quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A OESTE NADA DE NOVO: UM MÊS DEPOIS DE ABATE DE AVIÃO MALAIO

1 - Já passou um mês desde que um avião civil da empresa Malaysia Airlines foi abatido quando sobrevoava uma zona insegura, zona de guerra, no leste da Ucrânia, sob a supervisão de controladores aéreos estatais daquele país.

Até agora, não existe um relato de imprensa sequer de que tenha sido feito um relatório independente, principalmente por parte do Conselho de Segurança da ONU.

Logo após a queda provocada do avião, quer as autoridades de Kiev, que os principais países ditos ocidentais - EUA, Inglaterra e França - lançaram acusações incendiárias, cujas caixas de ressonância, ampliadas e, aparentemente, não confirmadas, e mesmo deformadas, são os grandes meios de comunicação social ligados a Wall Street, com os grupos Fox, CNN, ABC, CBS e NBC, com ligações directas à Europa, Austrália, Coreia do Sul, Japão e América do Sul, entre outros territórios.

Como um único eixo propagandístico noticioso e apontado, de imediato, está virado para que a proveniência seja um alvo já estipulado: a Rússia.

Até poderia ter sido, mas o principal no jornalismo ético é a confirmação de várias fontes, se possível não concordantes.

Mas, não foi assim: sem qualquer dado objectivo, além da queda do avião, foi direccionada a culpabilidade do seu abate, primeiro, directamente para a Rússia, depois, apenas para os milicianos separatistas que actuam no leste ucraniano, e que pretendem uma ligação política com a Federação Russa.

Vamos aos factos e às campanhas de informação e contra informação que chegaram.

Aceites a maior parte das vezes, acriticamente, em maioria, pelos defensores da política expansionista norte-americana, mas também, por meras razões política-ideológicas, por críticos da política norte-americana, cujo elo interno na Ucrânia, é o actual governo, ilegal e não eleito, sediado em Kiev. 


O Exército ucraniano actua, na frente leste, com equipamento pesado

(Apenas existiu até agora uma eleição para a Presidência da República, após o derrube do anterior Chefe de Estado, através de um golpe de Estado. Ou seja, toda a estrutura estatal está em mãos de partidos pró-nazis, ditatoriais, ou, assumidamente nazis.
O partido Svoboda, que forma as principais milícias armadas de suporte ao regime de Kiev, é abertamente nazista, tem vários membros no governo e 37 deputados no Parlamento local, a RADA - sem eleição. O seu Presidente, Oleg Tyahybok, propôs à Alemanha que o ucraniano John Demjajuk, um dos responsáveis de campos de extermínio durante a II Grande Guerra, fosse declarado "herói nacional". A ligação daquele partido ao chamado "grupo de direita", com grande influência no governo e no exército, de onde foi escolhido o primeiro-ministro em funções é Arseniy Yatsenyuk, ali colocado pelos Estados Unidos, é, justamente, o vice-Presidente do Svoboda, Yuly Mykhalchyshyn, que se auto-intitula *nacional-socialista*).


milícias nazis na Ucrânia

A primeira realidade. A 17 de Julho passado, um avião da empresa Malaysia Airlines, o voo MH17, foi abatido quando atravessava uma zona de guerra na leste da Ucrânia, aparentemente sob a orientação dos controladores aéreos estatais ucranianos. Morreram 298 pessoas.

A segunda realidade. De acordo com as versões de fontes divergentes, Estados Unidos, Rússia, Ucrânia e russos do leste deste último país, em fase de luta separatista, o avião caiu, em fragmentação, numa área que estaria sob a tutela dos milicianos pró-separatistas.

A terceira realidade. Havia, no entanto, combates na região entre as forças ucranianas e aqueles milicianos.

2 - As minhas objecções e dúvidas. 

Porque havia ataques da aviação de caça ucraniana, nessa mesma região, admiti, numa primeira impressão, que fosse um simples míssil terra-ar que tivesse provocado a queda do avião civil.

Considerei então. Foi justamente um míssil tipo Strella, idêntico ou melhorado aos que abateram os Fiat g-91 na Guiné Bissau, em 1972 e 73. 

(A guerrilha guineense já enquadrava nas suas fileiras desde finais de 1969 em ataques contra as tropas portuguesas os foguetões Katiusha de 120 mm, que começou a utilizar, por todo o território guineense em 1970).

Míssil este de que se começou a falar que o PAIGC os possuía ou iria possuir em breve.

Corria o ano de 1971 e estava eu ainda no Território Operacional da Guiné-Bissau.

E a minha congeminação, levou-me, de imediato, a perguntar: quem orienta um avião civil de grande porte, carregado de passageiros, numa zona de guerra, a baixa altitude, estará bom da cabeça ? 

Ou são inconscientes os controladores aéreos ou quiseram provocar o incidente, pensei para comigo.

A quarta realidade. O avião malaio voava a cerca de 11 mil metros de altitude. 

Logo, pensei, não poderia ser atingido por um míssil portátil estilo Strella ou similar que não tinha esse alcance. 

O que me levou a conjecturar que, ou foi abatido a partir de terra, através de um sistema mais sofisticado de mísseis, o que já exigia a utilização de radares, ou atingido, no ar, por um avião militar (míssil ou peça de artilharia).

No dia 23 daquele mês, a agência de imprensa norte-americana Associated Press, emitiu um despacho, baseado em informações de "altos responsáveis" dos serviços secretos de Washington, que fizeram questão de "permanecerem anónimos" de que "não havia provas directas" do envolvimento da Rússia no derrube do avião civil.

Aqueles responsáveis opinavam, no entanto, que a Rússia teria "criado as condições para o derrube do avião, admitindo, embora "provavelmente" que o mesmo fora atingido por um míssil terra-ar SA-11.

Acrescentaram para justificar esta probabilidade, a "análise de comunicações interceptadas, um vídeo, fotos de satélites e divulgações da acção por parte dos separatistas em redes sociais".

No entanto, na altura, a administração Obama - e os legisladores - acusavam, directamente, a Rússia de ter intervido directamente na queda da aeronave malaia.

Ora, a Rússia tem, realmente, ao seu serviço mísseis SA-11, instalados em sistemas de defesa anti-aérea, denominado BUK, que podem alcançar alvos até cerca de 22 mil metros, portanto mais do dobro da altura a que seguia a aeronave.



sistema BUK russo

Os sistemas BUK são móveis, colocados em veículos, e podem atingir, além de aviões militares, helicópteros, misseis de cruzeiros, drones e outros alvos.

No entanto, este sistema é complexo: são necessários pelo menos três grandes camiões - um para PC (posto de comando), outro para transportar o conjunto de radares e o terceiro para servir de suporte disparador dos mísseis.

A complexidade aumenta porque exige para a sua operacionalidade uma grande quantidade de homens e estes têm de estar, perfeitamente, treinados para serem capazes de realizarem uma tal missão, além de um suporte logístico de manutenção também sofisticado.

A Rússia possui tal sistema de mísseis, mas a Ucrânia também.




sistema BUK ucraniano

Segundo a revista inglesa Jane, a Ucrânia possuía, até entrar em conflito com os separatistas russos, seis a oito sistemas operacionais, cada um com quatro mísseis.

Baseando-nos nas informações dos responsáveis norte-americanos dos serviços secretos, citados pela AP, a acusação provável de abate do avião por parte dos separatistas tinha como justificação uma utilização de satélites, de que não referiam o país de origem, o que significava, factualmente, que os Estados Unidos estavam no local a "vigiar" e possivelmente a orientar tropas em terra.

Ou seja, quer os russos, quer os norte-americanos, sabem perfeitamente o que sucedeu, pois utilizam AWACS, drones, satélites e outros meios de transporte aéreo para rastrearem o que sucede em terra naquela zona em guerra. 

Ora, quando surge a acusação peremptória de Washington de que os autores dos disparos foram os russos, estes ripostaram no dia 21 de Julho, através do responsável do Centro Operacional do Comando Chefe das Forças Armadas da Rússia, tenente-general Andrei Kartopolov, que sublinhou que os seus serviços de vigilância detectaram um caça SU-25 ucraniano que seguia o avião de passageiros.

Citamos as afirmações do general russo, que se dirigiu especificamente ao governo norte-americano para que mostrasse as fotos tiradas por um satélite daquele país que estaria no local no momento do abate.

"Gostaríamos que houvesse uma explicação para a presença do jacto militar, que voava num corredor da aviação civil, quase ao mesmo tempo e ao mesmo nível do avião de passageiros", referiu o militar. 

"O caça SU-25 pode atingir uma altitude de 10 Km, de acordo com a sua especificação. Ele estava equipado com mísseis ar-ar R-60, que podem atingir um alvo até 12 Km, e, certamente, ainda com mais precisão a 5 Km", sublinhou. 

E acrescentou que a presença do jacto militar ucraniano pode ser confirmado através de uma filmagem de vídeo feita pelo centro de controlo de Rostov.


No momento do acidente MH17, um satélite norte-americano estava voando sobre a área do leste da Ucrânia, segundo o Ministério da Defesa da Rússia. 



O general russo solicitou a Washington para publicar as fotos do espaço e os dados retidos por ele.
E a sua acusação foi mais longe: o MH17 caiu no interior de uma zona operacional, onde estavam instalados sistemas ucranianos de mísseis de médio alcance terra-ar BUK.

"Temos imagens tiradas do espaço de certos lugares onde a defesa anti-aérea da Ucrânia estava a actuar no sudeste do país", concluiu. 

O general distribuiu algumas dessas imagens.

Da parte norte-americana, até agora, nunca foram divulgadas imagens tiradas pelos seus aviões ou satélites.

3 - Dentro da própria América, começaram a surgir vozes, pondo em causa a versão oficial do governo de Barack Obama.

Uma delas é o próprio ex-candidato presidencial do Partido Republicano e antigo legislador Ron Paul que, segundo o jornal Huffington Post, de 8 de Agosto, sustenta que os EUA *provavelmente estão a esconder a verdade* sobre o abate do MH17.

Segundo Paul, a maior parte da informação detida pelo governo do seu país não está a ser transmitida aos norte-americanos.



O antigo legislador é categórico: os EUA, com toda a gama de capacidade de recolha de informações, devem ter uma ideia clara do que aconteceu a 17 de Julho.

O antigo candidato presidencial refere as contradições entre as afirmações categóricas da Casa Branca e as precauções dos serviços secretos.

"O governo dos EUA tem lançado a ideia de que foi a Rússia ou os seus aliados que derrubaram o avião da Malásia, com um vulgar míssil anti-aéreo", sublinhou, acrescentando; "mas o pouco que temos ouvido dos serviços secretos é que eles não têm provas de que a Rússia esteja envolvida. Ainda assim a propaganda de guerra teve sucesso ao convencer o público norte-americano de tudo era culpa da Rússia".

4 - A questão é que os dirigentes da União Europeia (UE) se colocaram de cócoras perante a pressão do sistema económico-financeiro-militar norte-americano. 

E este caminho não serve a unidade europeia, nem o seu incremento, nem a cooperação harmónica no interior da Europa (as posições de diferentes classes laboriosas e mesmo capitalistas e inclusive de governos divergem e combatem-se face ao papel que deve se desempenhado por essa mesma Europa numa aproximação programada com a Rússia), nem o investimento na economia desenvolvimentista, nem a sua cimentação política.

Os EUA não são aliados da unidade europeia, são um Estado imperial nazi em decadência, que pretende continuar o seu caminho de superpotência desagregando a UE e fazendo-a cair numa guerra fratricida.

A questão central da UE é de economia política, de busca de um caminho independente, de corte radical com o militarismo agressivo norte-americano.

(A NATO é, neste momento, o instrumento único desse militarismo).

Não concordando com as posições ideológicas do seu autor, mas porque ele representa, certamente, o pensamento de um sector importante da burguesia alemã, termino este meu texto, com citações do editor-chefe do mais importante jornal diário económico alemão, Gabor Steingart. O periódico chama-se "Handelsblatt".

O título do seu artigo de 8 de Agosto é o seguinte: "O Ocidente no caminho errado".

"Tendo em vista os acontecimentos na Ucrânia, o governo (de Merkell) e vários meios de comunicação (do seu país.NM) têm mudado de posição, da moderação para a agitação. O leque de opiniões (moderadas) foi-se reduzindo, à medida que se entra no alastramento do conflito. A política de escalada de confronto não tem um objectivo realista - e prejudica os interesses alemães", assim sintetiza o responsável do jornal o seu artigo.

Começa deste modo o seu artigo: "Qualquer guerra é acompanhada por uma espécie de mobilização mental. Até mesmo as pessoas inteligentes não ficam imunes ao irracionalismo desta febre.

*Esta guerra ainda é uma coisa grande e maravilhosa. É uma experiência mesmo quando milhares caiam mortos nos campos da batalha. Vale a pena regozijar-se com tais factos*. Assim escrevia Max Weber em 1914, quando as atrocidades se abatiam sobre a Europa.
Thomas Mann sentiu "uma purificação, uma libertação e uma imensa esperança". 93 Pintores, escritores e cientistas escreveram, em manifesto com titulado"Apelo ao Mundo Civilizado".

"Max Liebermann, Gerard Hauptmann, Max Planck e Wilhelm Rongten encorajaram os seus compatriotas a envolver-se na crueldade. *Sem militarismo alemão, a cultura alemã teria sido varrida da face da terra há muito tempo. As forças armadas e os alemães são um único corpo. Essa consciência faz com que 70 milhões de alemães estejam irmanados, sem prejuízo de educação, status ou partido".

E, prossegue o seu raciocínio: "Interrompemos a nossa própria linha de pensamento. *A História não se repete*. Mas poderemos afirmá-lo, com tanta certeza, nos dias de hoje?

Os líderes ocidentais apenas vêem na frente dos seus olhos os acontecimentos militares na Crimeia e no leste da Ucrânia. Os chefes de Estado e de governo do Ocidente, de repente, deixaram de fazer perguntas e dizem ter todas as respostas. No Congresso dos Estados Unidos, discute-se, abertamente, a hipótese de armar a Ucrânia. O ex-conselheiro de segurança (dos EUA) Zbigniew Brzezinnski (estrategista judeu importante no lobby de Wall Street. NM) recomenda que se armem os naturais da Ucrânia para os combates casa a casa e de rua. A chanceler alemã, como é seu hábito, fica-se pelas meias-tintas, mas não é menos sinistra. *Estamos prontos para tomar medidas severas*.

O jornalismo alemão mudou, repentinamente, em questão de semanas, passou da moderação para a excitação. O leque das opiniões afunilou-se para um campo de visão de um atirador furtivo.

Nos jornais debatiam-se em torno de pensamentos e ideias, mas colocaram-se todos em fila cerrada, tal como os políticos, solicitando pedidos de sanções contra o Presidente Putin.

Mesmo as manchetes reproduzem essa agressividade, características de claques de vândalos do futebol em apoio de olhos fechados às respectivas equipas que apoiam. 



O Tagessiegel: *Basta de conversa*, o Frankfurter Allgemeine Zeitung: *Mostra a força*, o Suddeustsche Zeitung: *Agora ou nunca*. O Spiegel enche o peito: *fim à cobardia* na *teia de mentiras, propaganda e decepção sobre o engano que Putin expôs. Os destroços do MH 17 são também os destroços da diplomacia". 

A sintonia entre a política ocidental e os grandes meios de comunicação é total.

O articulista lança depois os seus argumentos: "O somatório de acusações e reflexões lançadas em tão curto espaço de tempo com alegações e contra-alegações surgem tão emaranhadas que os factos se tornam completamente obscurecidos.

Quem enganou quem em primeira mão?

Tudo começou com a invasão russa da Crimeia ou o Ocidente, primeiramente, provocou a destabilização propositada da Ucrânia?

A Rússia quer expandir-se para o Ocidente ou é a NATO que pretende dominar para Oriente?

Ou então, uma terceira via, como hipótese, as duas potências mundiais estiveram reunidas à noite à `porta da mesma casa`, orientadas com intenções de acção muito semelhantes e através de terceiros, parceiros indefesos, lançaram o caos para conduzir a uma situação de pré-guerra civil?

Depois de discorrer que, na sua opinião, é uma inutilidade, neste momento, determinar a culpabilidade do início da crise, o articulista sustenta que se deve entrar na via do "realismo" e constatar o que está, realmente, na prioridade da política europeia para superar o desentendimento.

Para Gabor Steingart, para a Europa uma política de incremento das tensões é prejudicial, por um lado, para a sua economia, por outro, para a política.

"A situação - elucida - é muito diferente para os Estados Unidos. Ameaças e poses fazem parte dos seus preparativos eleitorais. Quando Hillary Clinton compara Putin a Hitler, ela somente faz esta declaração para arregimentar votos junto dos republicanos, isto e, pessoas que nunca possuíram um passaporte. Para uma parte substancial dos americanos, Hitler é o único estrangeiro que conhecem, por isso a colagem de Adolf a Putin é um ícone de campanha que é bem-vindo internamente. Nesse aspecto, a Clinton e Obama apresentam uma meta realista: apelam ao povo para ganhar eleições, para conseguir mais uma presidência democrata".

Ora, Ângela Merkel não pode utilizar esta visão para a sua política interna. Tem de olhar para a Geografia, e a chanceler tem de actuar com muito maior seriedade.

E isto, porque somos vizinhos da Rússia, porque fazemos parte da Comunidade Europeia, que está, por isso, ligada à própria Rússia, como destinatária da energia e aquele é fornecedora,

Nesse sentido, nós, os alemães, temos um interesse claramente vital na estabilidade e comunicação (com a Rússia). Não podemos dar-nos ao luxo de olhar para a Rússia, com os olhos distantes do Tea Party norte-americano".

O longo artigo do responsável do jornal económico concentra-se na necessidade de aproximação, de conseguir pouco a pouco benefícios mútuos e não "punir e auto-punir" que, na sua opinião, se torna na mesma coisa.

Mesmo que houvesse uma cedência russa, ele interroga-se: "o que traria de bom uma Rússia subjugada?".

Para Gabor, seria um contra-senso, na situação actual, viver a UE, ao lado de um vizinho, com ligações estreitas, em que a sua liderança, que é eleita, seja tratada como um pária e em que, no próximo inverno, terá de contar com os seus cidadãos. 

Ele alonga-se descrevendo as evoluções históricas das lideranças alemãs dos anos 60 e 70 tiveram de suportar para manter a sua independência face aos EUA. 

Situação esta que, frisa, na sua opinião levou às mudanças que se produziram na própria União Soviética e conduziram a sua aproximação à Europa.

Ele chama "verbalistas" aos que, então, estavam longe da Europa e clamavam por dureza.

"Os verbalistas estão de volta e a sua sede está em Washington DC. Mas ninguém nos está a forçar para nos prostrarmos debaixo da sua pata", assinala.

Todavia, acrescenta, se se seguir essa linha, mesmo como certos entraves e relutâncias, ela não protegerá o povo alemão, mas poderá vir a colocá-lo em perigo.

Para o jornalista económico, a evolução alemã, e, europeia, deve pautar-se pelo "envolvimento", pela "moderação". E foi essa, assinala, que deu resultados e que poderá, agora, continuar a dá-los.

Em certo sentido, ele argumenta que o governo alemão (ele fala na dupla Merkel/Steinmeir) deve cortar com a política belicista da administração norte-americana, ou seja o contrário do que conduziu à paz e estabilidade na Europa.

"Agora (e já há longo tempo), a América está a fazer exactamente o oposto. Todos os conflitos onde se mete são incrementados. O ataque de um simples grupo terrorista chamado Al Qaeda é transformado numa campanha mundial com o Islão. O Iraque foi bombardeado, com justificações mais que duvidosas. Em seguida, a Força Aérea dos EUA metralham o Afeganistão e o Paquistão. A relação com o mundo islâmico pode, justamente, considerar-se com foi seriamente abalada", referiu.



E especificou: " Se o Ocidente tivesse julgado o governo dos EUA de então, que invadiram o Iraque, sem qualquer resolução da ONU e sem provas da existência de *armas de destruição maciça* pelos mesmos padrões que pretende fazê-lo hoje com Putin, então George W. Bush deveria ser proibido, de imediato, de entrar na UE. Os investimentos estrangeiros de Warren Buffett deveriam ter sido congelados, a exportação de veículos das marcas GM, Ford, Chrysler, deveriam ser proibidas de entrada na UE. 

A tendência americana para começar, primeiro, uma escalada verbal, e depois, militar, para tentar conseguir o isolamento, a demonização e atacar, às cegas, os inimigos não se revelou eficaz. A última acção militar de sucesso dos EUA foi o seu desembarque na Normandia. Tudo o resto - Coreia, Vietname, Iraque, Afeganistão - foi um fracasso evidente.
Deslocando unidades da NATO na direcção da fronteira polaca e pretendendo armar a Ucrânia é uma continuação de uma falta de diplomacia através de meios militares.
"Esta política de acção de lançar a sua cabeça contra a parede - e pratica tal acto onde a parede é mais grossa - apenas lhe dá uma dor de cabeça e nada mais. 

Temos de verificar que a parede tem uma enorme porta que está na relação da Europa coma a Rússia. E a chave para a resolução de um diferendo nesta situação é pratica "a conciliação de interesses".


5 - Do ponto de vista classista, que eu defendo,
a importância da unidade europeia não está ligada apenas a um alargamento de uma estrutura organizacional política num território que a torne potência mundial.

Essa importância advém, principalmente, porque tal alargamento fez alastrar, sem condições, a dominação económica e política da burguesia, acabando com resquícios de um pré-capitalismo incipiente que existiam em muitos Estados, que se intitulavam socialistas, na realidade, governados, ditatorialmente, sob a forma de capitalismo de Estado obsoleto.

(Esses resquícios devem ser debatidos ideologicamente e combatidos como formas anti-democráticas de poder capitalista que nada tem a ver com o socialismo)

E esse avassalamento capitalista, que ainda mostra fraquezas e incoerência, que limitam a formação de uma cooperação interestatal mais estreita, o que torna, na realidade, um entrave para um incremento da consciência, entre as classes trabalhadoras, sem incremento esse e sem a correspondente teoria programática da criação de uma nova sociedade, tem, ainda agora, pés de barro.

Significa isto que a consolidação da UE, como estrutura independente política e economicamente, do protectorado norte-americano, tem de evitar que aquele explore as tensões nacionais e as atitudes anti-democráticas que vão surgindo no seio europeu, e de desenvolver, ao mesmo tempo, uma política comum de comércio, de agricultura, de indústria, e de poder militar, que tenha em conta as autonomias nacionais e a capacidade dos seus cidadãos intervirem na sua gestão.

Ou seja, a unidade da Europa tem de se obtida não só contra os actuais dirigentes capitalistas que a governam e contra outros entraves internos, como o domínio do capital financeiro internacional, mas também, em primeiro lugar, contra a hegemonia imperialista norte-americana e, secundariamente, contra os restos de poder imperial que está impregnado o regime russo.
Michal Bociurkiw, o primeiro observador da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) a chegar junto dos destroços do avião abatido na Ucrânia confirmou a informação de que a fuselagem do aparelho apresenta “marcas nos estilhaços que parecem ser de munições de metralhadoras, poderosas metralhadoras”.
Por outro lado, tal como admitiu anteriormente o piloto alemão Peter Haisenko através da observação de fotos de alta resolução de restos do cokpit, entretanto retiradas da internet, os destroços do aparelho não apresentam sinais de míssil, na opinião do representante da OCSE.
As informações de Bociurkiw, obtidas através da observação no local “de dois ou três pedaços da fuselagem”, coincidem com a interpretação do comandante alemão Peter Haisenko com base na imagem de alta resolução: o avião tem marcas que podem ser de munições de metralhadoras como as que equipam os SU 25, pelo que foi provavelmente abatido por caças da aviação ucraniana. As imagens divulgadas durante o depoimento do observador da OSCE confirmam que as imagens que serviram de base à análise do piloto alemão são efectivamente do avião malaio.
Caças foram detectados nas imediações do avião acidentado pelo controlador aéreo espanhol “Carlos”, que trabalhava na torre de controlo do aeroporto de Kiev quando se deu a catástrofe, por testemunhas oculares momentos antes do desastre, e pelos radares russos, segundo provas apresentadas pelo Ministério da Defesa de Moscovo.
As informações divulgadas por Michal Bociurkiw à estação de televisão canadiana de televisão CBS contribuem para afastar um pouco mais a tese do derrube através de um míssil, uma vez que os restos do aparelho não mostram indícios da acção de um engenho deste tipo, tal como interpretara o piloto alemão.
Michal Bociurkiv é o porta voz da missão da OSCE na Ucrânia, tem origem ucraniana e nacionalidade canadiana. Esteve no local do acidente imediatamente a seguir à queda do aparelho e agora voltou a fazer parte do primeiro grupo de representantes da OSCE a visitar o local depois de a situação dos combates na região o permitir.

Urszula Borecki, Kiev 
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/2014_08_12/Autoridades-dos-EUA-sabem-do-acidente-do-voo-MH-17-muito-mais-do-que-revelam-2053/

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