segunda-feira, 7 de outubro de 2013

CASO MADDIE: QUE IMPORTÂNCIA TEM O CASAL McCANN NA POLÍTICA INGLESA?

1 – Em Maio de 2007,  foi divulgado, com parangonas na imprensa nacional e internacional, o desaparecimento de uma menina inglesa, de cerca de quatro anos, de nome Madeleine McCann, nascida em Leicester, em Maio de 2003, eventualmente, de um apartamento turístico na Praia da Luz, no Algarve.

A miúda estava de férias com os pais, dois médicos de nome Kate McCann, anestesista e de clínica geral, e Gerry McCann, cardiologista no Hospital Glenfield, em Leicester.

Madeleine estaria, na altura que os pais dizem ter desaparecido, a dormir sozinha,  com dois irmãos gémeos, Sean e Amelie.

Os pais estariam fora do apartamento, a uma distância considerável, a jantar com amigos, num restaurante do complexo turístico, que comportava, na ocasião, a possibilidade de hospedar cerca de mil pessoas.

Segundo Kate McCann, teria sido cerca das 22:00 que ela dera pelo desaparecimento da sua filha, e, detectou, então, que havia uma janela e um dos estores aberto no apartamento, quando nele reentrou, após o repasto.

Nas declarações prestadas à polícia na ocasião, o pai de Madeleine afirmou que teria ido verificar como estavam os filhos cerca das 21:30 e que um amigo – que curiosamente não foi identificado em todo o processo noticioso então divulgado – fez idêntica diligência pelas 21:30 dessa noite.

Teria sido também um amigo, que avisou a recepção do complexo turístico sobre o eventual desaparecimento,  recepção essa que alertou a GNR pelas 21:41.

Funcionários do complexo, juntamente com as autoridades, efectuaram buscas até às 04:30 do dia 4.

Quando a Polícia Judiciário iniciou as investigações periciais entre as 23:30 e as 24:00 do dia 3, constata que o reboliço que existia no apartamento dava, no imediato, pouco espaço de manobra para uma investigação presencial, com possibilidade de incluir dados de um número mínimo de pessoas.

Pelas 00:01 do dia 4, já o jornal britânico “The Daily Telegraph” fazia manchete do caso com o artigo "Three-year-old feared abducted in Portugal" ("Teme-se que menina de 3 anos tenha sido raptada em Portugal").

Alguém se apressara, deste modo, dentre os do grupo que girava à volta dos McCann a canalizar o rumo da investigação.

E, isto porque, nesta altura, as autoridades policiais não colocavam como hipótese principal a tese de rapto.

No entanto, foram alertadas as autoridades para vigilância nas estradas, mar e no ar, em particular, as que levavam ao alto mar, à fronteira e a aeroportos, ao mesmo tempo que informavam a polícia espanhola.

Protecção Civil, Bombeiros e Cruz Vermelha igualmente foram mobilizadas.

2 – A pressão da comunicação social britânica, que inclusive chegou a noticiar que o Algarve era um paraíso de pedófilos internacionais.

(Jornais ingleses noticiaram – claro com o eco servil do jornalismo comercial português - que a polícia britânica informou a polícia portuguesa que cerca de 130 ingleses abusadores de menores estavam ou estiveram no Algarve, semanas antes do rapto de Madeleine, com o conhecimento das autoridades inglesas).

Sob esta pressão, a direcção da PJ e restantes autoridades apontaram a direcção de investigação para a hipótese de rapto.

Foram indicados numerosos suspeitos, alguns sendo mesmo constituídos como arguidos.

Eram canalizadas, quase diariamente, informações, segundo as quais a menina fora vista em vários países e locais, pistas estas que nunca foram confirmadas.

O mesmo dos suspeitos de rapto sob investigação.

Após meses de pesquisa, a Polícia Judiciária faz um interrogatório directo e cerrado aos pais de Madeleine.

São então constituídos, eles próprios, arguidos e sujeitos a medidas de privação de movimentos, com o termo de identidade e residência.

Havia suspeita, primária, de homicídio acidental, causado por negligência ou excesso de medicação calmante na criança.

No apartamento teria sido detectado pelos cães treinados cheiros de cadáveres

Foram ainda detectados, com o apoio da Scotland Yard, (curioso!!!), vários indícios de fluidos corporais com o ADN da criança, encontrados num carro alugado pelos pais mais de vinte dias após o desaparecimento, apontando uma possível transladação do corpo da menina.

A mãe explicou que, poucos antes da vinda para férias, estivera em contacto com cadáveres no hospital onde trabalhava e admitiram que transportaram no carro pertences - roupas e brinquedos - que eram da filha.

De imediato, começam a surgir nos meios de comunicação social ingleses críticas a eventuais "falhas" na investigação policial (Sky News e The Sun).

Existe uma intervenção directa  do então primeiro-ministro britânico Gordon Brown.

Os McCann iniciam uma programada campanha de imprensa intensificada com o facto de o assessor de imprensa de Brown, Clarence Mitchell, se demitir do cargo para assessorar os então arguidos.

Aparecem junto ao Papa João Paulo II, fazem vigílias com o apoio do padre católico da Praia da Luz.

Apesar de terem afirmado, publicamente e com toda a garantia de sinceridade, ainda em Maio do mesmo ano, que não colocaram em campo uma “investigação paralela”, os McCann contrataram, sem o conhecimento da PJ, uma firma de investigação privada que usa os serviços de ex-membros dos serviços secretos e forças especiais.

Explicaram depois, muito candidamente, que apesar de terem sido informados que era contra a lei, o fizeram, porque temiam que a PJ desse a sua filha como morta.

Em Agosto, denunciaram que a polícia portuguesa considerava que a sua filha estaria morta.

E insistiram, mais do que nunca, que a sua tese era de rapto.

Somente em Setembro, após investigações periciais, é que a PJ referiu que, provavelmente, Madeleine poderia estar morta.

3 – O que se acha estranho é que, perante tantos meios de investigação posto em marcha em torno da tese do rapto, nunca se avançou com força e coragem sobre a hipótese de morte.


Estranho é o desconhecimento total de quem seriam os acompanhantes do casal McCann na noite do repasto, nem porque nunca foram escrutinados, rigorosamente, como eventuais cúmplices em tudo o que se estava a passar.

A hipótese de homicídio que a equipa da PJ colocou – com a colaboração de certos investigadores da Scotland Yard – foi menosprezada  pela direcção daquela polícia e pelas autoridades portuguesas…e, mais estranho, de Inglaterra.

Mesmo o Procurador-Geral da República de Portugal (PGR) de então Pinto Monteiro que interveio para defender a morosidade de tal tipo de investigação -  "A Inglaterra, de onde ela é natural, tem 1.000 processos destes, nós temos 14 ou 15. E a percentagem de casos em que são descobertos, em países como Inglaterra, é de 20 por cento"[...]"Por isso, ninguém se pode admirar do até agora insucesso no caso Maddie – deu o caso como arquivado e nunca mais se falou no assunto.

De estranhar, é as intervenções em dinheiro que apareceram para financiar a campanha dos McCanns.

Alguns valores, para a altura, segundo os ingleses: mais de 2,6 milhões de libras esterlinas, incluindo:  250 mil libras do News of the World, 250 mil de Philip Green, 50 mil de Simon Cowell e 25 mil de Coleen McLoughlin.

Outros contribuintes incluem Richard Branson, J.K. Rowling e Bill Kenwright e um milhão de libras(€1.470.000) pelo homem de negócios britânico Stephen Winyard.

Apesar de todos os recursos particulares e públicos de investigação (verifica-se agora que as altas instâncias da Scotland Yard continuam na pesquisa) não há o mínimo indício de que tenha havido rapto.

Abandonado pela sua hierarquia, desconhecemos se justa ou injustamente, o inspector da PJ Gonçalo Amaral, que coordenava a equipa, deixou a corporação e editou um livro mantendo a sua tese de homicídio acidental ou não, sendo que os McCann utilizaram as receitas arrecadadas para o levar à justiça, exigindo uma indemnização de 1,2 milhões de euros.

Decorre, actualmente, o julgamento em Portugal.

De repente, a Scotland Yard lança a “a lebre” que a investigação pode ser aclarada, em breve, com os controlo das conversas de telemóveis dos utentes do complexo turístico da Praia da Luz.

Só agora, passados mais de seis anos, é que se lembraram de tal?

Ou tiveram acesso às escutas efectuadas pelos norte-americanos?


Uma pergunta fica sem responder, a não ser que o poder de Estado inglês o queira divulgar: 

Que importância  têm os McCann na 

sociedade inglesa?

(Os dados são retirados na sua maioria da imprensa da época)

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