sábado, 24 de maio de 2014

ELEIÇÕES EUROPEIAS: AS MUDANÇAS ESTÃO NA ORDEM DO DIA

1 - Os Estados Unidos da América, através dos partidos nazis e pró-nazis, financiados pela oligarquia financeira de Wall Street, e, com a cumplicidade militante dos representantes do mesmo sistema nos governo actuais da União Europeia (desde o Reino Unido, dos conservadores de David Camerom, até à Espanha, do Partido Popular pró-fascista, de Mariano Rajoy, passando, estranhamente, da França, do PS, formado por colaboracionistas, como Mitterrand, cujos "filhos políticos" se encontram na governação, François Hollande e Laurent Fabius) estão a exercer uma pressão enorme para a desagregação política da união europeia, e acima de tudo, da sua forte moeda, o euro.

(Convém, aqui referir que os chamados Partidos Comunistas, defensores da antiga URSS, se colocam, exactamente, no mesmo lado da barricada, desprezando e aviltando, em primeiro lugar, os ensinamento do materialismo histórico e da economia política, caso do português, de Jerónimo de Sousa, e do Grego, cuja siglas são KKE, stalinista fanático).

Os partidos dominantes nas eleições europeias de 25 de Maio procuram fazer obscurecer a importância do acto que dá indício de querer uma outra concepção de democracia e poder e o caminho errado a que conduziram a UE, deixando florescer, justamente, através da propaganda das chamadas forças políticas eurocépticas, fomentada pelos grandes meios de comunicação do lumpen capital financeiro, que, desesperadamente, se concentra em Nova Iorque.

E, procuram fazer esquecer, como lacaios que o são, o descalabro que mina, já sem remissão, o poder, interno e externo, do império norte-americano.

Somente um abanão progressista e mesmo revolucionário, poderá inverter uma tendência, que se infiltra, à revelia da realidade e do desenvolvimento real das próprias relações de produção e mesmo classistas: a UE é a maior potência económica do Mundo, nesta fase.

Poderão as eleições contribuir para um aumento da consciência política, ainda que não tragam, de imediato, mudanças revolucionárias?

2 -  Antes de nos concentrarmos nessa resposta, vamos analisar, em traços largos,  a situação evolutiva da Europa nos últimos 150 anos.

A Europa foi o centro motor das grandes Revoluções económicas e políticas que impulsionaram o desenvolvimento do capitalismo, deram a cidadania plena a burguesia como classe dominante da sociedade que derrotou o sistema feudal, e fez aparecer as classes laboriosas, colocando no centro da actividade política, pela primeira vez, em confronto as relações de classes antagónicas.

Foi, pois, nesta Europa que se elevou, de um lado, a grande burguesia e a grande indústria, do outro, o proletariado ganhou cidadania política, fomentado por essa mesma indústria no século XIX.

Foi, nesta mesma Europa, primeiro, no século XIX (Comuna de Paris), depois na segunda década do Século XX (Revolução soviética de 1917), se tentou construir um novo tipo de sociedade em que já não era a minoria revolucionária que tomava o poder a uma outra minoria, mas sim se alargava a uma maioria, sem manipulações demagógicas, em que esse proletariado encabeçava um programa de organização societária das restantes classes.

Todavia, este projecto não vingou nessa Europa, primeiro, porque o estado do desenvolvimento económico não tinha o progresso suficiente para ultrapassar a estrutura produtiva do capitalismo, segundo, essa mesma Europa degladiava-se em concorrência espartilhada pelos Estados nacionais, que lhe limitavam e limitaram - destruindo mesmo a evolução da sua produção por guerras inúteis de hipernacionalismo, conquista e supremacia - até hoje o incremento mais rápido e sofisticado das suas imensas capacidades humanas e económicas. 

Em contra-ponto, a este mosaico de uma grande indústria europeia compartimentada por milhares de entraves burocráticos, alfandegários, de nacionalismos serôdios enraizados por tradições retrógradas centenárias, do outro lado do Atlântico, os então ainda incipientes Estados Unidos, livres de todos os resquícios do feudalismo, que ainda nos finais dos século XIX/princípios do século XX, enxameavam a Europa industrializada, embrenharam-se, de alma e coração, no incremento em larga escala do capitalismo.

Precisamente, a evolução da grande burguesia nesse novo grande continente necessitava, num grande espaço disperso, que na primeira metade da segunda década do século XX, um ano do início da I Grande Guerra, a concentração das cerca de 30 mil moedas diversificadas que circulavam nuns Estados Unidos, colocados, politicamente, com cuspo.




Ora, este facto tornava-se um entrave de primeira ordem no incremento da economia, e na própria harmonização da estruturação do novo Estado.

A grande burguesia capitalista que dominava já a produção e estava a forjar um grande Estado sem fronteiras, desde leste para oeste, do sul do Canadá até ao golfo do México, lançou, em 1913, um banco central privado ( que lhe deu um conteúdo nacional, estatal, formalmente), e lhe chamou Reserva Federal, com uma moeda única, o dólar.


Cada banco ou instituição mandatada localmente podia emitir a sua própria moeda

A industrialização começou a efectuar-se a par de um alargamento enorme do sistema ferroviário e rodoviário e a concentrações fabris em grandes cidades dispersas pelo país.

A migração para o país foi incentivada em larga escala, assim como aplicada uma parte do aumento da produção económica para o fortalecimento e modernização, através de novos inventos, para a criação de Forças Armadas nacionais, que rapidamente começaram a investir na cena internacional, garantindo bases de apoio para a própria exportação e comércio a longa distância.

Por detrás, deste ascenso e fortalecimento da grande burguesia industrial, surgiu, também, uma crescente burguesia financeira, mas igualmente despontou um jovem proletariado, que algumas décadas antes, nada representava, que se organizou e começou a impor reivindicações classistas.

Foi, justamente, com uma grande manifestação operária em Chicago em 1886, que começou uma luta internacional dos trabalhadores pela jornada das oito horas. 

E que dessa luta já nas duas primeiras décadas do século XX se institucionalizou na Europa e nos Estados Unidos o 1º de Maio feriado, como Dia do Trabalhador.

Contudo, a capacidade de progresso dos EUA regrediu, há muitas décadas. Hoje é um Estado imperial, pró-fascista e em decadência.

Não serve de modelo, nem de força de parceria para a União Europeia.

3 - Então, o que pode trazer de novo este acto eleitoral europeu? 

Existe um descrédito acentuado sobre a possibilidade do voto poder contribuir neste momento para uma mudança real na política europeia, e, pouco resta de uma real influência dos partidos representantes das classes trabalhadoras.

Todavia, se houver uma votação razoável que indique uma movimentação de sectores importantes das classes trabalhadoras para opções que procurem uma ruptura com a actual situação existente na União Europeia, tal facto pode ser uma "medida indicativa" de que haja um acréscimo da consciência de que é necessário uma mudança política que, certamente, irá causar receio nas forças representantes do grande capital.

E se esta "medida indicativa" produzir, depois do acto eleitoral de 25 de Maio, efeitos na superestrutura e na estrutura da UE, ainda que limitada e titubeante, ela poderá servir para nos dizer quais os meios que as massas trabalhadoras desejam para se interligarem com uma alternativa revolucionária de poder.

A UE, para avançar e servir os interesses das classes trabalhadoras, terá de se reestruturar, adquirir maior democracia, maior harmonia e cooperações económicas, mas também maior unidade política e um reforço real da sua moeda como concorrente com a moeda-padrão imperial, o dólar.

Exige um reforço das suas instituições centrais económicas e uma reformulação democrática da sua instituição política, de acordo com o que já foi conseguido na sua produção económica e na sua união monetária.

Quem não estiver no interior do euro, não pode participar, em igualdade, nas suas instituições políticas. Esse deve ser o objectivo central, neste momento.


A Inglaterra tem de ser confrontada: ou euro ou libra

Se a Inglaterra ou a Suécia, não quiserem pertencer ao euro, também não devem fazer parte das suas vantagens financeiras e económicas e da sua unidade política. 

Seguem, pois, o seu caminho, com as restrições alfandegárias, circulação de capitais e pessoas convenientes.
É um desafio que deve entrar no centro do debate político e ideológico da UE.







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