quinta-feira, 15 de maio de 2014

OS CRIMINOSOS PRESIDENTES DOS ESTADOS UNIDOS

1 - Em 1973, um antigo dirigente da CIA Victor Marchetti (exerceu os cargos de assessor principal do director-adjunto da Agência Central de Inteligência, assessor principal do director da CIA Richard Helms e ainda assessor principal do Chefe de Planeamento, Programação e Orçamento daquele instituição. Era especialista em questões da Alemanha do Leste e foi ainda especialista sénior em questões do Terceiro Mundo, nomeadamente nas relações com a antiga URSS e Cuba) escreveu um livro que chamou, em tradução portuguesa, *a CIA e o culto da espionagem* (A edição portuguesa, da Portugália Editora é de 1974).

Marchetti foi recrutado, ainda quando prestava serviço militar na Alemanha Ocidental, para os serviços secretos norte-americanos, em 1952, para ser usado contra a então Alemanha de Leste. 

Entrou, formalmente, na Agência em 1955 e abandonou-a, em 1969, depois do que viu acontecer no Vietname.


Robert Macnamara, Ministro da Defesa de Kennedy e Johnson, a justificar a patranha do ataque ao Vietname do Norte

.
Os resultados, reais, criminosos, dos ataques norte-americanos


Para escrever aquele livro, teve contra si toda a super-estrutura dirigente dos Estados Unidos, desde a própria CIA até ao Presidente dos EUA, passando pela própria justiça.

(Uma operação encoberta da CIA, de nome Butane, foi organizada contra ele, sob a supervisão do Richard Nixon). 

Foram utilizados, contra Marchetti, todos os meios, pseudo-legais, "interesses superiores de Estado", incluindo a censura.

Teve de recorrer à União dos Direitos Civis Americanos (UDCA), à pressão pública de personalidades norte-americanas, como antigos membros das Administrações norte-americanas, que, mesmo com ambiguidades, se prontificaram a testemunhar.

Finalmente, o livro foi autorizado a sair, mas com cortes substanciais em certas passagens oficiais ou consideradas "secretas".

Escreveu a propósito, em introdução desse livro, o então director jurídico da UDCA Melvin L. Wulf: "no dia 18 de Abril de 1972, Victor Marchetti passou a ser o primeiro escritor americano a receber uma ordem oficial de censura editada um tribunal dos Estados Unidos".



Victor Marchetti, dirigente de topo na CIA



Marchetti hoje

E acrescentava: "A ordem proibia-o de *revelar sob qualquer forma qualquer informação relativa às actividades dos serviços secretos, qualquer informação que diga respeito aos meios e métodos dos serviços secretos ou qualquer informação sobre os serviços secretos*".

Victor Marchetti iniciou o seu livro do seguinte modo: "Existe hoje em dia na nossa nação um culto secreto poderoso e perigoso - o culto da espionagem.

Os seus santos são os profissionais clandestinos da Central Intelligence Agency (Agência Central de Serviços Secretos). Os seus patronos e protectores são os mais altos membros governo federal. Os seus associados, que se estendem para além dos círculos governamentais, atingem centros poderosos da indústria, do comércio, das finanças e do trabalho. Os seus amigos são inúmeros nos sectores de importante influência pública - o mundo académico e os meios de comunicação social. O culto da espionagem é uma fraternidade secreta da aristocracia política americana".

E adiantava: "O objectivo desta seita é o de alargar as políticas externas do governo dos E.U. por meios dissimulados e geralmente ilegais, controlando simultaneamente o alastramento do seu inimigo declarado, o comunismo. Tradicionalmente, o desejo da seita tem sido o de fomentar um esquema mundial, no qual a América seria o chefe supremo, o líder internacional incontestado. Hoje, no entanto, esse sonho encontra-se desdourado pelo tempo e pelos consequentes fracassos. Deste modo, os objectivos da seita são agora menos grandiosos, mas não menos perturbadores. Esse sonho procura em grande escala avançat a auto-assumida posição da América como árbitro dominante das mudanças sociais, económicas e políticas  de regiões da Ásia, África, e da América Latina que estão a despertar".

Embora com a censura, ficamos a perceber do livro de Marchetti, que todas as intervenções militares ou de golpes, massacres, assassinatos políticos em países, como o Chile, tiveram a autorização expressa do Presidente dos Estados Unidos, fosse qual fosse a época.

2 - Em 2014, o jornalista e escritor italiano Eric Frattini escreveu um livro chamado "CIA - Jóias de Família", uma edição da Bertrand Editora.

O livro baseia-se, na sua quase totalidade, em documentos desclassificados da CIA e de outras instituições, guardadas, na sua maioria, em Fundações-Museus dos Presidentes dos EUA, desde os tempo do general Dwight Eisenhover até Gerald Ford, Universidades , ou escritos de personalidades como Gordon Thomas.

De certo modo, passaram mais de 40 anos entre os dois livros.

E o actual, o de Eric Frattini, confirma, com documentos oficiais, que os Presidentes dos Estados Unidos foram os verdadeiros promotores e mentores de assassinatos políticos de Chefes de Estado, de políticas nazis de torturas (mesmo no interior dos EUA), massacres indiscriminados, de ingerências ilegais e brutais na governação de países independentes, que não concordavam ou não queriam ficar submissos à política imperial norte-americana.

Refere Eric Frattini que este seu livro"é um resumo de algumas das 300 operações ilegais ou *actividades altamente voláteis* conduzidas pela CIA, tanto dentro, como fora do território dos Estados Unidos, e retiradas das 703 páginas tornadas públicas pela CIA*.

Todos os Chefes de Estado norte-americano e a suas Administrações, estruturas policiais de informação e contra-informação, Departamento de Justiça, de acordo com a documentação desclassificada consultada por Frattini, no período em apreço, são os responsáveis pelos alguns dos piores crimes cometidos contra a Humanidade, em nome da defesa do sistema financeiro e político dos Estados Unidos.

(Um programa, organizado e sancionado e iniciado pelo Presidente Eisenhover, em 1953, teve uma cobertura legal de *secreta* - assim mesmo legal e secreta, tal como agora com Barack Obama, o ídolo, de descendência africana, dos chamados democratas e capitalistas liberais de todo o Mundo -, que ficou conhecido por "projecto Mkultra, oficialmente a vigorar entre 13 de Abril de 1953 a 4 de Agosto de 1964.

Foi seu executor "cientifico" um judeu de nome Sidney Gottlieb, tristemente baptizado na própria CIA como o "senhor Morte"-  um nazi judeu, na *democracia perfeita* - que preparou venenos, torturas, utilizou como cobaias para as suas experiências criminosas milhares de norte-americanos, incluindo seus colaborares chegados.

Um sinistro nazi que considerava que "os Estados Unidos têm o direito a defender-se por todos os meios possíveis" e que o seu mentor, Allen Dulles, sustentava que Gottlieb "nascera para a CIA e a CIA era para +Gottlieb+ uma *companhia* à sua medida").

Foi Eisenhover quem autorizou e fez doutrina para os assassinatos políticos de Presidentes e chefes de Estado estrangeiros, em nome dos "superiores interesses" dos Estados Unidos.

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Frank Carllucci, funcionário da CIA, segundo a partir da direita, foi um dos operacionais dos EUA responsáveis pela morte de Patrick Lumumba. Actuou, em Portugal, em 1974/75, com o mesmo objectivo, que não foi levado a efeito, porque o poder foi substituido com a ajuda de políticos portugueses




Patrick Lumunba, pouco antes, de ser executado

Todos os Presidentes que lhe seguiram mantiveram estas orientações, alguns ampliaram-nas e sofisticaram-na. Caso desse *endeusado* John Kennedy e o seu *precioso* irmão Robert, relativamente a Fidel Castro, Trugillo, Kassem, entre outros. 

Foi com Eisenhover, que a CIA desenvolveu as mais refinadas práticas de torturas e de controlos violentos de pessoas e personalidades, dentro e fora dos EUA.

O seu seguidor mais sinistro e cínico foi, justamente, conforme já assinalamos, o seu sucessor, o democrata incensado por toda a cáfila de socialistas, sociais-democratas liberais da Europa John F. Kennedy, em cumplicidade directa e chegada com o seu irmão Robert, que deitaram mão de todo o tipo de foras da lei, incluindo as estruturas de topo da Máfia para executar as acções mais nojentas do poder imperial norte-americano.


Eisenhover com Allen Dulles, o pró-nazi director da CIA. O seu irmão John Foster Dulles foi o secretário de Estado do general.



John Kennedy condecora Allen Dulles

Os Estados Unidos da América, que dominam os grandes meios de comunicação mundial, procuram fazer obscurecer o seu papel. 

Armam-se em defensores mundiais da democracia, dos direitos humanos, da "civilização ocidental". Nada de mais falso.

São o centro multinacional da mais feroz actividade criminosa e terrorista, em nome da teoria capitalista nazi-fascista de "defesa dos seus (assim mesmo, seus) interesses nacionais", quando, por exemplo, fomentam golpes de Estado, como o que sucedeu, há poucos meses, na Ucrânia.

Só que agora os tempos são outros. Por isso, estão mais refinados, mais perigosos.

3 - Para que conste aqui ficam registados algumas das malfeitorias e crimes contra a humanidade praticados pelos Presidentes dos EUA, através dos seus órgãos de repressão - serviços secretos (CIA, NSA e quejandos), serviços policiais internos (FBI) e estruturas castrenses, quer externa, quer internamente, baseadas em documentos oficiais tornados públicos.

Irão, 1953 - golpe de Estado naquele país, contra o governo do Primeiro-Ministro Mohmammed Mossadegh. 

Em causa estava o facto daquele político se opor à autoridade da monarquia e ter nacionalizado à indústria petrolífera, controlada por multinacionais anglo-norte-americanas. 

Guatemala, 1954 - golpe de Estado com o governo do Presidente Jacobo Árbenz, por defender uma reforma agrária, que iria retirar o controlo da produção de frutos à multinacional norte-americana United Fruit Company.

Congo, 1960 - assassinato do Primeiro-Ministro do Congo (Patrice Lumumba), depois de um golpe de Estado, fomentado pela CIA, que colocou no poder Desiré Mobutu.

República Dominicana, 1961 - Assassinato brutal do ditador general Rafael Trujillo, que não se aceitou a ordem dos EUA, seu protector, para se afastar do poder, após a ascensão ao cargo pela mão da Administração norte-americana.

Iraque, 1962/63 - Afastamento e posterior golpe de Estado contra o general Addul Karim Kassem, primeiro-ministro do Iraque, depois de ter começado a exigir que a Empresa de Petróleo Iraquiana (IPC), então propriedade total da firma Anglo-American, detivesse 20% das suas acções e 55% dos seus lucros.

Depois da recusa da multinacional, Kassem tornou a IPC uma empresa pública, detendo 99,5% das suas acções.

De imediato as *sete irmãs* actuaram junto do Presidente Kennedy para actuar, e este, através da CIA começou a comprar os oficiais capazes de virem a dominar o país, como Saddam Hussein.Iniciaram um processo de dominar, internamente, a cúpula do partido nacionalista Baath e, em 1963, derrubaram o general, que foi depois abatido a tiro.


A notícia do assassinato de Kassem e o seu corpo, após ter sido executado

Vietname do Sul, 1963 - Os EUA intervieram, abertamente, no processo político vietnamita, após a derrota dos franceses na Indochina.

Em 1963, colocaram as suas tropas de ocupação no Vietname do Sul e apoiaram a ascensão ao poder de uma clique, liderada por Ngo Dinh Diem, um carniceiro, que, pouco depois, tentaram afastar do poder, mas que o fantoche não aceitou.

Contactaram então os generais do regime e 

planearam um golpe de Estado, que veio a 

ocorrer a 1 de Novembro de 1963, com a 

execução de Diem e do seu irmão, que chefiava 

polícia secreta.



Segundo os chamados "Documentos do Pentágono", (ver Pentagon Papershtpp://media.nara.gov/research/pentagon-papers/Pentagon-Papers-Part-IV-B-5.pdf) 


*Para o golpe militar contra Ngo Dihn Dien, os EUA devem aceitar a sua quota-parte de responsabilidade*.

E especificaram: *No início de Agosto de 1963, autorizámos, sancionamos e encorajámos os esforços para o golpe dos generais vietnamitas e oferecemos o apoio total para o governo que fosse implantado...Mantivemos contactos clandestinos com eles durante o planeamento e execução do golpe e solicitamos mesmo a revisão dos seus planos operacionais, além de sugerir a constituição do novo governo*.

Brasil, 1964 - Os militares brasileiros, liderados pelo general Humberto Castelo Branco, então Chefe do Estado-Maior do Exército, efectuaram um golpe de Estado sangrento contra o governo do falecido Presidente João Goulart, que assumira uma orientação nacionalista e independente face aos EUA.

De imediato, a administração norte-americana conspirou contra esse governo, impulsionando todo o tipo de manifestações de rua e inclusive entregando "armas de origem não-norte-americanas" a bandos bandos anti-governo.

Ao mesmo tempo, contactaram os oficiais-generais de topo, formados no modelo nazi castrense, encorajando-os a derrubar Goulart.

Estas palavras estão em documentos do National Security Archive, proferidas por Lyndon Johnson em conserva com os seus mais destacados conselheiros (militares e civis) quando planeavam o derrube de *Jango* - assim era conhecido o Chefe de Estado brasileiro: "Eu acho que devemos tomar todas as medidas necessárias, e estarmos preparados para qualquer coisa que precisemos de fazer".

A ditadura militar permaneceu no Brasil até 1985. Milhares de pessoas foram mortas ou torturadas por actividades contra a mesma, incluindo a actual Presidente do Brasil, Dilma Roussef.

Bolívia, 1967 - Desde a tomada do poder pelos revolucionários cubanos em 1959 que a Administração norte-americana, primeiro com Eisenhover, depois Kennedy, procuraram eliminar os principais dirigentes daquele país da América Central, em especial Fidel Castro.

Quando Che Guevara, argentino de nascimento, mas um dos comandantes da Revolução, se afastou de Cuba depois de criticar a política externa soviética e de não acreditar na construção do socialismo "num só país", preconizando a extensão da revolução a todo o continente, embora sob um objectivo político pouco consistente, " a teoria do foquismo", ou seja a intervenção de um punhado de militantes que arrastariam a restante população, os norte-americanos perderam-lhe o rasto e ficaram preocupados.

Como surgimento de um foco de guerrilha na Bolívia, as "antenas" da CIA tentaram sacar informações sobre um misterioso "Ramón", que não era boliviano, e comandava um agrupamento guerrilheiro.

Com a prisão de um pseudo-revolucionário europeu, chamado Régis Debray, que delatou a presença de Che Guevara, a CIA intrometeu-se, directamente, na organização do fraco Exército de La Paz, através de agentes de oriegem cubana, que pertenceram às organizações para-militares de Miami, e, fizeram parte da fracassada invasão da Baía dos Porcos.

Foi um desse agentes da CIA, de nome Felix Rodriguez Lopez, a orientar e a acompanhar a operação de desmantelamento da guerrilha, e que assistiu ao assassinato de Guevara, a 9 de Outubro de 1967, em Las Higueras.

Rodriguez Lopez frisou, muito especificamente, como moldou o Exército do ditador René Barrientos. Eis as suas palavras: "O Exército boliviano estava totalmente incapaz de enfrentar uma guerrilha. A maior parte dos soldados trabalhava na construção de estradas e, provavelmente, jamais dera um tiro de espingarda-metralhadora. Nos primeiros combates, os guerrilheiros aprisionavam os soldados, tiravam-lhe as fardas e mandavam-nos em paz"

Ele inverteu essa situação e isolou Che Guevara, tendo para isso contribuído a traição declarada da direcção do Partido Comunista Boliviano, pró-soviético, que nunca o apoiou, logística e politicamente.

Claro que os executores foram oficiais do Exército boliviano, mas o supervisor real era o homem da CIA.

Guevara foi morto, friamente, depois de ter sido capturado.

 
Os oficiais superiores do regime ditatorial da Bolívia e alguns civis, provavelmente, dos serviços secretos, indicam onde foi atingido Che Guevara.


Chile, 1973 - Perspectivando-se nas eleições presidenciais chilenas de 1970, que um militante socialista, que defendia o marxismo, Salvador Allende, viesse a ganhar o pleito, o que realmente sucedeu, o governo dos EUA, com a supervisão do seu Presidente, na altura Richard Nixon, monta uma operação secreta para, primeiramente, o impedir, e, posteriormente, o derrubar.

Utiliza, além das agências de informação, especialmente, a CIA, mas também as grandes multinacionais (ITT, Ford, Pepsi) da altura a actuar no país: o plano inicia-se pela elimininação, por um lado, dos chefes militares legalistas, e, por outro o aliciamento dos pró-nazis. 

Assim, é liquidado René Schneider, Chefe do Estado-Maior do Exército ("enquanto houver regime legal, as Forças Armadas não são alternativa de poder") e Carlos Pratts - este depois do golpe -("enquanto existir o Estado de Direito, a força pública deve respeitar a Constituição").

Os boicotes financeiros da oligarquia de Wall Street entram em acção e as manifestações de rua são alimentadas, quando começam a faltar alimentos. 

Allende, com o apoio do PS e do PCChileno, adeptos da "via pacífica", não actuam contra os conspiradores e, em especial, a ingerência externa. 

A 11 de Setembro de 1973, é posto em marcha o golpe de Estado sangrento e de uma ferocidade atroz. Ataque o palácio presidencial, o La Moneda, onde morre Allende (uns sustentam que se suicidou, outros que foi baleado).



ESTADO DE SÃO PAULO

EUA tentaram impedir posse de Allende, diz documento

10 de setembro de 2008 

Altos funcionários norte-americanos discutiram o desejo de impedir a posse do então recém-eleito presidente chileno, o esquerdista Salvador Allende, em 1970. A revelação está em documentos tornados públicos hoje. Em um trecho, William Rogers, ex-secretário de Estado do presidente Richard Nixon, advertiu sobre as ações secretas dos Estados Unidos para impedir a posse de Allende. O governo americano antes havia ressaltado a importância da realização de eleições democráticas.
A Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA, sigla em inglês) por fim apoiou o seqüestro do principal general do Chile, René Schneider, para impedir que Allende chegasse ao poder. "Após tudo que dissemos sobre eleições, se na primeira vez que um comunista ganha os EUA tentam evitar o processo constitucional de ocorrer nos ficaremos muito malvistos", disse Rogers, que morreu em janeiro de 2001.
O Arquivo de Segurança Nacional publicou as transcrições na véspera do 35º aniversário do golpe que resultou na morte de Allende. O registro ocorreu porque Henry Kissinger gravou secretamente todas suas ligações após tornar-se conselheiro de segurança nacional, em 1969. Seus auxiliares transcreveram as chamadas e depois destruíram as fitas. A CIA admitiu posteriormente que apoiou o seqüestro de Schneider, pois o general se recusou a usar o Exército para evitar que o Congresso confirmasse a eleição de Allende.
A tentativa de seqüestro falhou - o militar foi morto na operação - e o nome de Allende foi confirmado. Três anos depois e nove semanas antes do golpe, Nixon culpou o então diretor da CIA Richard Helms e o ex-embaixador dos EUA Edward Korry pelo fracasso na tentativa de impedir a posse de Allende. "Eles estragaram tudo", disse o presidente a Kissinger, em outras das conversas agora liberadas. Na mesma ligação, Nixon diz a Kissinger: "Eu acho que aquele chileno pode ter alguns problemas". Kissinger retrucou: "Sim, ele tem grandes problemas. Ele definitivamente tem grandes problemas."
Allende foi derrubado por um golpe em 11 de setembro de 1973, liderado pelo general Augusto Pinochet. Pelo menos três mil pessoas foram mortas por razões políticas durante os 17 anos de regime de Pinochet e outras milhares desapareceram, segundo o próprio governo chileno.
Polêmica
O médico legista Luis Ravanal contestou nesta semana na revista El Periodista que Allende tenha se suicidado. Segundo ele, os ferimentos do ex-presidente não são compatíveis com um suicídio.
Para a deputada Isabel Allende, filha do ex-líder, a versão oficial de que ele se suicidou é a correta. "Nós temos absoluta e total confiança da versão dos nove médicos que ficaram até o fim com o presidente Allende", disse ela à rádio Cooperativa.
extracto do jornal brasileiro Estado de São Paulo





general Schneider, chefe do Estado-Maior do Exército do Chile

4 - Eric Frattini, estranhamente, escolhe, para ser o autor do prólogo do seu livro, o espanhol Jorge Dezcallar de Mazarredo, um aparente diplomata de carreira, mas que ficou, essencialmente, conhecido, porque, em 2001, o então chefe do governo de Espanha José Maria Aznar o nomeou director do Centro Nacional de Inteligência (CNI), os facínoras serviços secretos espanhóis, na altura a actuarem em parceria com a CIA no Afeganistão.

Jorge Dezcallar, da nobreza espanhola, que inicia a sua carreira diplomática, como embaixador em Marrocos e a termina, entre 2008 e 2012, na embaixada em Washington, tendo antes em 2004 e 2006, estado no mesmo cargo na Santa Sé, é exactamente o exemplo do apologista, cinicamente dado loas à democracia, de que "os serviços secretos têm um papel primordial na luta diária para conseguir melhor protecção" para os seus patrões. 

E, não é por acaso que ele, no intervalo do seu papel de "protector" do Estado trabalhou para a multinacional REPSOL, como conselheiro internacional.

El mallorquín Jorge Dezcallar junto al presidente de Estados Unidos, George W. Bush.
Dezcallar: a intimidade com um assassino

E ainda, mais estranho, se torna, quando convida para fazer o prólogo à edição portuguesa o antigo director-geral do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), entre 2008 e 2010, Jorge Silva Carvalho. 

Carvalho, um burocrata, ligado aos serviços secretos, que ascendeu nos meandros das ligações "secretas" das maçonarias e troca de informações, tornou-se conhecido, justamente, pela verdadeira utilização da "rede" para benefício pessoal...e, acima de tudo, o grande capital, onde se procurou imiscuir, ainda sem estaleca para tal.

No prólogo, qual vestal romana, coloca-se num pedestal de honestidade: "os serviços de informações representam a primeira linha de defesa e segurança dos seus países e são organismos essenciais à segurança nacional e um instrumento ideal, em particular, para os países de menor dimensão e menos dotados em termos de recursos".

Bem prega Frei Tomás.





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