segunda-feira, 24 de março de 2014

UNIÃO EUROPEIA: A QUESTÂO NACIONAL PROCURA UM OUTRO CAMINHO PARA A EUROPA


1 - Quer queiramos, quer não, o conceito e a prática de Nação e, concominantemente, de Estado nacional, com todos os ingredientes actuais de um desenvolvimento acelerado do modo de produção capitalista, as questões nacionais e de autodeteminações do povos, voltam à ordem do dia, de maneira até mais visíveis e actractivas neste século XXI, do que foi, de maneira extensa e mesmo guerreira, no século XX.

Não convém esquecer, todavia, que o caso mais sangrento e criminoso deste princípio do século sucedeu com a declaração de independência do Kosovo em 2008, através de umas "entidades provisórias" de governo kosovar, sustentadas pelo dinheiro do narcotráfico e de Wall Street, sob a batutua dos Estados Unidos e das maioria dos paises satélites da NATO.

A aceitação de Kosovo como Estado foi uma imposição unilateral dos Estados Unidos da América, que conjuntamente com a Alemanha (pró-imperial, com as polícias e as Forças Armadas formadas por nazis hitlerianos) e a Santa Sé (na tentativa de refazer, paulatinamente, o Sacro Império), começaram a retalhar a Jugoslávia, ainda no século passado, com o fomento da cessão através da Croácia.

(A ocupação da Jugoslávia pelos hitlerianos em 1941 levou, a retalhar, a então jovem federação, com a criação de um Estado nazi-fascista de nome Croácia, sob a liderança do criminoso Ante Pavelic, que pos em marcha leis raciais, criou oito campos de concentração, que levaram ao extermínio de sérvios, roma e judeus. 

Um dessses campos - o de Jasenovac -, criado pelo partido nazi Ustase, foi um dos lugares onde se deram das maiores execuções massivas em toda a Europa então ocupada pelo regime nazi de Hitler. 

Muitos desses antigos ustase, sob a batuta dos EUA/NATO serviram de forças de comando na luta pela desagração total jugoslava neste século).

Voltemos a Kosovo:  os EUA impuseram a sua independência, bombardeando Belgrado e levaram os rafeiros  dirigentes franceses, alemães, dinamarqueses, japoneses e turcos a reconhcer essse Estado - praticamente fantoche, centro nevrálgico do tráfico de drogas de Oriente para Ocidente, sob a direcção operacional da CIA e o enquadramento meticuloso do sistema financeiro de Wall Street.

A resposta foi dada de imediato pela Rússia nos território das Ossétias. 

Como resposta "ocidental", apenas um palavreado *soviético* dos norte-americanos. 


Os EUA criaram uma crise na Ucrânia, já sem puderem com um gato pelo rabo

Mas, traduziu-se, na verdade, na aceitação de facto. 

Foi o primeiro sintoma evidente de fraqueza imperial.

Seguiram-se, no entanto, as monstruosidades norte-americanas no Iraque e no Afeganistão, que continuaram, refeitas, de outra maneira, na Tunísia, Líbia, Egipto e Síria.

Aqui, o "urso" russo falou alto e a nova potência crescente regional, Irão, bramiram sem encolher as garras. 

A China, lá ao longe, movimentou-se com força militar no domínio de ilhas reivindicadas por aliados norte-americanos. 

Nova dispersão de forças dos senhores de Washington.

As fraquezas militares norte-americanas vieram, agora com mais clareza, ao de cima.

(Abandono - ou semi-abandono apressado do Iraque; derrota operacional no Afeganistão, com a preparação de uma retirada entre pernas, com o seu antigo cão-de-fila Karzai a morder-lhe as canelas...)

Começaram, depois, mesmo a tremer, neste último ano, uma série de alianças na região, desde Israel até à Arábia Saudita.

2 - E tudo isto, porquê? 

Porque elas, as fraquezas, são essencialmente financeiras e económicas. 

O império dominante do Capital começa a fragmentar-se.

A dívida pública (que integra, na realidade, a privada) dos Estados Unidos já ultrapassa, oficialmente, os 16 biliões de dólares - repito, 16 biliões.

E a economia está de rastos para uma potência que tem encargos astronómicos - improdutivos - com um militarismo absurdo e crescente.

São, na realidade, o país mais endividado do Mundo.

Até um ano atrás, ainda, suportava, artificialmente, essa dívida, com a emissão desenfreada de dólares.

Essa situação está a entrar em colapso.

Os apologistas da imobilidade nas mudanças internacionais sustentam que os EUA ainda têm capacidade para dominar o Mundo.

A realidade geo-económica mundial, a prazo, diz que não.

E o que se passa na Ucrânia mostra, precisamente, isso.

Eles forçaram o derrube do regime de Kiew, mas não tiveram já capacidade (ou não quiseram) para conter "os demónios internos", pois foram os partidos fascistas que tomaram conta do poder. 

(Se se reflectirsobre o que se passa na Europa, verificamos que são Nações e Estados em ligação directa com a política norte-americana que surgem e incham os partidos fascistas, ligados ao lumpem capital internacional - Holanda, França (sintonia total entre Hollande e Obama na intromissão neo-colonial em África e no avanço norte-americano para Leste), Noruega, Dinamarca (o secretário-geral da NATO é um antigo primeiro-ministro dinamarquês, Polónia, Hungria,  Áustria e Itália - A Liga do Norte está fortemente interligada com a Igreja Católica e o apoio dos norte-americanos).

Mas, claro, Washington - e por tabela os sicários dirigentes europeus - estão no fio da navalha.

Como resolver o problema?

Ou cedem e entram em compromisso com a Rússia, e remodelam o governo ucraniano, ou vão deixar que Moscovo esmague, paulatina e aos bocados, toda a instituição estatal ucraniana.

Do ponto de vista militar, a Rússia não pode deixar a Crimeia, com fracas ligações por terra com o poder de Moscovo, rodeada por forças hostis. Certamente, mais espaço de ocupação será necessário.

Em caso extremo, haverá guerra. 

E a guerra vai custar muito mais dinheiro aos Estados Unidos - e claro em menor escala à Rússia - do que se supõem.

Não sou eu que faço o quadro de uma situação em colapso.

Nem tenho a visão ideológica e política do autor que vou citar.

Mas vou fazê-lo, porque ele é apologista do sistema capitalista e foi um governante económico importante na Administração de Ronald Reagan.

Chama-se Paul Craig Roberts, economista, foi secretário adjunto do Tesouro daquela administração.

Como jornalista de economia, exerceu o cargo de editor do Wall Street Journal, o jornal do grande capital financeiro norte-americano.

O que escrevo está no blog de Roberts, e é do ano passado: 

"O colapso do dólar apresenta-se como provável. 

A política do governo dos Estados Unidos de maximizar os défices orçamental e comercial (dar-lhe uma meta superior de ultrapassagem, estabelecido por legislação parlamentar, NM) e a política da Reserval Federal de monetarizar o défice orçamental (emitir dólares sem correspondência e colocá-los em circulação) e os fradulentos activos em papel dos grandes bancos, fazem com que o dólar caminhe para o seu desaparecimento. 

À medida que se empola a impressão de dólares, diminui o seu valor. 

Talvez não esteja longe o dia os governantes deixem de vender os seus povos a troco de dinheiro norte-americano". (emwww.counterpunch.org/roberts02012011.htmil).

O gráfico abaixo inserto foi retirado do jornal brasileiro "o Globo".



Histórico da dívida pública dos EUA (Foto: Editoria de Arte/G1)


Como está no interior dos Estados Unidos a sua situação económica.

Os dados que apresentam são da parte final do ano de 2012..

Não sou eu, colocado noutro lado do espectro político, que analiso as estatísticas oficiais do governo de Washington.

É o citado por Roberts, com data de finais de 2012:

"O relatório de sexta-feira (foi a data de saída) sobre a estatística do emprego, assinala que foram criados 96.000 novos empregos em Agosto e que a taxa de desemprego (U.3) desceu de 8,3 % para 8,1 %.

Como os 96.000 novos empregos não nos apresentam uma correspondência com o crescimento populacional, a descida na taxa de desemprego U.3 esta relacionada com o facto de 368.000 trabalhadores que desapareceram das estatísticas, porque desanimados com os insucesso de procurar emprego nos departamentos oficiais, desistiram. Logo foram eliminados da eventual forças de trabalho potencialmente contabilizada, isto de acordo com a contagem U.3.

 Ora, os desistentes não são, portanto, incluidos nas estatísticas de desemprego U.3.

O único objectivo da U.3 é separar as boas notícias das más.

A taxa de desemprego U.3 tem o objectivo apenas de contabilizaram aqueles que continuam a inscrever-se, mesmo continuando à muito no desemprego.

O governo norte-americano apresenta ainda uma outra taxa de desemprego a U.6. Esta enquadra as pessoas desempregadas de longa duração, mas ainda não completaram um ano fora dos locais de trabalho.

Esta item que atinge 14,7 %, chamaria certamente a atenção se fosse noticiado.

Se somarmos os desempregados de longa duração (mais de um ano), verificamos que a taxa de semprego real atinge os 22 %.

Ou seja, a taxa real de desemprego nos EUA é cerca de três vezes superiores ao divulgado oficialmente - 8,1 %.

Então qual é o objectivo de divulgar uma taxa de desemprego inferior em um terça à real?

A única resposta é esta: enganar as pessoas com boas notícias.

Centremo-nos nesses 96.000 empregos.

Que tipo de super-empregos de alta tecnologia e alsalários está a +única superpotência, o país indispensável, a maior economia mundial e paraíso capitalista+ a fomentar?.

A resposta é: empregos mal pagos, próprios do terceiro-mundo, razão pela qual não existe e não pode existir recuperação económica. Todos os bons empregos foram para o exterior, de modo a retirar o máximo de lucros para os ricos,

De acordo com o Deparmento de Estatísticas do Trabalho (BLS), 28.300 dos 96.000 empregos, ou seja 29% são de empregadas domésticas e empregados de mesa - htpp.bls.gov/news.realease/empsit.t17.htm.

Os serviços de saúde auxiliares e os serviços sociais, sobretudo, serviços de cuidados de saúde ambulatórios deram 21.700 empregos (22,6 %).

Deste modo, 52 % dos novos empregos criados pela superpotência anericana são empregos mal pagos de empregadas e empregados, auxilaires de enfermaria e auxiliares dos serviços hospitalares.

Os empregos de firma industriais bem pagos baixaram em 15.000.

O rendimento perdido por estes empregados execede largamente os salários desse empregados e auxiliares de saúde.

De onde vêm os outros 46.000 empregos?

Antigamente, nos momentos difíceis, o emprego estatal aumentava, mas, apesar da propaganda republicana, nos melhores tempos de hoje esses empregos já não existem.

O Estado - federal, estatal e municipal - perdeu sete mil empregos.

Os serviços de "colarinho branco" e de negócios tiveram um ganho de 28.000 lugares, sobretudo em sectores de desenho de sistema de computadores e  correlacionados (mas principalmente para cidadãos indianos e visto de trabalho H-1B) e serviços de consultoria técnica e de gestão (e isto, em particular, para antigos empregados das grandes empresas que agora vivem, dificilmente, como consultores nas suas antigas firmas, sem reforma ou protecção de saúde, ou por outras palavras, trabalhando o mesmo por menos salário.

Essas três categorias enquadram 81% dos novos empregos.

Onde ficam, então, os restantes?

São alguns milhares nos sectores financeiros e de seguros, empregos estes que absorvem rendimento dos consumidores, mas não produzem qualquer produto.

Os sectores de telefones, transmissão por cabo, água e electricidade e energia de aquecimento deram origem a 8.800 empregos.

Transportes e sistema de armazenagem de bens excedentários criaram 5.700 emprego.

Comércio de retalho - em particular pequenos restaurantes ou locais de venda de comida e bebidas (alcóol) deram 6.100 empregos.

E é tudo.


A original Lee norte-americana é feita na China

A «poderosa economia americana» é uma economia que não consegue produzir o seu próprio vestuário, ou calçado, ou mesmo os produtos manugacturados que consome, incluindo os produtos de alta tecnologia, ou até a sua própria energia. Tudo isso está a ser importado com a emissão de mais dívida.
A «grande economia hegemónica americana» está á beira do colapso total, porque a única maneira que tem de pagar as importações que a vão mantendo é pela emissão de mais dívida e a impressão de mais dinheiro.

Dado que a criação de divída e de moeda minam o dólar, como moeda de reserva mundial, os EUA estão a tornar-se, de um dia para o outro, um país do terceiro mundo. e isto para alívio do resto de mundo.

Roberts conclui que um sistema financeiro baseado em mentiras e enganos não pode durar sempre.

3 - As reivindicações em torno de territórios nacionais (por razões económicas, culturais ou mesmo de etnia rácica ou religiosa) irá crescer, não só na Europa, mas também em antigos Estados coloniais, mas igualmente pode atingir os próprios Estados Unidos da América. 



Há menos de 200 anos, os EUA eram um Estado dividido.

As razões pendentes na Europa têm concepções diferentes de outras partes do Mundo.

Mas, o cerne da questão é o crescimento das desigualdades dentro do próprio sistema capitalista actual.

O poder de Estado, actualmente, na sua fase mais aguda de crise capitalista, está a derrapar na sua missão que foi estabelecida com o surgimento das Nacões modernas, por um lado, com o derrube do feudalismo, por outro, com o fim do próprio colonialismo nas Américas.

Ou seja, o "contrato social" estatal enquadrado no seguimento da vitória política da Revolução Francesa estava, genericamente, enquadrado no pressuposto de que o poder se organizava como forma de gerir os interesses económicos comuns, que então eram simbolizados por toda a classe burguesa.

As Nações, então organizadas, foram, ideologicamente, interiorizadas pelas classes dirigentes como fenómenos perenes, alijados de toda a luta política e mesmo classista. 

Quer a burguesia desenvolvimentista, quer os sectores, ideológica e politicamente, mais avançados sabem que quanto maior for o avanço e até homogeneização das condições produtivas e de incremento industrial e pós-industrial maior será do impulso de desenvolvimento das forças produtivas, o que leva à estruturação de instituições em espaços cada vez maiores.

Foi justamente o que sucedeu na Europa, no caminho para a União Europeia; como se iniciou essa fase, na fase final da década de 80 do século passado no Mercosur e, em bases ainda incipientes com a União Africana, já no início deste século, torpeada de maneira evidente pelos Estados Unidos.

Ora, os referendos que estão a surgir na Europa para criar novos Estados não têm o propósito de desfazer a União Europeia, mas de reagir a espezinhamentos das burguesias capitalistas dominantes, e reforçar uma nova União Europeia mais democrática e independente das subserviências actuais aos representantes do grande capital financeiro.

Esta perspectiva não é apoiada pela grande burguesia, cujo "patronato" real reside em Wall Street. 

Aquela sabe - e os acólitos também - e tem a perfeita noção que a actual fase de expansão do Capital - que já não se concentra apenas em Nova Iorque ou no Vaticano, mas alastra por países em crescimento acelerado como a China, a Rússia, a Índia, o Brasil, o Irão ou a própria Àfrica do Sul - poderá estar a minar os alicerces dos seus sustentáculos e a conduzir à sua própria destruição.

Quer dizer que este desenvolvimento constante e em extensão territorial das forças produtivas, que já não querem ficar amarradas às estruturas económicas em decadência, pode levar a rupturas que coloquem em causa a própria concepção de Estado como instituição de dominação de uma classe minoritária.

E o centro mais avançado e de consciencialização classista está, justamente, neste altura, no espaço europeu comunitário.

Quer isto dizer que a questão nacional na Europa pode contribuir para o desaparecimento do próprio Estado burguês fossilizado.

Pode surgir uma formação estatal ainda classista, mas com os sintomas de conter um programa político revolucionário, que pode ser construido nos próximos anos.

Os Estados nacionais dos séculos anteriores estão desactualizados. 

O nacionalismo serôdio pertence ao passado, trará entraves à própria constituição de uma nova Europa.

É esta a orientação que o imperialismo norte-americano decadente quer que vingue na UE. 

Para isso, paga e mobiliza todos os partidos nacionalista nazi-fascistas, como sucedeu na Ucrânia, e está a apoiar vigorosamente em França, com a cumplicidade do PSF, criado pelos colaboracionistas como Mitterrand e Hernu, e continuado por Hollande, Fabius, Sègolene Royal e outros.

É sobre esta reflexão que se devem analisar os acontecimentos que percorrem a Europa e acção nefasta que os Estados Unidos estão a conduzir dentro da União Europeia.

  

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