1 –
Aplaude-se sempre quando uma estrutura, um país, um juiz ou um jornal coloca a
nu um esquema monumental e internacional de corrupção.
O
que foi denunciado, agora, na FIFA, partindo dos EUA, pode merecer o aplauso
generalizado das grandes instituições jornalísticas internacionais.
É
real e verdadeiro.
Mas,
tal facto é só um aspecto da questão.
Um
jornalista tem de remexer no entulho.
Tem de questionar razões...
Mas,
ninguém questionou até agora, onde se centra, realmente, o *vespeiro* da
corrupção da FIFA.

Iremos
argumentar e ditar dados.
É
a maneira mais justa de verificar a razão da denúncia dos EUA, e,
essencialmente, porque esse país se excluiu do processo, melhor dizendo tenta
fazer obscurecer os verdadeiros propósitos.
2
- Dois dias antes de começar um Congresso da FIFA (Federação Internacional de
Futebol) – 29 de Maio - num imenso espectáculo mediático, a actual
Procuradora-Geral da Justiça dos Estados Unidos da América, Loretta Lynch, que
apenas tomou posse do cargo a 27 de Abril findo, lançou uma acusação, em larga
escala, sobre a existência de corrupção nas estruturas dirigentes e associadas
daquela instituição do futebol.
(Curiosamente,
a senhora Lynch, que pertenceu a um dos maiores escritórios de advogados de
negócios norte-americanos, que defende, essencialmente, o capital financeiro, a
Cahill Gordon & Reindel, não acusou judicialmente nenhum dos grandes bancos
e companhias de seguros que estão envolvidos nos processos fraudulentos e
criminosos que os dirigentes da FIFA utilizaram, abertamente e com seu perfeito
conhecimento.
Também,
por curiosidade e coincidência, o único dirigente da FIFA norte-americano
(estou a falar de dirigente de topo!!!), enquadrado pela Procuradora-Geral de
Justiça, Loretta Lynch, como acusado é o *informador* milionário do FBI Chuck
Blazer. Significativo, não é?).
Ora,
o FBI, extravasando a sua jurisdição nacional, mandou prender 14 responsáveis e
assessores da FIFA, todos eles não cidadãos norte-americanos, excepto o magnate
senhor Blazer, que estava infiltrado na estrutura policial dos EUA, pelo menos,
oficialmente (FBI dixit)desde 2011.
Na
realidade, já era o homem forte nos EUA da FIFA, pois desde Abril de 1990 até
Dezembro de 2001, foi o secretário-geral
da CONCACAF, uma estrutura poderosa que controlava o futebol profissional na
América do Norte, Centro e Caraíbas, sabendo, já nesta altura, a justiça
norte-americana que Blazer era um agiota que vivia da corrupção na FIFA.
Foi, aliás, então acusado de fraude.
(Convém
recordar que, em 1994, os EUA organizaram o Campeonato de Mundo de Futebol,
situação que foi considerada como *obscura*, e, eventualmente fraudulenta, já
que os Estados Unidos nem um campeonato nacional interno conseguiam organizar,
nem enquadramento futebolistico profissional transparente existia, em extensão,
no país.
Por
curiosidade, a Procuradora-Geral e o FBI não mencionaram este campeonato, nem
como surgiu o assentimento à candidatura).
3 –
Temos então a senhora Loretta Lynch, no cargo de Procuradora há meia dúzia de
dias, natural e perfeitamente (não é ironia, é verdade, os crânios americanos
são assim!!!) a par do que se passava no interior da FIFA, há dezenas de anos, centrado nos negócios fraudulentos e
criminosos dos grandes bancos norte-americanos, que acrescentavam mais-valias à
custa da corrupção em torno da grande malandragem que *escondia* os subornos,
com o conhecimento do FBI, no interior dos Estados Unidos da América.
Façam
a análise e contraponham os factos e deixem de lado a estória de
carochinha...do FBI campeão anti-corrupção.
Procuradora
e FBI culparam, de uma assentada, 14 responsáveis e assessores ligados ao
*marketing* desportivo da FIFA.
A justiça norte-americana conhecia esta teia
criminosa, há vários anos, mas esqueceu-se de revelar os nomes e prender os
administradores das principais instituições bancárias dos EUA, como o JP
Morgan, Chase Manhattan e Citigroup, que, selectamente, receberam os depósitos
dos subornos e os utilizaram na sua política económica.

Lançaram
Lynch e o FBI que os subornos se *circunscreviam* nos bancos norte-americanos a
150 milhões de dólares.
Curiosidade:
um dos visados – e só ele - prontificou-se a devolver a módica quantia de 151
milhões de dólares. Porquê?.
Não
bate a bota com a perdigota.
No
relatório de acusação, fala-se, segundo a imprensa norte-americana, em 26
bancos envolvidos...
Ora, são muitos bancos para uns míseros 150 milhões!!!
Ora, são muitos bancos para uns míseros 150 milhões!!!
3 –
O circo mediático da Administração Obama, via Lynch e FBI, na ante-véspera do
Congresso da FIFA, virou-se, politicamente, para onde?
Em
política, o que surge em determinada altura tem objectivos precisos que a
servem.
Assim
sucedeu com a denúncia da corrupção no topo da FIFA.
Para
os actos fraudulentos e criminosos das suas *impolutas* instituições de crédito
?.
Não:
viraram-se, como já fizeram com a crise financeira de 2007/2008, para o que
pensavam ser o ele fraco na luta contra os efeitos da mesma, a UE, que estava
de mãos e pés atados, porque, por um lado, tinha o seu sistema bancário
controlado pelas multinacionais do sector, sediadas nos EUA;
por
outro, a UE não tinha capacidade militar e diplomática unificada para fazer
frente à artimanha do lobby judaico de Wall Street, que está na prática a
destroçar, progressivamente a UE.
Agora,
surge este caso de corrupção na FIFA, que é real, num emaranhado multinacional,
que atinge proporções assustadoras, mas atingem apenas corruptos
intermediários.
Os beneficiários
principais são os bancos norte-americanos –então, *cospem para o lado* e
concentram-se fora dos EUA;
Claro
que, em parte na Suíça, mas igualmente na América do Sul e na Europa.
Ora,
este Congresso da FIFA, além das suas eleições, tinha um ponto central e
*delicado* para a geoestratégia norte-americana, a confirmação da efectivação
do Campeonato do Mundo de Futebol de 2018, que está programado para a Rússia.
E, na minha opinião, a denúncia visa essencialmente a questão
geopolítica;
por
um lado, evitar que o Campeonato tenha lugar na Rússia,minando a perspectiva de
uma possibilidade de maior participação política da Rússia de Putin na arena
internacional;

por
outro congregar os seus aliados europeus – e especialmente estes – em torno das
pretensões de hegemonia norte-americana, que necessitava de fazer valer a sua política
anti-russa na cimeira dos G-7, que teve lugar dias depois na Alemanha, com todo
o serventualismo dos partidos capitalistas actualmente no poder (Populares e
Socialistas).
Na
realidade, depois das sanções anti-russas, ditadas de Washington, os países da
UE estão a ser os mais prejudicados da retaliação de Moscovo, e, fissuras
começavam a surgir na chamada coligação EUA/NATO, e, a administração Obama
actuou, humilhando a Alemanha e a própria França, amarrando-os ao redil do
capital financeiro de Wall Street.
Claro,
que nem tudo correu bem, porque nesse período, o Papa católico, interessado nos
negócios com a Rússia,recebeu com gala e circunstância o Chefe de Estado da
Grande Rússia.
Com
esta pressão constante, os EUA procuram comprometer, directamente, os Estados
europeus numa guerra contra a Rússia, (ficando eles de fora), através do
acirramento nas contradições étnicas e linguísticas da Ucrânia, que voltam a
recrudescer em força, depois dos EUA rearmarem fortemente Kiew.
4 –
Claro que as denúncias do FBI, acobertadas pela senhora Lynch, igualmente tem
um objectivo, embora secundário, de mexer com a relação de forças no interior
da FIFA – mudança esta que se relaciona essencialmente com os valores
monetários e financeiros que movimenta a estrutura futebolística.
(Alguns
dados reveladores: o Mundial de Futebol de 2014 – Brasil – deu de receita à
FIFA mais de 4,7 mil milhões de euros. Para onde foi uma parte significativa deste
dinheiro?)
Temos
de nos focar na chamada candidatura alternativa ao suíço Joseph Blatter.
(Blatter
veio a subir na FIFA pela mão do agente da ditadura brasileira João Havelange,
que tinha a cobertura dos EUA, para o desenvolvimento dos seus negócios, que se
iniciou por volta de 1975.
Com
o afastamento de Havelange, Blatter vai ter um papel destacado nas negociações
da Taça do Mundo da FIFA e na reestruturação do formato comercial do evento até
o ano de 2006).
Claro
que os dirigentes e assessores de Blatter, incluindo os membros proeminentes da
UEFA, como Michel Platini, que eram necessários para que os processos de
corrupção se efectuassem dentro do *núcleo duro*, despejavam os dinheiros nos
bancos norte-americanos, mas os principais centros de negócios e poder estavam
localizados na Europa.
O
Congresso da FIFA de 2015 parecia pender para reforçar a estrutura de Blatter,
perante uma candidatura, aparentemente, surgida do nada, de um príncipe jordano
de Ali bin Hussein, irmão (aliás meio-irmão) do actual rei da Jordânia Abdullá
II.
O
curioso é que o *capo-mor* da UEFA o apoiava – o velhaco Platini estava a apostar
num cavalo errado ou a orientação era outra?.
Qual
é o verdadeiro curricullum deste príncipe Ali?
Esteve
na Academia Militar inglesa de Sandhurst, saindo oficial em 1994.


Como responsável dos serviços secretos em vista à NATO
Foi
fazer estudos nos EUA e no regresso entrou nas forças especiais jordanas.
Foi
escolhido para chefe da segurança especial do irmão rei, que lhe permitiu
formar e ser presidente do Centro Nacional de Segurança e Gestão de Crises
(vulgo serviços secretos).
Ora,
estes serviços secretos são dependentes, como a realeza jordana do controlo e
financiamento dos Estados Unidos.
Blatter
que venceu no Congresso, verificou que forças poderosas, que conheciam o seu
passado – e essas forças estão nos EUA – iriam trucidá-lo.
Demitiu-se
e convocou um Congresso extraordinário, sublinhando que iria tentar redimir-se
e controlar as investidas que, certamente, virão do outro lado do Atlântico e
dos bancos de Wall Street.
Pode
ser uma piedosa missão, certamente levada ao fracasso.
Uma
coisa é certo o príncipe jordano, dos serviços secretos, sustenta que se vai
recandidatar.
Naturalmente,
encoberto, em nome dos Estados Unidos da América.
Veremos
o que vai acontecer nos próximos meses.
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