
1 - Um velho de barbas há mais de 160 anos referiu-se, de forma brilhante, ao que mudou com o golpe de Estado de Luis Bonaparte, no século XIX e toda a evolução mundial que lhe seguiu e produziu uma frase que ficou célebre, indo rebuscá-la a Hegel. Sublinhou que aquele filósofo alemão "fez notar algures, que todos os grandes acontecimentos e personagens históricos ocorrem, por assim dizer, duas vezes. Esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa".
Não pretendo rivalizar, sequer em em pensamento, com o alcance da análise daquele velho senhor, mas, na minha perspectiva, dois acontecimentos separados por quase 100 anos, fazem-me inverter a dialéctica do sucedido.
Os prenúncios e subsequente Primeirra Grande Guerra tornam-se, actualmente, uma farsa, embora com as consequências catastróficas que produziram na altura, face à tragédia colossal que se está a engendrar paulatinamente na arena internacional, com epicentro secundário no Próximo e Médio Oriente, mas com o objectivo de se virar para a Europa. Aqui foi enquadrado um novo alargado sistema político e económico, com a maior capacidade produtiva mundial até há meia dúzia de meses atrás.
A Guerra da Crimeia de 1905 foi uma paródia, montada nas estepes do sul da Rússia czarista, mas os protagonistas estavam a alindar as ferramentas do expansionismo imperialista para a transportar para onde se concentrava então o maior centro produtivo e industrial do Mundo, que era a Europa.
Tal como hoje.
Nos anos que antecederam essa I Grande Guerra, começou a dar-se um salto espectacular, sem precedentes, no aperfeiçoamento do sistema armamentista, que vieram a formar a aviação e a colocar nos mares a guerra submarina.
A guerra, em si, desenvolveu a níveis até aí nunca vistos o arsenal de artilharia, e, em grande medida deu impsulso ao desenvolvimento sem limites da guerra quimíca e bacterológica.
Tudo isto estava enquadrado numa perspectiva económica de repartição prática de impôr no terreno europeu, mas essencialmente, nas colónias e antigas colónias, os domínios imperialistas das potências já estabelecidas ou em vias de emergência, tal como sucedia com os Estados Unidos da América, que surgem no final dessa guerra, a cobrar os despojos de quem "não molhou os pés" suficientemente.
Nos dias de hoje, com a diversificação dos centros de potências económicas em ascensão, com a rarefacção, cada vez maior, da imposição de produtos de exportação, sem contrapartidas, das potências estabelecidas, consideradas dominantes como os EUA, da criação de novas focos de potências em ascensão isoladas, como a China, a Rússia, a Índia, o Paquistão e até o Irão ou integradas em mercados com largos poderes produtivos, caso da Europa, ou de riquezas, com o Mercosul, com o Brasil, surgem indícios de guerras em mais larga escala e de maior poder destrutivo.
O progresso técnico cientifico no sistema militar está a atingir situações nunca antes conseguidas, caminha-se para a uma evolução de uma guerra, em largos espaços territoriais, com o emprego de armas de destruição maciça nunca antes testadas.
A concorrência castrense e de investigação sobre o armamento e a sua utilização, descarada e ameaçadora de maneira crescente, como campo de treino, como sucede ou sucedeu no Iraque, no Afeganistão, na Líbia e agora na Síria, está a empurrar esses países para uma desgastante perda de dinheiro na manutenção dos aparatos militares em detrimento das produções nacionais (industriais, agro-industriais, tecnológicas, etc).
Os Estados, tidos como potências, estão a tornar um fim si da sua própria estratégia nacional, quase único, a organização da estrutura e do complexo industrial castrense.
Ora, esta paranóia militarista está a destroçar toda a capacidade de recompor o poder económico em busca do bem-estar material das populações.

É uma contradição que a prazo irá produzir efeitos na própria consciência dos povos. Certamente, esta voragem servirá para que as classes trabalhadoras se preparem para enfrentar o belicismo, que pretende conquistar os "mercados" pela guerra.
Quer queiramos, quer não esta via, irá aprofundar a crise financeira e contribuir para a bancarrota dos Estados e de quem participa nessa voragem de guerra.
2 - Esta é uma lista dos quinze países com os maiores orçamentos em defesa para o ano de 2008. A informação é a mais actualizada retirada do Stockholm International Peace Reserarch Institute, que é usado para calcular os gastos em defesa pelo Ministério da Defesa britânico e muitos outros ministérios governamentais da União Européia. (retirado da Wikipédia)
Posição | País | Despesas Militares($ b.) | Percentagem Mundial (%) |
— | ![]() | 1464.0 | 100 |
1 | ![]() | 607.0 | 41.5 |
2 | ![]() | 84.9 | 5.8 |
3 | ![]() | 65.7 | 4.5 |
4 | ![]() | 65.3 | 4.5 |
5 | ![]() | 58.6 | 4.0 |
6 | ![]() | 46.8 | 3.2 |
7 | ![]() | 46.3 | 3.2 |
8 | ![]() | 40.6 | 2.8 |
9 | ![]() | 38.2 | 2.6 |
10 | ![]() | 30.0 | 2.1 |
11 | ![]() | 28.9 | 2 |
12 | ![]() | 25.4 | 2 |
13 | ![]() | 25.3 | 2 |
14 | ![]() | 20.7 | 2 |
15 | ![]() | 18.6 | 1 |
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