1 – Estamos no Natal católico (e, naturalmente, de todas as
religiões dissidentes daquele ou aparentadas ao catolicismo).
Como chefe supremo da Igreja Católica Apostólica Romana está, há cerca de um ano, um hierarca, que foi cardeal argentino – de seu nome Jorge Mário Bergoglio – e antigo líder da
principal estrutura institucionalizada dessa mesma igreja naquele país
sul-americano, a Companhia de Jesus, e se intitula, agora, Papa Francisco.
Sucedeu – o que aconteceu pela primeira vez – a um Papa vivo, o
alemão Joseph Ratzinger, que dirigiu a Santa Sé como Bento XVI.
O Natal católico (e protestante nas suas diferentes matizes)
assinala uma data de nascimento aleatória de uma figura que a Igreja Católica procura
transformar em personagem histórica, mas que pode não ter tido existência real,
porque nenhum documento coevo o atesta: Jesus Cristo, que é apresentado como
fundador do cristianismo.
Embora com os seus sermões distantes, de quase dois mil anos,
estes dois personagens – Francisco e Cristo, o primeiro considerado o seu
sucessor, o 266 º, na lista oficial - apresentam linguagens semelhantes.
//Não existe uma lista oficial de Papas – pelo menos os dois
primeiros, Pedro e Lino, descritos como tais pela Igreja Católica não têm
documentação epocal fidedigna que confirme a sua existência sequer.
Os Papas cristãos, adoptados mais tarde como católicos, somente
adquiriram esta desinência no século III DC.
Baseando-nos no Anuário Pontifício e naEnciclopédia Católica, são
contabilizados 266.
Todavia, verifica-se, mesmo posteriormente, que, por exemplo,
nunca existiu um Papa João XX, nem Marinho II ou III.
Os Papas com nomes com nomes Félix foram *rectificados*, porque,
para o oficialismo católico, Félix II e Félix V “desapareceram”, porque foram
antipapas.
Os lugares de Pontífice Máximo (cópia de um dos títulos dos
Imperadores romanos Pontifex Maximus) estiveram, por vezes, vagos durante anos
e admite-se que tenha “reinado” no Vaticano uma Papisa//.
Segundo os Evangelhos canónicos ( documentos escritos em datas
muito posteriores à morte do eventual fundador da religião que enquadram apenas
os cânones teóricos e históricos oficiais da mesma – existem muitos outros),
Jesus Cristo manifestou-se contra “os vendilhões do templo” que pululavam no
interior das sinagogas judias – os mercadores ricos e especuladores de então -,
assim como, actualmente, com grandes manchetes mediáticas, o seu sucessor
Francisco ataca o lúmpen capitalismo financeiro como “uma nova tirania”, que
produz desigualdade e exclusão social que “geram violência” e poderão levar a
“uma explosão” da presente sociedade.
Os apologistas actuais do catolicismo que pareciam murchos, pois o
presentem decadente, embandeiraram em arco, bem como, os órgãos de comunicação,
ligados àquele grande capital, como a revista “Time” que o
tornou “a personalidade do ano”, pelas suas tiradas, pela sua falsa humildade,
pela sua hipócrita mudança de posição, ele um dos cardeais mais conservadores
da América Latina.
Agarram-se à forma, às artimanhas de propaganda, mas não se
empenham em mostrar o conteúdo, a representação real e verdadeira desempenhada
pelo Vaticano e o seu chefe.
Mas, metem no “calor do Inferno” o conteúdo terreno da verdadeira
actividade da Santa Sé.
O que, aliás, já não é novidade.
Assim sucedeu com João XXIII, que procuraram “vendê-lo” como um
regenerador da Igreja Católica, para fazer esquecer a ligação da hierarquia
católica ao nazi-fascismo anterior e aos negócios sórdidos com os dinheiros estatais que
o ditador Benito Mussolini injectou no Papado em troca da sua bênção para a
política fascista.
Assim aconteceu com João Paulo II, após uma morte suspeitíssima do
seu antecessor João Paulo I, mas, que, no seu *pastoreio* planetário, se tornou
no Papa da especulação financeira, das intervenções nos assuntos internos de
países, no alargamento da mais repugnante corrupção no Estado do Vaticano e nas
suas instituições, como o OPUS DEI, Os Legionários de Cristo ou a Companhia de
Jesus, entre outras.
Do Império vaticanista, foi retirado agora um “coelho”, um
conservador latino-americano, Jorge Mário Bergoglio, que viveu em paridade com
a ditadura sangrenta da Argentina, e se travestiu, nos últimos meses, em
modernaço, para obstar a toda a imundice que paira dentro da estrutura dominante
do antro de negócios fraudulentos na Igreja Católica Romana.
2 – Apelo a “Igreja pobre”, críticas ao capitalismo, vociferações
contra a guerra. Tudo é, fortemente, aplaudido, com palavreados entusiásticos para o argentino Bergoglio, como se tratasse de uma viragem radical na
orientação do Papado.
Hipocrisia. Pura hipocrisia.
O Vaticano é um centro em progressão do capitalismo internacional,
que tem dado guarida aos mais desagravados casos de especulação financeira, de
lavagem de dinheiro, de corrupção generalizada, de investimentos constantes nos
complexos militares gigantesco internacionais.
As suas mais importantes facções, ordens e congregações –
Companhia de Jesus, Opus Dei, Legião de Cristo, Cavaleiros de Malta,
Salesianos, Dominicanos, Beneditinos, Franciscanos, Filhas do Amor Divino,
Serva das Servas, entre outros, são meras firmas capitalistas. (Pode-se falar, com propriedade que são várias
centenas).
Na realidade, a Igreja Católica é, acima de tudo, a maior empresa
económica e financeira do Mundo.
Admite-se que hoje – os dados são meramente estimativos e por
baixo – o Vaticano controla, directa e indirectamente, mais de 15 % do mercado
de acções em todo o Mundo.
Os negócios atravessam todos os sectores financeiros, económicos e
sociais planetários (desde Portugal até à China, passando pelos Estados Unidos
da América e acabando em África).
A Igreja Católica controla, por exemplo, o Banco Central Europeu,
e tem uma quota-parte elevada no sistema financeiro norte-americano, incluindo
Wall Street e inglês, através da City londrina.
É justamente uma mega-instituição capitalista em expansão, que entra
em contradição com os pressupostos ideológicos de um sistema religioso que
preconiza o contrário, mas isso não vai fazer recuar o que está no centro do
seu poder real: a busca constante do lucro.
Fará piruetas para fazer esquecer o seu itinerário macabro: o seu
chefe máximo poderá vestir-se de palhaço, fazer declarações de “piedade”, de
apelos à pobreza.
Mas o que conta é a riqueza, mas tal facto terá de ser
obscurecido, manipulado.
Como, aliás, fazem todos os que enveredam pelo mesmo
caminho.
Os Estados Unidos criticam os que cometem crimes, mas usam a
propaganda para sustentar que actuam para o progresso da humanidade, para abrir
caminho à democracia.
O lema da Igreja Católica foi, abertamente confessado, por um dos
homens que contribuiu para que essa instituição religiosa se tornasse na grande
“força avançado” do actual lúmpen grande capitalismo.
Chamou-se Paul Marcinkus, foi arcebispo, e durante mais de 20
anos, que começou com Paulo VI, dominou o maior branco mundial, o Instituto
para as Obras Religiosas, o IOR: “Pode-se viver neste mundo sem se preocupar
com o dinheiro? Não se pode dirigir a Igreja com avé-marias”.
Ele foi o braço direito e protegido de João Paulo II no desbravar
de todo o tipo de negócios, em todo o tipo de falcatruas, de operações ilegais,
desde lavagens de dinheiro à venda de armamentos, passando por traficância de
drogas, até ao fomento de guerras.
3 - Tudo isto está registado, porque desde o chamado escândalo do
Banco Ambrosiano e da loja maçónica transnacional P-2, nos anos 80 do século
passado foi investigado pela justiça e pelo Parlamento italianos.
Mas já antes um jornalista católico, Nino Lo Bello, já falecido, que foi correspondente,
durante oito anos junto da Santa Sé, do “New York Herald Tribune”, escreveu um
livro sobre a actividade terrena do Estado papal, que intitulou “O Empório do
Vaticano”.
Antes deste, um autor, que viveu intensamente, por dentro, a vida religiosa,
participante activo da Resistência italiana contra Benito Mussolini e foi mesmo
Cavaleiro da Ordem de Malta, economista de formação, de nome Avro Manhattam,
falecido em 1990, decidiu, ainda nos anos 50, começar a denunciar o que se
passava, realmente, no interior da Santa Sé.
Escreveu, em 1952, uma obra que chamou de “Imperialismo Católico e
a Liberdade Mundial”, mas o aprofundamento dos negócios da Igreja Católica
somente foram escalpelizados por ele, já em 1983, num livro, muito conhecido,
chamado “Os biliões do Vaticano”.
Referencia, com fontes que considera “confiáveis”, que o Vaticano
é um dos principais accionistas, senão o maior, do Bank of America, Chase
Manhattan, City, Morgan Stlanley, Bankers Trust, de empresas como a Gulf e a
Shell, da grande indústria como a General Motors, General Electric, Bethlem
Steel, aviação e alta tecnologia militar, como a Boieng, Lockheed, Douglas,
Curtis Wright. Todo isto em intima ligação com os Rotschild, Rockfeller, Hambro
(Inglaetrra), entre outros.
Em 1999, o jornalista italiano Gianluigi Nuzzi publica um livro
que intitula de “Vaticano S.A.”, que se baseia em documentação deixada por um
dos mais importantes administradores financeiros do IOR, um monsenhor, já
falecido (2003), chamado Renato Dardozzi, homem de absoluta confiança de João
Paulo II.
Solicitou, a pessoas amigas , que entregassem os documentos a
Nuzzi, com a recomendação: “Tornem público esses documentos para que todos
saibam o que aconteceu”.
Também se pode consultar um livro do professor universitário,
ensaísta e jornalista Eric Fratini, cujo título é “Os abutres do Vaticano”,
editado este ano pela Bertrand em Portugal, que relata a corrupção, jogos de
interesses entre ordens e grupos religiosos organizados, ligações à Mafia,
lavagem de dinheiro e especulação financeira no interior do IOR.
Recentemente o jornal inglês “Guardian” editou uma ampla
reportagem sobre a penetração financeira e económica na Inglaterra.
Pode ser consultada em www.guardian.co.uk.
O título – tradução – é “Como o Vaticano construiu o seu império secreto em propriedades, usando os milhões de Mussolini", da autoria dos jornalistas David Leigh, Jean
François Tanda e Jessica Benhamou.
Em síntese, a reportagem assinala como a Santa Sé construiu um “império
secreto”, através de paraísos fiscais, em imóveis de grande valor, usando os
milhões de liras, que foram doados por Mussolini, em troca da aceitação do
regime fascista por parte do Papado romano, em Inglaterra, França e Suíça,
entre outros países, com um valor estimado pelos jornalistas em mais de 500
milhões de libras.
Citam, entre muitos bens patrimoniais, as lojas da marca BULGARI,
os joalheiros de luxo da New Bond Street, mas também a sede do importante banco
de investimentos Altium Capital International Investment Bank e a Pall Mall.
A revista “Forbes”, do dia 21, na sua edição mexicana, intitulava
um artigo sobre os meandros papais, titulando, precisamente: *As finanças
“impuras” do Vaticano*.
4 – O então provincial dos Jesuítas na Argentina, Jorge
Mario Bergoglio, conviveu com a ditadura militar argentina durante todo o
período de responsabilidade à frente daquela ordem católica.
A companhia de Jesus não perdeu qualquer poder material durante o
período ditatorial.
Aliás, o almirante Emílio Massera, o número dois da Junta Militar,
liderada pelo general Jorge Videla, foi, em 1977, professor honorário da
Universidade jesuítica de Salvador.
Ora, tal cargo não poderia ser aceite sem a anuência do
provincial, que, na altura se dizia seu amigo.
A lavagem do papel dos Jesuitas durante a ditadura argentina já
começou há muito, e agora, em particular o papel de Bergoglio.
Vão aparecer declarações de jesuítas presos e torturados, a
afirmar o contrário.
Um deles, Francisco
Jalics, agora com 85 anos, mais ou menos *enclausurado* num convento na
Alemanha, que apontou directamente para Bergoglio, como cúmplice activo na sua
tortura e posterior deportação, afirmou, agora, que já “perdoara”, mas não
negou o sucedido.
Esse evento pode ser apenas um caso. Pode ter muitas versões.
A realidade é esta: a Companhia de Jesus é a mais importante ordem
religiosa do catolicismo, na sua actividade financeira e económica, que inclui
o controlo do ensino, da assistência hospitalar, actividades comerciais e
industriais.
Retiramos do livro de Avro Manhattan, “Os biliões do Vaticano”, a
que diz respeito à acção mercantil da Companhia de Jesus nos Estados Unidos,
situando à época que foi publicado.
“Os jesuítas controlam o Federal Reserva Bank, o Bank of America,
a CIA, o FBI, a Emigração, a Segurança, as multinacionais do petróleo, ferro,
aço, etc., enfim controlam toda economia ocidental”.
Manhatan referiu que este controlo se fazia em estreita
colaboração com os grandes capitalistas judeus internacionais.
5 -Curioso é que o então cardeal Bergoglio entrou em choque profundo
com o Presidente Nestor Kirchner, quando o seu governo tentou mexer no controlo
bancário, na aplicação de impostos às grandes fortunas e sobre as entidades
privadas, como a Igreja Católica, que beneficiavam da isenção de impostos.
É este senhor, agora Papa que, verbalmente, e em geral se insurge
contra o capitalismo, pede uma casa para cada família, atira, sem ficar
envergonhado, slogans a favores dos desprotegidos.
Pois, na Argentina, a mesma
Argentina, a Igreja Católica tem o privilégio legal de pessoal jurídica de
carácter público.
Tal facto garante a Igreja Católica e às suas instituições benefícios
iguais idênticos aos que são concedidos às empresas estatais, como, exactamente, a
redução ou mesmo a isenção de impostos.
Além disso, essa mesma Igreja recebe subsídios estatais para os
seus estabelecimentos de ensino, cujos alunos pagam propinas escolares.
Cada bispo católico recebe do Estado um salário mensal de cerca de
1.300 euros, bastante elevado para o padrão de vida dos argentinos que
trabalham.
Pregar para desviar a gentalha do essencial é fácil, quando se tem o poder na mão; difícil é denunciar toda a podridão daqueles que invocam o nome de deus para viver como nababos.
É PRECISO QUE ALGO MUDE PARA QUE TUDO FIQUE NA MESMA.
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