1 - Realizaram-se no último domingo, eleições regionais e autárquicas em Espanha. Com resultados - a grande imprensa espanhola (centralista de Madrid) e a a sua congénere europeia e americana apresentou tal como facto de um lado exclusivamente estatístico - mostrados (no conjunto) favoráveis ao Partido Popular, (PP), o partido sucessor dos franquistas que se "democratizaram" face à evolução do capitalismo internacional.
2 - Tudo o que sucedeu em Espanha desde 1975 - o espaço histórico anterior necessita de um outro estudo, e, neste caso inscrito num texto telegráfico de um blog terá de ser feito numa outra perspectiva - pode inscrever-se com uma nota solta: foi o passo seguinte da derrota de uma revolução desde os anos 30, da inexistência de um programa revolucionário no país.
(Na realidade, a ascensão ao poder político, em 1975, do actual rei Juan Carlos somente foi possível, porque tiveram o asentimento directo e cúmplice dos partidos PSOE - sociais-democratas-, de Felipe Gonzalez e PCE -apelidado de comunista-, de Santiago Carrillo).
3 - Naturalmente, tal como na restante Europa, desde os anos 20 do século XX, o que temos de analisar, com a lupa do estudo da economia política e da visão materialista da História, é o que permitiu esse período contra-revolucionário constante não só na Península Ibérica, mas igualmente em toda a Europa mais desenvolvida, incluindo a França e a Alemanha.
Foi a revolução que se desmoronou? Ou o que está em causa, principalmente, é o estraçalhamento de resquícios pré-revolucionários (que foram tomados como revoluções) que estavam ligados a dejectos - melhor dizendo a empecilhos que entravam - capitalistas que impedem e impediram a visão mais avançada de uma nova sociedade virada para a ruptura com o capitalismo, que ainda era inicipiente em muitos desses países, incluindo Portugal, que ofuscam (e ofuscavam) a possivel viragem revolucionária sobre os escombros de um capitalismo decadente?
Sem se analisar, com clareza, toda esta movimentação que tem já quaee um século, não poderemos verificar - e assim o penso - o que de nova experiência nos surgiu aos olhos de agora com a crise financeira, económico e política do capitalismo surgida em 2008.
Não temos, portanto, um partido revolucionário que nos oriente nesta fase que está em crescimento. Tudo o que está em movimento, está à espera dessa madureza da política revolucionária que ainda não chegou. Não vai parar.
Eu, pecador, me confesso.
4 - Centremo-nos, agora, nas eleições recentes de Espanha.
O PP ganhou a nível nacional. Cilindrou o PSOE, cujo programa político em nada se diferencia daquele. Certo.
Mas os resultados têm de ser estudados, com mais minúcia. Um deles, e esta é a questão que me interessa agora, é que a questão nacional continua latente em Espanha e na Europa.
Tanto no País Basco, como na Catalunha, os chamados partidos do "poder" não venceram. Aquelas duas regiões são das mais produtivas e ricas de Espanha.
Ora, no País Basco, um grupo, perseguido até à última hora, pelo "centralismo" PSOE/PP de Madrid foi o que mais se destacou na votação. Com um programa que aponta para uma separação da Espanha tal como a conhecemos. Trata-se do Bildu, que, em termos políticos, preconiza, tal como a ETA, a cessão da Nação do resto de Espanha.
Na Catalunha, quem ganhou ao PSOE instalado não foi o PP, mas um grupo chamado Convergência e União (CiU), que embora, tido como conservador, deseja uma independência de Madrid. E assumiu-a.
Esta realidade vai repercutir-se na Europa, possivelmente, em breve, na Bélgica, mas também nos Reino Unidos já no próximo ano, e em eleições próximas em Itália.
Um assunto interessante a seguir.
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