1- Quando se analisam e "inspeccionam", os acontecimentos recentes no Reino Unido, na Grécia, Espanha, Islândia, Noruega, e, também, nos Estados Unidos, China, e por toda a América Latina, para não falar, especialmente, em toda a bordadura mediterrânica e do Próximo Oriente muçulmanos, é, neste momento, difícil, em cima dos sucessos e eventos fazer uma resenha, minimamente, consistente, de todo um entralaçado interno aos conflitos e tumultos, buscando apenas como causas únicas as económicas.
Todavia, nos dias de hoje, apesar da catadulpa de dados e informações, por vezes contraditórios - económicos, políticos, culturais, militares - é possivel, até porque a sucessão de crises financeiras, sociais e económicas se sucedem a um ritmo avassalador, podemos materilaizar que existe um traço constante, desde a II Grande Guerra, que são as causas económicas que estão por detrás desses conflitos, que se repetem, mesmo quando a evolução da instabilidade social apenas surge, aparentemente, como por encanto à luz do dia, com carácter mais ou menos violento.
Para mim, a crise petrolífera do início dos anos 70 do século passado, foi, em grande medida, o bojo que deu origem a todos os focos revolucionários que surgiram na Europa, mas particularmente no mundo, desde as vagas tumultuosas, algumas de carácter quase insurrecional, até ao aceleramento dos processos de descolonização em África e no Extremo-Oriente.
Mas também o relançamento económico e industrial da América e da Europa (melhor dizendo da União Europeia) nos anos 80, com seguimento nos anos 90 do século passado, bem como os processos de incremento capitalista no resto do Mundo, com destaque para a Rússia (desagregação da URSS), China, Índia e Japão em meados da década de 90 do mesmo século, teve, como contrapartida, uma nova euforia do capitalismo financeiro na sua fase mais parasitária e sem quaisquer princípios. O que, em termos políticos, levou a uma extensão acelerada do processo reaccionário em todo chamado mundo capitalista ocidental.
Ora, a pressão constante das lutas das classes trabalhadoras desse período, com a melhoria económica levou as classes dominantes a isntituirem muitas das reivindicações do Trabalho na própria estrutura do Estado capitalista (que os seus representantes sociais democratas chamaram Estado Social).
Mas esta euforia - o fortalecimento sem entraves do capital financeiro, com a cristalização de uma elite financeira sem qualquer classificação e uma avidez de enriquecimento sem olhar a qualquer meio, mesmo criminosos vorazes, com um impulso mundial do capitalismo - escondeu, porque nunca existiu uma resposta e acções revolucionárias consistente e de eficácia programática, o larvar alastramento e aprofundamento de uma crise financeira e um incremento descomunal das dívidas públicas, cujas resoluções foram sempre construídas à custa do empobrecimento lento, nos últimos 10 anos, mas constante das classes trabalhadoras e a destruição (iniciada antes) das produções industriais nacionais, com o afastamento dos poderes de decisões das respectivas burguesias.
A situação levou à situação actual: uma crise endémica, económica e financeira, de proporções nunca antes atingidas. E, apesar de todos os paliativos que foram lançados pelas classes dominantes quando surgiu em 2008, verifica-se que o aumento da dívida pública é um facto, e que está a retirar dividendos reais e frutosos é essa elite financeira desclassificada, criminosa.
Significa isto que uma nova crise mais profunda irá surgir, irá levar a novas rupturas sociais. Poderá estar na forja uma nova Revolução? Pode. E os povos oprimidos, saqueados, roubados, tem de levantar a voz, sustentando que têm direito a ela.
As revoluções anticapitalistas derrotadas, como a Comuna, ou que se tornaram reaccionárias, devido à fraqueza do seu desenvolvimento económico e social, como a Soviética e a Chinesa (e que têm de ser críticadas, precisamente, pelo seu reaccionarismo, o que não sucedeu até hoje) são (e foram) indicativas de uma clarificação: nenhuma revolução se mantém eternamente revolucionária, se a luta de classes não for sustentada pela maioria dos povos assalariados e escravizados.
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