sexta-feira, 7 de outubro de 2011

INTERVENÇÕES NORTE-AMERICANAS: O HOLOCAUSTO ACTUAL


















1 - Desde a época final da descolonização europeia na segunda metade do século passado da maior parte das ocupações imperialistas territoriais na Ásia, África, Próximo/Médio-Oriente e América Latina, assiste-se hoje a uma nova ofensiva neo-colonial capitalista, construida na base de uma violência inaudita e numa mortandade, brutal, altamente sofisticada e gerida numa base teórica em nome da democracia, que ultrapassa tudo o que, anteriormente, se conheceu em genocído praticado entre 1939 e 1945 pelos regimes capitalistas nazi-fascista hitler-mussolinianos.



Todavia, esta fase capitalista neo-colonial já nada tem a ver com a antiga situação colonial. Formalmente, os povos ocupados adquiriram a sua independência política.


Mas, o modo de produção e de acumulação capitalista incrementa os seus apetites e os seus propósitos de exploração, que é a essência da sua existência.


Como o avanço do capitalismo também caminha para o seu estertor, principalmente porque já não é a produção (nacional ou territorial) que está a ser objecto do uso equilibrado do dinheiro.


A militarização, como centro produtivo, está a ser o fim central das principais potências estatais capitalistas.


É, no fundo, um fim em si para se manter o status quo dessas potências. Está a dominar, impor-se a todos os outros sectores produtivos. Estão a criar encargos públicos, atrás de encargos públicos, a deixarem no fundo do poço todas as outras produções, principalmente, aquelas que servem as suas próprias populações.


Significa que as massas trabalhadoras, na sua produtividade, estão a ser canalizadas para manter a estrutura militar imperialista nas suas diversas vertentes: NATO, Rússia, China, Índia, Paquistão, Irão, Israel, prinicpalmente, o que está a engolir as receitas dos Estados.




Ou seja, procura actuar para se reproduzir.


Por um lado,




porque a diversificação política e geo-estratégica trouxe mais concorrência, engolfinhando-os, cada vez mais, nas despesas castrenses, ou seja, aumento da crise financeira;

por outro, e este ligado, directamente, a própria essência desse modo de produção, muitos dos novos Estados saidos das descolonizações e independências são locais previligeados de matérias-primas e de mercados em expansão, mas, acima de tudo, porque em muitos desses territórios estatais ou semi-estatais ainda subsistem formas de exploração que são trabalhadas pelos próprios donos das terras e fogem assim à voracidade da essencial cega do capitalismo, que é a expropriação proprietária do pessoal trabalhador.


Ora, essa voracidade sem precedentes do capitalismo, porque é feita com a maior violência e desfaçatez, foi "coberta" pela ideia peregrina de que, ao fazer as brutais intervenções e genocídios, as potências capitalistas imperialistas o estão a actuar em nome da "democracia", contra "a barbárie terrorista" ou o "fanatismo religioso".


Ainda se poderia colocar a hipótese que tal esforço bélico levasse a um novo avanço no incremento societário. Mas, tal não acontece.


As intervenções descaradas, manipuladas, destruidores tem no seu objectivo a luta concorrencial entre Estados emergentes, potencialmente perigosos para as potências estabelecidas, e uma luta maior sem tréguas que se está a realizar principalmente entre a velha Europa e os novos Estados Unidos.


Aquela está a consolidar a sua produção própria, a incrementar e fortalecer a sua moeda cambial, a entrar no domínio, altamente vantajoso, da alta tecnologia, e o velho tigre imperialista está submergido na maior crise da sua história: com decadência produtiva e fim da partilha do dólar como moeda de troca internacional. Embora, com uma enorme capacidade militar.




Claro que a Velha Europa tem vulnerabilidades, as mais gritantes são justamente a falta de unidade superestrutural e a não existência função produtiva das Forças Armadas únicas como arma de impor a visão da sua política.


E, principalmente, a nível político, a histação quanto a uma ruptura que terá de fazer no seio da aliança liderada pelos EUA, que a asfixia. E lhe impõe retrocessos sociais e económicos, que poderão entravar um maior desenvolvimento futuro.


As lutas políticas e sociais que estão a germinar na Europa irão, certamente, clarificar, a breve prazo, essas relações de forças. Que até podem conduzir a uma guerra de grandes proporções.



2 - A presença militar dos EUA no mundo aumentou uns 20% desde os chamados atentados de 11 de Setembro de 2001 em Nova Iorque.


Cerca de 300 mil soldados presentes em mais de 140 países velam pelos interesses da única superpotência castrense mundial. Mas este Exército já se tornou, em grande parte, mercenário, e, mesmo uma fatia "encoberta", mas substancial, é constituida por "batalhões" de "seguranças privados" ligados a multinacionais.


Repare-se nas principais intervenções bélicas norte-americanas desde os anos 90 e as suas consequêncis e sequências.


Comecemos, um pouco antes, pela África central. Anos do Presidente dos EUA Bill Clinton. Este faz um périplo que começa no Ruanda e acaba na Nigéria.


Vai visitar tudo o que é local de matanças e mortandandes de senhores da guerra.


Mal abandona aquele país último país, o seu aliado do Ruanda Paul Kagamé entra no território da República Democrática do Congo e provoca um dos maiores morticínios na região do Kivu, destruindo a reconstrução estatal lenta que se estava a fazer do Congo e ocupa zonas importantes do país.


O motivo: seria a democracia? Não, o controlo de matérias-primas, em particular o coltan, que segundo controladas centralmente pelo Estado congolês lhe daria uma capacidade de negociação, o que não acontece se o produto for dividido por senhores da guerra e comprado ao desbarato pelas multinacionais.




Veja-se como nesse mesmo período a Nigéria. Começou a ser dilacerada por lutas tribais.





O motivo: a democracia? Não, o controlo do petróleo. A Nigéria queria (e, certamente, quererá) diversificar as suas fontes de distribuição fora da alçada das grandes companhias petrolíferas ocidentais, nomeadamente norte-americanas.


Viremo-nos agora para o período pós 11 de Setembro, que é aquele onde mais flagrantemente se cometem as maiores barbaridaridades, que, certamente, terão se ser julgados em novo Tribunal de Nuremberga. O regime afegão era um regime bárbaro, pré-capitalista, sem capacidade de efectuar atentados com a capacidade de sofistificação que se deu em Manhatan.


Mas, não será a primeira vez que os EUA atacam o Afeganistão, ainda antes desse atentado: no dia 20 de Agosto de 1998 aviões norte-americanos despejaram centenas de bombas em uma base ou várias bases do que diziam serem grupos terroristas existentes naquele país.


Lembrem-se que outro alvo nesta altura era o Sudão, outro acusado de envolvimento. Também foi alvejado no mesmo dia.


Foi a resposta das autoridades de Washington a dois atentados com carros-bomba, ocorridos 13 dias antes, em suas embaixadas de Nairóbi (Quênia) e Dar es Salaam (Tanzânia), que eles sustentam terem sido praticadas por "terroristas".


O curioso é que pouco ou nada se sabe destes "terroristas". São lançados nomes, prendem-se algumas pessoas, mas poucas, muito poucas são verdadeiramente apresentadas.

Os ataques (de quem?) deixaram 224 mortos; 12 deles, norte-americanos. Houve cerca de 5.000 feridos.

No dia 20, a resposta dos EUA. Quantos sudaneses morreram. Muitos. Um dos alvos dos EUA foi uma fábrica acusada de produzir armas químicas. Afinal, veio a demonstar-se posteriormente que não era uma fábrica de produtos letais químicos.


Nos momentos seguintes, os EUA também atacaram sete embarcações no Mar Vermelho e no Mar da Arábia, acusadas de integrar o "esquema do terror".




Houve contestação internacional.


Os Estados Unidos ficam sem argumentos.


Dizem apenas: o ataque foi considerado "cirúrgico". E as forças norte-americanas pararam por aí.

No dia do contra-ataque, o então presidente dos EUA, Bill Clinton, diria que as "ações não foram contra o islamismo e a fé de centenas de milhões de pessoas amantes da paz em todo o mundo".

"Agimos contra fanáticos e assassinos que profanam a religião em nome da qual dizem agir", declarou Clinton.


O que estava já em causa? O controlo das rotas marítimas internacionais e o princípio do controlo do petróleo sudanês. Veja-se agora no que se passa no Sudão.

Entretanto, dá-se o assalto e a ocupação brutal, sem piedade do Afeganistão. Uma mortandande indiscritível. Poucos relatos na imprensa bem comportada.


Começa Guatanamo e toda a teia internacional de cumplicidade na tortura, nos assassinatos, e essencialmente no controlo de toda a rica região em gás do Afeganistão e, principalmente, do dos produtos opiáceos, que são agora, totalmente, geridos pelo Exército ocupante de Washington.

Mas a guerra do Afeganistão não era apenas interna. A questão também era geo-estratégica e de controlo concorrencial de matérias-primas. E que que sucede depois no Iraque vai consolidar este propósito.


Quantas centenas de milhares de vítimas no Iraque, para não dizer milhões?


O que mudou realmente nestes anos, desde 2001, em termos de democracia. NADA.


Analise-se, então agora, a distribuição das bases militares norte-americanas.


Não deixa lugar a dúvidas. Os EUA aproveitaram a cobertura da operação militar conhecida como "Liberdade Duradoura" para instalar bases no Uzbequistão (mil soldados), Tadjiquistão e Quirguistão (mais de 3 mil).

Essa presença vê-se fortalecida pelos muitos milhares de soldados e "paramilitares" (apelidados de seguranças privados) estacionados nas bases do Afeganistão.


Deste modo,os EUA pretendem assegurar uma influência decisiva e certa capacidade de controlo na zona do Mar Cáspio, a região com reservas de recursos naturais inexplorados mais rica do mundo.


Democracia? Nem pensar, nem um único passo real foi dado nesse sentido.


Desde o segundo quartel do seculo passado, Os EUA concentraram grande parte do seu arsenal militar no Médio-Oriente. A questão é a democracia?


Centremo-nos nos factos.



No Golfo Pérsico, os Estados Unidos, em conivência com as despóticas monarquias que governam a zona, mantinham no início mais de 20 mil soldados (que se elevaram apara 120 mil, às vésperas do ataque militar ao Iraque). Mais de mil entre Omã, Emirados Árabes Unidos e Catar; outros mil no Bahrain, que além disso abriga o Estado Maior da Quinta Frora da sua Marinha de Guera, e largas dezenas de milhar no Kuwait. Com o Iraque, esses valores incrementaram-se enormemente.


Mas é sem dúvida a Arábia Saudita o caso mais significativo. È o centro financeiro e espiritual do fanatismo islâmico, e o país mais retrógrado, politicamente, de toda a região.


Neste regime teocrático, tirânico, e islâmico, os EUA têm três bases militares e mais de 10 mil soldados, caças F-15 e F-16, aviões "invisíveis" F-117 e aviões de espionagem U-2 e Awacs. Se exceptuarmos a base "Príncipe Sultan", que está próxima de Riade, a capital, as duas restantes situam-se no início ou no fim dos dois gasodutos que cruzam o país.


Uma delas, a base militar de Al Khobar, está junto ao porto petrolífero de Ras Tanura.


O interesse principal dos EUA, que conduz a sua estratégia militar no Golfo Pérsico, está, como se vê ligada à rapina do petróleo.

O controlo militar de toda a zona procura-se completar-se com a base Diego Garcia.


Estas instalações militares, situadas na pequena ilha do Oceano Índico que lhe dá o nome, abrigam 4 mil soldados norte-americanos, caças e super-bombardeiros B-52.


Os habitantes, originários da ilha, ocupada por britânicos e explorada em conjunto pelos EUA e pela Grã-Bretanha a partir dos acordos confidenciais assinados em 1964 pelas duas potências, foram "transferidos" em 1971 para as ilhas Maurícias, a 1.500 quilómetros da ilha Diego Garcia.


Em grande parte, e seguundo esta estratégia está a movimentação norte-americana em torno da chamada propagagação da "democracia árabe". Embora haja um desejo de mudança entre os povos islâmicos da bacia mediterrânica, a verdadeira razão das "chamadas revoluções" estão os controlos económicos" dos países ribeirinhos, numa tentativa, por um lado, de asfixia na chegad do petróleo à Europa, por outro, à China e em menor escala à Índia.


O exemplo da Líbia é o mais evidente. Era o país mais próspero do norte de África. Foi literalmente destruido e amortalhado, para que a mão das companhais petrolíferas pudessem controlar a seu bel-prazer aquela matéria-prima.


Todavia, apesar desta situação assassina, que certamente não será esquecida para memória futura, esta força brutal militar é uma questão económica.


E ela custa dinheiro. Essa brutalidade não conta muito se não impulsionar a produção económica interna de quem a detem.


Ela está a chegar a um estado de deterioração total. Os próximos tempos irão trazer-nos novidades.




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