quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

UMA NOVA GEO-POLÍTICA GANHA FORMA NO MUNDO

1- O mundo encontra-se numa encruzilhada.

Em confronto,  estão concepções de gestão do mundo.

De um lado, em pleno século XXI, dos grandes avanços tecnológico e científicos, uma força retrógrada de reacção, agarrada à defesa dos valores capitalistas do século XIX em certos aspectos,  principalmente, nas relações sociais que se podem comparar às atitudes esclavagistas do pré-capitalismo industrial, cujo expoente cimeiro se coloca a evolução nazi do capitalismo financeiro norte-americano.

Do outro, um avanço, larvar e com muitos ziguezagues, mas gigantesco, ainda dentro do sistema capitalista, que dá indícios de evoluir, todavia sem clareza,  através de antagonismos crescentes de classe, e  que mostra trazer no bojo uma revolta em que se começa evidenciar, pois  as relações sociais de produção atingiram um estádio tal, que estão a ficar atrasadas face ao desenvolvimento que as forças produtivas já necessitam.

Estas em fase de impulsos rápidos e empolgantes que mostram, ainda que incipientemente, que querem fazer irromper uma nova sociedade.




A Europa quer romper com o velho capitalismo

Ou seja, o descontentamento que alastra, que leva a modificar mesmo certas posições políticas, através de eleições legislativas dentro do sistema vigente, tem um destinatário indiscutível: a arrogante, desastrosa, e, já cheirando a passado, a estrutura do capitalismo financeiro dominante a partir do imperialismo norte-americano de Wall Street.

E é esse enfrentamento directo entre o poder social dos povos que evoluiu – ainda que sem um sentido revolucionário, mas que contesta o poder vigarista e fraudulento do lúmpen-capitalismo norte-americano, que está a conduzir, cobardemente, a burguesia subserviente europeia a acolher-se a um pretenso regaço, já cheio de buracos, de um poder imperial militar de Washington.

2 – A destruição produtiva provocada pelo descalabro económico financeiro de 2007/8, iniciada e engendrada nos corredores de Wall Street e nas fundações e instituições ditas académicas que definem a geo-estratégia económica e politica imperial dos Estados Unidos da América está directamente ligada com a actual fase de tensão internacional, que, novamente, tem, no seu centro, a execrável permanência do lumpem capital financeiro no domínio mundial.

Os casos presentes da Ucrânia, da Grécia e do Médio-Oriente embora, diferenciados na geografia, em certos aspectos da política, têm em comum como essencial o papel nefasto do grande capital financeiro, centrado em Nova York, colateralmente na City londrina e no Vaticano.



A derrota da Ucrânia no leste é derrota americana

Na realidade, a contra-revolução do capitalismo financeiro de 2007/8 e as implicações catastróficas para as economias burguesas que procuravam uma distribuição mais cooperante dos benefícios do comércio mundial, fizeram soar *luzes de alerta* nesses esses países sobre os verdadeiros objectivos e actividades estratégico-económicas do lumpem capital financeiro norte-americano.

Esses países, apelidados, grosso modo, de emergentes, tomaram (ou estão a tomar) posições independentes ou concertadas entre si para adquirirem um papel crescente e diferenciado no poder político mundial.

E esse passo fez-se, simultaneamente, por uma evolução económica capitalista alargada que, nos próximos anos, será em crescendo e concorrência desenfreada com a economia norte-americana.

Ora, estes países, por um lado, e a União Europeia, por outro, para fazerem evolucionar a sua indústria, a sua tecnologia, e, principalmente, fazer prevalecer no mercado internacional de que poderiam desenvolver-se pela capacidade de engrandecer e aumentar o seu poder interno de bem-estar, somente vingarão se tiverem uma política independente de exportação em competição directa – e sem capitulação - com os Estados Unidos, e sem a interferência imperial do poder cambial do dólar.

É,  justamente, perante esta mudança geo-estratégica face ao poder unilateral e imperial norte-americano, que Washington – seguindo os ditames de Wall Street – e contando com os seus cúmplices quer na UE, quer no Médio-Oriente, e, inclusive na Austrália e Extremo-Oriente, se refina como poder nazi-fascista, interventor directo – e sem dar cavaco às aspirações nacionais e interesses dos povos das diversas nações - nos diferendos internos, nas intervenções armadas fora dos seus territórios, nas intrigas assassinas nos negócios e comércios mundiais, incluindo os de matérias-primas.

E, é o entrave principal à efectivação de um grande espaço comercial entre os EUA e a UE, justamente, porque aqueles pretendem controlar, sem interferência, nem concessões, os investimentos financeiros.

Estamos, contudo, no limiar de uma nova aventura da geopolítica mundial.

3 – O que se passa na Ucrânia e, com similitudes na Síria e no Irão, é demonstrativo de como a arrogância unilateral imperial norte-americana está a soçobrar.

E, acima de tudo, como o seu papel de cobra deslizante venenosa se está a transformar mais em escorpião que se *mata a si próprio*.


Estado Islâmico transporta-se em veículos ocidentais

A principal razão para esta comparação está no facto de os EUA terem destruído, desmantelarem e ostracizarem todos os regulamentos e compromissos escritos que respeitavam a não interferência directa nos assuntos internos de outros países, de desprezarem, sobranceiramente, os limites territoriais de Estados e Nações, que não concordam com a sua política e de utilizarem todos os estratagemas ditos *secretos* para desarticular o poder político interno dos países que lhe são concorrentes ou se opõem à sua pretensão de liderança mundial militarizada.

Todos sabemos que a Rússia aparam os movimentos separatistas na Ucrânia, mas o *grande urso* fá-lo, dentro de uma perspectiva nacionalista, de que o leste daquele país tem a nacionalidade russa.
Está no fundo a defender, para já, os seus interesses nacionais imediatos.

Todavia, até agora não humilhou a Europa, engrossou, internamente, apenas o seu poder, fez com que os oligarcas representantes do capital nos governos da UE agissem, debaixo da humilhação norte-americana, que atirou os países europeus para a boca do lobo, e, Washington, colocado ao largo, espera um deslize que conduz ao estraçalhamento europeu para colocar a pata inteiriça na maior e mais rica potência comercial do mundo, apesar da sua crise.

E, neste período que vai desde 2008, verifica-se a fascização continuada e persistente dos Estados Unidos.
Estes são os verdadeiros inimigos dos povos que desejam a liberdade de se governarem sem ingerências.

As crise da Ucrânia, Grécia, Médio Oriente, fizeram vir ao de cima o que representa, na prática, a política nazi do lumpem capital internacional.

O seu braço armado chama-se Estados Unidos da América.

Mas também apareceu a sua fraqueza.
Eles que se intitulavam os *polícias* dos conflitos mais latentes, estão se isolando mesmo dos seus aliados mais próximos e mais seus dependentes, porque não têm uma política externa e um exército comuns.

E, tal indício é o sinal primordial de que uma nova economia, mais diversificada, irá ganhar cidadania.

E os seus concorrentes sabem disso e estão a ganhar a sua fatia em economia, em política e em capacidade militar.
Felizmente, os sinais mais evidentes de mudanças em torno dessa geo-economia, com arremessos de pretenderem uma ruptura, estão na UE.

Mais do que nunca, a burguesia desenvolvimentista europeia sente que se não avançar terá atrás de si o fantasma ameaçador das movimentações radicais das classes laboriosas.

Estas necessitam de compreender, agora, que a transformação societária não pode ser só num país, terá de haver um programa comum de revolução em toda essa União.




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