terça-feira, 28 de junho de 2011

NUNO CRATO: O CRISTÃO-NOVO DO PSD














De um lado para outro...
















O novo Ministro da Educação e do Ensino Superior, Nuno Crato, apresenta-se como professor de Matemática, pedagogo e crítico do sistema de ensino existente em Portugal.

Tem, naturalmente, detractores e admiradores, principalmente, quando pretende impor "disciplina" nas aulas e "obrigar" os professores a serem mais eficientes no seu trabalho profissional.

Tornou-se, para muitos, um sacrossanto de um novo sistema de ensino no país.

Naturalmente, não poderemos fazer-lhe uma avaliação completa, como Ministro, sem sabermos, com clareza, quais são os seus propósitos, e os materializar.

Devemos, todavia, em primeiro lugar, interrogar-nos sempre, quando aparece num sistema abertamente capitalista, um "salvador da Pátria" neste caso na Educação e no Ensino. Principalmente, quando já fez muitos desvios ideológicos.

Em primeiro lugar, Nuno Crato vem para o governo, não directamente de uma empresa de ensino ou de pedagogia escolar, mas da presidência do Taguspark, cargo para que foi escolhido - não houve eleição, nem concurso público, convem referir isto -, em Junho de 2010, ou seja quando o seu "indicador" foi nada mais nada menos que o governo do PS. Recebia - melhor dizendo, empochava - qualquer coisa como 15 mil euros/mês.

Nada mal. Então temos de ficar de pé atrás sobre a verdadeira razão porque abandona um cargo principescamente renumerado para aceitar ser ministro e ganhar metade.

Mas vamos conhecer então algo do percurso de Crato.


Como estudante da Faculdade de Ciências de Lisboa, aderiu a um dos grupos chamados m-l, e após o 25 de Abril, pertenceu, de alma e coração, ao PC(R)/UDP, onde foi activo e convicto militante. Foi membro do Conselho Permanente do Conselho Nacional da UDP.


Finalizou essa actividade por ocasião de uma dissidência naquele, encabeçada pelo então membro do secretariado do PC(R) e director do seu jornal "A Voz do Povo" João Carlos Espada, hoje um universitário e teorico das ideias "neo-liberais" do capitalismo.


Quando saiu do PC(R), Espada fez uma profissão de fé - eu assisti - na continuidade do seu apego ao comunismo. Profissão de fé que foi "ar que lhe deu" quando progrediu "na carreira académica e política" do neo-liberalismo.

Crato, que fora estudante da Faculdade de Ciências de Lisboa, tida como uma instituição exigente no ensino e no trabalho escolar, não foi a entidade educativa de retorno aos estudos de Nuno Crato. Escolheu Económicas e Financeiras, que era então considerado um centro de "passagens fáceis". Nunca se soube como Crato conseguiu pagar as proprinas e os estudos. Não trabalhou nesse período. É uma zona cinzenta da sua vida, que não está na sua biografia oficial, como não está a sua passagem pela militância m-l.

Curioso é que a sua passagem ao "limbo" da matemática dá-se com um doutoramento nos Estados Unidos: Stevens Institute of Technology e no New Jersey Institute of Technology, onde esteve muitos anos. É a partir desta passagem pelo estrangeiro que Nuno Crato se apresenta como teorizador, divulgador da matemática e de novos métodos de ensino. Recebe inclusivé premios internacionais, no domínio da sua especialização em Matemática.

Além de propor mais exames nacionais em todas as disciplinas e de reforçar a avaliação dos professores, que pode parecer magnífican à primeira vista a muita gente, o que Nuno Crato fez questão de sublinhar é que a sua linha de orientação irá ser regida pelo acesso a entidades privadas para as pôr em prática, bem como a "redescobrir" a figura do reitor/director dos estabelecimentos de ensino público, que podem também ser escolhidos através de gestões privadas.

Isto, em termos políticos, - e em política não há neutralidade -, quer queiramos, quer não, são formas de privatização do ensino. Logo, Crato tem uma missão como representante de interesses privados a cujo governo pertence. E nesse sentido vai o apoio ao ensino privado, que é maioritariamente, dependente da Igreja Católica.

Não sejamos, portanto, ingénuos. Esperemos.


Sem comentários:

Enviar um comentário