terça-feira, 1 de abril de 2014

25 DE ABRIL: O ANTI-COLONIALISMO LITERÁRIO NÃO EXISTIU EM PORTUGAL NA 1ª METADE DO SEC. XX

1 - Vamos dar o nosso pequeno testemunho, como nacionais de Portugal - e naturalmente transmiti-lo ao Mundo -  do 40 º aniversário do golpe de Estado do 25 de Abril de 1974, cujo motivo central  do mesmo esteve no término de uma guerra colonial independentista, que teve um período de vigência de cerca de 13 anos.

Uma parte significativa para memória do que esse período histórico significou ficou registado na escrita.

É,  justamente, por ela que eu vou reflectir sobre o período colonial e anti-colonial.

(Este artigo é um texto-síntese elaborado com base numa tese de mestrado, que efectuei em 2003, na Universidade Aberta - *A Literatura portuguesa na primeira metade do século XX/Da ausência do romance anti-colonial*, texto policopiado - Biblioteca Nacional, Universidade Aberta).


O catedrático Rui de Azevedo Teixeira, num livro de ensaio e investigação com o título "A guerra colonial e o romance português" (Lisboa: Notícias Editorial, 1988 - 2ª edição)" escreveu a propósito: 

«O tema da guerra, até ao início de sessenta, não dá à Literatura Portuguesa sequer uma dezena de grandes, definitivas, obras. Por seu lado, a Guerra Colonial e as suas consequências, só por si, dão origem a textos - testemunhos, autoficções, contos, novelas, romances. non-fiction fiction, diários, peças de teatro, etc - que, desde o trabalho sub-literário e para-literário ate ao exemplo de excelência literária têm assinatura de mais de cento e cinquenta nomes".

(Convém referir que nos últimos 25 anos, este número subiu exponencialmente).

E acrescenta-se um parágrafo do mesmo professor: 

"com este mare magnum de textos, a Guerra Colonial é o acontecimento histórico pela única vaga de fundo de literatura tematizadora da guerra da Literatura Portuguesa".

Mas porque será que, durante todo os últimos 500 anos até à primeira metade do século passado, no Portugal continental, não existe um único livro de literatura anti-colonial?.

Porque existe esta ausência, sendo que alguns dos maiores escritores do neo-realismo português estiveram vivendo anos em terras coloniais?

Pode citar-se os casos de Afonso Ribeiro, Alves Redol (viveu pobremente em Angola, segundo ele recordou mais tarde), Soeiro Pereira Gomes, Sidónio Muralha ou Alexandre Cabral.

Em 1977, o escritor e professor universitário Manuel Ferreira, ele próprio um neo-realista, que viveu largos anos nas antigas colónias portuguesas (sete em Cabo Verde, onde casou com a escritora caboverdiana Orlanda Amarilis - recentemente falecida - Goa e Angola) assinala que a literatura africana - portuguesa europeia e portuguesa africana - que *chama a si mais de um século de existência* não enquadra, nesse período, da parte dos escritores portugueses, a visão anti-colonial.  

//Manuel Ferreira, que, após o derrube do regime fascista em Portugal, veio a criar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a cadeira de Literatura Africana em Língua Portuguesa, somente publicou um primeiro romance de algum cariz anti-colonial, em 1956, intitulado "A Casa dos Motas", e o seu grande livro "A Hora di Bai", em 1962, já em pleno florescimento da guerra colonial//.

2 - Significa esta situação que não havia activistas anti-coloniais em África, ou que não existia a nível pessoal, provavelmente até organizadas, em Portugal continental pessoas com consciência de que teria de haver o direito à auto-determinação?

Não. 

Pelo contrário, o fermento anti-colonial é antigo é foi mesmo analisado no princípio do século XX no I Congresso da III Internacional.

A questão central tem de ser buscada na realidade política existente em Portugal.

Ou seja, temos de nos socorrer da História, porque ele é feita, não pelos princípios gerais, mas pela prática dos que estão no terreno, desde a economia à política. 

Enfim, as diferentes classes sociais e os seus representantes, ou quem dizem representar. 

Sofre, por isso, reencaminhamentos, acções contraditórias nas formas políticas da luta classista.

E esta evolução política tem de ser interpretada com os dados e condições em que vivíamos então, tendo de se ter em conta os variegadas condições que foram surgindo, o curso reactivo dos acontecimentos que se deram e fomentaram posições e visões diferentes dos princípios enunciados.




A omissão da escrita anti-colonial não foi, por isso, um esquecimento, nem produto de uma repressão impediosa do regime militar e da sua continuidade civil, o consulado fascista de Salazar, sobre a escrita e o pensamento.

(O regime salazarista foi impiedoso na restrição à liberdade de expressão e censor violento sobre a escrita avançada e de progresso, mas nunca conseguiu, nem o poderia fazer, impedir a circulação de ideias e a difusão, ainda que clandestina ou semi-clandestina, na arte e na literatura).

A chamada esquerda - PS (com a obscura Associação Socialista Portuguesa, pelo meio), e PCP, praticamente desde a sua criação formal, em 1921 - esteve irmanada ao próprio regime salazarista, mais do que se julga vulgarmente, na primeira metade do século XX, mas igualmente até ao início da guerra colonial em 1961, na ideia de uma Nacão portuguesa, desde o Minho até Timor.

O regime de Salazar, tal como os republicanos, socialistas, na I República, e, depois, antes da criação do PS em 1973, e os chamados comunistas enquadrados pelo PCP, desde 1921, e, "reorganizados" desde os finais dos anos 30 por Álvaro Cunhal, foram defensores intransigentes da ligação de Portugal continental às suas colónias.

Os salazaristas, primeiro sob a forma de "Império", republicanos e socialistas, porque defendiam "o colonialismo português", e o PCP, de Álvaro Cunhal, porque preconizava a "Unidade da Nação para a conquista da Democracia", ou conforme as conveniências do momento para "salvar a independência ameaçada" (e esta salvação da independência enquadrava a continuação da unidade estatal com as antigas colónias). 

Unificava-se, na realidade, sob diferentes consignas, o conteúdo idêntico do colonialismo.

Quando Timor foi ocupada pelos japoneses e esteve para ser "anexada" por australianos e holandeses, o jornal então clandestino "Avante" (órgão central do PCP), de Março de 1942, alastrava toda a sua primeira página com uma sonora palavra de ordem "Contra a política de traição que fez perder TIMOR! (sic) Só a unidade nacional garantirá a independência do povo" (Claro do Minho ao território timorense).



A curiosidade é que esta consigna faz lembrar as diatribes dos antigos e saudosos colonialistas contra a "traição" do abandono das antigas colónias em 1974/75...

As orientações do PCP de Cunhal da época estão inseridas nas decisões do chamados I e II Congressos (que o falecido líder daquele partido incluiu, mais tarde, com a titulagem *ilegal*, sob pressão de uma realidade histórica que o ultrapassava, e não podia ser esquecida.

É que já houvera, anteriormente, duas reuniões magnas antes da *reconstrução* ditada pelas linha política geral do antifascismo do VII Congresso da IC, que em Portugal ele apelidou de +unidade de todos os portugueses honrados+).

Da parte dos socialistas - ou melhor dos organizados, primeiro, na Acção Republicano-Socialista (ARS), e já nos anos 60, em torno da ASP tudo isto durante o consulado de António de Salazar- apenas em 1973, com a criação do PS, na Alemanha, se escreve uma posição anti-colonial e isso acontece num comunicado conjunto com o PCP.

Este Partido, ainda em 1949, através do MUD juvenil, subscreveu um manifesto de apoio à politica colonial do então candidato presidencial general Norton de Matos. 

E neste manifesto estavam alguns nomes de figuras que vieram mais parte a ter relevo nos partidos e movimentos independentistas das antigas colónias portuguesas.



Lúcio Lara (Angola) e Noémia de Sousa (Moçambique) estiveram ligados ao PCP em Portugal, em posiçõees subalternas



(Algumas das personalidades das antigas colónias a viverem em Portugal, como Agostinho Neto, Marcelino dos Santos, Lúcio Lara e Noémia de Sousa, entre outros, estavam ligadas ao PCP, e, segundo o historiador João Madeira - O PCP e a questão colonial - os dois últimos foram, em determinada altura, o elo de ligação directa ao Comité Central daquele partido).

Conforme não existe uma única obra literária de referência, ou um pensador de renome, político ou escritor, que, até meados do século XX, tenha posto em causa a colonização portuguesa, também tal desiderato não mereceu referência nenhuma de destaque, como obra literária, no principal manual histórico (primeira edição) orientador da vida académica literária, publicado, precisamente, em 1954.

Estou a referir-me, concretamente, à "História da Literatura Portuguesa, Porto: Porto Editora, 1954, 1ª edição", de António José Saraiva e Óscar Lopes, então dois pensadores considerados da esquerda portuguesa, na altura, aliás, ambos militantes do PCP.

3 - O escritor, investigador, professor universitário, ensaísta, poeta e pintor, já falecido (2010), Alfredo Margarido, que viveu muitos anos em S.Tomé e Principe e Angola procurou dar uma explicação simplista sobre essse afastamento da escrita anti-colonialista no seu ensaio: "Estudos sobre Literaturas das Nações Africanas de Língua Portuguesa" - Lisboa: A Regra do Jogo, 1980.


Cito: 

"Porque se a direita escreveu sempre sobre a África, desaguadora de muitos aristocratas e de muitos burgueses aruinados, como já sabemos desde a Ilustre Casa de Ramires, a esquerda nem sempre foi capaz de compreender a estrutura do facto colonial. Incapaz, por isso mesmo, de por a nú as várias formas de dominação." 

Margarido procura justificar o injustificável (a esquerda não compreende a estrutura do facto colonial?!).

A realidade é que a esquerda iludiu, precisamente, o acontecimento histórico. 

Tanto PS (e seus antecedentes republicanos desde a I República), como o PCP - desde o seu I Congresso em 1923 -, foram, na realidade, colonialistas, na sua acção prática.

Os republicanos e socialistas assumiam-no, directamente, o PCP - pelo oportunismo político que estava entranhado na sua orientação, em especial, desde a sua *reestruturação* cunhalista -, considerava heróis anti-fascistas, logo parceiros de coligação política, os conservadores monárquicos mais colonialistas, que tinham divergências com Salazar, como foi o caso de Paiva Couceiro.

No momento da morte daquele que foi o governador colonial assumido e monárquico convicto e militante, o jornal "Avante" dava-lhe destaque na primeira página, considerando: "PAIVA COUCEIRO - inimigo do fascismo", finalizando o seu artigo: "nossa homenagem é simples e sincera; é a Paiva Couceiro patriota, é a Paiva Couceiro anti-fascista".

A razão principal e de fundo porque não surgiu, nesta altura, literatura anti-colonial está, precisamente, ligada ao facto de não existir à esquerda uma orientação prática e actuante assente no direitos dos povos à sua auto-determinação e independência.

Aliás, essa - a questão colonial - é uma das principais razões que surge, nos finais dos anos 50/princípios dos anos 60, uma dissidência na própria Comissão Executiva do PCP, que vai levar à primeira grande cisão ideológica da sua História, e vai fazer aparecer uma formação política à esquerda daquele partido.


16 comentários:

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  5. O texto saíu truncado nos 4 posts de comentários, pelo que os eliminei e republico seguidamente

    1.
    Não tenho nem pretendo ter a "bagagem" que "transparece" nos seus artigos, que leio regular mas não cegamente, onde parece que o “capitalismo" a sua "barbárie" se originam nos "judeus", sobretudo os sediados nos States, e numa "conspiração" judaica", passando uma aparente esponja sobre o Catolicismo, a Contra-Reforma e a Inquisição como sustentáculos do feudalismo e da teocracia e, posteriormente, da origem divina do poder real e do absolutismo, mesmo que “iluminado”. Como se todos os grandes capitalistas, mesmo em Portugal, fossem todos judeus - como o Nacional-Socialismo - de que os nazis eram bonifrates - pretendia fazer crer - e não fossem também católicos/cristãos/maometanos/ateus mesmo que de fachada.

    Mas com mil diabos e todos os santinhos, seria possível no Portugal fascista publicar “romances” ou literatura anticoloniais, mesmo e apesar da Casa dos Estudantes do Império? Era possível ao PCP, na clandestinidade, contrariar a ideologia dominante imposta pelos grandes capitalistas e latifundiários, e absorvida, entre outros, pelo campesinato e pela pequena burguesia ? E nas colónias não há literatura publicada contra o colonialismo ? De António Jacinto, Viriato Cruz, Alda Lara ... Ah dir-me-á esses não eram "portugueses", esses noa eram nem republicanos nem neo-realistas. Esses eram - se o fossem - figuras subalternas do PCP. Como não eram republicanos ou neo-realistas o velho do Restelo, Fernão Mendes Pinto ou Diogo de Couto, entre outros. E já se fez – se for possível fazê-lo – uma recolha e o estudo da literatura popular – escrita ou oral ?

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    1. Serafim Lobato - Grato pelo seu cordato esclarecimento. Os documentos são interpretados e contextualizados de modos diferentes, conduzindo obviamente a conclusões diversas. Mas eu talvez não tenha sido claro. O cerne do meu comentário considera por um lado outros posts em que o capitalismo (actual) seria resultado duma conspiração judaica (embora tb refira as ligações sobretudo à Igreja Católica) e por outro a "identificar" o PCP como se ele fosse Cunhal, abstraindo, aparentemente, do colectivo em que ele se inseria. E nos 40 anos do 25 de Abril e na situação que se vive em Portugal, causa-me uma certa perplexidade que na "Tabanca" o tema seja o pcp e a luta anti-colonial. Começada a guerra colonial, não foi pcp que deu orientação aos seus militantes para não desertarem e fazerem trabalho político dentro das forças armadas, contribuindo assim e de algum modo para a formação e "politização" do MFA ?

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    2. onde se lê o "capitalismo ... (embora tb refira as ligações sobretudo à Igreja Católica)" deve ler-se "... (embora a Tabanca tb refira ....)" e "pcp e a luta" deve ler-se "o pcp e a literatura ..."

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  6. 2.
    Repito, não tenho nem pretendo ter a sua "bagagem" de anticapitalista e de antifascista (sempre) consequente, mas vai-me "espantando" essa do complot judeu (ou judaico-cristão ?) e agora do "colaboracionismo" do PCP e de Cunhal (onde moras, materialismo dialéctico e marxismo+tudo o que se lhe seguiu em termos de praxis e de teoria?). A História feita pelos Heróis”, pelos “Líderes”, pelos “Caudilhos”, pelos “Super-Homens” (as Mulheres, essa não contam?) conduzindo a carneirada acéfala? Os militantes comunistas serão uma carneirada; Estaline, Cunhal ou - vá lá - o Comité Central ordena e o rebanho executa)? Francamente, há "nexecidade"? Já o Seguro de Costa e Assis e as "viúvas" de Sócrates dizem que o PCP é aliado da direita ultraliberal ! Embora o "animal" feroz nas suas "charlas" semanais agora diga que no PEC IV foi traído não pelo PCP – que votou sempre contra os PEC’s - mas pelo PPD/PSD, que lhe tirou o tapete. O tal PS Seguro que esCavaco durão Barroso e Soares Pingo Doce com Pedrocas passes de Coelho por lebre pretendem forme uma santíssima trindade, a dum Governo de União, Salvação ou Acalmação Nacionais ?
    Ah! Os 40 anos do 25 de Abril ? A maioria do MFA queria era acabar com a Guerra Colonial, especialmente a Guarda Pretoriana. Não tivesse o Povo de Lisboa – especialmente a juventude – desobedecido ao Posto de Comando do MFA. Não tivesse o Povo de Lisboa – especialmente a juventude – desobedecido ao Posto de Comando do MFA, e cercado o Quartel do Carmo e a sede nacional da PIDE - com os presos políticos "esquecidos" e aferrolhados em Caxias e em Peniche e com a PIDE e a GNR fiéis a Marcelo em "liberdade" de movimentos - e Spínola teria empalmado o MFA, substituindo apenas as moscas e não o seu alimento. E Salgueiro Maia, o "puro" do ´”espírito” do 25 de Abril, o candidato ao *Panteão dos Heróis” ? Esse esteve em Abril e Novembro e – ao contrário de Spínola/Marechal do PS Soares – foi marginalizado pelos "democratas" de Novembro e por escavaco/PSD, o bancário reformado amigo de banqueiros. Quanto a Salazar/Caetano, “personificando” os eternos maus da fita, são os que diametralmente permitem que se mantenham na sombra os seus mandantes, beneficiários e descendentes. Porque os manajeiros, capatazes ou testas de ferro, com ou sem reforma dourada, esses são descartáveis, para que, iludindo e jogando nas aparências, se mantenha a essência. Sobretudo nos 40 anos do 25 de Abril de e uns mais ou menos de adesão à OCDE/CEE/UE

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    1. Victor Nogueira: Não faço os meus textos a olhar só por um olho. Nem como membro de uma seita, seja ela religiosa ou político-religiosa. O que escrevo está documentado. Quando digo que o PCP esteve ao lado do sistema colonial, faço-o com factos. Até porque ouvi e convivi com alguns que foram dirigentes do PCP e dirigentes e activistas dos Movimentos Africanos Anti-coloniais. Ao longo da minha vida, procurei sempre pautar-me pela análise materialista da História.
      Noémia de Sousa, uma grande poetisa moçambicana, por exemplo, que representou os activistas anti-coloniais junto do CC do PCP, trabalhou comigo e ao meu lado, durante muitos anos. Fui dos poucos que estiveram no seu funeral e nem sequer um dirigente de quarto plano daquele partido lá se mostrou a representar uma personalidade daquele gabarito que nunca abandonou os ideiais comunistas. Eu não referi no meu texto que não houve livros e activistas anticoloniais. O que refiro é que eles nunca tomaram uma posição pública contra o colonialismo na primeira metade do século XX. Cito, para que conste, as palavras do médico e activista politico anti-colonialista António Alves Tomás Medeiros, que nasceu em São Tomé em 1931, viveu em Angola, no Gana, na Argélia e finalmente instalou-se em Portugal, onde até hoje reside e escreveu, ha dois anos, o livro *A verdadeira morte de Amilcar Cabral". Pertenceu ao núcleo que estudou em Portugal, onde germinaram os movimentos anti-coloniais (Lara, Cabral, Neto, Marcelino dos Santos). Ainda hoje se sente ligado ao PCP. Eis os trechos: "Na estratégia de atrair para as suas fileiras os jovens estudantes africanos, a Direcção do MUDJ (nota minha, a direcção do PCP) promove um conjunto de reuniões. Um grupo desses estudantes elabora um importante documento sob a forma de XI teses, onde se pode ler, logo de início, que as colónias portuguesas são consideradas como *países africanos ou asiáticos dominados por Portugal*, e as populações constituidas por *colonos portugueses, agentes do colonialismo e pela população colonizada*, reclamando, por isso, inequivocamente, *o direito à independência nacional".(...) A "Carta aos jovens coloniais de Lisboa" com a qual o Comité Central do movimento responde, em Outubro de 1953, ainda que aceite, no geral, os grandes princípios formuladas nas XI teses, coloca-lhe um conjunto de objecções que, ao fim e ao cabo, configuram a posição do PCP sobre a questão colonial. Embora admitisse o direito à independência das colónias portuguesas, submetia-se esse reconhecimento à luta pela democracia em Portugal. A partir daí,a pequena e a média burguesia colonial seria a potencial aliada da luta antissalazarista. (...)A integração dos jovens coloniais do MUDJ era a de simples pertença às suas estruturas. Era uma atitude que entrava radicalmente em choque com os interesses do movimento de libertação nacional".

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  7. Em tempo - o "independentismo" das colónias,- que como tal me parece só existem a partir da Conferência de Berlim no século XIX, - ficando-me pelo euro-centrismo - "esquece" aparentemente a resistência dos ameríndios e dos povos da ásia e de áfrica, entre outros, às "descobertas", colonizações", saque, genocídio e escravização a partir do século XV efectuadas no início por portugueses, castelhanos, holandeses, franceses e britânicos. Mas isso dava pano para outras mangas

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    1. Victor Nogueira: O grande capital financeiro é internacional, como qualquer processo de penetração de capital. Desde a II Grande Guerra, o grande capital financeiro concentrou-se em Wall Street, e os seus principais bancos e outros produtos financeiros, como os seguros, e as acções das grandes empresas, como as petrolíferas e de riquezas mundiais, são pertençam de judeus capitalistas. real Nos últimos 20 anos, a concorrência capitalista aumentou e com isso surgem novos pólos de capitalismo, como é o caso do Vaticano, da China e Rússia. Mas se verificar, embora tivesse perdido, algum poder, e bem, nos últimos tempos, Wall Street continua a ser o centro da banca e da especulação financeira mundial.

      Um exemplo: o maior banco do Mundo, segundo as revistas de especialidade, como The Banker, ou agências como a Bloomberg (curiosamente, de capitais judeus!!!), é chinês - Industrial & Commercial Bank of China (em resultados, embora não ainda em expansão internacional). O principal accionista é o Estado chinês, mas o segundo maior accionista é o Goldman Sachs - a diferença entre os dois é muito curta nominalmente, mas são accionistas com peso as norte-americanas Merrill Lynch e JP Morgan. Também lá está o Crédit Suisse (que pertence ao IOR).

      Cito a Bloomberg (2012) sobre os primeiros banqueiros mais "influentes"

      Lloyd Blankfein, CEO do Goldman Sachs (é judeu)


      Emílio Botin, presidente do conselho do Santander. (Este banco é da OPUS DEI/Vaticano)


      Jamie Dimon, CEO do JP Morgan Chase (judeu)

      Isabelle Ealet, Diretora de securitização do Goldman Sachs.

      Anshu Jain, co-presidente do Deutsche Bank. Uma parte do capital é do IOR.

      .

      Jiang Jianqing, presidente do conselho do Industrial & Commercial Bank of China


      Gerald McCaughey, presidente do Canadian Imperial Bank of Commerce (judeu)


      Ruth Porat, diretora financeira do Morgan Stanley (judia)

      agora, foram elevar os fundos do banco, melhorar a liquidez e eliminar os commercial papers.

      John Stumpf, presidente do Wells Fargo (Esta empresa é detida essencialmente por fundos lidados a Wall Street)

      Você fala, um pouco aleatoriamente, em capitalismo desde o seu início no Renascimento, com a expansão extra-europeia, começada por Portugal. Sabia que grande parte do investimento para a "cruzada" descobridora teve a mão de banqueiros como os Alfieri, que são judeus italianos e, curiosamente, estão ligados ao Vaticano, que recebe uma quota-parte do espólio colonial..

      Cito-lhe um extracto do trabalho de de Maria José Pimenta Ferro Tavares, que foi reitora da Universidade de Lisboa.

      "No entanto, o grande comércio internacional está centralizado em Lisboa e é aqui que nós encontramos os
      grandes mercadores judeus. A corroborar a nossa afirmação estão as únicas cartas régias, outorgadas a estes
      comerciantes, permitindo-lhes exportar e importar mercadorias por via marítima, em nome de cristãos e com a
      marca destes ou a sua própria, pagando os direitos devidos ao rei, além de poderem cambiar dinheiro no
      estrangeiro.”. TAVARES, Maria José Pimenta Ferro. Os Judeus em Portugal no Século XV…, p. 285.". Não é conspiração é realidade.

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    2. Registo e agradeço os seus esclarecimentos.Serafim Lobato, embora continue a ser da opinião que se o capitalismo pode ter a sua origem nos adeptos da religião judaica, perseguidos pelas monarquias e pela Igreja Católica que condenavam a "usura", se em Portugal no século XIX começam a surgir grandes capitalistas "judeus", mesmo que não professem a religião, mesmo que o centro do poder financeiro continue a residir em Wall Street (mas tb na City, parece-me),a verdade é que não me parece correcto identificar o grande capital com os Judeus (e com Israel), apesar das suas alianças ,com as Igrejas Cristãs (que se não reduzem à Católica). Parece-me que substitui uma análise baseada na estrutura e na dinâmica de classes e nas várias camadas que as componhem com a religião judaica e com Israel. Este é, parece-me, o pensamento comum, vulgar, de que se serviram Hitler e o Partido Nazi, que serviam os interesses do grande capital, fosse alemão, fosse britânico, francês ou estado-unidense.

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    3. Victor Nogueira: leia a Questão Judaica, de Karl Marx. Talvez o elucide um pouco mais do que o eventual anátema de atirar, sem pestanejar, o pensamento de Hitler. Isreal é hoje um Estado fascista. Ou estou a mentir?

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    4. Não percebo esse seu "Talvez o elucide um pouco mais do que o eventual anátema de atirar, sem pestanejar, o pensamento de Hitler." Presumo que não está a confundir a minha ideologia e as minhas posições políticas com as de Hitler, seus patronos, mentores e seguidores. Ou que estou a defender o sionismo e o nazi-fascismo. Fala em Estado de Israel como se nele não existissem classes sociais com interesses antagónicos, mesmo que de consciência social alienada. Irei ler a a obra que me recomenda. E que saiba questioná-lo de modo algum significa que esteja a dizer que mente. Por mim, este assunto está encerrado. Pretende que de futuro evite comentá-lo ? Esteja à vontade para responder ! Sem acrimónia.

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    5. Longe de mim evitar o comantário, faço-o quando quiser, desde que não seja insultuoso. O que eu disse esta dito e não retiro uma vírgula. Estado é um Estado fascista. Ponto final. E quando faço esta afirmação estou, justamente, a fazê-lo do ponto de vista materialista. Igualmente o Alemanha hitleriana foi um Estado fascista, e nunca deixaram de existir no seu interior classes sociais com interesses antagónicos.

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    6. Peço desculpa por um lapso de escrita onde está "Estado é um Estado fascista" deve ser lido "Israel é um Estado fascista".

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