domingo, 16 de março de 2014

ESTAMOS NUMA ENCRUZILHADA NA RUPTURA COM O SISTEMA CAPITALISTA


1- Estão espalhados pelos meios de comunicação social do chamado ocidente uma multidão de "fuinhas" - sim fuinhas pagos pelos norte-americanos estilo, em português, Miguel Monjardino, Vasco Rato, e outros, que debitam para a "praça pública" as arengas em torno da defesa da democracia, segundo as quais tudo se pode fazer, (claro com *moderação* moralista), levando pela frente o que se se opuser a ferro e sangue.

(A História não é eurocêntrica, nem o mundo é especial, porque foi "construído" com o capitalismo a partir da sua parte ocidental!!!)

Vem isto a propósito dos acontecimentos que ocorreram nos últimos meses na Ucrânia, que conduziram a um golpe de Estado, e colocaram em lugares-chaves do novo poder partidos abertamente nazis, que ocupam postos chaves na governação de parte daquele país, na Justiças, nas Forças Militares e de Segurança.

(Exactamente como na Alemanha dos anos 30 do século passado...Para que conste!!!)

Com uma cobertura inusitada dos meios de comunicação norte-americanos, todos ligados ao capital de Wall Street, com os seus *alti-falantes* instalados na Europa, Washington, em chamas com as labaredas de uma nova crise financeira, económica e política interna a espraiar-se por todo o país, virou, outras vez, as baterias da geo-política para a União Europeia, forçando-a a um confronto concorrencial com a potência militar em recuperação, chamada Rússia.


 Vasco Rato com Pedro Passos Coelho num congresso do PSD em 2010


2 - As reuniões de Teerão, Ialta e Postdam, 

respectivamente, em Dezembro de 1943, 

Fevereiro de 1945 e Maio de 1945 (esta pouco 

dias após a rendição incondicional de nazismo 

alemão), retalharam e refizeram, de tal 

maneira e a seu, exclusivo, favor, o mapa da 

Europa (e de certa maneira de territórios 

coloniais que estavam sob a alçada dos 

europeus), com a uma orientação meramente 

imperialista, quer do lado dos EUA/Reino 

Unido, quer do lado da antiga URSS.


Embora sob um argumento legal do ponto de 


vista dos vencedores,  espezinharam, no 

entanto, as reacções internas das pessoas, 

menosprezaram aqueles que lutaram, no 

interior dos seus países, contra o imperialismo 

levado ao extremo como nazi-fascismo.


Estão, neste caso, a resistência guerrilheira em 


França, Itália, Grécia, Polónia e Jugoslávia, 

mas, esses vencedores não castigaram, com 

toda a dureza, aqueles que participaram 

activamente (com armas ou apoio logístico) no 

nazismo, como sucedeu na Alemanha (toda a 

estrutura de poder militar e securitário foi 

reformulada por oficiais generais e superiores 

hitleriano), na Espanha e em Portugal.


Os EUA e o Reino Unido aceitaram, em Teerão, 


por exemplo, com toda a naturalidade, a 

integração da Estónia, Letónia e Lituânia na 

ex-US. 


Como em Ialta, os dirigentes da URSS 


concordaram que, na "zona de influência" dos 


EUA/Reino Unido, ficasse a Itália, a Grécia e 


grande parte da Jugoslávia, embora a


resistência interna armada, que contribuiu 


grandemente para a sua libertação, quisesse 

organizar o Estado segundo a sua própria 

orientação.


Pouco valeram os sentimentos nacionais, 


pouco ou quase nenhum mérito tiveram, de um 

lado e de outro, o que pensavam os povos 

dentro das fronteiras que eram traçadas e 

retraçadas.


Apenas se impôs e colocou um obstáculo sem 

meia medidas, verdadeiramente, a 

antiga Jugoslávia, que meteu então um travão 

às ambições dos dois lados.






Conferência de Ialta...

e Conferência de Postdam: apenas Stáline permanece como dirigente mundial vencedor até final. Roosevelt (EUA) falecera e fora substituído pelo seu vice Truman e Churchill perdeu as eleições e retirou-se para dar lugar a Clement Atllee (Trabalhista).




Todavia, naquela situação e naquela altura, 

exceptuando a Alemanha, que colapsara por 

crimes cometidos, logo, ficara sem direitos, e 

que fora o centro do expansionismo e os seus 

dirigentes e personalidades principais das 

finanças, indústria e mesmo da Igreja Católica 

os criminosos promotores principais ou 

cúmplices da imensa mortandade e destruição,  

não se pode afirmar, verdadeiramente, 

que houvesse reacções e sentimentos 

nacionais ofendidos que se tivessem 

manifestado abertamente.


Mesmo os resistentes italianos e franceses - e 


noutra escala, a Grécia que lutou durante 

vários anos após 1945, verdadeiramente, e foi 

abandonada à sua sorte - cumpriram, 

fielmente, através dos seus principais 

dirigentes, Thorez em França, Togliatti em 

Itália, as directivas de "zona de influência" que 

o seu "mentor ideológico" Joseph Stáline lhe 

impos.


Foi uma situação que, no entanto, não podia 


durar muito tempo, quer de um lado, quer do 

outro dos eixos vencedores.


O primeiro grande processo, como já referido 

citado, de rebeldia, aconteceu na Grécia, 

através de uma guerra civil prolongada desde 

1941 a 1949, em que as forças imperialistas 

ocidentais EUA/Inglaterra (o próprio Winton 

Churchill, a determinada altura, esteve no 

terreno a coordenar as forças 

monárquico/socialistas coligadas) intervieram 

abertamente, tendo Moscovo deixado à sua 

sorte as forças de guerrilha, as maiores 

unidades internas do país, à sua sorte.


Revolução húngara de 1956, que iniciou a 23 


de Outubro e foi jugulada a 10 de Novembro, 

com a entrada das tropas da ex-URSS. 

Foi um movimento estudantil inicial, que se 

organiza fora das estruturas do chamado 

Partido Comunista da Hungria, que, mais tarde, 

veio a pôr em causa a política do partido no 

poder e a orientação pró-capitalista que estava 

a ser imprimida em todos os Estados sob a 

supremacia da ex-US. 


Já antes em 1953, em Berlim, iniciou-se uma 

revolta interna de operários da construção 

civil, que exigiam melhores condições de 

trabalho. 

O levantamento nacional, no entanto, começou 

a ser "infiltrado" por forças vindas do 

Ocidente, o que levou as autoridades soviéticas 

a intervir, e mereceu, tal como na Hungria, o 

assentimento tácito das outras potências 

ocupantes da Alemanha (EUA, Inglaterra e 

França).


Durante toda a década de 60 do século 


passado, registaram-se dos dois lados dos

blocos movimentos de envergadura 

descomunal que estavam orientados, embora 

com projectos de poder diferenciados,  

para contestar a supremacia imperial, quer dos 

EUA/NATO, quer da URSS/Pacto de Varsóvia.


A leste, os mais significativos e profundos 

deram-se, justamente, na Polónia e na 

Checoslováquia. 

E ocorreram, justamente, na parte final da 

década de 60, sendo que o caso polaco se 

prolongou pela década de 70, misturando uma 

movimentação operária, com uma orientação 

ideológica religiosa, neste caso, a católica, que 

financiou, a tripa forra, (mais de 300 milhões 

de euros), os sectores mais reaccionários 

pró-fascistas daquela sociedade, sectores 

esses que constituem hoje, no país, a grande 

lumpem burguesia financeira.


Os ocorridos no Ocidente - desde os 

próprios Estados Unidos, passando por 

França, Itália, Alemanha, Japão e mesmo 

o México, Brasil e Argentina - surgiram, 

todavia, com uma maior consciência 

classista, pois os sectores laborais que 

estavam, em primeiro plano, contestavam 

o poder capitalista existente, mas não 

havia um programa partidário que 

indicasse uma clara visão de uma ruptura 

social.


//De certo modo e em certo sentido, é esse desprezo pelos sentimentos e interesses dos povos espoliados, como aconteceu mesmo antes da II Grande Guerra, com a invasão fascista italiana da Líbia e também da Etiópia, mas também o espezinhamento brutal dos povos árabes pelos imperialistas britânicos (em conluio aberto com os judeus sionistas) fez rebentar a revolta árabe de 1936/39 em toda a região que constitui, actualmente, os territórios da Jordânia e da Palestina, a que pertencia o que hoje é Israel //.


Com o final da II Grande Guerra e a grande evolução tecnológica que deu nos anos subsequentes, abriu-se um período alargado que atingiu, do ponto de vista da geo-estratégia, da economia política, dos progressos militares, uma nova dinâmica na sociedade, que, progressivamente, se vai tornando global.


O incremento do progresso humano, a evolução de sistemas produtivos inter-Estados, os mais dependentes e atrasados economicamente (claro que em busca do lucro máximo por parte do grande capital financeiro), fomentaram uma "revolução" da estrutura produtiva em países pré-capitalistas, deram, pois, um impulso as relações de produções em diferentes locais que o que significou um "pontapé para a frente" na geopolítica, que já não é possível obstar, controlar ou destruir (a não ser por uma radical intervenção castrense nuclear).


De certo modo e em certo sentido, esta nova "localização geo-estratégica" teve dois pólos diferenciados. 

É essencial defini-los para se poder compreender, na minha opinião, a situação actual: 
 
a) revolução anti-imperialista de 1949 na China e 

b) constituição de uma nova Europa ocidental, baseada, primeiro, no alargamento progressivo do seu espaço económico cooperativo (fazendo desaparecer as fronteiras alfandegárias), e, segundo, na formação de 
de uma interligação cambial única dentro desse espaço, com a criação do euro.
 
3 - A revolução anti-imperialista chinesa que foi, inicialmente, um revolta com projecto socialista contra o imperialismo ocidental, e como tal influenciou, de uma maneira ou de outra, toda a política anti-capitalista e anti-colonial em todo Extremo e Médio Oriente, e, mais tarde, na Europa e mesmo nos Estados Unidos, adquiriu uma dupla concepção, ao criticar nos princípios os anos 60, o próprio capitalismo de Estado, implantado na ex-URSS com o epíteto de sociedade socialista.


Foi, no entanto, uma revolução socialista falhada. 

Tal como o fora a Revolução soviética. 

Enquadrava o mesmo modelo.

Tanto uma como outra, nasceram em territórios onde as relações sociais produtivas estavam atrasadas para dar um salto numa nova instituição social de ruptura com o sistema capitalista.


Contudo, o  movimento social rebelde chinês que lançou, num e noutro lado dos blocos imperialistas e principalmente nos países dependentes, levaram aqueles para um caminho em ascensão para um militarismo desenfreado. 


As Forças Armadas e o seu aperfeicoamento, cada vez mais sofisticado, conduziram os grandes Estados super-imperialistas a torná-las, praticamente o fim e o sentido único da sua existência.


O incremento das despesas castrenses começaram a devorar os interesses económicos, com uma intensidade crescente, à medida que regurgitavam a concorrência entre superpotências, por um lado, com o desmembramento acentuado dos domínios coloniais em África e no Oriente, e por outro, na propria concorrência no seio dos seus blocos intraimperialistas.


É neste aspecto que a URSS se desmembra, por exaustão, e a Europa se afirma como potência económica  (Mercado Comum), primeiro, e depois, cambial (euro), face ao próprios Estados Unidos.


Face às debilidades de unidade política e de defesa comum europeias, os seus dirigentes desde os anos 90 do século passado, em vez de seguirem uma política autónoma e cada vez mais cooperante e distributiva nos seus planeamentos económicos e Orçamentos de Estados e Comunitário, tornaram-se nos subservientes do grande capital financeiro sediado em Wall Street.


Os Estados Unidos tornaram-se 

arrogantes até ao extremo, adquirindo 

mesmo uma política abertamente nazi de 

"avanço em busca de espaço" vital, 

considerado como "defesa dos seus 

interesses", unilateralmente em várias 

partes do Mundo.

 

Levaram o seu militarismo aos píncaros, mas que se tornou, também, no "monstro" voraz da sua decadência.


(O Orçamento de Defesa dos EUA ascendeu a 698,3 mil milhões de dólares em 2010 e foi de 689,6 mil milhões em 2011. Representou 42,7 % do OE e 4,8 % do seu PIB - a maior percentagem mundial)


A Grande Rússia destroçada pela rapina dos oligarcas judeus que dominavam, em grande parte, o aparelho da antiga União Soviética, e ficaram com grande parte das empresas estatais foi-se recompondo, como potência económica, com as suas riquezas minerais, e pelo relançamento de um novo militarismo.


Começou, exactamente, no ano 2000, com a chamada impropriamente a era Putin.

Os encargos orçamentais militares russos no ano passado ultrapassaram em muito os 60 mil milhões de euros. Que já inha detrás: 56,6 em 2010 e 64,4 em 2011.

Entretanto, a China, desde 1972, introduziu na sua política de capitalismo de Estado, uma orientação "nacionalista" no incremento económico, que, como país de desenvolvimento incipiente capitalista - poderemos afirmar mesmo pré-capitalista- forjou uma estrutura produtiva gigantesca, onde o capital financeiro se tornou dominante no interior e concorrencial, ainda que com certas limitações de expansão no exterior.

Para entrar na concorrência internacional, principalmente aproveitando as debilidades do capitalismo norte-americano, impulsionou enormemente o seu militarismo e a sua capacidade tecnológica castrense e espacial. 
 
Aumentou em 12,2 por cento o seu Orçamento de Defesa para 2014. Passou para os 808 mil milhões de iuanes (cerca de 132 mil milhões de dólares):mais de 1,5 % do que em 2013. Superior ao próprio crescimento do PIB. Esse Orçamento representa mais ou menos 7,7 % do do mesmo, o segundo do mundo.

(O terceiro está localizado na Rússia: 3,8 % do OE).

O que já representou aumentos na China face a 2010 e 2011, respectivamente: 121,1 e 129,3 mil milhões de dólares.

Os EUA não deixaram de ser uma potência financeira, económica e militar.

Continuam a ser. 


Só que o seu incremento sem freio do seus encargos castrenses estão a aprofundar a crise financeira que a corroi desde 2001, mais abertamente desde 2008.


E o seu domínio nas trocas cambiais unívocas estão a ser, aceleradamente, postas em causa pela concorrência de novos centros económicos e geso-estratégicos de poder. 


Tudo mudou desde 2001.


Os sentimentos anti-imperiais são visíveis e alastrativos e os sintomas de revolta manifestaam-se por todo o lado.


A Ucrânia ficou presa nos ensarilhamentos desta encruzilhada de novos acontecimentos.


Os seus dirigentes políticos ligados aos Estados Unidos pensaram que poderiam canalizar a revolta interna, real, para um confronto com um polo crescente de novo poder imperial.

Só que os EUA, que utilizaram essas marionetas, não têm dinheiro, nem homens para manter uma guerra no terreno, institucional, com um desgaste logístico que ultrapassa as suas capacidades actuais.


Como ultrapassar a questão: A resposta é difícil.


Podem apostar na conquista por dentro da "fortaleza Europa", minada na sua crise, através de partidos nazi-fascistas e empurrar os Estados nacionais, desmembrados da UE e do euro, num confronto bélico com a Rússia.

Ou, subir a parada militar para forças de capacidade tecnológica de armamentro nuclear. 


Mas como ocupar o terreno?. Pela exaustão? 

Pode ser, mas então já não haverá humanos em quantidade suficiente para reconstruir.



Existe um outro caminho, que também está latente, em todas estas movimentações.

Caminhar no sentido da revolução. 

Aqui as classes laboriosas  para fazer valer os seus interesses teriam de se separar definitivamente das ilusões burguesas e do seu poder.

 







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