terça-feira, 30 de novembro de 2010

NAZISTAS EM ASCENSÃO NA EUROPA: QUEM OS APOIA?










Os novos nazis tem apoio dos "velhos" sistemas financeiros internacionais



















Nos últimos 10 anos, começaram a florescer, quase por encanto, na Europa grupos de extrema-direita, alguns conotados abertamente com a ideologia nacional-socialista, que vingou na Alemanha nos anos 30, alcançando resultados significativos em termos eleitorais.


O primeiro caso relevante foi o do partido francês Frente Nacional, liderado pelo antigo legionário Le Pen, que, em 2002, foi à segunda volta das eleições francesas, competindo com o então líder da direita conservadora Jacques Chirac, este vencedor, apenas, porque o PS e PCF apelaram ao voto no ex-presidente da Câmara de Paris.

Ora, Le Pen, cujo partido nasceu, como grupúsculo sem significado, em 1972, surge com riqueza súbita, em 1977, que, segundo ele, foi uma doação de “um simpatizante”.


Ganhou, rapidamente, espaço na grande comunicação social, que, generosamente, lhe deu as páginas para a sua propaganda, e, mereceu a cumplicidade benevolente da direita no fomento das suas diatribes racistas e xenófobas, sem qualquer tipo de repressão judicial.

Pouco tempo depois, o caso mais alarmante ocorreu na Áustria. O Partido da Liberdade, abertamente nazi, colheu 27% dos votos, sendo o segundo partido mais votado do país (atrás apenas dos social-democratas), ficando a ser, nesta altura, o maior resultado eleitoral de um partido nazi-fascista na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Em seguida, os olhares viraram para a Suíça. O SVP, partido da mesma ideologia, alcançou cerca de 20% dos votos.

Desde então, a lista de partidos nazis a ascenderem, quase pulando, do nada, sem dinheiro, para uma certa expressão eleitoral com o peso de finanças avultadas, que, aparentemente, não se sabe de onde, foi-se (e está) multiplicando.
No começo do ano passado, a DVU (União do Povo Alemão) recolheu 13% da votação no acto eleitoral legislativo do Estado estado de Saxônia-Anhalt, que fica em território que pertenceu à ex-Alemanha Oriental.

Recentemente, o partido nazi dos “Democratas da Suécia" entrou no Parlamento em Estocolmo.
Os exemplos expandem-se no continente europeu. Dinamarca, Holanda, França, Suíça, Áustria, Hungria, Itália e Bélgica são os países em questão.

O Partido Popular da Dinamarca (DVP) é considerado o modelo para o Sverigedemokraterna. Foi subindo, com todo o apoio cúmplice do poder conservador e social-democrata dinamarquês, e a sua líder Pia Kjasgaard tem uma calorosa recepção nos meios de comunicação locais.

Na Holanda, o Partido pela Liberdade (PVV) foi a terceira maior força do último acto eleitoral para o Parlamento.

Na Aústria, a direita nazi ganhou mais poder em 2008. O partido,que foi de Haider – este faleceu num desastre entretanto - é, agora, o mais poderoso do país, com o apoio de 17,5% dos eleitores, juntamente com a liga BZÖ – formada por dissidentes do FPÖ, representa um total 28% dos votos naquelas eleições.
Com maioria de dois terços, a Liga dos Jovens Democratas (FIDESZ) está à frente do governo da Hungria desde as eleições de Abril de 2010. O chefe de partido e Primeiro-Ministro Viktor Orban está abertamente com as posições alinhadas com um programa de cariz nazi.
O mais importante grupo pró-nazi da Itália é a Liga do Norte, de Umberto Bossi, está no Governo de Berlusconi quatro ministros.

Por seu turno, a Nova Aliança Flamenga (N-VA) de Bart de Wever tornou-se o partido político mais forte da Bélgica, alcançando 17,4% nas eleições legislativas realizadas naquele país em Junho de 2010.

O que nos prende a atenção é que estes partidos medram no seio de uma sociedade que se diz democrática, e estão a ter a sustentação cúmplice dos chamados grandes partidos do poder na Europa, os democratas-cristãos, os liberais, os conservadores, por um lado, e os sociais-democratas/socialistas, por outro, ao mesmo tempo que realizam a sua propaganda, com fortes apoios nas grandes empresas de comunicação social (imprensa escrita, rádio e televisão), com fechar de olhos de todo o aparelho de Estado às suas ilegalidades e atitudes abertamente anti-democráticas e, supressumo das encomendas, aparecem estar a nadar em dinheiro.

Forças do capital financeiro internacional, e em particular o europeu, reunem-se, frequentemente, com esses partidos, e muitos dos grandes financeiros e industriais fazem afirmações públicas ou declarações avulsas, em que preconizam "medidas drásticas" de contenção das reivindicações populações, e fazem apelos, cada vez mais insistentes, à "reformulação do poder", insistindo na centralização em "executivos de pulso" em detrimento da actividade partidária e da liberdade de expressão e políticas.

Quando o capital financeiro parecia estar no auge (2003 e 2007), já era evidente que os principais paises capitalistas (EUA, Reino Unido) apodreciam com a falta de produção própria nacional. E os principais economistas e analistas económicos do grande capital sustentavam que a crise ecómica em gestação iria alargar com um crise maior, financeira.

A Europa, desde os anos 80 do século passado, estava então a ser a potência económica em ascensão, causando fortes engulhos ao capitalismo imperial norte-americano. Ao mesmo tempo nessa Europa, ganhavam forças as reivindicações sociais e movimentações em torno da construção de uma "Europa Social" em contraponto às políticas capitalistas especulativas, apelidadas eufemisticamente de neo-liberais.

Começaram então as maiores tentativas de destabilização da unidade política dessa Europa (de fora para dentro e com os cúmplices internos do suserano norte-americano).

Regressemos, então, agora, à velha Europa saída da II Grande Guerra, percorrida pela crise e, principalmente, a uma Europa dos princípios dos anos 20 em que ganha força uma ideia de ruptura com a velha ordem estabelecida com as ascensões ao poder nos finais dos anos 90 do século 19 e principios do século XX dos governos representantes do grande Capital (França, Inglaterra, Alemanha).

A Alemanha era o caso mais preocupante, pois na Baviera, em 1918, um partido de inspiração comunista, a Liga Spartaquista, tomara o poder, e esta revolta fora jugulada pela força de milícias de direita, impulsionadas ou admitidas pelo Partido Social-Democrata nacional.

Na altura, também havia numerosos grupos insignificantes de extrema-direita, mas, além de fragmentados, não tinham qualquer expressão significativa eleitoral.

A partir dos finais dos anos 20, tal muda de figura.

Em Setembro de 1930, os nacionais-socialistas, de um austríaco pouco letrado e tido como esquisito na altura, Adolfo Hitler, inesperadamente, recolhe 10 vezes mais votos do que na eleição anterior para o Parlamento da República de Weimar. Hitler aparecia com uma força para-militar de guarda-costas, carros com motorista, dinheiro a rodos para propaganda. Uma aceitação crescente entre a oficialagem que pertencera ao Exército imperial, alguns com cargos de generalato.

Não se encontrava, então, um justificação política muito plausível para tal.
Até porque estavam no poder forças coligadas da direita conservadora. Algo estava a acontecer, não não se tinha uma extensão precisa do que germinava para tal suceder tão rapidamente.

Em 1948, já no fim da guerra, apareceram informações mais esclarecedoras.

Os investigadores de História e da Política tiveram conhecimento de dois livros que tornavam público, em parte, os apoios que tiveram os hitlerianos.
Estes livros chamam-se “Liebet eure Feinde”, que significa “Amai vossos Inimigos” (Ed. Frankhauser, Neuf-Chatel, da autoria do escritor suíço Werner Zimmermann e outro livro, de Severin Reinhard, intitulado “Spanischer Sommer” ou seja, “Verão Espanhol” (Ed. Aehren).

E o que descrevem esses livros, segundo os investigadores? Que em 1933, na cidade holandesa de Amesterdão, uma editora então conhecida a Van Holkeman & Warensdorfs publicou um livro com o título “Hitlers geheime Geldquellen”, ou seja “As fontes de Dinheiro Secretas de Hitler”, de autoria de Sidney Warburg.

Este livro reproduzia o teor de três conversas que Warburg mantivera com Hitler.

Com a ascensão do líder do Partido Nazi ao poder em 1933 a edição do livro desapareceu.
Restaram dois exemplares que ficaram na posse de um antigo responsável nazi dissidente, que se exilou na Suíça, chamado Otto Strasser, que em 1936 referiu o seu conteúdo numa obra que lançou, três anos mais tarde, chamada “Finanzielle Weltgeschichte”, cuja tradução em português e ´"História Financeira Mundial".

Em síntese o que expunha Strasser, referindo-se ao livro do norte-americano.

Felix Warburg, tio de Sidney, pertencia a uma família judia de grandes finaceiros. Tinha nascido na Alemnha e fora o organizador da carreira de navegação alemã Hamburg-America Linie.

Um seu irmão, Paul M. Warburg, estava então no governo de Washington e, ao mesmo tempo, era grande accionista do Banco Kuhn, Loeb & Co., de Nova Iorque.

Sidney era filho de Paul. Ora, em Julho de 1929, cerca de um ano antes das eleições legislativas alemãs, o banco Guarantee-Trust, de Nova Iorque, pertencente ao grupo Warburg, deu instruções a Sidney para representar os interesses do sector norte-americano naquele país e que apoiasse, para o efeito, um grupo político e o seu líder que preconizassem a ideia e a prática de "uma revolução nacional" alemã.

Como foi decidido este apoio? Segundo o livro, citado pelos dois autores, o presidente do Guarantee-Trust reuniu-se, em privado, com os administradores do Banco de Reserva Federal americano, FED, Rockfeller, da Standard Oil Co., MacGlean, da Royal-Dutch Co. (Shell) e ainda administradores de outros bancos que não são mencionados.

O que preocupava o capital financeiro judeu norte-americano? O facto de, com o Tratado de Versalhes, que pós fim a guerra franco-alemã, a França, através das reparações de guerra, punha em causa, pela sua forte presença na dívida teutónica, as trocas cambiais do Reino Unido e dos EUA.

Ou seja, os financeiros judeus norte-americanos queriam ter nas mãos a Alemanha em detrimento da França.

O intermediário alemão escolhido foi Hitler. O Warburg encontrou-se, pela primeira vez, com o austríaco em Munique, que aceitou os apoios. Teria recebido, logo uma primeira tranche, de 10 milhões de dólares, via banco (judeu) Mendelsohn & Co.

Este movimento monetário teria ocorrido em 1929.

Perante a ascensão dos votos em 1930 - e com a libra e o dólar fracos face ao franco na Alemanha - e esta em clara fraqueza para pagar dívidas, a campanha hitleriano subiu de tom, mas o líder do partido nacional-socialista exigiu mais dinheiro: 500 milhões de marcos para fazer uma “revolução verdadeira”, ou 200 milhões para uma “tomada legal do poder”.

Warburg conseguiu, de imediato, mais 15 milhões de dólares via Mendelsohn & Co.e ainda do Rotterdamischer Bank, de Roterdão e da Banca Commerciale Italiana, de Roma, com cinco milhões de cada.

No livro, segundo os autores já citados, Warburg refere que viajou então para Roma, junto com Strasser, Heydt e Goering, onde teria ficado na residência de Ítalo Balbo. Depois seguiu para Génova e embarcou aqui para Nova Iorque.

A 30 de janeiro de 1933, Hitler foi chamado pelo Presidente Hindeburgo para assumir o lugar de chanceler do Reich.

Os autores escrevem que, em fevereiro de 1933, Warburg manteve o seu último contacto com Hitler, em Berlim, na Fasanenstrasse nº 28.

O livro de Warburg refere ainda que, antes da eleição de 1933, teriam sido doados a Adolf Hitler mais dois milhões de dólares através do Banco Rhenania de Düsseldorf e mais de cinco milhões através do Banca Commerciale.

Os capitalistas financeiros judeus teriam, deste modo, ajudado, fortemente, a ascensão de Hitler ao poder.

Quando Hitler lança a campanha diriguida contra os judeus na Alemanha, já nenhum dos grandes empresários e financeiros estavam no país. Refugiaram-se nos EUA.

A "arraia-miúda" judia sofreu depois as consequências. Mas, alguns importantes judeus continuaram a apoiar Hitler dentro das ...próprias Forças Armadas.

Mas as relações económicas entre a Alemanha de Hitler e os empresários norte-americanos não findaram em 1933.

O falecido filósofo de origem judia Roger Garaudy no seu livro "mitos fundacionais da política israelita", sustenta o seguinte:

"No preciso momento, quando Hitler obteve, com os seus aliados políticos, a maioria absoluta do Reichtag, recebeu uma grande ajuda financeira para o rearmamento da Alemanha, quer em dólares, libras e francos. A "Caixa Central de Propaganda" do partido de Hitler não foi apenas alimentada pelo banco alemão Schreider, mas também pelos grandes grupos norte-americanos, ingleses e franceses".

Tal foi o caso do consórcio químico americano Dupont de Nemours e do grupo inglês Imperial Chimicals Industry, que investiram na I.G. Fraveb, com a qual dividiram o mercado mundial de pólvora. E também o Banco Dillo de Nova Iorque, que subvencionou a Vereinigt Stahlwerke, o complexo alemão do aço.

Outros estão a ser subvencionados pelo Morgam ou Rockfeller, etc... Deste modo, foram cúmplices a Libra e o Dólar na conspiração que levou Hitler ao poder".
A História repete-se, agora, com a dupla figura de farsa e tragédia.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

WIKILEAKS: O PATARECO ACAMÉDICO


A fachada académica do ISCSP


JORNAL DE NOTÍCIAS


Académico diz que fuga de informação revela "o que já se sabia"

A divulgação de 250 mil documentos secretos da diplomacia norte-americana "vem revelar o que já se sabia", segundo o académico Vítor Marques dos Santos, que considera que as relações dos EUA com os países aliados não serão afectadas.

"Na minha opinião, poderão haver da parte dos Estados Unidos algumas rectificações ou correcções, mas nada mais do que isso", declarou o professor-associado de Relações Internacionais no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP).

Vitor Marques dos Santos reagiu assim à divulgação de cerca de 250 mil documentos do Departamento de Estado norte-americano revelados pelo site Wikileaks.

Entre as revelações estão considerações pouco abonatórias em relação a alguns dos principais líderes mundiais, além de informações sobre o facto dos principais financiadores da rede terrorista al-Qaeda serem sauditas, assim como a obtenção pelo Irão à Coreia do Norte de mísseis capazes de atingir a Europa Ocidental.

Outras revelações dizem respeito às conversações entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul sobre uma eventual unificação da Coreia ou o pedido formulado aos diplomatas norte-americanos para intensificarem a recolha de informações sobre dirigentes estrangeiros, nomeadamente o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.

"Penso que algumas destas afirmações só são novidade para a opinião pública", desvalorizou Vítor Marques dos Santos, sublinhando que todas as conversas informais que são tornadas públicas "geram polémica" e que a controvérsia em torno deste caso em concreto reside no facto de "não ser habitual as revelações envolverem diplomatas".

Além disso, "as áreas da política externa e da Defesa estão habitualmente muito afastadas da opinião pública, dado que são áreas que não dão votos. As pessoas associam estas áreas ao interesse nacional e preferem dedicar-se e debater as políticas sectoriais", explicou, justificando o impacto que esta fuga de informação está a gerar.

Determinante para o académico é o facto desta fuga de informação - já considerada a maior da História - revelar "uma imensa vulnerabilidade nos sistemas informáticos" da Defesa norte-americana, uma situação que "terá de ser resolvida" o quanto antes.

"Pela primeira vez foram revelados os meandros de algumas democracias e políticas externas, que são sempre complexos", concluiu o académico.

Depois de lerem esta magnífica interpretação, deste ilustre académico - professor-associado - do ISCSP ficam a saber que tudo isto já era conhecido...menos da opinião pública.


Pois, para tal personalidade, a opinião pública não tem interesse, pois os crimes são coisa de pouco monta, se ficar no "pequeno círculo" dos iluminados que apoiam a realização dos mesmos.


Académicos deste tornam-se cúmplices, perigosamente sinistros, pois são os mentores e gaudadores ferrenhos intelectuais daqueles que praticam os mesmos.


O perigoso da questão é que este "académico" está a leccionar num estabelecimento superior público.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

EANES: O 25 DE NOVEMBRO FOI FEITO PARA INSTITUCIONALIZAR A DEMOCRACIA







Eanes confessa que contribuiu para o 25 de Novembro por acreditar, "utopicamente", nas virtudes da democracia















O antigo Presidente da República Portuguesa Ramalho Eanes lamentou a falta de austeridade do Estado democrático e admitiu que, a 25 de Novembro de 1975, acreditou «utopicamente» que a democracia por si só tornaria o país mais moderno e solidário.

Esta frase do hoje general Ramalho Eanes, proferida há dois dias, é a confissão do acto que foi praticado, há 35 anos, pelos militares, de que ele foi um dos comandantes, que efectuaram um golpe de Estado castrense, para consolidar o poder político.

Na realidade, esse poder político já era exercido pelo VI governo provisório, mas sem capacidade de travar as movimentações e reivindicações operárias e populares que estavam a dar um novo conteúdo de cariz revolucionário à sociedade em convulsão, praticamente, desde o golpe de Estado de 25 de Abril de 1974, empreendido pela jovem oficialagem formada pelo Antigo Regime, mas farta de uma guerra prolongada de 13 anos nas antigas colónias da Guiné, Angola e Moçambique e em vias de provocar o próprio colapso castrense.


Em 25 de Novembro de 1975, sublinhou Eanes, então tenente-coronel e ligado à chamada corrente spinolista militar, «acreditava-se, talvez um pouco utopicamente, que a democracia (...) iria permitir que o país avançasse, evoluísse, se modernizasse, se tornasse mais justo e mais solidário. Pensava-se que tudo isso decorreria normalmente da democracia. Infelizmente não aconteceu».




Isto é, na interpretação de Eanes, o regime que a burguesia republicana e liberal, em maioria, no interior do VI governo provisório, liderado pelo almirante Pinheiro de Azevedo, queria implantar, a democracia”, para vingar teria de ser imposta pelo chapéu de chuva militar.




(Pinheiro de Azevedo, tido como liberal, que, na data de 25 de Abril, era capitão de mar-e-guerra e exercia o cargo de comandante da Base de Fuzileiros, e, foi, pour cause, aliciado pelo sector mais esquerda para a Junta de Salvação Nacional, provinha do “marcelismo militar” – fora antes adido de Defesa em Londres, um cargo de confiança política do Antigo Regime).




A história do actual regime, desde o golpe militar de 25 de Novembro, é a história, numa primeira fase, do domínio dessa burguesia republicana e liberal, (PS e PPD, hoje PSD), que vai até aos princípios dos anos 80 e, depois, nas fases seguintes, da transformação daqueles em representantes directos e servis da grande burguesia financeira.




A situação actual é, justamente, eloquente.




As palavras do general Eanes podem ser uma autocrítica, mas não passam do mais rigoroso cinismo.




Representam a farsa completa de quem foi o mentor que mais contribuiu, como Chefe de Estado, para a reconstituição dos capitalistas financeiros como entidades dominantes de toda a economia portuguesa.


domingo, 21 de novembro de 2010

EUA/UE: O BLUFF DE UMA FALSA UNIDADE

















A NATO está no estertor da derrota


















































































1- A NATO formulou, no passado dia 19, em Lisboa, um novo conceito estratégico, cujo objectivo central é a luta contra as ameaças insurgentes internas no interior dos seus países membros, e, no plano externo, organizar-se para tentar combater todos os actos considerados de sublevações e revoltas “emergentes” contra o sistema político capitalista dominante no ocidente.
As confissões estão nas declarações do Primeiro-Ministro de Portugal, citado no Portal do Governo, quando sustenta que, da cimeira, saiu “a afirmação da defesa colectiva dos 28 Aliados, face às novas ameaças que caracterizam os tempos presentes, e designadamente face ao terrorismo, aos ciberataques, ao recrudescimento da pirataria ou à grande criminalidade organizada em torno do narcotráfico ou do tráfico de pessoas».
Ou seja, esmiuçando a linguagem: “o terrorismo”, para aqueles senhores que o praticam todos os dias nos seus actos belicosos e criminosos em todas as partes do Mundo, é, justamente, a reacção local dos povos e das classes trabalhadoras contra a repressão e a ocupação.
Precisemos o citado, no documento, sobre o que são ameaças para a aliança imperial atlântica que continua sob a supervisão e controlo de Washington.
Entre as ameaças, algumas emergentes (sublinhando nosso) , estão a proliferação de mísseis balísticos, de armas, nucleares e outras, de destruição massiva e do terrorismo, perigo este que pode ser potenciado se os terroristas acederem a capacidades nuclear, química, biológica ou radiológica.
É também identificada, no documento, a instabilidade e o conflito fora das fronteiras da NATO, que podem alimentar manifestações extremistas e terroristas, e actividades transnacionais, como tráfico de pessoas, drogas e armas.
A NATO identifica ainda os ciberataques, «cada vez mais frequentes, mais organizados e que provocam prejuízos cada vez maiores», que podem ter por origem «serviços secretos ou militares, crime organizado, terroristas e/ou grupos extremistas».
Apontada igualmente é a necessidade de proteger infraestruturas de comunicações, transporte e de trânsito, pela dependência cada vez maior que delas têm «o comércio internacional, a segurança energética e a prosperidade».
O novo conceito estratégico aponta mais duas ameaças: as tendências tecnológicas, incluindo armas a laser, guerra electrónica e tecnologia que impede o acesso ao espaço; e os constrangimentos ambientais e no acesso a recursos, traduzida em riscos de saúde, mudanças climáticas, escassez de água e necessidades crescentes de energia.
Esmiuçando esta linguagem: significa que todos os países emergentes, que se queiram ver livres da tutela capitalista ocidental, serão considerados inimigos a abater.
Quem é o alvo em potência?
Precisamente, o Irão, não, apenas, porque pode ter acesso a armas nucleares, mas, essencialmente, porque se está a tornar uma potência regional, cuja capacidade militar – toda a sua fileira armamentista – se está a desenvolver, por meios próprios, independentes das potências ocidentais e agora da Rússia.
Desde a arma mais simples, como o revólver e a espingarda, mas os mísseis balísticos intercontinentais, sistema anti-mísseis, armas atómicas e evolução tecnológica espacial. Como potência “emergente”, com a sua própria personalidade, será, no futuro – 10/15 anos – a principal concorrente no imenso espaço geo-estratégico e rico em matérias-primas essenciais, como o petróleo gás, lítio, etc, falando árabe e com a arrogância de ter vencido um inimigo superior.
Mas, em futuro próximo, (20/30 anos), uma nova potência “emergente”, em aliança, pode afectar a supremacia norte-americana a sul: o MERCOSUL, na economia, e o UNASUL, no militar. (Certamente, a investigação e a indústria nuclear irão acelerar na Venezuela e no Brasil nos próximos anos).
Significa tudo isto que a NATO, embora, pareça estar ao ataque, na realidade, está a confrontar-se, com os sintomas evidentes de desagregação.
Os indícios de contestações ao seu papel, que nunca apareceram em profundidade, nos últimos 20 anos, estão agora em crescendo.
As movimentações e os actos de rebeldia e mesmo de subversão, que percorrem, não só toda a Europa “atlântica”, mas, de maneira evidente, na América Latina e na Ásia, cujo centro discreto, mas imparável, nos surge na China, na Coreia do Norte, na Índia, no próprio Paquistão, evoluem em crescendo.
2- O escudo anti-míssil juntou os EUA (por tabela a NATO) e a Rússia.
O sintoma evidente do que atrás se assinala: o receio da “emergência” leva os senhores do Capital a proteger-se cada vez mais.
Isso significa mais militarismo, mais despesas militares crescentes, que estão a sufocar e a afundar as economias, já debilitadas, desses países. Vão obrigar a mais concorrência, a gastos crescentes supérfluos de mais dinheiro nas Forças Armadas, contribuindo para a bancarrota financeira.
3 – Existe uma unidade EUA/EU face ao papel da NATO?

Eles, os líderes batem no peito e sustentam que sim. A realidade é outra. Está escrita e referenciada por aqueles que estão por dentro e sabem o que lá se passa.

Em 2007, um oficial superior do Exército, tenente-coronel Nuno Pereira da Silva, então destacado em reforço da MILREP PO em Bruxelas para a Presidência Portuguesa da EU, escrevia na “Revista Militar” um extenso artigo que intitulava: *A “Impossibilidade” das Relações EU/NATO*. O artigo em questão pode ser consultado na NET.

O coronel Pereira da Silva inicia, precisamente, o seu texto da seguinte maneira:

Este trabalho resultou dum grito de alma lançado pelo autor no final da última reunião do NATO/UE Capabilities Group realizado em Bruxelas, depois de verificar mais uma vez que as relações ao nível Político Militar entre as duas Organizações vão de mal a pior, estando a desenvolver Políticas de Segurança e Defesa de “costas completamente voltadas uma para a outra”, facto que à primeira vista parece um paradoxo, uma vez que os países que integram ambas as Organizações são na sua maioria os mesmos”.

E especifica:

*Sempre que nos Grupos de Trabalho da UE, encarregados de desenvolver a Política Europeia de segurança e Defesa (PESD) se pretende referir à NATO, esta é sempre designada pela “Outra Organização”, evitando sempre referir o acrónimo NATO, como se o pronunciar do mesmo fosse uma “heresia”*.

O coronel tem a noção do presságio que vai seguido na Europa, a continuar a sua evolução económica e a sua busca da unidade política.

*Esta “impossível” relação institucional actualmente existente entre as duas Organizações, constitui se como “o paradigma” das relações transatlânticas, recordando nos a parábola Bíblica do Antigo Testamento relativa aos dois irmãos desavindos “Caim e Abel”, que como sabemos no final não teve um final feliz, muito embora os dois intervenientes fossem descendentes dos mesmos progenitores e tivessem sido educados tendo por base os mesmos princípios*.

E o receio de quem pressente que o caminho não pode ser outro:

*devendo por isso evitar se a todo o custo a criação de dois blocos antagonistas entre os dois lados do Atlântico, facto que poderia levar a um conflito “fratricida”*.


O coronel, piedosamente, no seu texto, apela à unidade, mas, no sei íntimo sabe que isso são “palavras caridosas”, porque o que está em jogo, neste momento, já não é apenas a reconstrução da Europa, mas sim o facto da Europa se afirmar, internacionalmente, como unidade política independente, e entanto não tiver se facto consumado, estará sempre á mercê dos ataques “estratégicos” dos EUA na sua evolução económica e social, tentando minar o facto mais importante para os povos e assalariados europeus, que da sua unidade será capaz de haver possibilidade mais elevada de se construir um novo sistema político no território europeu.

Ele, de certa maneira, na sua linguagem tecnicista militar, tem essa percepção:

Ambas as organizações, NATO e UE, nos seus “conceitos estratégicos” se pretendem afirmar como actores globais no mesmo Contexto Internacional, facto que em nossa opinião poderá estar na génese da dificuldade do estabelecimento e da normalização das relações institucionais de Cooperação e de Complementaridade que são desejáveis que se estabeleçam e normalizem. Nalgumas partes do Globo, poderão existir “Interesses” divergentes, por parte de ambas as Organizações facto que, como sabemos, do estudo da Estratégia, poderá levar à geração de situações de conflito indesejáveis”.

4- A questão do Afeganistão.

Os líderes da Cimeira “ajustaram” uma unidade em torno de uma data de saída do país. Afirmam eles que a retirada começa em 2011 e acaba em 2014.

Claro fazem uma ressalva: mesmo depois desse prazo ainda haverá forças internacionais em território afegão, limitando-se a trabalhos de apoio e treinamento das tropas locais.

A questão é que as tropas estão a dar o berro. É a realidade. Estão mortinhos por fazer um compromisso com os talibãs para dar de frosques.

Vocês já repararam que os valentes políticos da NATO, desde Obama até Zapatero, passando por Sócrates, nunca andaram com uma “canhota” na mão, nem chafurdaram na poeira do deserto, nem na lama dos rios dos territórios para onde mandam os soldados?

A) ao elaborarem um calendário de retirada estão a confessar uma derrota, pois, os chefe da NATO sabem, têem plena consciência disso, que o Exército e as polícias afegãs são “bluffs” e quem manda no território fora dos quarteis da tropas atlânticas são os talibãs.

Que, curiosamente, passaram para os cínicos políticos e militares da Aliança, que ali se chama ISAF, de inimigos com quem nunca se falaria e agora são interlocutores.

B) Os ratos estão a abandonar o barco. Os ingleses, tão peito feito em 2003, apoiando, de cócoras, Bush, estão, agora de calças, na mão a sublinhar que a sua presença não ultrapassará o ano 2015, seja qual for a situação. A Austrália coloca idêntica condição. O Japão já de saiu saiu. Os valentes soldados do “duce” Berlusconi estão em vias de chegar a correr a Roma dentro de meses.

c) Os Exércitos aliados estão exaustos; cada vez é mais difícil repôr, em tempo útil os novos contigentes para substituir os antigos; os soldados praticamente não saem dos quartéis e, quando o fazem é a custa de tropas de elite, e com maciços meios militares, que voam a maior parte das vezes a grandes altitudes, por causa dos misséis terra-ar.
Além do mais, quer o Exército dos EUA, propriamente dito, quer as empresas de segurança são formados por forças mercenárias, (os militares norte-americanos estão a recorrer a jovens da América Latina e Ásia para fazer parte das suas fileiras a troco da possibilidade de lhe ser concedida a cidadania norte-americana) que, somente, lutam enquanto o salário lhe chegar a tempo e horas e dentro de valores mais elevados do que se fossem trabalhadores braçais no país.

Em 2011, iremos ouvir que Obama vai aceitar de novo o regresso de Mullá Omar?

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A EUROPA ESTÀ À MERCÊ DOS BANQUEIROS











A Europa estás nas mãos dos banqueiros internacionais...












A sofreguidão com a União Europeia pretende “ajudar” a Irlanda tem uma marca horripilante dos canibais representantes do capital financeiro.


Os abutres Ângela Merkel, Durão Barroso, Trichet, entre outros, estão a grasnar em nome dos banqueiros: É preciso “emprestar” – os seja impôr – aos irlandeses para que os banqueiros consigam sacar o mais rapidamente possível o dinheiro que fizeram circular e que se esboroou com a especulação financeira.


Há três anos, a Irlanda era considerada o modelo de economia em desenvolvimento. O actual Presidente da República, Cavaco Silva, a então líder do PSD Manuela Ferreira Leite e o pavão Sócrates, que se guindou a Primeiro-Ministro de Portugal, com o apoio de toda a cáfila da banca portuguesa, idolatravam esse modelo.


Até 2008, o mercado imobiliário na Irlanda subiu espectacularmente, o capital de risco era injectado um a seguir ao outro, em negócios de duvidosa utilidade e até legalidade. Os bancos utilizaram o país para as mais monstruosas trasacções financeiras especulativas. De repente, o caos: o trigre irlandês era de papel.


Os responsáveis refugiaram-se no silêncio, entraram as medidas de “salvação nacional” que atingiram as classes assalariadas para salvar …o sistema bancário. Foi pouco.

Querem mais as hienas de Bruxelas, do Luxemburgo, de Washington, de Berlim, de Londres; os respeitáveis banqueiros forçam que os seus representantes comissários e Banco Central Europeu imponha um “empréstimo” à Irlanda da ordem dos 100 mil milhões de euros para arrecadar …o dinheiro que roubaram aos irlandeses.


Sem qualquer pudismo. Quem o diz, as agências do capital especulativo norte-americano, como a Dow Jones e a respeitável BBC.

A Irlanda é um “grande parceiro comercial do Reino Unido” , sobre a qual “os bancos britânicos têm elevada exposição”. E serão – no caso dos governantes aceitarem - os maiores beneficiados pelo empréstimo.


A rapina em torno da economia irlandesa é o exemplo flagrante, que demonstra que, desde o final da II Grande Guerra, o chamado mundo ocidental está à mercê da ganância do capital financeiro.


Já não se movimentam na sua habitual discrição de bastidores, agora afirmam-no para conseguirem tudo o que pretendem: “Nós dominamos o Mundo”.


A burocracia de Bruxelas, actualmente, não passa de um joguete que legisla e governa em nome dos banqueiros.


Essa questão do equílibrio orçamental repetido até à exaustão com os casos irlandês, português, espanhol e, até, italiano, na gestão dos actuais governantes europeus nada mais interessa que o "compromisso" de satisfazer esses tiranetes das finanças internacionais. Não é a defesa do posto de trabalho, nem o incremento da produção. (Já repararam que o país com o maior défie do Mundo é o governado actualmente pela Administrção Obama?)


O fantasma da bancarrota de Estado, para buscar mais dinheiro aos que trabalham, não passa de mais um expediente para se se ponham em prática novas políticas especulativas, visando mais enrequecimento.


Veja-se o caso português: os bancos privados estão, aparentemente, de pantanas, mas foram buscar o dinheiro ao Estado e aos BCE a 1%, e agora, emprestam a 5 e 6 %, e ao fim de três meses, não têem pejo de afirmar, publicamente, que ganham 4 milhões de euros por dia.


Os assalariados tem de saber o caminho a escolher para derrubar este estado de coisas. Basta nacionalizar o sistema bancário, sem indemnização, e a especulação acaba em três tempos.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

"NÃO SE PODE DERROTAR UMA IDEIA"











Os negócios não produtivos estão a minar os regimes ocidentais
















"Não acredito que alguém possa derrotar uma ideia, é algo que precisamos combater, quando for necessário, mas, na sua forma mais branda: qual a razão porque eles (os talibãs- nota minha) não podem adoptar essa filosofia de vida?".

Esta frase é do general inglês David Richard, que comandou as tropas da NATO no Afeganistão, no decorrer de uma entrevista, datada de 14 deste mês, à emissora britânica BBC.

A frase refere-se aos talibãs, e, em certa medida, uma confissão de derrota militar, e, uma busca do seu sucedâneo, a negociação com o inimigo, que ele pretende trazer, na sua ideologia, para a “forma mais branda”.

Esta realidade, nas suas contradições, percorre a política dos aliados dos Estados Unidos na actualidade, mas, principalmente, a classe dirigente norte-americana em Washington.

O retrato está espelhado em várias personalidades, que, embora pertencendo à mesma classe, apresentam versões diferenciadas, não divergentes do assunto.

O representante da Administração de Barack Obama para o Afeganistão e Paquistão, Richard Holbrooke, antigo secretário de Estado-Adjunto de Bill Clinton, anunciou, segunda-feira, - logo muito antes de qualquer decisão da Cimeira da NATO em Lisboa, a 19 e 20 deste mês – que, nesta reunião, será discutido “o processo de transferência” da segurança afegã para o governo de Cabul até 2014.

(Esta tirada de Holbrooke merecia uma gargalhada, pois o governo de Hamid Karzai não representa nada, nem ninguém no interior do país, a não ser os interesses norte-americanos. Se houver retirada, pura e simplesmente, Karzai desaparece do mapa).
Então, Holbrooke explicou: “Temos uma estratégia de transferência de responsabilidade, não uma estratégia de retirada”.

Ou seja, queremos fugir, mas não o iremos fazer, mas vamos nesse caminho.

Holbrooke, que é membro influente do “lobby judaico” no interior do complexo financeiro e industrial-militar dos EUA, admite, para sustentar essa estratégia, que terá de aliciar um sector importante dos talibãs, ou seja, tentar uma repartição de poder em Cabul.

Karzai percebeu de imediato esta visão e exigiu que as tropas norte-americanas no terreno “abrandem” a actuação musculada. Ele quer negociar com os inimigos armados.
Ele sabe que os EUA o estão a deixar sozinho e procura, imediatamente, outras alternativas para se manter, negociando até com o Irão.

Resposta rápida de um outro sector da Administração Obama. A voz de uma “guerreira experimentada nos tiros”, a senhora Clinton, secretária de Estado: é preciso intensificar as operações militares.

"A utilização de operações dirigidas, baseadas em informações, e precisas, contra alvos importantes entre os insurgentes e os seus aliados, é um elemento-chave" do esforço dos aliados no Afeganistão, declarou a chefe da diplomacia dos Estados Unidos.


Então porquê esta hesitação, este jogo de palavras, esta pequena clivagem, na “nomenklatura” de Washington?

Porque, em causa está justamente, por um lado, a despesa da guerra, por outro, as receitas e interesses geo-estratégicos dos EUA com a ocupação do Afeganistão. Daí a necessidade de uma escolha.

As provas de força, de violência militar prolongada, de operações constantes, não são artifícios de vontade, mas sim questões de economia, logo de dinheiro.


As guerras do Iraque e do Afeganistão custaram aos EUA mais de 1,1 biliões de dólares, valor este só superado pelas despesas efectuadas por aquele país na II Grande Guerra, mas aqui envolveram mais de 30 milhões de homens, o que não acontece presentemente. Estes números foram referidos pelo jornal New York Times.
Em termos de custos por soldado, aquelas guerras estão a ser as mais caras de sempre, segundo economistas que estudaram, comparativamente, os Orçamentos de Defesa. Estima-se o custo anual actual atinge os 1,1 milhões de dólares por cada soldado no Afeganistão, quando atingia os 67 mil/ano na II Guerra e os 132 mil no Vietname.

A guerra para os EUA – não só do Afeganistão e Iraque, mas toda a panóplia de conflitos, onde se envolveram, desde o Iémen à Somália, passando pelo Médio-Oriente (são eles que pagam generosamente a Israel) e por África - movimenta uma teia burocrática, de serviços e consultadorias, que envolve uma população de cerca 900 mil pessoas no país, incluindo 1271 departamento públicos “ligados à luta anti-terrorismo” e 1971 empresas privadas de segurança. “Um dos sectores mais activos da economia neste momento”, nas palavras de um responsável.

Ora, tudo isto representa dinheiro, que sai do bolso do contribuinte.

Não seria uma situação grave, se este dinheiro fosse obtido, provindo da produção económica. Ou seja, se o sector produtivo interno estivesse a ser dinamizado, mas não, os despedimentos industriais aumentam.

O dinheiro, em circulação no sistema financeiro internacional, nomeadamente, dos EUA, vem da especulação financeira, dos negócios da droga e branqueamento de capitais.

Ora, aqui está um busílis da questão: na recente crise financeira mundial, que começou, precisamente, nos EUA, cerca de 240 mil milhões de euros, provenientes de actividades ilícitas (droga e outras) foram incorporados, legamente, no sistema financeiro. Os dados são da ONU, que registou: “O dinheiro, agora, faz parte do sistema oficial e foi efectivamente limpo”.

Ora, nesta fatia, está a produção, distribuição e venda de ópio, cuja produção provêm, em mais de 90 por cento, do Afeganistão.

É a ONU que reconhece: o cultivo da papoila do ópio no Afeganistão “cresceu brutalemente” desde que o país foi ocupado pelos EUA. Desde 2006, o crescimento é enorme: mais de 60 por cento.

A propaganda ocidental culpa os talibãs deste facto, mas, não são os guerrilheiros islâmicos que controlam o terreno e as rotas, são as tropas da NATO, em especial as norte-americanas, mais de 100 mil homens e outras são mil em “paramilitares” de empresas privadas. Tudo rigorosamente, controlado.

Entre 2001 e 2006, o gabinete de Drogas e Crime das Nações Unidas (UNODC), com sede em Viena, calculou que a colheita, neste período (convém localizar que a primeira data é da ocupação norte-americana, e os cinco anos seguintes são da responsabilidade dos EUA, através do seu agente escolhido Hamid Karzai, o crescimento foi de 33 vezes superior.

O UNDOC calcula que, em 2006, só para a economia afegã – precise-se senhores da guerra ao serviço da NATO – o tráfico de ópio rendeu 2,7 mil milhões de dólares. Este dinheiro entra na circulação bancária, através da autorização que é dada pela potência ocupante.

"A heroína afegã vende-se no mercado internacional de narcóticos a um preço 100 vezes superior do que o que os agricultores obtêm pelo ópio vendido no terreno". (Departamento de Estado dos EUA citado pela Voice of America (VOA), 27 de Fevereiro de 2004).

Façam-se as contas e atingem-se valores astronómicos: a heroína afegã renderá, anualmente, valores que podem ultrapassar os 200 mil milhões de dólares.


Segundo a ONU, o movimento comercial dos opiácios renderá aos seus controladores entre 400 a 500 mil milhões de dólares.

Ora, o tráfico de droga, ainda segundo a ONU, é o terceiro produto comercial de maior valor, a seguir ao petróleo e à venda de armas.

Estes dois sectores estão ligados ao domínio económico, mas, essencialmente, às relações geo-estratégicas para permitir que os produtos sejam vendidos sob o controlo norte-americano em concorrência com outras potências que disputam os mesmos espaços.

Ora, o sistema financeiro mundial, onde pontifica os magnates norte-americanos, em especial o “lobby” judeu e o Vaticano, é o principal beneficiário deste comércio. E, por tabela, o controlo territorial onde se produzem e vendem essas mercadorias.

Para manter este estado de coisas, é necessário a força e a violência, mas estas são, elas próprias realidades, económicas.

Não estão a dar produção económica no interior dos Estados Unidos, mas essencialmente, sectores não produtivos. Mais Forças Armadas, mais sistema militar, sem contra-partidas internas, minam os próprios regimes.

Obrigam, pelo incremento do aparato castrense a mais concorrência, ou seja mais despesas improdutivas, fazendo crescer os sintomas de crise financeira.

Esta evolução está a fazer decair o desenvolvimento económico das principais potências ocidentais. Se aumentarem as contradições, o poder político entrará, necessariamente, em rota de colisão com o incremento que as forças produtivas impõem, e, a acontecer, esse poder terá os dias contados.










domingo, 14 de novembro de 2010

EUA E A TORTURA: A BARBÁRIE NO SÉCULO XXI
















Toda a cadeia de comando dos EUA participou nas torturas no Médio-Oriente


















Há dias, um site de nome "WikiLeads" divulgou um conjunto de documentos internos do Pentágono, a sede do Ministério da Defesa dos Estados Unidos, que revelam que as Forças Armadas do Iraque, ocupantes do Iraque, realiza, sistemática e com autorização superiores, actos indiscriminados de tortura, assassinatos em massa.

Digo autorização superior, porque como fui combatente, sei por experiência própria, que nenhum soldado se atreve a torturar qualquer prisioneiro, se não tiver um assentimento formal, ou tácito, para o fazer. E, essas ordens, na maior parte dos casos, nunca é escrita, ou sequer gravada.

(Eu tenho na minha posse um documento da PIDE/DGS, com o rótulo de secreto, a sancionar um plano de assassinato do antigo líder do PAIGC Amilcar Cabral, preparado por uma delegação de uma das ex-colónias portuguesas, e enviado para o director-geral da antiga polícia política do regime de Oliveira Salazar, em que Silva Pais recomenda, pelo seu próprio punho: comuniquei, particularmente, ao chefe de da subdelegação que estes assuntos não podem ser objecto de correspondência oficial. Ou não se dizem ou não se fazem).
Até hoje, também, ninguém da Administração norte-americana desmentiu ou negou o que foi divulgado pelo site Wikileads. Apenas tentaram denegrir ou perseguir os seus promotores.

Mas, no caso das torturas e massacres no Médio-Oriente, elas não podem ser desmentidas, porque agora sabemos, pelas declarações do próprio Presidente dos Estados Unidos na altura da invasão, que elas foram autorizadas por ele próprio, o sinistro George W. Bush, que confessa o seu crime, em memórias badaladas, como se de um acção de coragem se tratasse.

"O método de interrogatório conhecido por waterboarding (sinulação de afogamento) salvou muitas vidas britânicas", justificou a vileza o principal chefe político do Estado que se considera campeão da democracia e dos direitos humanos.

E numa confissão ainda mais sinistra e criminosa, porque encerra toda a malvadeza da equipa dirigente de Washington - fazer tortura, mas encobri-la, e logicamente desmenti-la se fosse denunciada - não tem pejo em escrever: "o procedimento foi duro, mas os especialistas-médicos - vejam a que grau atinge a crueza de um regime, até os clínicos participaram - asseguraram à CIA que não deixariam danos permanentes".

Pois claro, se os golpes de tortura fossem evidentes, desfaziam-se do cadáver!!!...

O que os documentos vieram, portanto, a revelar é que a ordem de Washington foi, rigorosamente, cumprida no Iraque, depois no Afeganistão, e naturalmente, pelas numerosas "prisões-secretas" que os "países amigos" deixaram instalar um pouco por todo o Mundo, incluindo os do eixo do Maio, como ...a Síria.

Apesar desta confissão, as boas consciências ocidentais fizeram "vários lamentos" de circunstância e permitem que este criminoso civil e de guerra continue a viver tranquilamente e seja tratado como um herói. E acrescento: não é só a "cereja no topo", e toda a vilanagem que enxameia o poder político e militar nos Estados Unidos.

Perante a enormidade deste crime, não se vêem os Garzons do Ocidente a emitirem, de imediato, mandatos de captura internacional contra estes Hitlers do século XXI!
Só hipocrisia dos direitos humanos, quando em causa estão "não ocidentais". A democracia ocidental pode efectuar as maiores barbaridades que fica impune.

Naturalmente, os povos não esquecem. Presentemente, são os povos do Médio-Oriente, mas a memória regista o que se passou ao longo de décadas na América Latina, em África e na Ásia. E, aqui, a História não deixará de fazer avivar tais factos.


sábado, 13 de novembro de 2010

CIMEIRA DA NATO: "MAIOR CAPACIDADE EXPEDICIONÁRIA"





Lisboa vai ser palco, a 19 e 20 deste mês, de uma Cimeira da NATO, que os seus promotores sustentam vir a ser “histórica”, pois, através do que se apelida poder vir a ser uma parceria, nela vai estar presente o Chefe de Estado da Grande Rússia, Dmitri Medvedev.

Para ser discutido, além dos negócios que estão na ordem do dia na política internacional – não é por acaso que nesta reunião vai estar presente o director-geral do FMI -, o “primordial”, nas palavras do secretário-geral da instituição, um antigo primeiro-ministro dinamarquês, de nome Andres Gogh Rasmussen, será a definição teórica – e essencialmente prática – de “um novo conceito estratégico” para a NATO.

Este “conceito” está contido, para apreciação, e a notícia proveio da Agência France Presse, naquilo já foi distribuído como “um primeira versão, com uma dezena de páginas” aos embaixadores dos países membros em Bruxelas (sede da instituição). E depois, analisadas pelos ministros encarregues das pastas militares.

Uma versão mais completa e que tenha já em conta as observações dos aliados será depois submetida aos chefes de Estado e de Governo na cimeira de Lisboa.

Em Abril de 2009, - continuamos a seguir a AFP -, os dirigentes da NATO, reunidos em Estrasburgo (França) e Kehl (Alemanha), decidiram promover uma revisão do «conceito estratégico» tendo em vista as «ameaças actuais» e «os riscos do futuro».

Entre as ameaças a considerar, Rasmussen apontou os mísseis balísticos, a proliferação de armas de destruição maciça e os ataques contra redes informáticas.
Num relatório de 46 páginas intitulado NATO 2020: uma segurança firme, um compromisso dinâmico, entregue a 17 de Maio, um grupo de 12 peritos, presidido pela antiga secretária de Estado norte-americana Madeleine Albright, (reparem na personalidade), formulou várias sugestões para o novo conceito estratégico.

Um dos pontos principais do relatório, que inspirou Rasmussen, foi a transformação da NATO, a partir das lições a tirar do Afeganistão, numa organização “com maior capacidade expedicionária”. (sublinhado meu).

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN – sigla francesa – NATO – sigla inglesa) nasceu como uma organização militar de intervenção, fomentada, em 1949, pelos Estados Unidos da América, para garantir o que Washington chamava “a defesa do eixo Atlântico Norte”, enquadrando o Canadá, seu vizinho, e subordinando os países da Europa Ocidental à política norte-americana de “conter o avanço do comunismo”, que, objectivamente, situava numa zona fora desse território: A URSS e os países do Leste europeu, que ficaram sob a tutela daquela.

(De registar que o Pacto de Varsóvia, somente foi criado em 1955, quando a NATO tentava imiscuir-se nessa região).

Mas, relevemos, a NATO formou-se, primeiramente, para suster, com urgência, a possibilidade de levantamentos revolucionários de cariz socialista em toda a zona de maior desenvolvimento económico e político no mundo que era, justamente, a Europa.

Com o final da guerra, e após a imposição de “blocos”, realizados em Teerão, Ialta e Potsdam, que as potências ganhadoras da II Grande Guerra – Os EUA e a antiga URSS/ a Inglaterra e a França não contavam para o efeito – desenharam, o que estava em “jogo”, para o capitalismo ocidental, monopolizado, na altura, por Washington, eram as eventuais mudanças de regimes na Europa Ocidental, em particular, Grécia, França, Itália e Alemanha.

Ora, a preocupação principal da NATO, nessa fase inicial - 1949-1955 – foi, pois, a de evitar que os Partidos Comunistas da Grécia, França, Itália e Alemanha tomassem o poder.

O germe embrionário dessa “preocupação”, que começou ainda na fase decadente da II Guerra, e que ditou a formação posterior da aliança militar, teve como primeiro objectivo a Grécia, quando já se estabelecera um “pacto de não agressão” com a URSS stalinista.

Entre 1944 e 1946, os guerrilheiros da resistência grega tiveram na mão, praticamente, o poder no país, mas a Inglaterra, com o apoio dos EUA, procurou impor o governo no exílio pró-monárquico, como legítimo. Os britânicos controlavam apenas, militarmente, as cidades de Atenas e Salónica, o resto estava nas mãos dos “partizans”, liderados pelo PCG. Em Fevereiro de 1945, por intervenção de Stáline, que pressionou os comunistas a assinarem um tratado (Pacto de Varkiza), os monárquicos comprometeram-se a efectuar eleições, sob a supervisão dos…aliados ocidentais. O referendo foi ganho, claro, pelos monárquicos em 1946.

Os guerrilheiros, defraudados, reiniciaram o conflito, a partir da Macedónia e do Épiro, e começavam a reocupar o terreno. O governo monárquico, sem base social de apoio, permitiu a intervenção militar dos britânicos, que não conseguiu controlar a situação, tendo recorrido ao apoio castrense dos EUA. Foi um apoio maciço, não só em armas, mas igualmente em dinheiro. A URSS optou pela “neutralidade”, deixando, deste modo, cair os “partizans”.
(Esta neutralidade não era inocente: além dos pactos assumidos com Churcill e Roosevelt, Stáline não se queria confrontar com Partidos Comunistas instalados no poder em Estados de capitalismo desenvolvido. Mas isso é outra questão).

A segunda intervenção deu-se em Itália. Também aqui, com a cumplicidade da URSS. O PCI, que foi o motor da resistência interna ao fascismo de Mussolini e à ocupação nazi de Hitler, era, em 1944, a principal força armada oposicionista.

Por pressão da União Soviética, Palmiro Togliatti, secretário-geral do PCI, forçou o desarmamento dos “partizanos”, que não o queriam, em troca de ser aceite pelos aliados ocidentais num governo de “ampla unidade nacional”.
Deram-lhe o cargo de Ministro da Justiça num governo provisório. Caminhava-se para o final da II Grande Guerra. Depois no governo do general Pietro Badoglio, foi Ministro sem Pasta, em 1945, num executivo do recém-formado.

O Partido Democrata-Cristã, fomentado pela Igreja Católica e pelos EUA, liderado pelo católico Alcide De Gaspari ocupou, seguidamente, o poder, em aliança com os comunistas. Togliatti ascendeu a vice-primeiro-ministro.

Contra a opinião do seu partido, Togliatti, com o assentimento da liderança do Kremlin, decidiu incluir o Tratado Latrão na Constituição da nova República italiana. Nas eleições gerais de 1946, o PCI obteve perto de 28 por cento votos. Era a segunda força do país. Em 1947, foi aberta uma crise política para afastar os ministros indicados pelo PCI, mas em 1948, já com a República instaurada, aquele partido sobe para 31 %.

As forças internas e externas organizam um atentado contra Togliatt, que ficou gravemente ferido. De imediato, a principal central sindical, a Confederação Geral do Trabalho convocou uma greve geral. O PCI estava em ascensão e admitia-se a tomada do poder. Foi, novamente, Togliatti que pediu aos seus apoiantes para baixarem os braços.

Na França, igualmente as forças guerrilheiras da Resistência, lideradas pelo PCF, tornaram-se a principal base armada da oposição (teriam perto de 170 mil homens armados- Charles Tillon).
Maurice Thorez, com a conivência da URSS, mandou desarmar os “partizans”, que lhe eram afectos para participar num governo de aliança. É Ministro da Administração Pública. Chegará a ser vice-primeiro-ministro e o PCF o primeiro partido eleitoral de França, com quase 30 por cento dos votos. Mas, em 1947, uma crise forjada afasta-o do governo, bem como aos restantes ministros indicados por aquele partido.

A chamada Guerra Fria inicia-se, justamente, nesta data, e apoia-se na *doutrina Truman*, que preconizou a luta contra” a expansão soviética”.

Embora não existisse, nesta altura, formalmente, uma estrutura militar que fizesse frente “ao avanço da URSS”, tanto os EUA, como a Grã-Bretanha, através dos seus serviços secretos, CIA e MI6, respectivamente, organizaram “forças para-militares” para impedirem os PC`s ocidentais de chegarem ao poder.

A mais conhecida foi a chamada Operação Gládio, uma acção que percorreu, praticamente, todos os Estados europeus, desde Portugal até Grécia, que estabelecia a organização de “combatentes secretos”, com armamento e dinheiro, capazes de suportar uma eventual invasão do Pacto de Varsóvia, bem como a “subversão interna”.

Na sua origem, estaria Allen Dulles, um dos fundadores dos serviços secretos norte-americanos, que viveu muitos anos na Europa, com estada prolongada na Suíça, ainda no tempo do nazismo alemão.

Gladio foi, inicialmente, dirigida pelo Comité Clandestino para a Europa Ocidental (Clandestine Comitee for Western Europe - CCWC), fundado em 1948. Após a criação da NATO em 1949, aquele foi integrado no Comité de Planeamento Clandestino (Clandestine Planning Comitee - CPC), fundado em 1951 e dirigido pelo SHAPE - (Supreme Headquarters Allied Powers Europe), transferido para a Bélgica, após a saída da França do Comité Militar da instituição. (A operação Gladio francesa permaneceu).

Entre 1949 e 1991, a NATO e o Pacto de Varsóvia co-existirem numa “entente” armada, que se multiplicou em actos, mais ou menos sórdidos, mais ou menos clandestinos, mais ou menos violentos, nos dois lados da Europa, mas, essencialmente, na intromissão nos assuntos internos de todos continentes, desde a América do Sul à Ásia, passando pela Oceania.

Foi um jogo de concorrência, entre blocos militares e económicos, que engrenavam na força. E essa força estava centrada no desenvolvimento, cada vez mais sofisticado, das Forças Armadas, ou seja, na evolução de todos as formas de dissuasão, que convencionais, quer ultra-sofisticadas, e neste campo, principalmente em torno do armamento nuclear e espacial. Ora, para implantar essa força é necessária riqueza, e em primeiro, lugar dinheiro.

Para conseguir essa acumulação de riqueza é preciso, além do mais, uma grande produção económica, que consiga satisfazer os apetites militares, por um lado, mas também, e por outro, uma competição mercantil capaz de ultrapassar o concorrente.
E neste campo, os EUA e os seus aliados, em especial a Europa, suplantaram, o outro lado, a URSS (e o seu campo económico privilegiado, o COMECON).

Deste ponto de vista, na nossa opinião, pode ser analisado uma das principais razões da desintegração da antiga União Soviética.

Mas, não só: o militarismo, que dominou as duas principais potências, e, em menor grau, os seus espaços territoriais geo-estratégicos, trouxe para os dois principais Estados em concorrência o “vírus” da sua decadência. Quer de um lado, quer de outro, a organização militar adquiriu, de maneira evidente, quase a finalidade da existência daqueles Estados (os complexos industriais-militares e os seus representantes castrenses, financeiros, empresariais, forjaram um poder de decisão sem qualquer contestação).
Tal facto, produziu despesa crescente, trouxe descalabros financeiros. Claro que a primeira “vítima” foi o Pacto de Varsóvia.

A desintegração deste trouxe, momentaneamente, a vitória para o bloco NATO, e de maneira evidente para os EUA, que se intitularam a única superpotência e “senhores do Mundo”.
Tornaram a instituição em arma de força crescente. Forçaram, e actuaram unilateralmente, mesmo juntos dos seus aliados, para um avanço crescente para Leste (anos 90) e conseguiram-no.
Hoje a NATO comporta a Albânia, Alemanha (apenas República Federal da Alemanha, antes da reunificação alemã), Bélgica, Canadá, Croácia, Dinamarca, Espanha, os Estados Unidos da América, a França, a Grécia, os Países Baixos, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Portugal, Reino Unido, Turquia, Hungria, Polónia, República Checa, Bulgária, Estónia, Letónia, Lituânia, Roménia, Eslováquia e a Eslovénia.

Todavia, o desenvolvimento capitalista que os EUA impuseram à Europa ocidental produziu nos diferentes países que a compõem uma alerta de submissão.
Para obstar, à supremacia económica norte-americana, que determinava a esses Estados, não só a sua orientação económica, mas também política, um grupo pequeno, desde os anos 50, impulsionou a unidade económica dessa mesma Europa, que chegando aos anos 90 do século passado, se transformou, na realidade, na primeira potência económica do Mundo, conquistando, para o seu lado, os outros países de Leste, e evoluindo depois para a unidade política.

É essa Europa (a União Europeia), que está, hoje, no centro do furação, recebendo ataques de todos os lados para a fragmentar, contando com os agentes internos. E que procura uma unidade militar para se emancipar da tutela norte-americana. A luta surda, mas fratricida, percorre o interior da NATO entre europeus e norte-americanos.

É também, nesta altura, e por causa disso tudo, que a NATO se encontra numa encruzilhada, que se reflecte na busca de “uma estratégia” que não a destrua de imediato: como arma capitalista, todos esses Estados sentem que estão ameaçados, pois sentem a ameaça crescente da subversão dos povos, que pretendem constituir a sua própria soberania.

Daí, a invenção de uma “luta contra o terrorismo”, uma luta, aparentemente, abstracta, que não assenta num objectivo fixo territorial, mas que, na realidade, é a manutenção do militarismo para destroçar as lutas e reivindicações das classes assalariadas e dos povos que não se querem deixar dominar.

Por outro, é a necessidade do capitalismo ocidental em crise, em particular dos EUA, de avançarem para acções e, até guerras, locais, regionais de invasão e conquista.

A tal política “expedicionária” que o documento reflecte, mas que as experiências no terreno – Iraque, Afeganistão, Paquistão, Somália, etc -têm demonstrado ser um fracasso total.

Em grande parte, o descalabro financeiro de 2008 esteve ligado aos gastos monstruosos dos últimos 10 anos “nas expedições militares”. E mais grave para promotores capitalistas desta investida: as massas populares adquiriram uma certa consciência de que esse dispêndio não pode continuar e não se mostram dispostas a suportar com os encargos.

Por detrás, desta crise – financeira, económica, militar – está um espectro, que percorre esta Cimeira da NATO: podem chegar épocas de Revoluções.


segunda-feira, 8 de novembro de 2010

ACABARAM AS REVOLUÇÕES (1)







A revolução é, hoje, um direito universal



















Em 25 de Outubro de 1917, deu-se, na Grande Rússia, uma tomada de poder por um Partido que se reclamava do Socialismo, no meio de uma sociedade em efervescência revolucionária, que se agudizou em Fevereiro desse mesmo ano, com o derrube do sistema imperial absolutista, personificado no czarismo.

A Rússia czarista tinha-se ingerido nos negócios políticos da Europa, com toda a arrogância imperial, entrando na I Grande Guerra, mas com a fraqueza de uma incipiente evolução económica e política, que se manifestou, de maneira eloquente, no planeamento e apoio logístico dos Exércitos e na avidez com que destroçou a vida de milhões de seres humanos.

Este facto trouxe uma crise de tal envergadura, que patrocinou uma revolta imensa de milhões de camponeses e operários, mas principalmente aqueles, que armados, aderiram, com entusiasmo, aos programas de ruptura revolucionária da ordem estabelecida.

Assim caiu o suporte político de um regime, que era a monarquia absolutista, em Fevereiro de 1917, (mas que estava já impulsionado, economicamente, pelas mãos da burguesia capitalista), no meio de uma Revolução, que naquela altura, não apresentava um programa claro de novo poder, nem se desenhava ainda, na maioria dos operários e camponeses armados, uma maturidade que se inclinasse para uma Revolução Socialista, cujas ideias germinavam, no entanto, já com intensidade, no seio do operariado das grandes cidades e estava a penetrar nas massas camponeses, que constituíam o grosso dos soldados armados na frente de combate.

Os monárquicos liberais e a nova burguesia capitalista pró-republicana em ascensão conseguiram instituir um Parlamento multipartidário e formar um governo provisório, sediado em Petrogrado, mas o poder real tornou-se bicéfalo, pois ao lado dessas instituições, surgiu uma nova forma de poder urbano sustentado em comités populares armados, que se intitularam sovietes com destaque para o de Petrogado, enquadrado por forças sociais e políticas, que se reclamavam do poder socialista.

Havia, na realidade, ainda um remanescente político memorial, entre os intelectuais e operários mais esclarecidos, do poder dos sovietes, criados em 1905, por ocasião de uma tentativa falhada de Revolução.

O incremento económico e social russo não apresentava, nesta altura, - Fevereiro/Março de 1917 -, uma perspectiva de uma Revolução Socialista, porque os operários, ainda que atingissem o número de alguns milhões, não tinham aderido, massivamente, a esse ideal.

Todavia, o governo provisório, que procurava estabelecer-se como poder, através de um acto eleitoral, pondo em marcha um processo e proposta da realização de eleições constituintes da um Parlamento – a Duma, continuou a política czarista de prosseguimento da guerra, razão primeira que motivou a queda de Nicolau II, com o completo desastre económico que mergulhara o país, desde 1914.

Pretendiam, mesmo, desarmar os soldados, operários e na sua maioria camponeses, que agora se organizavam, em torno dos Sovietes, nas principais cidades – Moscovo, Petrogrado, Odessa, entre outras, enviando-os para as frentes.

A propaganda e a organização dos partidos revolucionários, em especial os bolcheviques, com algumas reivindicações que foram bandeiras já na Revolução de Fevereiro, como o fim da guerra, um novo Exército com os oficiais eleitos democraticamente, jornada de 8 horas e a distribuição da terra na posse dos latifundiários monárquicos, fizeram com que uma massa substancial desses soldados aderisse ao poder do principal Soviete, o de Petrogrado.

De Fevereiro a Novembro, o movimento revolucionário liderado pelos sovietes, onde predominavam os socialistas revolucionários e figuras proeminentes da anterior Revolução de 1905, começou a pender para o lado dos bolcheviques.

O impasse na guerra continuava e a degradação da vida do operariado e do campesinato acelerava-se. Os donos das fábricas abandonavam as empresas, os despedimentos ultrapassavam as centenas de milhares. A fome era uma realidade.

Na madrugada de 25 de Outubro, massas populares armadas, lideradas por bolcheviques e com apoio de socialistas revolucionários e anarquistas, cercaram Petrogrado e controlaram o Palácio Táuride, onde se sediavam o governo provisório e o comité executivo do soviete da capital.

Foram presos alguns membros do governo provisório - outros fugiram -, e convocada, para a tarde desse dia, uma sessão extraordinária do Soviete. Contra a opinião da sua direcção, aquele determinou que o poder de governo ficasse todo ele no Conselho de Comissários do Povo, encimado por Vladmir Lénin.

Apesar de resistências internas, entre alguns dos partidos que estiveram no apoio à Revolução de Outubro, os bolcheviques vieram a consolidar o poder, decretando medidas de cariz abertamente socialista: controlo operário em empresas com cinco ou mais trabalhadores, nacionalização das grandes empresas, declaração dos direitos nacionais dos diferentes povos, permitindo a auto-gestão de territórios como a Finlândia, a Geórgia e a Arménia; confisco a favor do novo Estado das grandes propriedades agrícolas, nas mãos de aristocratas e da Igreja Ortodoxa Russa; separação da Igreja do Estado.

E, uma proposta imediata de paz com a Alemanha, que foi assinada em Março de 1918 – Tratado de Brest Litovski -, em que a Grande Rússia perdia a favor daquela uma grande parte do território que estivera até então sob o domínio do czar: Finlândia, Países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), Polónia, Bielorússia e Ucrânia, bem como de alguns distritos turcos e georgianos antes sob seu domínio.

Depois da Comuna de Paris de 1871, e na sua esteira em reivindicações revolucionárias, proclamava-se na Europa uma Revolução Social.

Tal como a Comuna, a Revolução soviética colocou, na ordem do dia, uma realidade, que 46 anos antes, fora quase efémera: que uma revolução socialista pode materializar-se, ainda orientada por uma minoria.

Mas, ao contrário dos processos revolucionários ocorridos antes da Comuna, em que a grande massa popular não era parte activa (ou então seguia sem intervir) na substituição de um poder antigo por um novo poder, mas aceitava passivamente a orientação da minoria militante, que organizava a estrutura estatal de acordo com os seus interesses e a sua visão de sociedade, na Rússia de 1917 surgia uma nova ideia de Estado, em choque frontal com a dominação classista minoritária.

A governação começou a ser efectuada no interesse da grande maioria, que via nas reivindicações, que começavam a ser postas em prática o sentido real das suas necessidades e dos seus desejos.

Era revolução maioritária, contra a dominação feudal, primeiro, e nos meses seguintes, adquire feição anti-capitalista. Transformaram as suas reivindicações em programas revolucionários, que eram propagandeados em todas as movimentações sociais que se deram entre a derrota da Comuna e esse terramoto político que estava a transformar a Rússia ultra-conservadora.

Ora, tal situação aconteceu, precisamente, num país, que era o maior da Europa e se estendia pela imensidão da Ásia, e onde viviam cerca de metade dos habitantes do mesmo território europeu. Serviu, na realidade, de imediato e nas décadas seguintes de farol orientador para todo o Mundo.

Muitas das reivindicações do novo poder, como a jornada de oito horas, melhoria da condição feminina, salário igual para trabalho igual, entre outras, foram transformadas em bandeiras de luta por toda a parte.

Pela primeira vez, a burguesia mundial via-se confrontada com uma Revolução Social, que surgia perante o mundo, num imenso território, com reivindicações que interessavam às classes trabalhadoras de todo o Mundo.

E, pela primeira vez, também, via-se ameaçada com a perspectiva de uma avalanche revolucionária internacional.

Agiu de imediato. Uma grande coligação global dos grandes países capitalistas foi formada para apoiar as forças internas que se opunham à Revolução, instituindo a maior campanha de terror nas zonas que aquelas controlavam, ao mesmo tempo que desenvolvia uma campanha de propaganda sem precedentes, internacionalmente, contra os objectivos e as práticas que a nova governação soviética impulsionava.

Fomentou, internamente, uma guerra civil, iniciada em Abril de 1918, armando e financiando Exércitos e milícias constituídos por antigos oficiais fiéis ao czar, ao mesmo tempo que as principais potências capitalistas, já aliadas na I Grande Guerra, norte-americanas, inglesas, francesas e japonesas, desembarcaram tanto nas regiões ocidentais ( Crimeia e Geórgia), como nas orientais (ocupação de Vladivostok e da Sibéria Oriental).

Pretendiam derrubar, a todo o custo, o novo poder que se institucionalizava na Rússia.

Queriam estabelecer “um cordão sanitário” que impedisse o alastramento das ideias subjacentes ao poder socialista do “mundo ocidental”. Foi uma guerra longa – de 1918 a 1922 - ganha pelo poder soviético.

Mas, no campo da economia, esta guerra, fomentada pela burguesia coligada dos principais países desenvolvidos, teve profundas repercussões na vida quotidiana das classes laboriosas, em especial o campesinato. Começava a notar-se algum cansaço no sentimento revolucionário dos primeiros anos. Além do mais, o governo soviético teve de confiscar parte dos cereais do campo para sustentar o esforço de guerra no geral, e, em particular o abastecimento das cidades.

Os dirigentes do Partido Bolchevique (que entretanto se veio a chamar Partido Comunista) e do novo Estado tiveram a percepção de que somente com o apoio activo e militante da Europa Ocidental, já fortemente capitalista, poderia favorecer o avanço do poder socialista na Rússia, que estava numa fase de desenvolvimento económico e social muito inferior.

Em 1919, nasce a III Internacional, cujo objectivo primeiro era o de desenvolver a formação de Partidos Comunistas, que pudessem orientar algum fermento revolucionário que estava a surgir na Europa, com o final da guerra mundial (1918).

A Revolução Alemã de 1918 e 1919, que conduziu ao derrube do imperador alemão (kaiser) e a instituição de uma República democrática, foi resultado de uma radicalização em sectores importantes das classes trabalhadoras do país, sob a orientação da Liga Spartaquista (que deu origem, mais ao Partido Comunista Alemão).

Esta Revolução foi motivada pela profunda crise económica, social e política que a Alemanha ficou com a guerra de conquista empreendida com a I Grande Guerra e influenciada, ideologicamente, pela Revolução soviética de 1917. A Alemanha começou a ser governada pelo Partido Social-Democrata, que se afastara dos ideais de Marx e Engels, nos finais dos anos 90 do século XIX, e, já posteriormente, deram o seu assentimento, antes da I Grande Guerra, à militarização do país.
Esta situação levou a uma ruptura interna, que incluiu alguns dos seus deputados, e veio a dar origem à Liga Spartaquista.

No seguimento da Revolução que afastou o Kaiser, os spartaquistas, que tinham como dirigentes principais Rosa Luxemburgo e Karl Liebknechet, ascenderam, mesmo ao poder, no Estado da Baviera, no sul da Alemanha, onde instituíram uma República Socialista, baseada na democracia dos conselhos operários.

Aboliram os latifúndios privados e criaram a auto-gestão nas fábricas e empresas. Iniciaram um movimento revolucionário, que ameaçava o Estado liberal, governado por sociais-democratas.

Estes, com apoio de milícias, muitas das quais já constituídas por radicais de direita, sufocaram, pela violência e pelo sangue, o novel Estado Socialista da Baviera e perseguiram, no país, os membros da Liga Spartaquista, assassinando Luxemburgo e Liebknechet.

Todavia, na Europa, verificava-se, em particular a partir da segunda década do século XX, que o despertar revolucionário dos sectores assalariados estava a decrescer e, começava a germinar, de maneira evidente, entre o campesinato e pequena burguesia, e inclusive, em franjas significativas do operariado, uma adesão de cariz contrário, propenso ao incremento de grupos e partidos reaccionários radicais.

Esta reacção permitiu a ascensão ao poder de Partidos fascistas e nazi, que, por vezes, com uma linguagem “socialista” e “nacionalista anti-capitalista”, veio a solidificar o domínio total, repressivo e, mesmo terrorista, da grande burguesia.

Na Europa e América do Sul, através de partidos com aquela designação ou próxima, e nos Estados Unidos, que, através de magnates destacados da banca e da indústria financiaram o partido nazi na Alemanha, e, internamente, com uma dominação absoluta do poder em torno dos dois agrupamentos partidários que constituem o cerne político da mesma dominação: O Republicano e o Democrata. E uma repressão feroz e selectiva a todos os que se opunham a esse poder, em especial os comunistas e socialistas, que tinham uma grande presença no movimento sindical e cultural do país e que, praticamente, desapareceram da cena política.

Na Rússia Soviética, principalmente, na fase mais aguda da guerra civil, o governo revolucionário tomou medidas (confisco forçado de produtos do campo, sem contrapartidas, entre outras) que, em lugar de dar ao campesinato pobre – e mesmo remediado – uma situação económica mais benéfica que se traduzisse em melhores condições de vida, afastaram – ou melhor dizendo, as tornaram passivas - essas massas populares do apoio à Revolução.

O governo soviético, por proposta de Lénin, tentou inverter via, instituiu em 1921, em NEP (Nova Política Económica), que reintroduzia a privatização da pequena propriedade: camponesa, comercial e industrial, liberalizava a política salarial e permitia a entrada de capital capitalista estrangeiro na economia do país.

Lénin apelidou esta nova formação económica de capitalismo de Estado. Foi uma via que nunca mais teve retrocesso. Aprofundou-se, posteriormente, em 1928, com a colectivização forçada já sob a liderança de José Stáline.

A Revolução socialista de 1917, à medida que os anos seguiam, não conseguia manter a via revolucionária. A Rússia soviética reformulara o antigo poder, mas apenas no seu início.

Estava “enlameada” nas contradições devido ao fraco desenvolvimento económico e social anterior.

Lutava, além do mais, contra uma burguesia capitalista europeia e norte-americana, que se fortalecia novamente, a partir dos anos 20, através de métodos terroristas é certo, mas que era mais potente, que produzia a transformações tecnológicas e científicas em “arma” de progresso.

Não conseguiu dar aos movimentos revolucionários do Ocidente capitalista o incremento capaz de impulsionar a maturidade política entre as massas populares que vacilavam.

Do ponto de vista da economia política, ao longo destes 93 anos, após 1917, o que podemos constatar, até porque se deram, no século XX, Revoluções de grande envergadura ou levantamentos revolucionários – como a chinesa de 1949, a cubana de 1959 e o Maio de 1968 em França, que fracassaram também – é que a evolução do incremento não esteve capaz, até agora, de levar à destruição da produção capitalista.

Embora o desenvolvimento contínuo dessas revoluções sociais, que se prolongam, agora já pelo século XXI, trouxe clarificações evidentes que apontam que a evolução da burguesia está a chegar a uma encruzilhada, cujos indícios de uma nova consciência social de ruptura se está a aproximar.

O caminho de uma nova sociedade está a ser percorrido, agora com uma clareza maior. E essa via é-nos dada pela nova revolução tecnológica que está a impor-se de forma total no Mundo que tem os germes revolucionários de uma nova economia e de um novo tipo de poder.

A fase de paz interna no seio do capitalismo internacional parece estar a chegar ao fim. Os arautos desse capitalismo sentem o chão escorregadio. Estão a engendrar crises atrás de crises, elevando a potências inacreditáveis de propaganda o medo da insegurança. Estão a armar-se despudoradamente contra o inimigo que clamam ser de modo abstracto e vago de terrorismo. Empurram Exércitos imperiais, como baratas tontas, para várias partes do Mundo, pensando que garantem, indefinidamente, a sustentação da sua ordem. Ameaçam até com novas guerras, até nucleares.

Mas, a subversão está, na realidade, a tornar-se o seu fantasma, cada vez mais real.