domingo, 23 de outubro de 2011

VEM AÍ O OUTONO/INVERNO NORTE-AMERICANO







1 - A crise económica mundial, em particular a sua vertente petrolífera, nos finais dos anos 60, principios de 70 do século XX, com especial incidência a partir de 1973, foi o centro motor de toda uma grande movimentação reivindicativa transnacional, que se materializou, na Europa, com o afastamento do general De Gaulle da chefia de Estado francês, a queda revolucionária do fascismo em Portugal, o seu afastamento pacífico em Espanha, o derrube dos coronéis em 1974 na Grécia, entre outros.

Trouxe igualmente as derrotas monumentais aos Estados Unidos da América - e dos seus aliados ingleses, australianos e neo-zelandeses - no Vietname, Laos e Camboja.

Revoluciou, de uma maneira ou doutra, toda a América Latina, desde o Perú (Velasco Alvarado) até à Argentina (Campora e Lastiri), passando pelo Chile, de Salvador Allende.

Todavia, o relance económico capitalista que se produziu, em todo o Mundo, de maneira sucessiva, por vezes suave e quase imperceptível, após a entrada na segunda metade dos anos 70, princípios de 80 do século passado, tornou-se, pelo contrário, na chama demolidora que logrou uma crescente viragem conservadora nas orientações políticas e, esssencialmente, económicas, que vinha seguindo o capitalismo, que foi muito pouco perceptível na altura, porque pressionado, no período anterior, pelos acontecimentos de rua, permitiu, particularmente, na Europa, que caminhava para uma política de unidade económica, que trouxe alguma pujança de prosperidade, à legalização de algumas bases de benefícios sociais e políticos para as classes trabalhadoras, desde a segurança social aos contratos de trabalho.

Apesar de nos finais do século passado, se produzirem mudanças políticas, que, superficialmente, eram vistas pelos economistas liberais e sociais democratas, como sendo um processo de reviravolta, que se estava a dar na própria sociedade a nivel mundial - o que era uma falácia, ainda por cima manipuladora, estamos a referirmo-nos às quedas das ditaduras militares no Brasil (1985), Chile (1990), afastamento de Margaret Tchatcher (1990) -, a realidade é que o capitalismo, nas suas vertentes industriais e de produção nacional, estava a ser dominado e truncado pela ascensão, sem freio, de um seu sector marginal e desclassificado, onde pontificava o capital financeiro multinacional mais vil e agressivo.

Quando Margaret Tchater, no Reino Unido, e Ronald Reagan, nos Estados Unidos, ascenderam ao poder político sustentado pela tirania oligárquica parlamentar formada, no reino europeu, entre conservadores e trabalhistas, e na América do Norte, entre republicanos e conservadores, eles foram os representantes típicos, sem subterfígios e analfabetos da cáfila de banqueiors internacionais, na sua maioria judeus, que se sedeavam na City (Londres) e em Wall Street (Nova Iorque).

Foram seguidos, na mesma política, na Inglaterra, por John Major, Tony Blair e Gordon Brown, e nos Estados Unidos, George Bush (pai), Bill Clinton, Georege Bush (filho) e o actual Obama.

A colocação dos principais Estados capitalistas, inteiramente nas mãos, desse sector desclassficado da grande burguesia, os grandes financeiros, transformou, na realidade, desde há 30 anos, a política económica numa espécie de "roleta russa", que esvaziava, sem pudor, as finanças estatais a favor de empréstimos sem rei, nem roque, para se efectuar a especulação mais descarada com dinheiros públicos.

Foi, pois, desde essa data, que os desequíbrios orçamentais - não de um país, mas de todos que se interligavam na especulação financeira internacional - se acentuaram, com uma tendência crescente para obrigar a tentativas de equilíbrio entre o deve e o haver, rapando sempre do lado dos produtores assalariados (e, em menor, escala da média burguesia).

No início deste século, já era visível, e isto a partir dos EUA, quando o indice NASDAQ, ligado à alta especulação financeira na alta tecnologia e telecomunicações, com profundas ligações ao capital judeu (e em particular a Israel), estourou.



Previa-se, então, já, em termos de economia política, uma míngua financeira, que os Estados colmataram com mais impostos e mais taxas sobre os assalariados para injectar no sistema bancário e para-bancário, embora se tivesse registado, em certos sectores das classes laboriosas, uma certa melhoria salarial.

Tudo isto, apesar dos alertas, os representantes políticos da alta burguesia, então, no poder, em lugar de travar a dívida pública, optando pelo equilíbrio (dívida esta que, na realidade, era essencialmente privada, dando-lhe toda a impunidade para a injecção de dinheiro estatal à tripa forra para tapar buracos), permitiram a especulação sem limites, deixaram que a alta burguesia financeira utilizasse, sem restrições, as receitas de Estado para as jogadas e depravações monetárias e financeiras sem qualquer classificação.


Os efeitos estavam a ficar à vista ao dobrar do século, onde já se sentia o poder do dispêndio de dinheiro público, com restrições constantes dos salários e outras regalias sociais laborais. E isto, de modo evidente, na "pátria" do capitalismo puro e duro, Estados Unidos da América do Norte.

Na realidade, nos Estados Unidos, em 1990, havia 12.300 bancos, ou seja, quase o dobro do actuais, que ronda os 6.500.


Desde a crise financeira de 2008, já faliram nos EUA mais de 380 bancos comerciais.


Todos os dados são da FDIC, ou seja o organismo estatal que controla o sector.


Claro que muitos destes bancos têem capitais médios e são, na sua maioria, regionais, mas a situação é mais grave no próprio centro do financeiro.

Na prática, os "monstros" bancários como o Bank of América (injecção de 100 mil milhões de dólares) e Citigroup (injecção de 300 mil milhões de dólares foram nacionalizados ...à custa do contribuinte para não falirem.

A Administração dos EUA, e por tabela todos os Estados que se sujeitavam aos ditames económicos, políticos e ideológicos, da sua supremacia, ficaram na tutela estranguladora da alta finança internacional centrada em Wall Street, e, secundariamente na City londrina, mas intimamente ligada a ela.

Esta alta finança, sem qualquer freio e concepção estética, viveram e continuam a viver da divída norte-americana, mas também, em menor escala, da dívida europeia, União Europeia, que, nas últimas décadas, procurou efectuar um rumo próprio, ampliando o seu próprio mercado, com uma economia em cresicmento e produção própria, uma uma moeda forte, em expansão e credibilidade.

Rodeada de fraquezas, a Europa começou a ser atacada do centro financeiro em dificuldades.


Enlameada, por um lado, nas dificuldades da sua própria crise financeira e, por outro, paralisada, em parte, pelas dificuldades de falta de unidade política, de uma produção militar própria e, consequentemente, da unificação do seu Exército, como arma diplomática e de força económica castrense. Foi apanhada por uma crise de tal dimensão, que atingiu também uma componente nunca vista do ponto de vista concorrencial.


Tornou-se, assim, o alvo a abater, em primeiro lugar, nos novos rearranjos económicos e geo-estratégicos que o mundo se modificou e transformou nas três últimas décadas.

Mas é, justamente, nos EUA onde se está a produzir o maior fosso no equilíbrio orcamental do deve e haver do Estado.


É nos Estados Unidos onde a dívida mais cresceu e onde a especulação financeira está a minar com uma rapidez estonteante os próprios fundamentos da única potência, que cresceu se desenvolveu e viveu dentro apenas do sistema capitalista puro.

Nos Estados Unidos, a dívida (pública e privada) já ultrapassa a soma astronómica dos 15 biliões de euros.

Em Washington, o Tesouro (Secretário de Estado, o judeu Geithner) já distribuiu os primeiros 250 mil milhões de dólares do "bolo" de 700 mil milhões sacados (ou a sacar) aos contrinuintes
para "recapitalizar" os bancos, em nome da restabelecimento do equilíbrio. O resultado foi, praticamente, negativo, Na realidade, serviu apenas de injecção gratuita para alimentar ainda mais a especulação financeira de Wall Street.

De certo modo e em certo sentido, o Estado norte-americano, apesar da sua riqueza, está à beira da bancarrota.


Está a procurar escamotear a real profundidade da situação, criando manobras de diversão na Europa e fomentando todo o tipo de conflitos militares e económicos nas restantes parte do globo, desde o Médio-Oriente, ao norte de África, passando, principalmente pela UE.

A discusão e a apresentação de contas no próximo Orçamento Federal no final deste mês, princípio de Novembro irão colocar os holofotes em Washington.


E os seus efeitos mais evidentes irão ter lugar no sistema bancário e financeiro do país (e, igualmente, em todo o sistema financeiro ocidental).

Vão ser "atacados" alguns dos principais bancos (nos EUA, mas também na Euuropa e até na Ásia).


Possivelmente, nos EUA, no próximo ano, desaparecerão ou falirão um valor elevado, com o consequente despedimento maciço de funcionários e uma afectação brutal de brutos, que irá trazer à tona nova manobras especulativas, altamente lesivas para as classes laboriosas. O segundo país mais afectado deverá ser o Reino Unido.


Tudo isto vai afectar, além do mais, de suma maneira, os fundos de pensões dos norte-americanos e ingleses.


2 - A actual crise pode trazer uma revolução.


Como também pode engendrar uma contra-revolução muito profunda de consequências mais gravosas que a imposta na Europa, com a ascensão, nos anos 30, do capitalismo nazi-fascista e o incremento nos Estados Unidos da América de um conservadorismo estupidificante de cariz abertamente anti-comunista e anti-democrático.


O capitalismo financeiro está a trabalhar, actualmente, nesse sentido, limitando a própria democracia parlamentar, fomentando todo o tipo de conflitos, essencialmente de carácter militar, nas mais diferentes partes do mundo, minando, inclusive, os regimes parlamentares eleitos, somente, porque não se encontram em sintonia com a política imperial de Washington.


Mas, diziamos nós, a possibilidade de uma revolução é grande também, primeiro, porque está assente nas entranhas de uma crise enorníssima mundial, que abala todo o sistema capitalista, segundo, porque começam a surgir indícios - ainda que inicipientes - de movimentos e conflitos mundiais, interligados, que apontam o capitalismo como o centro do poder a abater.


Um ponto de vista a reter, nesta análise, é o facto de os movimentos contestatários, e até subversivos estarem a ter uma adesão emocional de uma parte crescente da população, e terem como centro dos mesmos a Europa capitalista mais desenvolvida, a União Europeia. Mas, ainda não se faz sentir o pulsar revolucionário em países centrais como a França e a Alemanha.


Todavia, embora todos esses movimentos sejam de impulsionar, não partilho da visão de que possa haver uma ruptura eminente, e que se caminha para uma radicalização crescente das massas trabalhadoras.


Prevejo uma luta muito dura e muito prolongada. E acima de tudo, desejo que esta perspectiva anticapitalista, que está a irromper no panorama mundial, adquira uma unidade ideológica programática.


As classes trabalhadoras dos diferentes países estão a movimentar-se sem uma teoria unificadora, que seja, deste modo, uma verdadeira ameaça.


E não vejo que está ameaça exista - e haja até vontade de a estender aos diferentes Estados em ebulição - e que seja cimentada por um novelo compressor e organizado de massas imensas de assalariados em revolta.


A actual crise veio clarificar as relações sociais de classe que se aprofundam no mundo.


O capitalismo hoje está expandido na sua plenitude praticamente em todo o planeta, mas, para mim, falta uma grande maturidade entre as classes trabalhadoras sobre as aspirações de ruptura revolucionária.


Existem condições, mesmo no meio da democracia parlamentar actual, para fazer uma agitação consistente sobre o caminho a percorrer. Exige-se mais a fazer neste campo.


Como se exige que os diferentes grupos e organizações e mesmo pessoas individualmente debatam entre si nos seus Estados e entre Estados para dar formas de reivindicações comuns a um movimento que está ávido de entrar numa única corrente que vá desaguar ao grande mar.







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