segunda-feira, 1 de agosto de 2011

NORUEGA: A FARSA ACTUAL DA TRAGÉDIA ALEMÃ DE HÁ 60 ANOS















O nazi-fascismo actual apresenta-se com novas caras e novos discursos
















1 – As cabeças pensantes da grande burguesia europeia estão a procurar “limitar” ou “enquadrar” a acção terrorista e premeditada que teve lugar na Noruega, a 22 de Julho deste ano, como um acto de “um lobo” solitário, extremista, semi-louco, desinserido da sociedade Noruega.


Claro que só imbecis manipulados é que acreditam em tal perspectiva, e tal ponto de vista e orientação está a ser imposta, diária e sibilinamente, a, praticamente, toda a grande comunicação social ocidental.


As ideias que, aparentemente, emanam de Anders Breivik, o único membro dado a conhecer pela polícia, como executor de uma acção de uma envergadura logística excepcional, são transmitidas por alguns dos grandes partidos europeus mais pró-capitalistas, muitos deles dominando já o poder de certos países ditos civilizados, membros da União Europeia (EU).


Breivik, por muito voluntarioso que fosse e por muito organizado e paciente que possa transmitir na execução neste caso, não conseguiria efectuar o que quer que fosse, no espaço de tempo que nos é apresentado, agindo como um “ser único”.

Por muito excelente atirador que fosse, não poderia matar tantas pessoas, que se movimentavam e escondiam, numa ilha/floresta, mesmo que fosse rápido, como o “heróico” americano Super-homem.

Podem fazer-lhe perfis, inventar situações, restringir a amplitude do acto em si à existência de meras “falhas de segurança” para não apontar o dedo acusador a uma estrutura político-económica-militar, que pretendia, no fundo, dar um golpe de Estado.


O primeiro-ministro norueguês estava no seu gabinete, no preciso momento, em que rebentou a bomba. E outros ministros noutros edifícios próximos. Ora, não seria um “saloio” Breivik, a viver numa quinta distanciada do local, que conseguia saber dessas presenças, apenas com uma “vigilância de ocasião”.


Ele não poderia colocar um carro-armadilhado num local, isoladamente, distante, mesmo que o trajecto fosse realizado em passo acelerado, a mais de meia hora do outro “alvo”, onde se situava um acampamento de jovens do Partido Trabalhista, atravessar um canal numa lenta lancha, e despejar, de uma penada, sucessivas rajadas de centenas de tiros. Isto com a clara percepção da sua parte de que uma parte significativa do aparelho dirigente do partido no poder iria estar nessa ilha nessa ocasião.


Curiosamente, não havia controlos policiais nestes locais.


Nem capacidade mental especial conteria para elaborar, sozinho, um extenso programa histórico, ideológico e político, - 1.516 páginas !!!! - com alvos militares e estratégicos em dezenas de países.


Mas o que se sabe é que, após o rebentamento, o primeiro-ministro norueguês, o trabalhista Jens Stolenberg, foi aconselhado a esconder-se durante horas por uma parte dos Serviços Secretos, porque haveria outras bombas para explodir…


E porquê? Só por segurança? Claro que não. Os serviços, que o protegiam, desconfiavam – ou até tinham a certeza – que estava em jogo algo mais ameaçador.

O PM, curiosamente, na sua primeira alocução – cerca de uma hora depois do rebentamento da bomba – de um local secreto, alertou, por via telefone, para uma cadeia de televisão, e não a de maior audiência, para a “gravidade” do sucedido, ou que estava ainda em curso, e não acusou qualquer extremismo islâmico, que, curiosamente, já estava nas páginas da cadeia norte-americana CNN, como sendo reivindicado por um grupo fanático islâmico…pouco conhecido.


A polícia não actuou, somente, por negligência? Claro que não. Nem estava sequer a vigiar um local, onde iriam ou estavam a discursar algumas das principais personalidades políticas do Partido no poder, incluindo o próprio chefe de governo.


Não havia controlo directo, nesse dia, do local onde funcionavam os principais estabelecimentos governamentais, mas as entidades de segurança tinham perfeito conhecimento de que os ministros, incluindo o PM, estavam no seu interior.


Naturalmente, falhando uma parte, o todo desmorona-se, ou por decisão própria, ou por desarticulação forçada. Estes factos devem ser conhecidos quer do povo norueguês, quer de todo o Mundo.

2 - Um dado factual, preciso, que a comunicação social dominante procura obscurecer é o de que Andres Breiviik era – deixou de pertencer, dizem eles agora, depois de ali militar 10 anos, com viagens constantes a outros países, onde se relacionava com grupos de idêntica ideologia. Naturalmente militava sozinho…durante tantos anos, coitado - filiado no Partido do Progresso da Noruega (PPN), dirigido por Sviv Jensen, que defende as ideais centrais expostas no programa do até agora único citado do massacre.


O PPN recolheu 22,9 por cento nas últimas eleições legislativas e preconiza um sistema político pró-fascista. É o principal partido capitalista extremista da Noruega. Nada mais.


O crescimento deste partido é um fenómeno pontual, na Europa, nas Américas, na Ásia? Claro que não.


Na América, o Partido Republicano dos Estados Unidos já estás nas mãos do sector mais retrógrado do Capital financeiro parasitário, através da criação organizada no seu interior de uma facção, chamada Tea Party, cujos principais dirigentes preconizam a “supremacia branca” naquele país, contestando até o seu mestiço Presidente, de nome Barack Obama, pondo em causa mesmo o facto de ter nascido nos Estados Unidos e da sua mãe ser uma branca de origem anglo-saxónica.


Na Europa, concretamente, na muito polida e “aberta” Suíça, terra de imigrantes de muitas gerações, um Estado, ele próprio formado por comunidades de várias línguas, está no poder – ou seja, é o partido dominante – a União Democrática do Centro, com 28,9 por cento dos votos, liderado por um pró-nazi chamdo Toni Brunner.

Na Áustria, o terceiro partido do espectro parlamentar é o Partido da Liberdade, com 17,5 %, que já esteve no poder e governa executivos regionais, cujo líder é Heinz-Christian Strache.

Na Holanda, o partido pró-nazi, Partido da Liberdade, de Geert Wildres, é o principal esteio do governo de coligação (Partido Trabalhista, Partido da Direita conservador), que pode interferir na orientação do executivo.

Uma das principais medidas deste novo governo foi o pôr em prática um “Plano Nacionalista”, de exclusão da imigração, cujo conteúdo reza o seguinte:

“O governo partilha da insatisfação social em torno do modelo multicultural da sociedade e planeia mudar em direcção aos valores dos holandeses”. (sublinhado meu).

O rol poderia e deverá ser aumentado. Na Finlândia, o Partido Finlandeses Verdadeiros, com 19 %; na Dinamarca, o Partido Popular Dinamarquês (13,8%); na França, a Frente Nacional, com 10,4 %; na Itália, a Liga do Norte, que está no governo, com 8,3%; na Suécia, os Democratas Suecos, com 5,7 %.

Tudo tem um denominador comum: forte apoio do Capital interno e externo, um “nacionalismo” virado contra os não brancos, ataques fortes às organizações políticas e laborais dos assalariados.

3 – A História está a repetir-se, tal como afirmava aquele senhor de barbas de há 150 anos, então como tragédia, agora como farsa.


A burguesia capitalista entranhou-se, depois da II Grande Guerra, como uma sanguessuga que pretende a sua sobrevivência a qualquer preço, em todas as esferas do poder mundial.


O avanço industrial neste últimos 30 anos foi enorme e trouxe uma concorrência feroz, sem olhar a meios e a éticas, nem a letargias. Com a evolução económica, aumentou a exploração, mas também fez engrandecer o poder cultural e político das classes trabalhadoras.


O engrandecimento da economia produziu um crescimento, sem qualquer referência anterior de tal, dos chamados mercados mundiais e criou uma diversificação de poder dos negócios entre várias partes do planeta, dos quais se destacou, pela sua importância económica, política, cambial e social, a Europa, com especial incidência na União Europeia.

Esta começou a ser “o farol” de orientação para um novo modelo societário, que traz no bojo um provável salto qualitativo para um novo tipo de regime social.


Esta UE, cujos pontos fracos são a sua unificação política e militar, está (e estava) a afirmar-se como o modelo de harmonia de um novo tipo de produção, mesmo capitalista, impulsionada pelos movimentos sociais e políticos das classes laboriosas e proletárias.

O capitalismo financeiro parasitário, que se acolita, em força, na parte norte-americana do “mercado mundial”, está a ver-se ameaçado por esta “nova experiência” que lhe retira a possibilidade de continuar a ser a “superpotência” sem concorrentes.


É necessário, para ele, privar a consolidação da união política europeia e o fortalecimento dos seus sistemas produtivo interno e monetário. Daí, a guerra comercial e política instalada, visando o desmembramento e, se possível, uma nova guerra, para destruir todas as infra-estruturas económicas, instigando para isso “os nacionalismos”.

Naturalmente, tal como nos anos 20 e 30, criou os Hitler e Mussolinis, como “salvadores da alma” europeia, agora, numa versão menos grotesca, mas igualmente terrorista e arrasadora, impulsiona o aparecimento de arrivistas e conspiradores desclassificados que se tornem em senhores poderosos, de mão de ferro, que coloquem a política, sem qualquer partilha de poder, incluindo o parlamentar, ao serviço do Capital.

Sem comentários:

Enviar um comentário