quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

QUEM PAGA A "CARIDADE" DAS MISERICÓRDIAS?



1 - Os abutres da hierarquia da Igreja Católica portuguesa "salivam" de contentamento com a crise. 

No passado dia 16, Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesa (uma entidade pertença da Igreja Católica), saltitava de contente, com a situação de pobreza, porque - segundo esse douto caridoso "enquanto existirem misericórdias não há razão para haver fome em Portugal".

Basta, segundo o piedoso católico, ir de braços caídos chafurdar nas gamelas das ditas.

Mas quem paga estas "mãos largas"? O Estado, ou seja o contribuinte. 

Lemos tem a lata de afirmar que se for preciso mais dinheiro para os bolsos das Misericórdias o governo tem guardado mais 58 milhões de contos para reforçar "a sopa dos pobres".

"Quem quiser e estiver em condições e precisar(...)pode ir a uma misericórdia de Portugal e a muitas IPSS (instituições particulares de solidarieddae social), onde de certeza terão o que comer", vomitou Lemos.

É esta indignidade que deveria fazer com que a Igreja Católica fosse levada à alçada da Justiça, para determinar para onde vão esses dinheiros, se os tempos políticos fossem outros.

2- Meses atrás, estes abutres gritavam a plenos pulmões, vindo para os órgãos de comunicação social, que estavam em vias de fechar muitas desses "antros" de caridade de sacar dinheiro à custa do contribuinte, porque o Estado - ou seja o governo - não lhe enchia às mãos de dinheiro.

Falavam então de pobreza, e ameaçavam que seria os coveiros dos casos de conflitualidade, se não houvesse "comparticipações" suficientes para os cofres da Igreja Católica.

O representante desta no Ministério da Solidariedade, o actual ministro Pedro Mota Soares, fez-lhe a vontade.

E depois o padre católico Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social, eufórico, proclamou aos "crentes": não só não vai haver cortes (nos apoios estatais), como vai haver um reforço, ainda que curto, das comparticipações do Estado às Misericórdias, Mutualidades e Institutições de Solidariedade Social (IPSS), que estão, em mais de 95 % na posse das estruturas da IC.

"Muito embora estejamos num momento de acentuada crise, com cortes sucessivos por vários razões, este protocolo não prevê cortes até haver alguma valorização na comparticipação por parte do Estado às instituições. É pequena, mas é um sinal muito positivo", regozijou-se o sacerdote da Santa Madre Igreja Católica.

E certamente, como bom samaritano, pensou com os seus botões: "venha a nós o vosso reino".




3 - Vamos aos números e ao esbulho que o Estado (Orçamento da Segurança Social) faz ao retirar o dinheiro dos salários para o entregar à Igreja Católica, com o argumentação de "caridade" e "solidariedade" em 2013.

a) Transferência em conta corrente estatal para "as instituições sem fins lucrativos" - 1.450.415.630 euros 

b) Subsidios estatais para "as instituições sem fins lucrativos"                                   - 480.611.105 euros

c) Transferências de capitais para "instituições sem fins lucrativos"                            -   77.741.689 euros

Em 2012

a)  transferência corrente                                                                                        - 1.580.700.865,00

b) subsídios                                                                                                             - 384.169.127,00

c)  capitais                                                                                                       - 95.139.328,00


Convém referir e repisar que toda esta rede de "instituições privadas de solidariedade nacional", além dos dinheiros do Estado, ainda sacam, mensalmente, parte das pensões dos utentes (valor que pode atingir 80 por cento do valor recebido).

Ou seja, na prática um duplo pagamento. Do Estado e do utente.

E o valor individual que a Segurança Social paga por idoso que está entregue a um Lar da Santa Casa da Misericórdia ascende, actualmente, a cerca de 700 euros.

Segundo dados da própria União das Misericórdias, em 2009, havia cerca de 50 mil idosos em lares, centros de dia ou com apoio domiciliário.

Além do mais, como estruturas privadas, pagas com dinheiro público na sua criação, as Misericórdias - segundo dados da União citada - têm, na sua posse, 105 unidades de cuidados continuados. Ou seja hospitais de retaguarda.

A finalizar, deve-se referir que um número elevado recebe uma parte muito significativa de produtos alimentares grátis da recolha, através de Bancos Alimentares e outros semelhantes, também elas entidades da Igreja Católica.

Em nome de Deus, a hierarquia - e os seus acólitos leigos - suga muito dinheiro ao contribuinte português, sustentando que o faz por "caridade".

Claro que estas divulgações podem ferir muitas piedosas consciências, argumentando que estão a caluniar quem presta assistência às populações desfavorecidas. 

É verdade que prestam um serviço, mas fazem-no, não por solidariedade, mas para arregimentar dinheiro.

As populações não precisam de "caridade", necessitam sim de uma distribuição de riqueza através da sua participação na economia do país. 

E a missão do Estado é evitar a "parasitagem" formulada sob o manto diáfano de uma "solidariedade" de aves de rapina deste calibre.

A Igreja Católica vive à custa do Estado, e isso é que tem de acabar.








1 comentário:

  1. Boa malha. Até o meu pai conseguiu perceber, há muito tempo, que a piedosa caridade, venha ela de onde vier, é crime. Rouba, as mais das vezes aos que já têm pouco, para gáudio dos ricos,que se vão rindo e enchendo as arcas.
    É preciso denunciar e este teu libelo presta-nos um serviço inestimável.
    O teu blog está a cumprir um papel precioso. Porrada neles...

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