1 - O maior avanço, que se deu, nos últimos 100
anos, na construção ideológica de um Estado democrático, foi a Constituição de
um Estado rigorosamente não confessional com a vitória, momentânea, da
Revolução Socialista Russa de 1917, que, nos seus pressupostos, seguia os
ditames tentados, meio século antes, com a Comuna de Paris.
Porque foi, primeiro, na Comuna, depois na Rússia
revolucionária que se colocou a religião fora da esfera estrutural do aparelho
de Estado, e a tornou como um dos “ramos” da miríade de elementos privados que
constituem o que se denominava então “sociedade civil”, tal facto significou
que o Estado se estava a implantar como meramente político.
Este paradigma, embora com diferentes projectos e
proposições ideológicas constitucionais nos incrementos que se deram nos
Estados modernos, democrático-parlamentares, teve a preocupação de separar o
Estado da religião.
Mesmo nos Estados já existentes onde o islamismo
era dominante, ou nos futuros Estados “de base muçulmana” nascentes das
descolonizações europeias, como o Egipto, a Líbia, a Síria, Argélia, Iraque, Irão,
Síria, Indonésia, entre outros.
2 – Esta evolução entrou em retrocesso,
principalmente, na segunda metade do século XX, com uma evidência devastadora e
acelerada nos finais do mesmo e já em todo o século XXI.
Os desafios programáticos das revoluções políticas
que marcaram os finais do século XIX e a primeira metade do século XX deixaram
de ser os objectivos de transformação da sociedade humana e, uma parte
significativa da suas classes, que a constituem seguiram, os ditames
religiosos, como princípios de organização modificadora dessa sociedade.
De maneira
evidente, no mundo muçulmano, de maneira oportunista, no mundo ocidental, à
medida que o cristianismo e o judaísmo se organizaram e se interajudaram como entidades
que utilizam o o comércio e a actividade bancária como objectos de domínio, de
usura, de egoísmo humano.
Quer as Igreja protestantes anglo-saxónicas, quer a
Igreja Católica Romana universal, transformaram
a sua natureza religiosa pura em prática dominante de domínio do dinheiro.
Utilizam a riqueza material como objectivo de domínio
político, que lhes é alheio, destroçando, de certa maneira, paulatinamente, a
constituição do Estado Democrático.
Com o apoio das classes dirigentes, para
usufruto próprio do seu egoísmo pessoal.
Nada mais certo. Em cheio na mosca.
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