1
– O poder estatal, actualmente, no Mundo - seja qual for a potência ou o vulgar
país ou Nação capitalista, desde os Estados Unidos a China, passando pela União
Europeia, Rússia, Índia, Japão, Coreias, Cuba, Brasil, Argentina, México,
África do Sul, e acabando no rol de médios e pequenos territórios, desde África
à América do Sul, incluindo Próximo, Médio e Extremo Orientes - tornou-se o centro de toda a devassidão,
podridão, corrupção e crimes económicos, políticos e militares.
Seja
através de eleições, seja sob a forma de regimes ditatoriais, de capitalismo
liberal ou de Estado, toda a estrutura societária terrena está envolvida pelo
poder do Capital.
Quer
seja nos Estados Unidos da América, quer na Rússia, China, Índia ou outro
Estado, de maiores ou menores, dimensões, em parceria político-militar ou não,
ou como potências de economia altamente desenvolvida, essa estrutura societária,
ainda que, dividida por Nações em concorrência, agem como poderes estatais
imperialistas.
São
poderes estatais que, na sua forma de governação, exploram as suas classes
trabalhadoras em nome do capitalismo.


O capitalismo financeiro só traz corrupção e devassidão
E,
essa exploração atingiu a forma de escravatura moderna ultramontana, quando o
domínio de toda a sociedade mundial, na sua extensão, foi logrado pelo lúmpen
capital financeiro.
Embora
se verifique uma concorrência interestatal, que pode levar a formas de
violência inseridas em prováveis guerras de grande envergadura, regista-se,
todavia, que a subjugação desse sector da grande burguesia ultrapassa as
fronteiras, controlando a banca internacional, as bolsas, as matérias-primas, a
alimentação, a alta tecnologia e a indústria de ponta, agricultura.
Um
traço comum, na actualidade, a todos os Estados, com o ascenso, sem qualquer
repartição na restante burguesia, desse sector, é a *asfixia* total que exerce
sobre eles, levando-os à míngua financeira, de modo sempre crescente.
O
estado actual de qualquer sociedade nacional é a dependência das governações
públicas ao esbulho dessa lúmpen grande burguesia.
Vivemos,
seja qual for a divergência entre potências, na fase mais aguda do imperialismo.
Não
há possibilidade dentro deste domínio do poder de Estado de estabelecer um
equilíbrio dos orçamentos.
Esta
avassaladora conjugação do imperialismo, que trucida a vida dos assalariados,
contudo, não se traduz numa resposta dos mesmos, rompendo, revolucionariamente,
com essa situação.
Mas,
essa resposta, a revolução, com um novo poder, é, justamente, a única via capaz
de ser mudar o Mundo, tal como a História nos tem demonstrado.
2 –
Esta fase de período eleitoral e/ou referendário em grande parte da Europa,
incluindo Portugal, deve ser aproveitada para reflectir sobre a situação
económico/política.
Porque
não surgiu na segunda metade do século XX uma revolução socialista de
envergadura, período que conduziu, justamente, a uma super exploração
capitalista?
O
retrocesso causado, no seio das classes trabalhadores pelas derrotas das
Revoluções russa de 1917 e chinesa de 1949, conduziu a um adormecimento e
amorfismo nos ímpetos revolucionários.
Paulatinamente,
ao longo da segunda metade do século XX e na primeira década do XXI,
desapareceu dos programas dos partidos e forças políticas que se diziam
socialistas ou comunistas a explanação da necessidade de uma revolução fora do
espartilho dos regimes estabelecidos.
Precisamente,
nesse espaço de tempo, o poder capitalista liberal teve um desenvolvimento
económico substancial, nos planos industriais, agrícolas, e mesmo no incremento
de novas tecnologias, que, em grande medida, suplantaram o poder de capitalismo
de Estado, prevalecente na antiga URSS, China, Cuba, entre outros, levando-os a
sua desagregação ou empurrando-os para soluções ditatoriais, com a implantação em
crescendo da *economia de mercado*.

O levantamento de Praga de 1969 mostrou a fraqueza do capitalismo de Estado

O levantamento de Praga de 1969 mostrou a fraqueza do capitalismo de Estado
Verificou-se,
pois, na realidade, uma calma dentro dos principais países capitalistas, mais
avançados, que permitiu ao capitalismo, como um todo, prosperar, nesse tempo, sem sobressaltos
de maior.
Esta
calma no interior dos grandes Estados capitalistas foi utilizado por eles para
fazerem explodir guerras no seu exterior, cujo objectivo principal foi o
controlo de matérias-primas e os imundos fabulosos negócios de armas.
Na
fase final do século passado, e, na primeira década do actual, fermentou a
ideia em sectores mais avançados das classes trabalhadoras, que desaparecera
a possibilidade de surgir uma revolução face ao peso esmagador de um pretenso
domínio absoluto inamovível dessa grande burguesia financeira desclassificada.
3 –
Todavia, a implantação arrogante e ostensiva do lúmpen capitalismo financeiro,
com as suas descaradas corrupções e criminosos roubos do tesouro público em todo o
mundo, escandalosa e despudoradamente, surgida à luz do dia, primeiro, com a
crise de 2001 e, em seguida de 2007/08, tem criado condições para fazer
irromper uma nova chama de mudança.
Presentemente,
está mais visível que o empobrecimento generalizado das classes trabalhadoras
em todo o mundo está associado ao enriquecimento rapace e sem vergonha dessa
grande burguesia, que utiliza, sem qualquer pudor, o aparelho de Estado e os
governos, formados por seus lacaios.
Os
massacres imperialistas – Estados Unidos, União Europeia, Austrália, Turquia,
Arábia Saudita - na antiga Jugoslávia, no Iraque, no Afeganistão, no norte de
África e no Médio-Oriente, estão a dar condições a uma nova movimentação dirigida
para afastar esse sector classista inútil e prejudicial à evolução da sociedade
mais justa.


O bombardeamento *humanitário* de Belgrado
4 –
Regista-se nos últimos anos o nascimento de um movimento, titubeante,
oscilatório entre o entusiasmo e o cepticismo, em toda a Europa que procura
romper com o actual estado de coisas dentro do sistema capitalista vigente.
Na
realidade, é preciso acompanhar esse movimento, com métodos de esclarecimento,
de utilização das liberdades burguesas, incluindo o trabalhos políticos nos
Parlamentos instituídos.
Mas ele ficará limitado à partida, se não assentar
numa visão clara e sem rodeios de que é necessário um programa de ruptura
revolucionária com a situação existente.
Ou seja, é necessário separar, claramente, os programas revolucionários dos programas sociais-democratas.
Ou seja, é necessário separar, claramente, os programas revolucionários dos programas sociais-democratas.
Tal
como a História nos tem demonstrado, ao longo destes dois séculos de luta
constante contra o poder capitalista, este só tremeu quando os
revolucionamentos se deram sobre a orientação precisa de uma teoria de ruptura, que seja reconhecida em grande parte das sociedades mais avançadas e alvo de
grandes convulsões internas.
E,
tal facto somente sucedeu quando os partidos e forças políticas abandonaram os
programas de alianças inter-classistas, metidos nos seus *feudos* territoriais,
e se reuniram para avançarem na luta sob uma perspectiva única de um programa
socialista de carácter global.
Ora,
este caminho que é lento, deve no entanto ser encaminhado, rapidamente, para
esta via.
Na
Europa, esse caminho pode ser utilizado pelas eleições e outros actos de
agitação política que estão surgindo – e à mercê – de um número crescente de
massas exploradas.
Apesar
da crise social que percorre a União Europeu, o centro de actividade política
mais avançado no Mundo continua a ser esse mesmo espaço.
É
aqui que estão em desenvolvimento as fases embrionárias de uma mudança que se
avizinha; é aqui que começam a existir movimentações dos explorados em larga
escala; é aqui finalmente que desabrocham sintomas de que poderão haver, em
tempos próximos, convulsões revolucionárias de grande envergadura.
Finalmente,
é aqui que essas massas exploradas estão a exigir uma resposta comum
programática para pôr termo à crise social que mina o velho regime europeu.
É, justamente, na Europa que existe a experiência histórica concreta que a alternativa ao Estado imperialista está na revolução (Comuna, Revolução soviética, Revolução Spartaquista-Alemanha, Revolução húngara).
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