quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

A CRISE UCRANIANA VISA DESTROÇAR A UNIÃO EUROPEIA

1 – Os que me lêem lembram-se, ainda, da queda, há cinco meses, de um avião malaio – um Boieng 777 da empresa Malausia Airlines – com cerca de 300 pessoas a bordo no leste da Ucrânia?

Se se lembrarem, talvez possam recordar o alarido que os Estados Unidos fizeram, então, apontando, de imediato, “como confirmação”, sem qualquer contestação, que o avião fora abatido por um míssil terra-ar, e, inicialmente, culpabilizaram, taxativamente, a Rússia de ser a responsável pelo abate premeditado.

O coro estendeu-se desde o regime pró-fascista, que se tinha institucionalizado na Ucrânia, depois do afastamento, por métodos golpistas, do anterior Presidente do país o oligarca Viktor Yanukovich, que se refugiou na Rússia, até à democrática Inglaterra e à republicana França, com o berreiro serviçal rastejante do Canadá e Austrália.

Curiosamente, quer a Ucrânia, quer os Estados Unidos, silenciaram-se, repentinamente, a partir do momento que a propaganda organizada em torno do abate do avião por parte de mísseis terra-ar russos, começou a ser posta em causa, particularmente, por especialistas exteriores àqueles dois países, e mesmo no interior dos serviços secretos norte-americanos.

Principalmente, os Estados Unidos nunca puseram à disposição das autoridades de investigação independentes as fotografias de satélite que efectuaram no local, no momento do abate.

Até hoje não se conhece um relatório factual, pormenorizado, do sucedido rubricado pelas instâncias que deveriam fazê-lo, nomeadamente, as autoridades holandesas e malaias e o Instituto Internacional da Aviação Civil, quiçá, mesmo a ONU, cujo secretário-geral, na altura, muito se pronunciou sobre o assunto.

Recorde-se que o avião foi autorizado pelos serviços aeroportuários da Ucrânia a seguir uma rota perigosa, a cerca de 10 mil metros de altitude, pois atravessava um espaço aéreo na região oriental de Donetsk, perto da cidade de Shaktarsk, região esta onde se confrontavam, abertamente, tropas ucranianas e milicianos que defendem a federalização do país, e são de língua e origens russas.

A parte ucraniana utilizava aviões de combate e o seu Exército estava na posse de BUK 1, que operavam na zona,  programado, aliás, para interceptar mísseis de cruzeiro, bombas inteligentes e aeronaves, que voam a grande altitude, mas que exigem, em operacionalidade, um equipamento complexo, facilmente referenciável por satélites. 

Necessitam de uma logística humana de mais de 50 homens, além de vários veículos.

A Rússia, igualmente, tem ao seu serviço tais tipos de sistema de mísseis, mas a sua utilização, descarada, seria facilmente detectada pelos sistemas de espionagem aéreo, dos dois lados, que estão em serviço na região.

(Ver foto mais à frente).

O vulgar míssil terra-ar, do tipo Strella, este a ser operado pelos separatistas-independentistas do leste ucraniano,é disparado ao ombro, com um alcance, em altitude, da ordem dos quatro mil metros, guiado por sistema de infravermelhos.


As autoridades russas declararam, dias depois, que um avião militar armado ucraniano estava a voar muito perto do avião malaio.

2 -  Sigamos, agora, a vertigem da crise ucraniana – e orientemo-nos, não pela simples pista do dinheiro, mas a actuação real societária:

O que estava a suceder, na Europa, mais concretamente, na União Europeia, antes da crise económica-financeira fomentada e implodida nos Estados Unidos da América, em 2008?

A UE tinha a sua moeda única em ascensão, e, em 2008 a paridade euro/dólar ultrapassava os 1,5. 

O euro estava a tornar-se a moeda de referência mundial, ameaçando a supremacia norte-americana, com cada vez mais países, especialmente os chamados emergentes e os Estados com grande produção petrolífera a admitirem que tencionavam optar pela moeda europeia como entidade primacial de troca comercial.

(O dólar era - e é -, na altura, a principal moeda de reserva mundial, mas, em relação aos 14 meses anteriores àquela data, verificava-se que a sua evolução regredia face aos seus principais *parceiros comerciais*, com uma desvalorização da ordem dos 7%).

Baseando-nos em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), em 2008, a UE era a maior potência económica do mundo, com um Produto Interno Bruto da ordem dos 18,5 biliões de dólares (o PIB dos EUA era de 15,2 biliões de dólares), sendo considerada a primeira potência comercial internacional, enquadrando 20 por cento do volume total das importações e exportações.

Esta evolução, conseguida através da unidade económica, primeiro, e, depois política tinha sido conquistada, paulatinamente, não só contra os entraves nacionalistas internos, mas, de maneira, chamemos-lhe, diplomática, contra o seu principal rival externo, os EUA.

E isso, estava a tornar-se demasiado preocupante para Washington, porque, justamente, desde a saída de Ieltsin da Chefia de Estado na Rússia, estava em marcha um processo de *parceria* em estado avançado entre Bruxelas e Moscovo, em detrimento norte-americano.

Em 2011, concretamente, em Julho, efectuara-se, em Nijni-Novgorod, cidade russa, a 27ª Cimeira UE-Rússia, onde entre outros assuntos em discussão, quase todos de carácter económico-geoestratégico, se colocou o caminho de avançar para um novo acordo entre as duas partes, *que – cito, conforme foi anunciado oficialmente no final da mesma – deverá conduzir ao estreitamento das relações bilaterais no século XXI, e substituirá o Acordo de Parceria e Cooperação que entrou em vigor em 1997*.

E rematava: *a UE é, de longe, o maior mercado para as exportações da Rússia e esta é, por seu turno, o terceiro maior parceiro comercial da EU. As relações comerciais e no sector da energia são a pedra angular deste relacionamento estratégico. O petróleo e o gás representam grande parte das exportações da Rússia para a Europa*.


Uma aproximação que, em termos objectivos, elevava a parceria para novos patamares, pois um dos aspectos discutidos foi, justamente, a concessão de vistos recíproco pessoais. 

Ou seja, os primórdios, ainda que incipientes, de uma próxima livre circulação de pessoas e, naturalmente, ainda que condicionados, bens.

3 – Ora, a unidade europeia, sendo um processo endógeno da Europa, não pode ser, pura e simplesmente, uma questão apenas da Europa dita ocidental.

Com a desintegração do COMECON (Conselho para a Assistência Económica Mútua), que, pretendia, sob a supervisão da antiga União Soviética, uma integração de unidade económica.

COMECOM esse enquadrava, também, política e militar, via Pacto de Varsóvia, com várias Nações do continente europeu, nomeadamente, a Alemanha de Leste (RDA), Checoslováquia (hoje República Checa e Eslováquia), Polónia, Bulgária, Hungria e Roménia.

Tal mudança exigia uma *reorganização* económica e política que tivesse em conta a situação anterior e se fizesse uma harmonização, procurando levar, também, a nova Federação Russa, que abandonara o capitalismo de Estado, como modelo económico, para um posicionamento que, a prazo – médio-longo, pudesse cimentar uma unidade maior, que, a meu ver, se estendia, colada a cuspo, não do ponto de vista económico harmónico, como a CEE inicial, mas a “trouxe-mouxe”, ditado pelo mero interesse político e geo-político, forçado, financiado e forjado pelos Estados Unidos.

Washington, em todo o processo de destruição do COMECON/PACTO DE VARSÓVIA, era o principal inimigo externo da UE que adquiria poder comercial e político.

E a UE, para competir com a Rússia, que ainda era uma superpotência militar, e, que nas suas estranhas burguesas de monopólio capitalista de Estado, naturalmente, mostrava *garras* de que era um império, embora carcomido por feridas profundas, quer na economia, quer nas próprias questões de nacionalidades, teria de forjar as suas próprias Forças Armadas unificadas e uma diplomacia comum. (Assunto este que continua na ordem do dia, o que implica, sem margens para dúvidas, para evitar uma guerra mundial a ruptura com a NATO).

Avanço este que os seus dirigentes, submetidos aos ditames da NATO e, acima de tudo, do capital financeiro de Wall Street nunca quiseram trilhar.



Se tal sucedesse, a UE teria feito *acalmar* os ímpetos super-imperialistas dos Estados Unidos, e, as relações geo-políticas teriam entrado noutra orientação.

4 – A tensão em torno da Ucrânia, para os 

Estados Unidos da América, não é uma 

preocupação geo-estratégica de Washington 

para destruir a Rússia, embora a propaganda 

dos manipuladores de Wall Street (os grupos 

Time Warner, Walt Disney, Viacon, Rupert

Murdoch, CBS e NBC e os domínios quase

absolutos da net pela Google, Yahoo, Microsoft 

Facebook, entre um grupo inferior ligado às 

rádios regionais e locais), faça disso bandeira, 

mas sim para desagregar a União Europeia.

Apesar da crise de 2008, e, de todos os processos tortuosos da grande burguesia capitalista ligada e dependente dos EUA, instalada no poder político, em particular na Inglaterra, e, principalmente, nos países bálticos, Polónia, Bulgária e Roménia – e sob outro ponto de vista na Alemanha, com tiques imperiais renascidos em certos sectores (políticos, económicos e militares) ligados à CDU, e à ala fascista bávara CSU, o euro manteve-se, como moeda forte no interior da UE.

Na realidade, ela é, diariamente, usada por mais de 330 milhões de europeus e, por mais 170 milhões de pessoas exteriores a esse espaço.

O que está, realmente, a revolver e a fazer turbulência dentro da UE é, justamente, o desmascaramento total do papel desempenhado pelo capitalismo financeiro e pelo lacaios políticos – desde os conservadores/populares aos ditos socialistas/sociais democratas capitalistas. 

(A política de austeridade é um ditame acintoso fomentada pelo FMI/Banco Mundial).

E é desse confronto entre os sectores conservadores/socialistas/fascistas, encriptados no poder dito democrático, nos EUA e na UE, e as novas forças que buscam uma alternativa de revolução e progresso que se vai decidir toda a nova geo-política do mundo.

E, concretamente, o chamado mundo ocidental irá sofrer uma mudança total nos próximos cinco a 10 anos.

Naturalmente, existem pretensões hegemónicas dentro da UE, submissões repugnantes face ao capital de Wall Street, mas a realidade é esta: o poder económico da Europa comunitária sobrepõem-se, na realidade, aos objectivos da burguesia imperialista germânica.

E os fomentadores de Washington têm a consciência deste facto, e, da sua fraqueza económica, política e militar.

5 – O actual ascenso da crise mundial em torno do petróleo e do gás, cujo sintomas são atirados apenas, pela propaganda, para os países produtores dominantes (Rússia, Irão, Arábia Saudita, Venezuela, e, em menor escala, Angola, Nigéria) irá, a prazo, talvez não muito longo, seis meses, colocar em cima da mesa: os valores verdadeiros da produção.

E esta guerra económica, porque, toda ela engendrada em torno de uma luta prolongada em *ver quem aguenta* irá estilhaçar alianças, pois, se a Rússia é, sumamente atingida, ela vai incrementar as trocas comerciais com a China e a Índia, e, a circulação monetária que envolverá tais negócios serão feitos fora da “zona dólar”.

Mas, em termos mais próximos, a Europa será ela própria atingida fortemente – e já agora de maneira destacada a Inglaterra, o fiel *jardineiro* de Washington, cujo *valor comercial* está, justamente, no facto de ser uma praça de off-shores e de produção de petróleo, a Noruega, que vai sofrer com o crude baixo e não está inserida no euro.

Naturalmente, com esta descida abrupta do preço do petróleo e gás, abre-se um período que vai prolongar-se por vários meses, cujo expoente deste complô se situa, justamente, nos EUA, com o chamado petróleo de xisto. 

Aparentemente, serve os objectivos norte-americanos, mas a sua depuração e enriquecimento são caros. 

E abaixo de determinado valor deixa de ser rentável.

E a questão central para os EUA vai ser a moeda.

E essencialmente, nesta fase, as reservas de ouro.

Os países produtores, aparentemente, mais atingidos começaram a vender nas suas moedas em sistema de trocas bilaterais, cujo expoente está centrado no núcleo Rússia-China-Venezuela-Irão.

O centro da questão vai estar no braço de ferro que os Estados Unidos estão a fazer com a Rússia, em torno da Ucrânia, não porque Washington queira enfrentar directa e militarmente Moscovo, mas sim porque pretende meter na fogueira a parte “fraca militar” de um intermediário que é a potência comercial chamada União Europeia.

Na realidade, nesta *comédia* encenada pelos galifões do poder financeiro internacional, que dominam o mundo ocidental, o que estão frente a frente não são propriamente *soldadinhos de chumbo*, mas duas forças tremendas de poder nuclear.

A realidade geo-política é outra: os chamados países emergentes, ainda não têm poderosos exércitos, mas já falam grosso aos ditames de Washington, já não comercializam em torno da moeda *imperial* dólar*, que está encharcada em processos de retrocesso, bem como a própria economia norte-americana, que enfrenta, internamente, uma hipótese real de uma nova *bolha* financeira, que se chama “commodities”.

Evolução da economia dos países após a quebra do Lehman Brothers (Foto: Editoria de Arte/G1)

A crise de 2008, sem inverter a tendência recessiva, veio modificar toda a política real prática de todo o mundo.

E o que é grave, porque pode fazer explodir de repente uma guerra de enormes dimensões; é que esta tensão fomentada por um império, ainda forte, mas em decadência, está a levar todos os grandes Estados emergentes, para parcerias, que fazem os orçamentos militares.

Está a entrar-se numa era de militarização, e, a sociedade pode ser empurrada para servir os interesses económicos e financeiros da grande burguesia através do recurso ao poder do exército.

Ora, o militarismo elevado a fim supremo do Estado devora o avanço civilizacional dos povos, e, a UE está no centro do furação, tornando-se apenas um lacaio dos verdadeiros senhores da guerra, que querem ficar de fora para virem buscar os despojos.

Esta é, para mim, a verdadeira lição da crise ucraniana. E os responsáveis europeus se entrarem no jogo norte-americano irão ser chamados à pedra. Espero que sejam deitados pela borda fora o mais rápido possível.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

BES E CRISES FINANCEIRAS CONTÍNUAS: AS MUDANÇAS ESTÃO AÍ

1 – As investigações em torno da falência do Banco Espírito Santos (BES), e, particularmente, a exposição pública, via denúncias deles próprios na Assembleia da República, do papel desempenhado pelos banqueiros da família, cujo expoente se revelou ser Ricardo Espírito Santo Salgado, e a sua ligação descarada ao poder político dominante e os seus partidos, PSD, PS e CDS, fizeram vir ao de cima, numa imagem *tão clara como a água*, o entulho escondido, ao longo de dezenas de anos, do que foi, na realidade, a razão de ser do golpe de Estado do 25 de Novembro de 1975.

Na realidade, ao destruírem o caminho da Revolução, da mudança que as classes trabalhadoras pretendiam, ao tentar forjar os alicerces de uma nova sociedade, os mentores civis e os operacionais militares do 25 de Novembro não tiveram, como lema, o moralista e repisado slogan de colocar o «25 de Abril no trilho da democracia», mas sim o de reconstruirem o Estado sob os auspícios do capitalismo.

Fizeram-no, naturalmente, por fases, mas quando o I Governo Constitucional tomou posse a 23 de Julho de 1976,  um dos seus primeiros apelos políticos sobre o *convite* para o regresso dos banqueiros.

Todavia, foi na época de Sá Carneiro, como primeiro-ministro, e, de maneira especial nos governos de Cavaco Silva que o capitalismo financeiro (português e internacional) adquiriu um peso dominante e avassalador sobre toda a actividade económica e sobre a administração estatal.











Primeiro, Mário Soares, depois Sá Carneiro, e, mais tarde, Cavaco Silva tornaram-se os “ai jesus” da burguesia capitalista burguesa, e, acima de tudo, da capitalista financeira.
Foi sobre a sua ascensão acolitada e, ao mesmo tempo, encavalitada pelo poder político que essa burguesia conseguiu a sua solidificação em todas os sectores da economia portuguesa.

Com a contínua modificação da Constituição, aprovada em 1976, com o enquadramento político, económico e ideológico de forjar um novo tipo de sociedade, os representantes político-partidários, que se lhe submetiam, estraçalharam-na a seu bel-prazer,  cinicamente, sem transformar, contudo, a sua introdução, que defendia uma sociedade socialista. Para inglês ver.

Assim, findaram os princípios da posse estatal dos meios de produção e distribuição, legislando o seu contrário: aberturas totais ao capitalismo financeiro.

Este tomou conta, sem repartir com outros sectores da mesma burguesia, e, hostilizando, abertamente, todo o que era favorável às classes laboriosas, dos bancos, da bolsa, das empresas estratégicas, mesmo de uma parte mais rentável da própria propriedade agrícola.

2 – A crise geral económica-financeira, despoletada em 2008 nos Estados Unidos, com os alastramentos pelos vários cantos do Mundo, com diferentes espaços temporais e prazos diferenciados noutros pontos do globo, fez vir ao de cima as fraquezas evidentes dos sistemas bancários capitalistas dos países mais expostos.

E, a crise bancária, cujo expoente máximo, foi, agora, o BES, estava já anunciada, na prática, quando se deu uma sua ruptura, em 2008, num processo de fusão com o BPI (Banco Português de Investimento).

Mas, de certa maneira, cresceu e atingiu, gravemente, os principais bancos ditos portugueses, BCP (Banco Comercial Português), BPI, CGD (Caixa Geral de Depósitos) e outros menores, (onde se verificaram, à luz do dia, os verdadeiros processos criminosos especulativos e fraudulentos): BPN (Banco Português de Negócios), BPP (Banco Popular Português), e, em escala menos conhecida, mais significativa, o Banco Internacional do Funchal - BANIF (mas que levou na prática a uma nacionalização de cerca de 90% do seu capital).

O comum em todo a evolução deste descalabro está a especulação financeira, e, a subordinação inesgotável da governação do Estado português ao “roubo” descarado dos dinheiros públicos injectados, sucessivamente, nessas sanguessugas.



3 – Essa crise de 2008 não teve uma período de intervalo até ao dia de hoje: não só em Portugal, mas no chamado mundo ocidental, e, de maneira menos acentuada nos restantes chamados países emergentes, em particular, Rússia, China, Índia, África do Sul e Brasil.

O que realmente está a suceder, sem haver alternativa para o sistema instituído?

A meu ver, a produção capitalista, confinada ao domínio absoluto do capital financeiro mais desclassificado, está a ser *lançada no mercado* numa quantidade de tal maneira elevada dos seus meios de existência, e, a evolução dessa produção atinge um tal grau que não pode ser gasta.

E isto porque esse excesso – que continua a crescer – não é atingível pela maioria das classes laboriosas, no fundo as suas verdadeiras produtoras.

Ora, quer queiramos, quer não, este prolongado, contínuo, crescente, desfasamento entre a produção que aumenta exponencialmente e não é *escoada* para servir, na prática, os que a realizam, vai levar a um dilema, que, no fundo, a razão da sobrevivência humana:

As classes produtoras estão a movimentar-se para tentar mudar este estado de coisas.

Claro que não existe ainda um programa, saído do seio dessas classes, que indique uma linha de rumo para se apropriar desse produção – e naturalmente da sua distribuição.

Mas, há fortes movimentações populares e até indicações partidárias-legislativas que indiciam algo, ainda em parte nebuloso.

Os tempos podem ser de guerra, mas também de revoluções. 

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA ENTRARAM NA ERA NAZI

1 – Os Estados Unidos da América são, na actualidade, um Estado nazi.

É uma afirmação grave que faço, mas esta é a realidade e como tal deve ser encarada.

Os Estados Unidos da América, que nasceram, separando-se do colonialismo inglês, com o estandarte da democracia, desapareceram, com a evolução social e politica, do seu capitalismo, que entrou na decadência, e, procura sobreviver, em confronto com novas alternativas crescentes, incluindo um reforço da consciência de sectores importantes das classes laboriosas, pela via do poder político autoritário nazi-fascista, claro que noutras condições.

Não porque aquele país tenha já efectuado o que o regime hitleriano fez ao Mundo na segunda metade do século passado, mas porque o poder de Washington está a realizar, lenta e de maneira diferente, desde a Administração Reagan, exactamente a mesma política e actos similares, na situação actual.

Porque caminhamos – se não for sustida e destroçada - para uma guerra mundial, cujo centro de acção política é a supremacia imperial norte-americana, pejada de sangue, com o completo desprezo pelos direitos e interesses dos povos, em nome do seu «interesse nacional», o que leva às intervenções mais descaradas e inimagináveis nas soberanias dos povos e na actuação mais sanguenta em tudo que se considere revolucionário e contrário à sua expansão ideológica, económica e geo-política, temos de balizar, em termos de ideias e de debate político, o que representa, justamente, hoje, o Estado norte-americano.

A tortura nazi institucionalizada e autorizada secretamente

Os Estados Unidos da América emergiram, no final da II Grande Guerra, como uma grande potência vencedora, enquadrada, no que considerava ser a +sombra protectora+ da democracia parlamentar e do capitalismo dito liberal, em parceria com a outra grande potência vencedora da mesma guerra, a ex-URSS, assente, economicamente, no modelo de capitalismo de Estado, e, ideologicamente, defendendo o que considerava ser o seu socialismo e o caminho para o comunismo.

Como vencedores, particularmente, na Europa – desde Portugal até à antiga União Soviética – forjaram a sua reestruturação política, de uma maneira imperial, claro que atendendo à soberania, ainda que limitada de cada Estado, formando dois blocos político-económico-militares, um intitulado NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), sob a dominância total dos Estados Unidos, o outro Pacto de Varsóvia, estritamente supervisionado pela ex-URSS.

Claro que esta divisão contratual, porque realmente um Tratado de compromisso foi estabelecido em três conferências, Teerão, Ialta e Potsdam, vigorou, naturalmente com conflitos pontuais e concorrências acrescidas até ao desmembramento, primeiro da URSS, depois à separação – e nalguns casos desagregação - dos países que estavam na sua esfera de influência.

Com deste desenlace, nos princípios dos anos 90 do século passado, os Estados Unidos consideraram que o compromisso estava acabado e auto-intitularam-se *a única superpotência*, messianicamente capaz de impor, unilateralmente, o seu poder e a sua ideologia sobre todo o Mundo.

Desfizeram, deste modo, um compromisso que era mundial, e, fizeram-no, consciente e organizadamente, para controlar economicamente o mundo, sob a pata sanguenta do seu poder militar, sem qualquer pejo ou rebuço, nem sequer um mínimo de visão de que o modelo de capitalismo que defendem está a chegar ao fim.

Daí a sua arrogância, mas também o seu desespero, para procurar forjar um novo rearranjo geo-económico e geo-político que mantenha a sua visão de as diferentes nações se deveriam submeter a *uma liderança americana* (George W.Bush, a distinctly american internationalism, 1999).

Dois anos depois, após um nebuloso e sem explicação plausível de que tivesse havido um atentado terrorista organizado contra as Torres Gémeas, em Nova York, e contra o edifício do Pentágono, em Washington, de imediato foi posto em prática um plano, como se estivesse já programado com larga antecedência, todo ele enquadrado por directivas secretas do Presidente no mandato do republicano lunático religioso George W. Bush, e reforçadas, curiosamente, pelo seu sucessor, dito democrata, Barack Obama, de actuação unilateral em várias partes do Mundo, desde o Iraque ao Afeganistão, mas também em território da Rússia, Irão, América Latina e Extremo-Oriente.


O ataque às Torres Gémeas: uma operação que teve de ser controlada e autorizada internamente

Essa linha orientadora foi definida taxativamente numa *Mensagem à Nação* (Adress to the Nation) nos seguintes termos: quem não estivesse com os EUA na sua acção contra o que considerava ser terrorismo, estava ao lado dos “terroristas”, e, sofreriam as consequências.

Faço uma longa citação do que afirmou, pois estes são os eixos fundamentais da arrogância imperialista nazi.

(Naturalmente os terroristas para a plutocracia norte-americana são, acima de tudo, os que se opõem à sua hegemonia – grupos como a Al Qaeda são, pelo contrário, formações para-militares ao serviço de Washington).

“Vamos direccionar – vociferou Bush - todos os recursos que temos -  todos os meios da diplomacia, todas as ferramentas dos serviços secretos, todos os nosso meios judiciais, toda a influência financeira e todas as armas necessárias à guerra – para a destruição e para a derrota da rede global do terror (sublinhado nosso)”.

E continuou, eufórico: “Na actualidade, esta guerra não vai ser como a guerra contra o Iraque, iniciada há uma década, com uma libertação decisiva do território e uma rápida conclusão. Não será semelhante à guerra aérea lançada por nós contra Kosovo, há dois anos, em que não foram utilizadas tropas terrestres e um único americano perdeu a vida em combate”.

“A nossa resposta envolverá – sustentou - muito mais do que a retaliação imediata e as acções isoladas. O país não deve contar apenas com uma batalha, mas uma campanha longa, diferente de qualquer outra que já assistimos. Pode incluir actos dramáticos visíveis na TV (massacres e assassinatos, nota nossa) e operações secretas que tenham sucesso”.

E a sanha fascista: “Nós vamos fazer com que morram de fome por falta de financiamento, fazer com que actuem uns contra outros, entrar nos países onde vivam e obrigá-los a fugir até que não possa obter refúgio ou descanso”.

E atentar com a soberania das países:

“Vamos actuar contra as nações que dêem apoio ou refúgio seguro aos terroristas. Cada nação em qualquer região terá, agora, de tomar uma decisão: ou se coloca ao nosso lado ou serão considerados cúmplices dos terroristas”. ( A tradução é minha).

2 – Para conseguir tais pretensões, o poder de Estado norte-americano não agiu sob o descontrolo de um Presidente desmiolado, havia uma sintonia no seu interior entre o domínio económico e os seus representantes políticos principais – desde o governo ao legislativo, passando pelo aparelho militar.

No decorrer da década de 80 do século XX, com o afrouxamento do pensamento e da acção revolucionários, em particular na Europa e nas diferentes Américas, e com o declínio e inversão do papel progressista das descolonizações em África e no Extremo-Oriente, começou a emergir, primeiro e acima de tudo, nos Estados Unidos da América, todo um arquétipo conservador, que rapidamente evoluiu para um processo expansivo contra-revolucionário, que atingiu, depois, sumamente, o continente europeu, e, colateralmente, a Rússia e a China.

Todavia, a partir do final do século passado, apareceram *violadores* do acordo unilateral que o poder norte-americano tentou estabelecer, como Império, para construir «o seu espaço vital». Assunto que referiremos mais à frente.

E este «espaço vital», tal como o regime hitleriano tentou edificar em pouco tempo para vigorar mil anos, estava assente, em primeiro lugar, no domínio absoluto e sem concorrentes do capital financeiro especulativo estabelecido em Wall Street e na existência de uma moeda única prevalecente sobre todas as outras: o dólar estadunidense.

E o seu avanço mundial, para os mentores dominantes do sistema social actual norte-americano, teria de ser formatado sob um programa político, cujo modelo é - era, e sempre foi - a democracia oligárquica rotativa, entre dois partidos, que, progressivamente arredaram a representação de interesses  de outros sectores da sua classe burguesa (a industrial, a camponesa e a pequena burguesia) para se involucrarem, unicamente, na defesa da +monarquia+ bancária-financeira de Wall Street.

(Claro que esta orientação estava em marcha já desde Brenton Woods, mas este sistema, nessa época, tinha entraves geo-políticos, pois foi criado, precisamente, numa altura em que havia um compromisso contratual efectuado com o outro vencedor da II Grande Guerra, a antiga União Soviética).

Todo o percurso do poder político dos EUA, desde a Administração Ronald Reagan (1981-89), esteve apostado na constituição de uma espécie de governo mundial do capitalismo financeiro especulativo, +omnipotente, omnipresente e omnisciente+, com toda a carga real repressiva que estas «metáforas» comportam.


E, esta predisposição estava alicerçada, num programa político, montado, paulatina e progressivamente, por *uma elite cultural-pseudo académica* organizada por fundações de «estruturação política», como a Heritage Foundation ou American Enterprise Institute, ligadas ao capital financeiro de Wall Street, orientada pelos capitalistas judeus e fanáticos religiosos cristãos (desde católicos a mórmons) e os seus ideólogos espalhados, estrategicamente, por universidades e grupos de pressão.



O controlo da propaganda presidencial pelos lobbies judeus

Um dos primeiros desses ideólogos, que vai ter largamente influência na política externa de Ronald Reagan é, precisamente, Jeane Kirkpatrick, que passou do Partido Socialista dos EUA para o Partido Democrata e acabou na extrema-direita fascista do Partido Republicano.

Foi a primeira mulher embaixadora dos EUA na ONU, abertamente defensora do nazismo norte-americano: expansão imperialista, alianças com todos países fascistas contra o que ela considerava comunismo.

Os seus pares e homólogos vieram a dominar toda a estrutura decisória da Administração norte-americana e a sua política imperial, nos governos seguintes: George Bush, Bill Clinton e George W.Bush.

Convém referir e relembrar alguns e os seus cargos, quase todos judeus e apoiantes do lobby judaico e interligados com Wall Street:

Três responsáveis por crimes de guerra

Donald Rumsfeld, Dick Cheney, Paul Wolfowitz, Lewis `Scooter`Libby, Peter Rodman, Dov Kahein, Joh Bolton, Douglas Feth, Richard Perle, Robert Zoollick, Ken Adelman, entre outros.

Rumsfeld, que pertenceu – e pertence – aos lobbies do American Enterprise e o Jewish Institute for National Security Affairs, desde a sua juventude, entrou na política governamental, ainda no tempo de Nixon, a quem *aconselharam* a colocá-lo como responsável do Departamento das Oportunidades Económicas, em 1969, e, tempos depois em embaixador dos EUA junto da NATO.

Com Gerald Ford, como Presidente sucessor de Nixon, Rumsfeld é investido no cargo importantíssimo de Secretário da Defesa, com 40 anos, cujo predecessor tinha sido, justamente, um  judeu e capitalista: William Cohen.

Rumsfeld veio a ser o superpoderoso Secretário da Defesa de George W.Bush, já com toda a ascensão da “quadrilha neocons” no poder político e económico.

Outra personalidade política e capitalista que vai abrir caminho à fascização actual dos EUA é um senhor chamado Dick Cheney, que foi vice-presidente de George W. Bush, e o ideólogo e promotor das “acções secretas” sem controlo do poder militar e securitário da Administração norte-americana.

Estava ligado desde a sua entrada na política activa ao poderoso complexo militar-industrial (entre cargos em empresas de destacar a administração da Halliburton Company), mas foi, justamente no aparelho de Estado que representou, realmente, esses interesses: chefe de gabinete de Gerald Ford, secretário da Defesa de George H. W. Bush e, finalmente, vice-Presidente de George W.Bush. 

Paul Wolfowitz – começou como subsecretário de Estado para os assuntos do Extremo Oriente e Pacífico, com Reagan, subsecretário da Defesa para a Orientação Política, com George H.W. Bush e Secretário da Defesa adjunto (nº. 2 do Pentágino) com George W.Bush, seguindo depois para Presidente do Banco Mundial.

Lewis `Scooter`Libby, foi o braço direito de Cheney, como seu chefe de gabinete e assessor político do Presidente George W.Bush.

Peter Rodman. Iniciou-se como assessor político especial do secretário de Estado Henry Kissinger (Presidentes Nixon e Ford), depois director na Secretaria de Estado do Departamento de Planeamento Político, depois adjunto do subsecretário da Defesa, adjunto (e mais tarde assessor especial) do Presidente para os Assuntos de Segurança Nacional (consulado de Reagan), acabando como subsecretário da Defesa para os assuntos de Segurança Externa.

Dov Zakhein. Exerceu diversos cargos de assessor na Secretaria de Defesa no governo de Reagan, vindo a assumir a função de subsecretário da Defesa na era de Bush filho.

John Bolton. Acabou como embaixador dos EUA junto da ONU, mas iniciou-se nos meandros da política neoconservadora como subsecretário de Estado para os Asuntos de Política Externa, com Bush pai e subsecretário de Estado para o Controlo de Armamento e Segurança Externa, com Bush filho.

Douglas Feith. Trabalhou com o secretário da Defesa Caspar Wienberger (era Reagan), como conselheiro especial e foi subsecreário da Defesa, de Bush filho, com a incumbência de definir os planos de actuação externa castrense e policial.

Richard Perle. Nos anos 70, entrou no Comité do Senado que supervisiona as Forças Armadas, envolvendo-se depois com a Administração Reagan, com cargos de assessor especial do Secretário da Defesa e Presidente do Comité do departamento de Orientação Política de Defesa de Bush filho.

Robert Zoollick, Secretário da Defesa adjunto e mais tarde Presidente do Banco Mundial.
Ken Adelman. Trabalhou com Jeanne Kirkpatrick, como seu embaixador adjunto nas Nações Unidas, mas iniciou-se nos bastidores da governação, em 1969, como assessor na Secretaria do Comércio. Com Gerald Ford, foi assessor especial de Rumsfeld, na Secretaria da Defesa, sendo mais tarde, membro do Conselho da Política de Defesa.

Foi colocado, durante 17 anos, editor da política nacional do semanário Washington.

Foram estes – e outros que não se indicam por se tornar fastidioso - que formataram e enquadraram, ao longo de dezenas de anos, toda a estrutura da Administração do Estado norte-americano para os objectivos pretendidos: tornar o mundo um espaço único serviçal do capital financeiro norte-americano.
Sem olhar a meios, sem recuar em tudo o que fosse necessário fazer para manter essa supremacia, incluindo as guerras sujas, os massacres, as torturas, a destruição de Estados, fomentando o caos.

Não houve qualquer interrupção, com o negro Barack Obama. 

O branco ou negro não é indicativo de mudança política. 

O homem da finança de Chicago prosseguiu as orientações: ordens secretas, fomento de guerras (Síria, Afeganistão, Iraque, confrontos e intervenções na Ucrânia, militarização das fronteiras europeias com a Rússia).

Indicação de um homem dos neocons para Secretário da Defesa, Ashton Carter.

Este, passando de lacaio do capital (Global Tecnology Partners, Goldman Sachs, MITRE Corporations, Milretek Systems, MIT Lincoln Laboratory), entra na estrutura dos negócios da Defesa, como membro da governamental Departamento de Política de Defesa e Departamento de Ciência de Defesa, em paralelo com os grupos conservadores Conselho de Relações Externas e Grupo de Estratégia Aspen. Depois cargos de subsecretário da Defesa, secretário da Defesa Adjunto, acabando no posto actual.

3 – Será abusivo escrever que um Estado, como o norte-americano, é nazi, quando existe, formalmente, um sistema parlamentar eleitoral a funcionar?.

A questão, tal como iniciamos este artigo, não é a formalidade de uma existência política, aparentemente, democrática.

A questão é o exercício do poder absoluto de um sector de uma classe social exploradora de impor a sua supremacia, através da força, ou da guerra: interna e externamente face à maioria (s) da população (ões).

E isso tanto diz respeito a uma ditadura visível, propriamente dita, ou a um sistema de poder absoluto, encoberto por uma pretensa democracia.

Claro que o poder norte-americano não actua, despoticamente, no mundo, porque tem uma visão religiosa da sua missão.

Ela não quer impor a democracia, e pouco se preocupa com a religião, quer controlar as produções e distribuições comerciais do globo.
Acha-se com esse direito, como «interesse nacional».

Amachuca-se, em nome dele, as soberanias e os direitos dos povos, ameaçam com represálias os próprios aliados servis que se lhe submetem.

E fazem isso, porque em causa estão, justamente, não questões políticas, mas sim interesses económicos do sector que domina toda a administração da coisa pública nos EUA: 

o lúmpen capitalismo financeiro, que, face às ofensas que foram feitas aos compromissos geo-políticos no passado, os atacados estão a responder à ruptura do compromisso multilateral que existia então.

Desde os meados dos anos 70 do século passado que essa resposta se iniciou.

E essa marcha para forjar toda a argamassa autoritária e ditatorial (os EUA têm mais de 400 mil soldados destacados em cerca de 140 países) deu-se com mais veemência e evidência quando nos anos 70 do século XX, os países organizados na OPEP (Organização dos Países Produtores de Petróleo) começou a fazer frente ao poder das chamadas *sete irmãs*.

Citámo-las: Royal Dutch Shell. Actualmente, é conhecida apenas por  Shell; Anglo-Persian Oil Company (APOC). Depois denominada, British Petroleum Amoco, ou BP Amoco. Hoje, BP; Standard Oil of New Jersey (Esso); Exxon, que se fundiu com a Mobil, e deu a ExxonMobil; Standard Oil of New York (Socony). Conhecida depois por Mobil, que fundiu-se com a Exxon, formando a ExxonMobil: Texaco. Fundiu-se com a Chevron, formando a ChevronTexaco;
Standard Oil of California (Socal). Posteriormente formou a Chevron, que incorporou a Gulf Oil e posteriormente se fundiu com a Texaco.



São estas e outras multinacionais norte-americanas (ou sob forte presença do capital sedeado naquele país) ligadas ao controlo e distribuição de outras matérias-primas, como diamantes, urânio, lítio, cobalto, e mesmo no sector agro-industrial que estão ameaçados pelo despertar de outras Nações que se sentem com capacidade de defender os seus interesses e entram em concorrência, aberta ou subterrânea.

Mas, acima de tudo, porque evolui, no Mundo, uma consciência crescente de que terá de surgir, dentro de algum tempo, um novo tipo de poder, mais consentâneo com os interesses dos explorados, que leva a oligarquia política e financeira de Washington, em cumplicidade, principalmente com os seus lacaios europeus, que mostram o desespero com o rompimento de todos compromissos e acordos estabelecidos no passado.

No fundo, está a forjar-se, ainda sem um programa definido e extensivo em territórios e Estados, um partido da Revolução.

Daí, a resposta nazi, que se fomenta e evoluciona, desde os Estados Unidos até ao Japão, passado por grande parte da União Europeia, com leis secretas, actividades securitárias anti-subversivas crescentes, com preparação dos Exércitos para intervir, como sucedeu, precisamente, no interior dos EUA, no caso dos acontecimentos de Ferguson, Missouri, com as forças paramilitares no terreno, imposição de censuras, com restrições à liberdade de informação, prisões arbitrárias e mortes em crescendo por forças policiais, treinadas, justamente, para atirar primeiro e depois inquirir.

Não é de hoje, é um caminho que o grande capital financeiro está a traçar através dos poderes político e securitário-militar.

São os investigadores e jornalistas ligados aos grandes meios de comunicação social estadunidenses, que assinalam esta entrada no campo do poder fascista.

Referenciamos excertos de livros recentes e os seus autores:

*Os contornos históricos das guerras do Afeganistão e do Iraque são hoje bem conhecidos. Mas, ao longo de mais de uma década, tem sido travada uma guerra separada e paralela, um reflexo sombrio das +grandes guerras+ iniciadas pela América após os ataques do 11 de Setembro. Numa guerra obscura conduzida à volta do globo, a América tem perseguido os seus inimigos por meio de robôs assassinos e tropas de operações especiais. Tem contratado sicários para estabelecer redes clandestinas de espionagem e confiou em ditadores temperamentais, serviços estrangeiros de informações suspeitos e exércitos maltrapilhos que agem por procuração. Em locais para onde os Estados Unidos não podiam mandar tropas para o solo, personagens marginais materializaram-se para desempenhar papéis de destaque, incluindo um oficial do Pentágono, fumador inveterado, que juntou  forças com uma figura da CIA dissidente do escândalo Irão-Contras para conduzir uma operação clandestina de espionagem no Paquistão, e uma herdeira do clube de equitação da Virgínia, que fixou obcecada com a Somália e convenceu o Pentágono a contratá-la para apanhar membros da Al-Qaeda naquele país*.

*A guerra estendeu-se a múltiplos continentes, das montanhas do Paquistão até aos desertos do Iémen e do norte de África, das latentes guerras de clãs na Somália às densas florestas das Filipinas. As fundações da guerra secreta foram lançadas por um presidente conservador do Partido Republicano e abraçadas por um liberal do Partido Democrata, que se enamorou daquilo que herdou*.

“A Guerra nas Sombras – O Exército Secreto da Cia” – Mark Mazzetti (vencedor do prémio Pulitzer em 2009), jornalista do New York Times. Pertenceu às redacções do Los Angeles Times (redactor principal) e US News and World (correspondente permanente no Pantágono). Edição portuguesa `Vogais`, Junho de 2014.

O assassinato de Lumumba: programado pelos EUA

*Este livro é um resumo de algumas das 300 operações ilegais ou “actividades altamente voláteis” conduzidas pela CIA, tanto dentro como fora do território dos Estados Unidos, e retiradas das 703 páginas tornadas públicas pela CIA*.

“CIA – JÓIAS DE FAMíLIA” – Eric Frattini, escritor, investigador e guionista de documentários para as principais estações de televisão espanholas, escreve regularmente para a rádio e televisão, Edição portuguesa, Bertrand Editora, 2014.

*Debaixo desse vasto arco de acontecimentos globais, há uma história secreta da CIA e da Administração Bush, e, especialmente depois do 11 de Setembro. É uma história premonitória, uma história que demonstra de que modo é que os instrumentos mais secretos da política de segurança nacional americana foram incorrectamente utilizados. Envolve espionagem interna, abusos de poder e operações ultrajantes. É uma história que só agora pode começar a ser contada*.

“ESTADO DE GUERRA – A história secreta da CIA e da Administração Bush” – James Risen (vencedor do Prémio Pulitzer 2002). Foi jornalista do New York Times, edição portuguesa Quidnovi, Março de 2007.