segunda-feira, 30 de maio de 2011

SAÍDA DO EURO: REIVINDICAÇÃO COMUNISTA?






1 - O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou, no passado dia 30, que a saída de Portugal do euro não deve ser tabu e que, dependendo das conclusões de um amplo debate nacional sobre o assunto, é preciso criar condições para o povo pronunciar-se.

À porta das oficinas municipais, em Santiago do Cacém, Jerónimo de Sousa defendeu que "é preciso uma grande debate nacional, sem conclusões de forma apressada e antecipada". "Mas é sim ou não", sublinhou, inclinado claramente para a primeira opção. O candidato da CDU falava a propósito de uma entrevista ao Público em que defendeu que "mais cedo ou mais tarde" Portugal terá de sair da moeda única europeia.

Claro que o secretário-geral do PCP pode e deve ter as opiniões que quiser. Todavia, afirmando-se comunista, não pode sustentar posições desta natureza, pois representam, justamente, incompreensão histórica da realidade europeia, por um lado, e manifesto desatino e desconhecimento do que significa para as classes laboriosas europeias (e mundiais) a existência de uma Europa Unida politicamente e o avanço que tal pode significar para a própria emancipação das mesmas.

2 - A tendência para a unidade europeia não é uma realidade dos últimos cinquenta anos do século passado, é uma perspectiva que começou a desenhar-se com clareza na Idade Média, quando a burguesia nascente revolucionária forçou e levou à criação dos grandes Estados nacionais, e pelo desenvolvimento económico e social que então impulsionou estraçalhou as particularidades feudais da nobreza e levando, ao mesmo tempo, ao aparecimento do proletariado industrial moderno da altuar. Foi essa luta que destruiu o poder estrangulador do feudalismo.

Ora, esta evolução - que obrigou, economicamente, a ultrapassar, primeiro, a fase do artesanato para a manufactura, e, mais tarde, para a grande indústria, e que, de uma maneira, mais radical, ou mais suave e prolongada, vieram a constituir os então grandes Estados burgueses, como a França, o Reino Unido, Espanha, a própria Alemanha e mesmo a Itália.

Ora, este incremento foi realizado debaixo de uma revolução burguesa com as especificidades de cada espaço territorial.



Mas, esta realidade trouxe, também, o proletariado e foi, posteriormente, sob a influência dele ou sob a sua pressão, que se deram as primeiras grandes revolucões ainda no século XIX, a mais importante das quais foi a Comuna de Paris.

Esta revolução foi a primeira, que, pela sua constituição, tentou ser multinacional, na origem, mas essencialmente europeia.



O reflexo que teve no Mundo, mas em especial na Europa, estava centrada na existência de uma realidade, que era, acima de tudo, europeia, que era a I Internacional.

3 - O avanço para a União Europeia, a partir da formação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (abreviada pelas iniciais CECA), criada em 1951, é uma conjugação histórica, naturalmente conduzida pela burguesia, mas forçada pelas lutas operárias e populares, que surgiram depois de 1945, onde se incluiam os exércitos guerrilheiros em França, Itália e, noutra expressão, no levantamento da Alemanha no pós guerra, para que a Europa buscasse uma unidade e evitasse guerras de expressão mundial no futuro.


E, acima de tudo, a visão conjugada dessa burguesia e das classes trabalhadoras europeias, que de havia a necessidade de incrementar uma actividade económica (e naturalmente política) que viesse a levar a um distanciamento, por um lado da tutela norte-americana, por outro, de um modelo já esclerosado de capitalismo de Estado que se instalou na União Soviética, no retrocesso da Revolução de Outubro.


Mas, sempre, na evolução da CECA para a Comunidade Económica Europeia, nos calcanhares do incremento económico impulsionado pela burguesia estiveram as movimentações operárias e populares, que se mostraram, por vezes, transversais a vários países, com reivindicações semelhantes, e levaram a que aquele aceitasse as medidas práticas do "Estado Social" que a "rua" solicitava.


E, não haja dúvida, que o desenvolvimento económico e social que, desde 1951, a Europa trouxe e levou à sua unidade e congregação, esteve na origem do incremento produtivo, na evolução social, na acumulação de riqueza, que nos anos 90, a colocaram com a "principal potência económica" do Mundo, e se tornou modelo organizativo para outros partes do Mundo,


Para os Estados Unidos, principalmente, a superpotência militar que restou do esfrangalhamento da União Soviética, a Unidade Europeia, tornou-se a potência económica concorrencial que teria de ser travada.


A UE tem contra si um terrível "obstáculo" nesta guerra: é a inexistência de "uma força económica" que se chama Exército único para se opor, organizadamente, aos ataques sistémicos da potência concorrente militar, decadente em produção nacional e em riqueza interna produzida.


E tal facto terá de ser ponderado e, certamente, produzirá compromissos que podem levar a algum descontrolo.


Mas, também, é nesta União Europeia, que estão em curso as lutas laboriosas e populares, com reivindicaçoes mais avançadas.


Necessitam também elas de um programa unitário, e não de frases feitas "nacionalistas" como a "saída do euro". Nem a própria burguesia defende tal posição neste momento, pois ela sabe que desunida, deixará de ter preponderância.


Os representantes políticos de uma evolução para uma nova formação societária na Europa devem meditar e levar os seus programas de combate para toda a União Europeia.


A burguesia da UE, tal como a do resto do mundo capitalista, está hoje numa dilema: ela sabe que, do ponto de vista social, está a ficar para trás; com as suas próprias crises permanentes está a tornar-se um entrave ao próprio desenvolvimento social; e também sabe que novas formas de luta das jovens classes trabalhadoras, quando unificadas e com um perspectiva comum de poder novo, pode levá-la a ter de enfrentar, num espaço talvez de alguns anos, a uma revolução.


Ora a UE é o local privilegiado para essa experiência.






quarta-feira, 25 de maio de 2011

ELEIÇÕES EM ESPANHA. UMA NOVA EUROPA EM GESTAÇÃO






1 - Realizaram-se no último domingo, eleições regionais e autárquicas em Espanha. Com resultados - a grande imprensa espanhola (centralista de Madrid) e a a sua congénere europeia e americana apresentou tal como facto de um lado exclusivamente estatístico - mostrados (no conjunto) favoráveis ao Partido Popular, (PP), o partido sucessor dos franquistas que se "democratizaram" face à evolução do capitalismo internacional.



2 - Tudo o que sucedeu em Espanha desde 1975 - o espaço histórico anterior necessita de um outro estudo, e, neste caso inscrito num texto telegráfico de um blog terá de ser feito numa outra perspectiva - pode inscrever-se com uma nota solta: foi o passo seguinte da derrota de uma revolução desde os anos 30, da inexistência de um programa revolucionário no país.


(Na realidade, a ascensão ao poder político, em 1975, do actual rei Juan Carlos somente foi possível, porque tiveram o asentimento directo e cúmplice dos partidos PSOE - sociais-democratas-, de Felipe Gonzalez e PCE -apelidado de comunista-, de Santiago Carrillo).


3 - Naturalmente, tal como na restante Europa, desde os anos 20 do século XX, o que temos de analisar, com a lupa do estudo da economia política e da visão materialista da História, é o que permitiu esse período contra-revolucionário constante não só na Península Ibérica, mas igualmente em toda a Europa mais desenvolvida, incluindo a França e a Alemanha.


Foi a revolução que se desmoronou? Ou o que está em causa, principalmente, é o estraçalhamento de resquícios pré-revolucionários (que foram tomados como revoluções) que estavam ligados a dejectos - melhor dizendo a empecilhos que entravam - capitalistas que impedem e impediram a visão mais avançada de uma nova sociedade virada para a ruptura com o capitalismo, que ainda era inicipiente em muitos desses países, incluindo Portugal, que ofuscam (e ofuscavam) a possivel viragem revolucionária sobre os escombros de um capitalismo decadente?


Sem se analisar, com clareza, toda esta movimentação que tem já quaee um século, não poderemos verificar - e assim o penso - o que de nova experiência nos surgiu aos olhos de agora com a crise financeira, económico e política do capitalismo surgida em 2008.


Não temos, portanto, um partido revolucionário que nos oriente nesta fase que está em crescimento. Tudo o que está em movimento, está à espera dessa madureza da política revolucionária que ainda não chegou. Não vai parar.


Eu, pecador, me confesso.


4 - Centremo-nos, agora, nas eleições recentes de Espanha.


O PP ganhou a nível nacional. Cilindrou o PSOE, cujo programa político em nada se diferencia daquele. Certo.


Mas os resultados têm de ser estudados, com mais minúcia. Um deles, e esta é a questão que me interessa agora, é que a questão nacional continua latente em Espanha e na Europa.


Tanto no País Basco, como na Catalunha, os chamados partidos do "poder" não venceram. Aquelas duas regiões são das mais produtivas e ricas de Espanha.


Ora, no País Basco, um grupo, perseguido até à última hora, pelo "centralismo" PSOE/PP de Madrid foi o que mais se destacou na votação. Com um programa que aponta para uma separação da Espanha tal como a conhecemos. Trata-se do Bildu, que, em termos políticos, preconiza, tal como a ETA, a cessão da Nação do resto de Espanha.



Na Catalunha, quem ganhou ao PSOE instalado não foi o PP, mas um grupo chamado Convergência e União (CiU), que embora, tido como conservador, deseja uma independência de Madrid. E assumiu-a.


Esta realidade vai repercutir-se na Europa, possivelmente, em breve, na Bélgica, mas também nos Reino Unidos já no próximo ano, e em eleições próximas em Itália.


Um assunto interessante a seguir.






terça-feira, 24 de maio de 2011

PORTUGAL/ELEÇÕES: QUE PODER?

São milhares pela Europa, querem mudanças, mas onde estão os programas?




1 - De repente, a nossa responsável democracia portuguesa ficou em pulgas e desatou a efectuar sondagens diárias sobre as próximas eleições legislativas de 5 de Junho.

Gastar tanto dinheiro por umas meras sondagens? É uma questão que nos deve colocar de pé atrás. Tem de haver algo em jogo. Porque essas respeitáveis empresas de sondagens não brincam em serviço. Querem dinheiro. Quem lhos dá? Os nossos azougados capitalistas que dominam os grandes meios de comunicação social.

Ora, aqui está o busilis da questão. O que as primeiras sondagens sustentavam era que os principais partidos que se prontificaram a cumprir o acordo do FMI/BCE não conseguiam captar mais votos, nem havia uma diferença apreciável entre os diversos apositores da assinatura do acordo: PS e PSD. Ainda por cima, afirmando que não fariam governo um com o outro.

Então, o que é necessário fazer: propaganda diária sob a forma de sondagem, para "distrair" a populaça, levando-a a admitir que é possivel uma diferenciação.

Neste matraquear de sondagens, os partidos do roubo do FMI/BCE são considerados como os prováveis representantes do futuro governo que cumpra as regras vindas do capitalismo financeiro judeu de Nova Iorque. Os outros são apresentados como residuais.

Isto vai ser divulgado, permanentemente, até ao dia das eleições.

O povo votante ficará comprometido com este estado de coisas. Se for atrás desta campanha. Ele também será responsabilizado.

2 - O que atrás foi dito é uma coisa. Ainda por cima evidente. Os grandes meios de comunicação social estão a fazer o jogo do poder dominante. Os jornalistas também serão responsabilizados.

A outra questão.

Porque não se manifesta uma viragem no possível eleitor para a esquerda. Eu não gosto do termo, porque não é correcto. Há partidos que preconizam um regime, outros outros.

Actualmente, deve chegar-se ao busilis da questão: Que partidos defendem uma ruptura com o actual regime político instalado? Eu penso que nenhum.

É por isso que é difícil perceber o que preconizam o PS, PCP e Bloco de Esquerda nesse sentido.


Que diferencia estes três partidos face ao "Estado" actual? Absolutamente nada. Defender mais ou menos democracia, é apenas um acto de retórica. É enganar os eleitores. Porque esta República democrática - mais ou menos - é, justamente, a forma de poder corrupto burguês que nos governa. Foi, sob a sua supremacia, que se montou a monstruosidade actual do seu Estado.

E não é um problema exclusivo de Portugal - é de toda a Europa, dos EUA, da China, da Rúsia e do Brasil.



O essencial no programa de um partido anticapitalista, face à crise que se avoluma, é divulgar um programa de ruptura com essa democracia formal.

Naturalmente, não temos ideias que nos indiquem desde já - e embaladas perfeitamente - quais serão as funções novas dessa ruptura.


Terá de ser realizado quando o poder pender para o lado do anticapitalismo. Mas devemos anunciar, todavia, desde já, e sem rodeios, que queremos uma transformação revolucionária, anticapitalista, da sociedade. Não só portuguesa, mas também europeia, que é o espaço político onde estamos inseridos.

Ora, esta é, para mim, o essencial de facto no debate de ideias sobre ao programa do FMI/BCE. E é essa falta, que não produz uma diferenciação entre os partidos que se colocam à esquerda do PS.

Um anticapitalista não se revê na actual forma de regime parlamentar. Quer um programa que dê uma concepção a essa ruptura societária.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

TPI: O TRIBUNAL DOS GRANDES CONTRA OS PEQUENOS



















Quem bombardeia indiscriminadamente os povos do Médio-Oriente? a foto da esquerda é em Israel, a da direita é um bombardeamento feito pela ...NATO na Líbia.





O procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), um magistrado espanhol chamado Luis Moreno Ocampo, anunciou, na segunda-feira, ter pedido aos seus comparsas uma ordem de prisão "por crimes contra a humanidade" contra o lider líbio Muamar Kadhafi, seu filho, Seif al Islam, e o líder dos serviços de inteligência líbios, Abdallah Al Senusi.

"Com base nas provas recolhidas, o gabinete do procurador pediu à Câmara Preliminar Nº1 que entregue ordens de prisão contra Muamar Kadhafi, Seif al Islam e Abdallah Al Sanusi", declarou Moreno Ocampo durante entrevista coletiva em Haia, onde fica a sede do TPI.

"Acreditamos que são os maiores responsáveis" pela atual situação de conflito na Líbia, três meses depois da explosão de uma revolta contra o regime de Kadhafi, disse o procurador, acrescentando que as autoridades líbias terão a "obrigação" de executar as ordens de prisão.

A decisão deste senhorito do regime judicial dominante indicado pelo regime de Madrid para aquelas funções ocorreu, precisamente, no mesmo dia, em que o regime pró-nazi de Israel matou e feriu, fria e calculadamente, 170 pessoas, em várias fronteiras ao mesmo tempo - logo, do ponto de vista militar, é uma operação concertada e planeada - do Estado de Israel, implantado à força em 1948 pelas principais potências ganhadoras da II Grande Guerra (EUA, URSS, Reino Unido e França) num território que era ocupado por milhares de palestinianos, e que, dali, foram escorraçados à força e com violência inaudita.


A decisão ocorreu, precisamente também, dias depois de os EUA assassinarem, friamente, no Paquistão, depois de o terem capturado vivo, um indivíduo árabe chamado Osama Bin Laden, ligado ao clã familiar reinante na Arábia Saudita, seu antigo agente secreto, líder de uma obscura organização chamada Al-Qaeda, e, acusado, sem ter sido provado em Tribunal, mesmo em território norte-americano, de "actos contra a humanidade". Operação esta que - segundo os paquistaneses, embora qualquer pessoa de bom-senso desconfie - foi feita em violação grosseira das fronteiras daquele país.


Mas este acto do juiz espanhol sucede também depois de durante mais de 10 anos, os EUA assassinarem, deliberada e em nome dos seus "interesses estratégicos nacionais" (a que Hitler apelidava de "espaço vital" germânico), dezenas de milhares de activistas e civis em guerras prolongadas - que somente o são porque estão ocupadas ilegalmente pelos senhores de Washington) do Afeganistão e Iraque, acções estas assassinas, perfeitamente documentadas e testadas, pela própria ONU.

A justiça do TPI é a justiça do poder dominante contra os dominados, mesmo aqueles que eles denominam de ditadores - mas qual é a diferença entre o ditador Kadafhi e o ditador Obama (foi eleito, mas é ditador, porque age ditando a sua força das armas contra a legalidade internacional, logo age como um senhor feudal vulgar dos tempos modernos. Não deixa, portanto de o ser!!!).


Até quando?


Poderemos colocar a questão: se estamos a ser espenhizados, porque não nos revoltamos?










domingo, 8 de maio de 2011

A MORTE DE BIN LADEN: UMA ÓPERA BUFA

Os mentores imperiais de assassisnatos políticos a sangue-frio









1 - Os EUA estão a transformar numa "ópera bufa" a história em torno da morte do seu antigo agente secreto norte-americano Osama Bin Laden, pretendendo fazer crer que conseguiram efectuar uma operação de grande eficácia no interior do Paquistão, sem o conhecimento das autoridades daquele país, através de um ultra-sofisticado golpe de mão, com três helicópteros, que teriam voado, possivelmente milhares de quilómetros de outro país, sem serem referenciados e reabastecidos.


É, realmente, uma estória de carochinha para "crentes" na liberdade, na democracia e na legitimidade, principalmente os grandes jornalistas portugueses ocidentais actuais e os anafados dirigentes políticos desse mesmo "mundo".


2 - Além da estória de encantar - convem salientar que o governo dos EUA não é fonte credível em matéria informativa. É apenas uma fonte -, pelo relato do executivo de Obama este executou, em primeiro lugar, um assassinato político mesmo face ao "sua" lei judicial internacional, em segundo, fê-lo, violando, grosseiramente, a soberania de um país, mesmo que para o efeito tivesse a cobertura dos seus dirigentes políticos.


3 - Na realidade, os EUA reivindicaram a morte de um homem que nada sabemos sobre se as acusações que as autoridades de Washington lançaram tivessem comprovação oficial e provadamente em Tribunal.


O que sabemos, oficialmente, porque Washington confirmou-o é que Osama Bin Laden foi seu agente secreto em missões no Afeganistão contra a então ocupação das tropas da ex-URSS, que o armou, ensinou e controlou.


A partir daí, até agora, não há provas levadas a julgamento e confrontadas por fonte judiciais independentes que garantam que a estrutura chamada Al Qaeda, pretensamente liderada por Bin Laden, tivesse efectuada a destruição das Torres Gêmes em Nova Iorque, um ataque ao Pentâgono e o despenhamento de um avião na Pensilvânia em Setembro de 2001.


Acção essa foi o pretexto para a aceleração da militarização mundial e para a efectivação de todos os crimes contra a humanidade, que têm sido perpretados pelos EUA, um pouco por todo o mundo, desde o Afeganistão ao Iraque, passando pela Líbia e, muito provavelmente, na Síria, enfim um pouco por todo o mundo onde estejam em causa "os interesse nacionais estratégicos" da oligarquia democrata-republicana que domina a economia e a política dos EUA desde o século XIX. Repito século XIX.


(Convem igualmente referir que - e os dados proveem dos economistas norte-americanos - que a chamada campanha contra o terrorismo internacional já custou só aos EUA, nestes 10 anos, mais de 1,4 biliões de dólares, que têm sido gastos essencialmente com grandes empresas privadas de armamento e de segurança, bem como na institucionalização de uma monumental rede policial ultra-sofisticada e ultra-secreta não só no interior do país, mas em todo o mundo que se submete à sua vassalagem, incluindo Portugal).


4 - Concentremo-nos já agora em detalhes, que nos ajudam a duvidar de tudo o que o governo de Obama contou a propósito desta morte de Bin Laden. Oficialmente, a operação teria ocorrido a 1 de Maio passado.


Na primeira versão anunciada pelo executivo de Washington, Osama Bin Laden havia sido morto após um tiroteio contra de um grupo especial de nome "Seals" da Marinha dos Estados Unidos, e que o árabe teria usado um das suas esposas como escudo humano.


Na segunda versão, 24 horas após a primeira, o governo relatou que Bin Laden não estava armado e que a sua mulher não fora usada como escudo, mas investira contra os homens que atacavam o seu marido e fora ferida na perna.


Surge então uma terceira versão desse mesmo governo, agora formulada 72 horas após a ação.


Desta vez, o que foi transmitido à imprensa é que não existiu um violento tiroteio durante a invasão, e apenas foram disparados alguns tiros por um subordinado de Bin Laden no início da operação que durou 40 minutos, e que o sujeito foi eliminado, com toda a rapidez e limpeza pelas tropas de elite.


Sobre o destino de Laden, há duas versões: uma que o enterraram com a "dignidade" das tradições islâmicas e outra que o lançaram ao mar. Mas poderá colocar-se uma terceira. Estará vivo?

Surgem, entretanto, outras versões do lado paquistanês, e dos seus serviços secretos, que não brincam em serviço, e que teriam ficado com, pelo menos uma das mulher de Laden e os filhos. Essa mulher relatou aos seus captores (ou guardadores...) que o líder da Al Qaeda foi capturado vivo, desarmado e levado pelos soldados norte-americanos e executado, mais tarde, friamente. Possivelmente, após interrogatório.


Os senhores de Washington não desmentiram esta versão. Segundo Obama, a cara ficou desfigurada, mas porquê? Apenas pelo tiro ou algo mais? Há provas de alguma coisa?


5 - A morte de Bin Laden surge, por um lado, no meio de uma crise económica, orçamental e financeira de tais proporções nos Estados Unidos da América, e por outro, no aprofundamento de uma crise social e política não só no centro do mundo capitalista mais avançado - EUA e União Europeia, mas também na periferia desses dois pólos - norte de África e Médio-Oriente e América Latina e Ásia.


Ainda no interior dos EUA, aproxima-se uma campanha presidencial, e o Presidente, que foi impulsionado pelo capital norte-americano, e escolhido com pompa pelo lobby judaico dominante, para a Casa Branca em 2008, estava numa fase de declínio político acentuado. Tudo indica que o mesmo capital financeiro deseja catapultar o democrata Obama novamente para ficar à frente dos destinos executivos de Washington.


Além do mais, os decisores de Washinton têm de resolver um problema que os está a minar: a crescente militarização do seu país. A dispersão dos seus exércitos, em conflitos prolongados, está a tornar-se no sorvedouro de dinheiro, sorvedouro este que tem contribuido, fortemente, para o seu declínio produtivo, económico e financeiro.


Naturalmente, esta morte pode servir de argumento para justificar uma retirada menos "desonrosa", mas que não vai ser possível, pois os seus concorrentes, quer a nível mundial, a União Europeia, Rússia, China e Brasil, quer nas regiões ocupadas, não vão querer que Washington saia de um atoleiro, que debilita crescentemente os EUA, indo eles ocupar o seu lugar.


Os próximos irão dar-nos, certamente, mais pistas para clarificar o que realmente sucedeu com Bin Laden.





quinta-feira, 5 de maio de 2011

PORTUGAL/ACORDO COM FMI: A CONFISSÃO, AGORA GOVERNARÃO OS BANQUEIROS




























Eles estão a governar e a negociar em nome dos banqueiros





1 - Aqui está o segredo de polichinelo da chamada ajuda do FMI a Portugal.

Eis a confissão do ladrão na hora da explicação. De uma franqueza atroz.

Poul Thomsen, o chefe do grupo do FMI, que esteve a negociar com o Governo e os partidos cúmplices, o PSD e CDS/PP, foi claro. Retira-se das declarações a dois jornais do sistema - o Expresso e o Económico. Cita-se:

"
O FMI participará com um terço do pacote global de 78 mil milhões de euros, sendo o restante da responsabilidade da União Europeia. Cerca de dois terços do bolo serão canalizados para Portugal nos primeiros doze meses do programa, ou seja, até junho de 2012.

O facto de o financiamento estar concentrado já nos próximos 12 meses tem a ver com as verbas destinadas a apoiar o sector financeiro (garantias e recapitalização) e com a amortização de dívidas do sector público aos bancos
".

Com esta declaração, cristalina, sem qualquer floreado, pudemos ver que dominou, ao longo de todo este tempo, os governos portugueses neste últimos 25 anos: os magnatas financeiros. Os políticos da estirpe de Mário Soares, Mota Pinto, Sá Carneiro, Cavaco Silva, António Guterres ou José Sócratres eram os representantes políticos directos do capital financeiro que governou e continua a governar o país.

Aqueles encimavam os governos, mas quem ditava realmente o poder real era (e é) a oligarquia financeira que nos suga os nossos tostões e interesses. Os homens que ocupavam ministérios provinham ou eram indicados por aqueles detentores do Capital.

Não fica pois qualquer dúvida de que o aumento da dívida pública apenas interessou e interessa a esses magnatas financeiros especuladores. Eles "obrigaram" o Estado - os seus representantes nele - a transformarem a dívida privada em dívida pública. Forçaram a negociação e agora querem colher o resgaste.

Repare-se no apetite insasiável de quem já quer abocanhar ainda mais os resultados do empréstimo agora acordado.

Vejamos alguns extractos da entrevista que o homem forte das negociações bancárias, ele próprio banqueiro (foi Presidente da Caixa Geral de Depósitos, entre outros tachos) e antigo Presidente da Associação Portuguesa de Bancos ao jornal Público: "se o Estado quer apoiar a actividade exportadora, isso só faz através dos bancos. Assim, devia haver uma política de recompra da divida pública *para libertar o potencial de concessão de crédito às actividades produtivas*.

Ou seja, o Estado deve agora, além de refinanciar os bancos, "recomprar" a dívida pública que era a dívida privada daqueles. Temos, pois, que o Estado deve continuar a servir a política de especulação dos desclassificados banqueiros portugueses...



E, os seus lucros continuarão a aumentar à custa dos impostos, dos cortes salariais, dos cortes nas prestações sociais dos assalariados portugueses!!!

2 - Outra confissão que nos faz arrepiar os cabelos. O governo do PS e os cúmplices que assinaram o acordo, PSD e CDS/PP, fizeram-no sem estabelecer, precisamente, os juros.

Segundo o homem do FMI, Poul Thomsen, - versão do Económico - a taxa de juro que será cobrada vai variar consoante as condições de mercado.

Incrível, mas é verdade, eles os banqueiros internacionais (eles é que são o mercado) é que imporão essa taxa.


Mas, para amenizar, admitiram que podem ser tomados os valores de "3,25% nos empréstimos com maturidades entre três e quatro anos e de 4,25% para os empréstimos com maturidades mais longas".


Ou seja, será à tripa forra, o que pressupõe que dentro de pouco tempo possa estar em causa um novo empréstimo.



3 - Poderá haver desenvolvimento produtivo nacional com esta submissão, sem condições, à especulação financeira mais desclassificada?


A burguesia industrial portuguesa, que poderia, em certas condições, impulsionar algum incremento produtivo está completamente dependente do Capital financeiro.


Além do mais é uma burguesia incompetente e praticamente subdesenvolvida, e é, acima de tudo, a mais rasteira e conservadora de, praticamente, toda a União Europeia.


Nem tungiu, nem mugiu contra este acordo que a vai amordaçar ainda mais. Somente espera colher algumas migalhas dos restos que os especuladores vão deixar filtrar.

Só resta esperar pelas classes laboriosas, que sentido o espezinhamento e perante o aprofundamento da crise, possam dar alento a um conteúdo revolucionário de ruptura com este estado de coisas. É tempo de apanhar os bois pelos cornos.