1 - Quando o Consórcio
Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) denunciou, há cerca de um
mês, que uma enorme estrutura de evasão fiscal, que enquadrava, pelo menos,
mais de 340 grandes empresas capitalistas internacionais, principalmente,
aquelas que incluíam os maiores bancos de Wall Street e da City londrina,
estava organizada, e funcionou – e continua a funcionar - sob a aprovação e
supervisão dos governantes do Luxemburgo, onde pontificava o
ex-primeiro-ministro e actual presidente
da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, uma
exclamação, uníssona, surgiu entre os comentadores
político-económicos, minimamente decentes de todo o Mundo:
A
República do capitalismo bancário mais desclassificado e indigente domina as
nossas vidas.
Na realidade, os sucessivos escândalos financeiros do
grande capital, que abalam o chamado *mundo ocidental* - ou seja o centro do
grande capital bancário especulativo -, desde o chamado +caso Madoff+ nos
Estados Unidos em 2008, passando, também, naquele ano, pela falência do banco
Lehman Brotheres, que, na altura, deteria cerca de 460 mil milhões de euros de
activos, passando para o outro lado do Atlântico, onde em 2012, os grandes
bancos, Barclays, HSBC, Lloyds e Royal Bank of Scotland, estavam, em vias de
falência, tendo sido recapitalizados com dinheiro do Estado.
Em menor escala, mas igualmente dentro do mesmo tipo
de vilanagem, estão os negócios fraudulentos e ruinosos, dos bancos
portugueses, nomeadamente, BCP, BPN, BPP e BES, ou espanhóis, com o Bankia.
(Bernard Madoff foi um dos homens fortes do NASDAQ,
e, era o presidente de uma sociedade de investimento, que se tornou um dos
pilares de Wall Street.
Profundamente ligado ao *lobby* judaico
norte-americano, de que era um dos +sumo sacerdotes+, foi acusado, em Dezembro de
2008, de ter praticado uma fraude gigantesca que poderá ter ultrapassado os 65
mil milhões de dólares. O envolvimento de grandes bancos é aterrador, mas só
Madoff foi detido!!!
Ainda em 2008, deu-se nos Estados Unidos a maior
falência de uma empresa capitalista no país, precisamente, o banco Lehman
Brothers. Quando se deu a falência, a instituição financeira tinha em activos
cerca de 460 mil milhões de euros. Desapareceram.
O Estado, através das Administrações, primeiro, George
W. Bush e Barack Obama, sacaram o dinheiro aos contribuintes, para
recapitalizar aquele banco, bem como outros, como o Goldman Sachs e o Bank of
América.
Em 2010, em Inglaterra foi divulgado que os grandes
bancos, Barclays, HSBC, Lloydes e Royal Bank of Scotland – bem como sete outros
de menores dimensões – estavam metidos, até ao pescoço, num colossal esquema de
especulação financeira, com a venda de produtos fictícios ou de alto risco que
entraram em colapso.
O contribuinte foi o lesado, pois foi-lhe sacado
dinheiro para recapitalizar aquela horda de proxenetas financeiros.
Os casos dos bancos portugueses são conhecidos: os
capitalistas financeiros portugueses defraudaram, abertamente, os depositantes
e pequenos accionistas, o Estado, numa relação promíscua entre políticos, banqueiros
especuladores desclassificados, lobbies maçónicos e outros e da própria Igreja
Católica).
2 – A realidade desta roubalheira toda – sem qualquer
efectiva repressão, com mão de ferro, sobre os seus fautores: banqueiros,
especuladores financeiros, responsáveis de topo das principais empresas
económico-financeiras, desde a alta tecnologia até aos latifundiários, que
sacaram as grossas fatias dos fundos comunitários e a protecção dos Estados –
está no restrito exercício do poder real pela lumpen grande burguesia
capitalista.
O episódio Juncker é, pois, relevante e significativo:
quem está no poder na União Europeia não é a burguesia no seu conjunto, mas um seu
extracto, que é a mais desclassificado, a grande burguesia capitalista
especuladora.
Do poder, estão, praticamente, excluídos os outros
sectores dessa burguesia, bem como a pequena burguesia e, de maneira mais
evidente, as classes trabalhadoras.
O que, em termos de economia política, representa que
o sector produtivo capitalista, aquele que mostra o seu verdadeiro poder
desenvolvementista, já nada significa, do ponto de vista do capital financeiro
mundial, - sim porque este capitalismo é transnacional, e pouco se interessa
com os processos produtivos harmónicos e cooperantes de Estados e Nações-o
objectivo é manter dependência do Capital, que eles detém todos os processos da
estrutura económica.
Quer isto dizer que a actual míngua das finanças públicas
é um processo forjado, há muito, pelo capitalismo financeiro (através dos seus
agentes e lacaios colocados em postos-chaves) para que o Estado esteja, total e
permanentemente na sua mãos.
A crise financeira mundial de 2008 veio mostrar isso
mesmo: inicia-se nos Estados Unidos da América, com uma voracidade tremenda –
praticamente todos as principais instituições bancárias e de seguros entram, ou
estão à beira do colapso.
a máquina de fabricação de dólares chegou ao fim
Wall Street, sem meias medidas, através da Reserva
Federal (o Banco Central norte-americano), obrigou a Administração de Washington
a lançar-se num frenesim de multiplicação de dólares para acudir ao *buraco*
enorme da dívida privada.
E, de uma
penada, fez girar o movimento da sacagem de dinheiro para o sistema financeiro
europeu subserviente.
Para pagar *aos credores* - esses abutres financeiros
de Wall Street – o poder político europeu, em sintonia, foi despojar, com todas
as artimanhas fraudulentas e manipuladoras, os salários e pensões dos sectores
mais desprotegidos das classes trabalhadoras e dos pensionistas, que já
deixaram de laborar.
Mas, esta manigância distorcia, propositadamente, os
equilíbrios orçamentais, por muito que os apologistas desse poder político o
fizesse ecoar, em grandes parangonas, nos seus meios de comunicação social.
Na realidade, o deficit público cresceu, integrando na
dívida pública, a privada, não só nos Estados Unidos, como na União Europeia.
Os capitalistas financeiros engordaram, fomentaram a
corrupção, enriqueceram os seus sequazes políticos, transformaram o Estado num
imenso *poço sem fundo* de gatunagem e vilanagem.
Desde Bruxelas até Lisboa.
Desde Juncker até Passos Coelho, passando por Sócrates
e Paulo Portas, ou Miguel Macedo
Não há equilíbrio orçamental enquanto não se impuser
limitações drásticas às especulações financeiras e económicas, e enquanto não se
entrar no corte sem contemplações dos interesses do poder económico e político
dominante.
Porque o deficit estatal é o maná onde medra toda a
chafurdice humana que está ao serviço do lumpem capitalismo financeiro, a
fonte real de todo o enriquecimento sem controlo e sem qualquer tipo de pudismo
moral.
3 – A denúncia da evasão fiscal *legal* do capitalismo
internacional, através do Luxemburgo, com Juncker a ser *coroado* Presidente da
Comissão Europeia – todos os casos que serpenteiam pelo mundo do capital dos
EUA à China, passando pela UE – é o exemplo acabado da actual situação do poder
político nos diferentes Estados e Nações, aparentemente, diferenciadas no seu
exercício.
EUA, China, Rússia, UE, Brasil, Índia, África do Sul,
México, Irão ou Argentina nada mais são do que uma coligação concorrencial de
uma imensa e tentacular empresa especuladora accionista, cujas partes buscam a
supremacia mundial, ou, no mínimo, uma repartição por parcerias para explorar
as riquezas dos povos, dos Estados ou das Nações.
O que sucedeu com Juncker/Luxemburgo, ratificado pela
fina nata dos representantes dos capitalistas europeus em Bruxelas, ou das
manigâncias de Wall Street/Reserva Federal, ou no pequeno Portugal, o domínio
dos banqueiros no poder político, representa, exactamente, essa relação social:
Em todos esses escândalos – acrescento os dos chineses,
denunciados em 2008, em que os banqueiros e administradores financeiros das
grandes empresas estatais sacavam os lucros em proveito próprio das mesmas, ou
oligarcas russos que controlam a Duma, o Kremlin ou os governos regionais – é o
lumpen capitalismo financeiro que faz as leis, através dos seus representantes,
enquadra toda a estrutura superior da Função Pública, manipula a magistratura a
seu favor, inventado, de vez em quando, uma investigação em que atinge uma ou
duas personalidade, ficando tudo na mesma, controla as grandes empresas de
comunicação social, dirigindo e manipulando a informação.
4 – Um grande acontecimento mundial trouxe uma
realidade que obrigou as diferentes classes e sectores classistas afastados do
poder a olhar para o Mundo de outra maneira, já o referimos: a crise profunda financeira,
económica, política e social iniciada em 2008, e, até agora, sem solução no
sistema em que vivemos.
O bordel capitalista financeiro – e os seus
serventuários políticos, executivos e militares – estão confrontados com uma efervescência
larvar e crescente – conflitos constantes, a maior parte das vezes sangrentos,
levantamentos de milhões de pessoas, desde os Estados Unidos à China, a ineficácia
na recomposição da economia produtiva, o desemprego galopante, as migrações
avassaladoras de pessoas em busca de uma vida melhor – está a tornar o seu edifício
estatal transnacional cada vez mais paralisado.
No fundo, a situação está a entrar num precipício,
principalmente porque esse capitalismo financeiro que enquadra e domina o modo
de produção vigente apresenta fissuras
enormes, e, é ele, quer queiramos, quer não, que está a regular, a subordinar
todo o conjunto da vida social e das suas relações no interior dos Estados,
grupos de Estados, Nações, futuras Nações.
E daqui estão a retirar-se, ou vão retirar-se
consequências, sejam reacionárias ou revolucionárias, mas são estas que estão a
buscar alternativas, ainda em titubeio, com algumas obscuridades, de um novo
tipo de poder.
E isto porque – ainda que não haja uma percepção em
toda a sua extensão, mas existem indícios explícitos – as forças sociais que
produzem, que laboram (materiais e classistas) estão a avançar, ainda que não
se percebam todos os contornos, para confrontar o modelo produtivo que nos
governa e dirige.
EUA em chamas
Não se pode dizer, com clareza, nem afirmar que vai
ser do pé para mão, mas aproximam-se tempos – não sei dentro de quantos anos –
de que um revolucionamento social em larga escala pode ocorrer.
E o foco, para mim, neste momento está centrado na
União Europeia.
Claro que, para ser vitoriosa, esta perspectiva terá
de conter a prática, mas também a teoria dessa revolução.
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