quinta-feira, 27 de novembro de 2014

MONSTRO FINANCEIRO À BEIRA DE PRECIPÍCIO, A LUZ NO TÚNEL MOSTRA UMA OUTRA SOCIEDADE

1 - Quando o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) denunciou, há cerca de um mês, que uma enorme estrutura de evasão fiscal, que enquadrava, pelo menos, mais de 340 grandes empresas capitalistas internacionais, principalmente, aquelas que incluíam os maiores bancos de Wall Street e da City londrina, estava organizada, e funcionou – e continua a funcionar - sob a aprovação e supervisão dos governantes do Luxemburgo, onde pontificava o ex-primeiro-ministro  e actual presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, uma exclamação, uníssona, surgiu entre os comentadores político-económicos, minimamente decentes de todo o Mundo:

A República do capitalismo bancário mais desclassificado e indigente domina as nossas vidas.

Na realidade, os sucessivos escândalos financeiros do grande capital, que abalam o chamado *mundo ocidental* - ou seja o centro do grande capital bancário especulativo -, desde o chamado +caso Madoff+ nos Estados Unidos em 2008, passando, também, naquele ano, pela falência do banco Lehman Brotheres, que, na altura, deteria cerca de 460 mil milhões de euros de activos, passando para o outro lado do Atlântico, onde em 2012, os grandes bancos, Barclays, HSBC, Lloyds e Royal Bank of Scotland, estavam, em vias de falência, tendo sido recapitalizados com dinheiro do Estado.

Em menor escala, mas igualmente dentro do mesmo tipo de vilanagem, estão os negócios fraudulentos e ruinosos, dos bancos portugueses, nomeadamente, BCP, BPN, BPP e BES, ou espanhóis, com o Bankia.


 

(Bernard Madoff foi um dos homens fortes do NASDAQ, e, era o presidente de uma sociedade de investimento, que se tornou um dos pilares de Wall Street.

Profundamente ligado ao *lobby* judaico norte-americano, de que era um dos +sumo sacerdotes+, foi acusado, em Dezembro de 2008, de ter praticado uma fraude gigantesca que poderá ter ultrapassado os 65 mil milhões de dólares. O envolvimento de grandes bancos é aterrador, mas só Madoff foi detido!!!

Ainda em 2008, deu-se nos Estados Unidos a maior falência de uma empresa capitalista no país, precisamente, o banco Lehman Brothers. Quando se deu a falência, a instituição financeira tinha em activos cerca de 460 mil milhões de euros. Desapareceram.

O Estado, através das Administrações, primeiro, George W. Bush e Barack Obama, sacaram o dinheiro aos contribuintes, para recapitalizar aquele banco, bem como outros, como o Goldman Sachs e o Bank of América.

Em 2010, em Inglaterra foi divulgado que os grandes bancos, Barclays, HSBC, Lloydes e Royal Bank of Scotland – bem como sete outros de menores dimensões – estavam metidos, até ao pescoço, num colossal esquema de especulação financeira, com a venda de produtos fictícios ou de alto risco que entraram em colapso.

O contribuinte foi o lesado, pois foi-lhe sacado dinheiro para recapitalizar aquela horda de proxenetas financeiros.

Os casos dos bancos portugueses são conhecidos: os capitalistas financeiros portugueses defraudaram, abertamente, os depositantes e pequenos accionistas, o Estado, numa relação promíscua entre políticos, banqueiros especuladores desclassificados, lobbies maçónicos e outros e da própria Igreja Católica).

2 – A realidade desta roubalheira toda – sem qualquer efectiva repressão, com mão de ferro, sobre os seus fautores: banqueiros, especuladores financeiros, responsáveis de topo das principais empresas económico-financeiras, desde a alta tecnologia até aos latifundiários, que sacaram as grossas fatias dos fundos comunitários e a protecção dos Estados – está no restrito exercício do poder real pela lumpen grande burguesia capitalista.

O episódio Juncker é, pois, relevante e significativo: quem está no poder na União Europeia não é a burguesia no seu conjunto, mas um seu extracto, que é a mais desclassificado, a grande burguesia capitalista especuladora.

Do poder, estão, praticamente, excluídos os outros sectores dessa burguesia, bem como a pequena burguesia e, de maneira mais evidente, as classes trabalhadoras.

O que, em termos de economia política, representa que o sector produtivo capitalista, aquele que mostra o seu verdadeiro poder desenvolvementista, já nada significa, do ponto de vista do capital financeiro mundial, - sim porque este capitalismo é transnacional, e pouco se interessa com os processos produtivos harmónicos e cooperantes de Estados e Nações-o objectivo é manter dependência do Capital, que eles detém todos os processos da estrutura económica.

Quer isto dizer que a actual míngua das finanças públicas é um processo forjado, há muito, pelo capitalismo financeiro (através dos seus agentes e lacaios colocados em postos-chaves) para que o Estado esteja, total e permanentemente na sua mãos.

A crise financeira mundial de 2008 veio mostrar isso mesmo: inicia-se nos Estados Unidos da América, com uma voracidade tremenda – praticamente todos as principais instituições bancárias e de seguros entram, ou estão à beira do colapso.

a máquina de fabricação de dólares chegou ao fim

Wall Street, sem meias medidas, através da Reserva Federal (o Banco Central norte-americano), obrigou a Administração de Washington a lançar-se num frenesim de multiplicação de dólares para acudir ao *buraco* enorme da dívida privada.

E,  de uma penada, fez girar o movimento da sacagem de dinheiro para o sistema financeiro europeu subserviente.

Para pagar *aos credores* - esses abutres financeiros de Wall Street – o poder político europeu, em sintonia, foi despojar, com todas as artimanhas fraudulentas e manipuladoras, os salários e pensões dos sectores mais desprotegidos das classes trabalhadoras e dos pensionistas, que já deixaram de laborar.

Mas, esta manigância distorcia, propositadamente, os equilíbrios orçamentais, por muito que os apologistas desse poder político o fizesse ecoar, em grandes parangonas, nos seus meios de comunicação social.

Na realidade, o deficit público cresceu, integrando na dívida pública, a privada, não só nos Estados Unidos, como na União Europeia.

Os capitalistas financeiros engordaram, fomentaram a corrupção, enriqueceram os seus sequazes políticos, transformaram o Estado num imenso *poço sem fundo* de gatunagem e vilanagem.

Desde Bruxelas até Lisboa.

Desde Juncker até Passos Coelho, passando por Sócrates e Paulo Portas, ou Miguel Macedo

Não há equilíbrio orçamental enquanto não se impuser limitações drásticas às especulações financeiras e económicas, e enquanto não se entrar no corte sem contemplações dos interesses do poder económico e político dominante.

Porque o deficit estatal é o maná onde medra toda a chafurdice humana que está ao serviço do lumpem capitalismo financeiro, a fonte real de todo o enriquecimento sem controlo e sem qualquer tipo de pudismo moral.

3 – A denúncia da evasão fiscal *legal* do capitalismo internacional, através do Luxemburgo, com Juncker a ser *coroado* Presidente da Comissão Europeia – todos os casos que serpenteiam pelo mundo do capital dos EUA à China, passando pela UE – é o exemplo acabado da actual situação do poder político nos diferentes Estados e Nações, aparentemente, diferenciadas no seu exercício.

EUA, China, Rússia, UE, Brasil, Índia, África do Sul, México, Irão ou Argentina nada mais são do que uma coligação concorrencial de uma imensa e tentacular empresa especuladora accionista, cujas partes buscam a supremacia mundial, ou, no mínimo, uma repartição por parcerias para explorar as riquezas dos povos, dos Estados ou das Nações.

O que sucedeu com Juncker/Luxemburgo, ratificado pela fina nata dos representantes dos capitalistas europeus em Bruxelas, ou das manigâncias de Wall Street/Reserva Federal, ou no pequeno Portugal, o domínio dos banqueiros no poder político, representa, exactamente, essa relação social:

Em todos esses escândalos – acrescento os dos chineses, denunciados em 2008, em que os banqueiros e administradores financeiros das grandes empresas estatais sacavam os lucros em proveito próprio das mesmas, ou oligarcas russos que controlam a Duma, o Kremlin ou os governos regionais – é o lumpen capitalismo financeiro que faz as leis, através dos seus representantes, enquadra toda a estrutura superior da Função Pública, manipula a magistratura a seu favor, inventado, de vez em quando, uma investigação em que atinge uma ou duas personalidade, ficando tudo na mesma, controla as grandes empresas de comunicação social, dirigindo e manipulando a informação.

4 – Um grande acontecimento mundial trouxe uma realidade que obrigou as diferentes classes e sectores classistas afastados do poder a olhar para o Mundo de outra maneira, já o referimos: a crise profunda financeira, económica, política e social iniciada em 2008, e, até agora, sem solução no sistema em que vivemos.

O bordel capitalista financeiro – e os seus serventuários políticos, executivos e militares – estão confrontados com uma efervescência larvar e crescente – conflitos constantes, a maior parte das vezes sangrentos, levantamentos de milhões de pessoas, desde os Estados Unidos à China, a ineficácia na recomposição da economia produtiva, o desemprego galopante, as migrações avassaladoras de pessoas em busca de uma vida melhor – está a tornar o seu edifício estatal transnacional cada vez mais paralisado.


No fundo, a situação está a entrar num precipício, principalmente porque esse capitalismo financeiro que enquadra e domina o modo de produção vigente  apresenta fissuras enormes, e, é ele, quer queiramos, quer não, que está a regular, a subordinar todo o conjunto da vida social e das suas relações no interior dos Estados, grupos de Estados, Nações, futuras Nações.

E daqui estão a retirar-se, ou vão retirar-se consequências, sejam reacionárias ou revolucionárias, mas são estas que estão a buscar alternativas, ainda em titubeio, com algumas obscuridades, de um novo tipo de poder.

E isto porque – ainda que não haja uma percepção em toda a sua extensão, mas existem indícios explícitos – as forças sociais que produzem, que laboram (materiais e classistas) estão a avançar, ainda que não se percebam todos os contornos, para confrontar o modelo produtivo que nos governa e dirige.

 EUA em chamas

Não se pode dizer, com clareza, nem afirmar que vai ser do pé para mão, mas aproximam-se tempos – não sei dentro de quantos anos – de que um revolucionamento social em larga escala pode ocorrer.

E o foco, para mim, neste momento está centrado na União Europeia.

Claro que, para ser vitoriosa, esta perspectiva terá de conter a prática, mas também a teoria dessa revolução.

Não nasce e vence, por obra e graça do espírito santo.

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