia e de Marrocos, entre outros.

Mas, apesar de terem introduzido o capitalismo nas relações sociais de produção, não criaram, nem ajudaram a criar um novo tipo de vida que trouxesse uma verdadeira melhoria para aqueles povos oprimidos.

5 - Pelo contrário, fomentaram guerras de uma crueldade terrível, como foi o caso do conflito sangrento que causou mais de um milhão de mortos, nos anos 80, entre o Iraque e o Irão, e ainda nos anos 80 e 90, provocando um cerco crescente - e armado - à Líbia, que procurava diversificar o seu comércio de petróleo, vendendo a várias potências, evitando o controlo asfixiante dos magnates petrolíferos norte-americanos.

6 - Defenderam, ao mesmo tempo, os regime tirânicos em toda a região desde a medieval Arábia Saudita à chamada liberal egipcia, sob o domínio brutal do clã Mubarak. Fizeram tudo por criar forte Exércitos nesses países sob a sua batuta, controlados por assessores do Exército ou da CIA, como esteios de retaguarda para eventuais descalabros dos regimes que mantiveram até à última.

7 - No entanto face ao incremento de um nacionalismo pan-árabe, agrupado sob a bandeira de um certo fanatismo religioso, que começava a impor-se em camadas crescentes de jovens, e não só, que surgia, todavia, como forma de política externa de anti-americanismo e anti-imperialismo, os estrategas de Washington - em especial os lobbies do capital financeiro especulativo onde predominam os judeus - com a cumplicidade dos dirigentes da União Europeia, foram apoiando certos sectores, organizados em partidos e em organizações não governamentais, sem programas definidos, mas alicerçados num movimento de "afastamento" dos "velhos déspostas" para fazer com que algo mudasse para que tudo pudesse continuar na mesma.

E tudo começou na Tunísia. Como por encanto, os movimentos quase espontâneos surgiram à luz do dia, porque era preciso destapar a panela de pressão, e de uma penada, deitar pela borda fora o antigo aliado Ben Ali, mas fazendo aparecer o Exército, como intermediário, que fora forjado por Washington, para que ele viesse a controlar o poder, já que a rebelião da juventude somente tinha um programa concreto: afastar o tirano. O regime esse ficou.

8 - O mesmo sucedeu no Egipto. Corre-se com Mubarak, mas entrega-se, em golpe de Estado, o poder aos seus corifeus, todos eles obdientes a Washington.

9 - A fase seguinte era a Líbia. Também aqui havia descontamento entre a juventude, também, aqui havia um velho désposta. Foi delineada uma estratégia que teria o começo na região mais longínquia da capital, a cidade de Bengazi, (dois mil quilómetros) pouco favorável a Kadafi, e situada muito perto do Egipto, de onde seriam enviadas "missões humanitárias" egipcias formadas pelao novo regime imposto pelos militares pró-americanos, que certamente transportaram armas para os rebeldes.

O regime líbio pareceu tremer. Mas aqui os jovens não puderam contar com o Exército, cuja formação provinha das estruturas montadas pela antiga União Soviética, que, apesar dos esforços de americanos, franceses, ingleses, russos e até chineses, não se colocaram em massa contra o actual lider Kadafi. Este tem conseguido resistir.

10 - A táctica ocidental engendra agora um pretexto, procurando a ajuda de uma entidade sem legitimidade nenhuma, a Liga Árabe, que tem à frente, precisamente, um antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de MubaraK, Amr Mussa, e é manipualda essencialmente pelas monarquias do golfo.

Procuram-se pretextos para uma invasão. Que até será fácil.

Mas como se mantem no terreno um exército invasor colonial, que os líbios certamente irão menosprezar e combater? Além do mais quem dará o grosso das tropas para realizar uma operação de tão grande nevregadura?


Os Estados Unidos tem, por um lado, o grosso dos seus Exércitos atolados no Iraque e no Afeganistão, com perdas imensas, e por outro lado, não podem abrandar a defesa das frágeis monarquias do golfo, que estão assoladas por problemas internos e na mira de Teerão.

Um dilema.

Até porque agora que alguns dos principais grupos de oposição da Líbia, entre eles, a Frente Nacional pela Salvação da Líbia (NFSL na sigla em inglês), criada em 1981, é um braço da CIA, que a organizou e financia; o outro grupo de destaque é a União Constitucional Líbia (LCU), aliada à NFSL, também financiada pela CIA e dirigida por Muhamad as-Senussi, que pretende restaurar a monarquia e assumir o trono.

11 - Finalmente, porque não se fala na imprensa ocidental nas repressões terriveis que estão a acontecer na Arábia Saudita às manifestações contra a decrépita e corrupta monarquia, que só se mantem no poder, porque é sustentada pelos Estados Unidos?
Os levantamentos no mundo árabe, se a Líbia resistir, podem levar a novos enfrentamentos em todo o Magrebe e o Médio-Oriente. Esperemos para ver.

sexta-feira, 11 de março de 2011

EUA: APESAR DE TUDO OS ASSALARIADOS MOVEM-SE




Estamos a olhar para a crise europeia e não descortinamos como vai a evolução económica e social na potência imperialista dominante. Desprezamos o facto de ver a arrogância imperial de Washington na costa africana e em especial na Líbia como estando isolado do contexto interno crítico nos Estados Unidos da América.

De facto, as contradições capitalistas estão a agudizar-se no mundo e as repartições geo-estratégicas e a colonização fiorçada de países em busca de matérias-primas não estão separadas das crises económicas e sociais que percorrem as duas principais potências económicas mundiais - EUA e a UE - que, apesar de uma aliança de ocasião, estão em concorrência ferroz.

E acima de tudo, porque estão feridas por crises profundas no seu sistema financeiro e produtivo interno.

Os EUA estão em crise interna persistente e alastrativa. Os seus principais meios de comunicação social desviam, propositadamente, o debate do que se passa no país, mas, claro não podem escamoteá-lo completamente.

O jornal por execelência do Capital finaceiro especulativo de Nova Iorque, o Wall Street Journal, que, quinta-feira, em artigo assinado por Jon Hilserath e Justin Lahart, mostram as "reais feridas" do sistema. Dizem abertamente: "a inflacção acelera" e está efectuar-se uma "lenta recuperação da economia norte-americana", que pode ser retardada ou mesmo desacelarada se os preços aumentaram, tal como estão a efectuar-se, em especial, "a alta dos alimentos e do petróleo", que afecta essencialmente o consumidor - e por tabela toda a cadeia de comércio e indústria.

Admitem, baseando-se em estatísticas, que o preços dos principais alimentos possam subir este ano entre os 2 a 2,5 por cento, o que já não acontece há uma dezena de anos, bem com o vestuário que podem subir mais de 3 por cento.

O curioso é que, lendo a grande imprensa do país, parece que tudo está parado, mas os Estados do Médio Oeste, onde ainda se nota um desemprego menor do que noutros mais industrializados estão em efervescência, principalmente porque as autoridades estaduais locais querem retirar o poder reivindicativo dos sindicatos, que representam centenas de milhares de funcionários públicos.

Ora, esta movimentação com centenas de milhares de pessoas nas ruas está, justamente ,ligada à tentativa de colocar os funcionários públicos a pagar a crise.

E tudo começou pelo Wisconsin, quando o governador republicano procurou "quebrar" a força da unidade sindical. Isto já em Janeiro.

De repente, 100 mil trabalhadores manisfestavam-se nas ruas. Fizeram-no todos os dias duranete um semana.

O que é certo é que o governador ainda não conseguiu aprovar a legislação anti-sindical.

A questão agravou-se entretanto, pois passou para outros Estado, onde os seus detentores políticos procuram pôr em marcha idêntica legislação.

No principio de Março, cerca de 10 mil pessoas manifestavam-se no Parlamento do Ohio, na cidade de Columbus.

Está em causa um projeto, com apoio do governador republicano John Kasich, que colocava fim à contratação colectiva para 42.000 trabalhadores do Estado, além de outros 19.500 trabalhadores da universidade estatal e do sistema de ensino. Também reduziria o direito à greve dos trabalhadores do Estado ao permitir que os grevistas sejam substituídos permanentemente, além de proibir o aumento automático de salários, o direito de atestado médico para professores e forçar os trabalhadores a pagar pelo menos 20% do valor do plano de saúde.

Lá como na Europa, o sistema capitalista está a querer sair do atoleiro em que se meteiu à custa de corte de regalias sociais dos trabalhadores de Estado.

Mas, claro que estas notícias não tem expressão nos jornais de Wall Street, como o New York Times ou o Washington Post ou na CNN ou FOX News.

terça-feira, 8 de março de 2011

A PROPÓSITO DA MANIFESTAÇÃO DO DIA 12








Quando em Portugal se forja o golpe de Estado do 25 de Novembro de 1975, e, especialmente, quando se aprova cerca de meio ano depois, a 2 de Abril de 1976, a primeira Constituição do novo regime, o que fica no centro da actividade política são os interesses dos assalariados, em especial toda uma estrutura política-legislativa, que alicerçava na evolução de um novo poder, o poder socialista, que, todavia, já não tinha um interlocutor de representação estatal que lhe correspondesse.


Quem dominava então já era a burguesia.


Cito, como exemplo flagrante, o preâmbulo dessa Constituição:

"A 25 de abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, coroando a longa resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista.
Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo representou uma transformação revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa.
A Revolução restituiu aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais. No exercício destes direitos e liberdades, os legítimos representantes do povo reúnem-se para elaborar uma Constituição que corresponde às aspirações do país.
A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a independência nacional, de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de estabelecer os princípios basilares da democracia, de assegurar o primado do Estado de Direito democrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno" (o sublinhado é meu).




Neste período, é lançado para o leme do aparelho de Estado, o Partido Socialista, que tendo então um programa de cariz marxista, com o slogan de socialismo, inicia um processo de retrocesso para servir os interesses da burguesia, na qual já se revia e incluia, o que exigia a revisão prática do que estava inscrito na Constituição de 1976.


Ora, efectuou, deste modo, o trabalho rafeiro do Capital, brandindo, no entanto, como cartilha, a Constituição socialista que ele sustentava ter delineado. (Pouco depois, com Mário Soares, primeiro-ministro) mete o "socialismo na gaveta" e já com Vitor Constâncio, secretário-geral, o PS abandonou o "marxismo" e hoje é defensor incondicional do capitalismo liberal, embora dizendo ser de *esquerda*).

Os partidos, que então no Parlamento e na sociedade portuguesas, o PCP e o PC(R)/UDP, procuravam defender o que restava do movimento popular e de cariz revoluconário conquistado em 1974/75, na prática, faziam-no no estrito limite da defesa legal da Constituição, ou seja dentro do novo regime democrático capitalista que se reformulava e institucionalizava rapidamente.

Quer o PCP, quer o PC(R)/UDP), representavam - e faziam a sua propaganda e actividade política em torno dessas consignas - a defesa de uma forma de capitalismo de Estado, que não se distinguia, na prática, (estavam ambos dentro do regime) do capitalismo liberal que reconstruia o aparelho de Estado, que o período revolucionário abrilista iniciara a sua destruição.


Defender as chamadas "conquistas de Abril" sob a instituição de uma democracia, legalizada por uma Constituição que se dizia de Abril, descaracterizada sucessivamente por revisões, que escancaravam as portas ao mais desenfreado capitalismo especulativo financeiro era um contra-senso e um desânimo para as massas populares.


Foi, pois, sob a capa dessa Constituição revista e desfigurada, que apenas se arreigava a um preâmbulo "socialista", defendida, no entanto, com unhas e dentes pelo PCP e UDP (o PC(R) desaparecera entretanto) que os representantes em ascensão da burguesia capitalista financeira prosperavam e minavam todo o aparelho de Estado.

Fora da legalidade constitucional e da defesa do regime democrático, não existia oposição revolucionária.

Progressivamente, o programa revolucionário prático de 74/75 deixou de ter qualquer razão de ser. O povo deixou de se bater, nas ruas, por ele.

Desde então, nunca mais foi colocado entre as massas populares a ideia e a prática de forjar um novo caminho de ruptura com o sistema instituido.

Pode falar-se no socialismo (e o PS, PCP e BE nele falam), mas não se apresenta uma proposta de construção do mesmo fora das baias do actual poder.

A ideia das movimentações que levaram à convocação de uma manifestação ( afinal são várias) a 12 de Março contra os efeitos brutais do capital (o desemprego, a exploração desgravada dos recibos verdes, a limitação dos salários, os ritmos de trabalho brutais) pode ser uma luz ténue que traga algo de ruptura política que pode estar na forja.


O que se essencial necessita este movimento é um programa ideológico que lance a raiz de uma nova subversão, que conduza a um amadurecimento da ideia de é necessária uma ruptura na sociedade para que haja uma reconstrução total do aparelho de Estado, com a substituição do regime capitalista.
















segunda-feira, 7 de março de 2011

LÍBIA. A NATO A ARRANJAR PRETEXTOS PARA NOVO IRAQUE





1 - O objectivo principal da movimentação anti-Kadhafi na Líbia parecia ser o descontemento popular contra a política ditatorial do coronel, que liderou uma revolução republicana em 1969, e usurpou, posteriormente, este poder, transformando a eclosão revolucionária de então em contra-revolução com laivos cada vez mais acentuados de fascização, com o apoio declarado de uma parte do mundo ocidental, especialmente europeu, que beneficiou das benesses da exploração petrolífera, em detrimento dos seus aliados norte-americanos, que procuraram sempre penetrar e desmantelar o poder líbio.

Na realidade, os meios de comunicação ocidentais - sem estarem presentes no terreno, contra todas as normas éticas do jornalismo -
fizeram questão de noticiar a existência de enormes massacres e violações constantes dos "direitos humanos" sob uma cruzada de contra-informação montada pela CIA.

2 - Havia descontentamento, é certo; havia repressão, é certo, mas também é certo que havia (e há) uma clara manipulação pró-ocidental desse descontentamento.

Inesperadamente, a cidade de Bengazi, a leste do país, não muito longe do Egipto, é alvo de movimentações populares que, aparentemente, tomam a cidade. Certos quadros militares do regime de Kadafi e certos membros da diplomacia abandonam, à última hora, o regime, rotulando-o de cobras e lagartos, como se não o conhecessem e dele fizeram parte durante dezenas de anos.

Mas, a rebeldia legítima dos explorados líbios rapidamente caiu na orientação de agentes pró-ocidentais (e acima de tudo de agentes norte-americanos integrados nas tropas egípcias, que entraram, a propósito de ajuda humanitária em Bengazi).

3 - Inesperadamente, começa a saber-se (aparentemente, pelos seus fracassos) que forças militares europeias (e não só, mas ainda não há provas concludentes) estiveram (e estão a actuar) no interior da Líbia e tiveram contactos com alguns dos "insurrectos".

Citamos dos órgãos de informação ocidentais:

"Os três militares, tripulantes de um helicóptero holandês Lynx, foram detidos durante uma operação de retirada de dois civis de Sirte, e segundo imagens da televisão líbia os soldados estão, aparentemente, em boa condição física".

Como é que um helocóptero militar holandês actua, descaradamente, numa zona considerada "rebelde"? Que estavam os "civis" a fazer entre os rebeldes? Porque havia necessidade, urgente, de os retirar, se a cidade, na versão ocidental, estava nas mãos da rebelião? Ou não estaria?.

Outra notícia, esta dos órgãos de informação ingleses:

"Sete militares da força de elite SAS e um agente secreto britânico aterraram sexta feira no deserto a sudoeste de Bengasi, alegadamente para entrarem em contacto com os rebeldes líbios. Simplesmente, os rebeldes não sabiam de nada, ouviram o helicóptero que trazia os intrusos e detiveram-nos para interrogatório. No domingo voltaram a libertá-los, mas o estrago político já não podia ser disfarçado".

Estiveram com os "rebeldes" à sua revelia? E eles libertaram-nos? Algo está mal contado.

4 - A notícia seguinte, também, provem de fonte ocidental, precisamente, da Reuters e o relato é do seu editor de assuntos intrenacionais, que, por acaso, também se encontra numa zona considerada como libertada pela rebelião.

"Forças leais ao líder líbio Muamar Khadafi estão nesta segunda-feira avançando em território dominado por rebeldes, realizando ataques aéreos e terrestres em áreas a leste da capital, Trípoli.

"A cidade de Bin Jawad foi tomada pelas tropas do governo, o que forçou o recuo dos rebeldes para Ras Lanuf, a cerca de 50 km a leste.

Ras Lanuf, que havia sido tomada pelos rebeldes na noite de sexta-feira, sofreu bombardeios aéreos. Há relatos de que o ataque produziu vítimas, inclusive fatais.

“A escala dos confrontos em Ras Lanuf pode ser pequena, mas têm grande importância para o futuro da Líbia e, possivelmente, para o restante do Oriente Médio”, disse o editor de assuntos internacional da BBC, John Simpson, que está em Ras Lanuf.

Aqui, está o busilis da questão: houve, a par de um protesto popular, fomentado ou não, mas enquadrado pelos ocidentais, uma intervenção directa na Líbia, e agora que parece que o movimento popular perdeu força e há, pelo menos, alguma inversão da relação de forças, começam a surgir as notícias verdadeiras:

A NATO JÁ TEM UM PLANO PARA INTERVIR NA LíBIA. JÁ ORGANIZADO HÁ MUITO TEMPO.




PORQUE JÁ ESTÁ PREPARADO E AGORA QUER LEGALIZA-LO ATRAVÉS DE UMA INTERVENÇÃO ARMADA, SOB A ÉGIDE DA ONU.




TUDO ISTO CHEIRA A IRAQUE EM FORMATO MAIS SOFISTICADO.

Reparemos na notícia de origem ocidental.

"Dois navios de guerra norte-americanos aproximam-se da costa líbia, um novo indício da pressão exercida pelos EUA para afastar o coronel Khadafi, apesar de Washington afastar de momento uma intervenção militar.

"O USS Kearsarge e o USS Ponce já entraram no Canal do Suez, provenientes do Mar Vermelho, segundo avança a Reuters.

«Estamos a deslocar elementos para os aproximar da Líbia», disse uma fonte da defesa norte-americana à AFP.

Entretanto, o Senado norte-americano aprovou na terça-feira uma resolução simbólica em que condena a repressão na Líbia e pede à comunidade internacional para considerar a instauração de uma zona de exclusão aérea sobre este país. .

Notícias mais frescas das centrais de contra-informação ocidentais:

"A NATO aumentou a pressão internacional sobre o ditador líbio, Muammar Kadhafi. O secretário-geral da Aliança, Anders Fogh Rasmussen, exigiu uma transição rumo à democracia e advertiu que pode haver reacção militar se Kadhafi continuar a usar a força para conter a revolta popular.
«Se Kadhafi e as suas forças militares continuarem a atacar sistematicamente a população, não posso imaginar que a comunidade internacional fique a olhar», disse Rasmussen, acrescentando: «Muita gente pelo mundo se verá tentada a dizer: façamos algo para deter este massacre».

Rasmussen ressaltou, contudo, que a aliança não tem prevista nenhuma acção militar e só agirá se for solicitada e contar com um mandato apropriado da ONU (Organização das Nações Unidas).

«A NATO não tem intenção de intervir, mas como organização de segurança a nossa obrigação é fazer um planeamento prudente para qualquer eventualidade», explicou Rasmussen numa conferência de imprensa.

Outra opção é aplicar uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, ideia que alguns países tentam levar adiante para impedir que a Força Aérea leal a Kadhafi bombardeie a população.

Rasmussen afirmou que essa acção requer um «amplo leque de recursos militares» e lembrou que a resolução sobre a Líbia aprovada por enquanto pelo Conselho de Segurança da ONU não prevê o uso da força.

Mais cedo, o Ministério de Relações Exteriores francês afirmou que a Liga Árabe é favorável à criação da zona de exclusão aérea na Líbia. O apoio da Liga, sempre muito resistente a qualquer tipo de intervenção, pode acabar com as reservas de alguns dos países membros do Conselho na hora de adoptar a medida.

5 - Com que direito se arroga a NATO, uma estrutura que nunca foi refrenrendada em qualquer país, incluindo Portugal, onde surgiu sob a batuta da ditadura salazarista, de se imiscuir nos assuntos de outros países, situação esta que já provocou, EM PASSADO RECENTE, verdadeiras carnificinas e crimes de guerra.

Teremos nós, cidadãos, o direito de considerar a NATO uma organização terrorista e criminosa? Eu penso que sim. Se outros houver, então, também teremos o dever de intervir contra ela.

Porque estão caladas as forças políticas anti-NATO?

terça-feira, 1 de março de 2011

LÍBIA: O IMPERIALISMO PREPARA UM NOVO IRAQUE




1 - Existe um envolvimento crescente dos Estados Unidos da América e de Israel - e por cumplicidades, cobardias e fraquezas evidentes das eleites diorigentes dos países europeus - nas recentes movimentações ocorridas em alguns países do Magrebe.

Além da movimentação popular, o que está a ocorrer na Líbia traz a mão evidente dos serviços secretos norte-americanos na evolução dos acontecimentos.

Os actos de rebelião realizados pelos jovens desempregados em todos os países, onde se deram mudanças de governos - Tunísia e Egipto, aqueles ficaram sempre refens do Exército, que é uma instituição criada pelas ditaduras militares então existentes, montada e corrompida pelos norte-americanos.

2 - Ora, na Líbia, as revoltas que se deram não tiveram a repercussão esperada, porque a estrutura policial-militar não estava estribada na ossatura do aparelho imperial de Washigton. Os rebeldes estão a lutar sem um programa, e não conseguiram um interlocutor momentâneo para lhe entregar o poder.

O curioso é que o centro da contestação na Líbia se radica, até agora, principalmente, em Bengazi, uma cidade distante dois mil quilómetros da capital, sem a pujança económica daquela, e situada muito próximo do Egipto, cuja liderança militar, a propósito de auxílio à população, tem entrado na região, estabelecendo um comité militar, praticamente desconhecido.

3 - Para completar a mistificação, os Estados Unidos da América, que não têm um domínio da produção petrolífera no país - Khadafi jogou até agora com a diversificação dos centros de produção por vários países - ameaça com a intervenção militar, levando vários navios para junto da costa libia, tal como o fez há cerca de 15 anos, o então Presidente norte-americano Bill Clinton.

Está em jogo mais uma intervenção brutal do imperialismo norte-americano e dos lacaios europeus, com a subserviente Rússia, nos assuntos internos de um país.

4 - É mais um crime contra a humanidade e os povos que os EUA estão a montar, usando com o pretexto estafado da defesa dos direitos humanos (o que não fez no Egipto, nem em Israel).

5 - O curioso é que aqueles que se reclamam de esquerda estão calados, por cobardia, por não denunciarem uma situação - intervenção nos assuntos internos de um país - porque esse país é governado por um ditador. Uma questão é a governação interna do país; outra é a intervenção externa. Tem de se decidir.

Deixemo-nos de hipocrisias. Quem tem de derrubar esse ditador são os revoltosos internos da Líbia e não os imperialistas que somente pretendem controlar as riquezas do país.