1
– A elite conservadora e pró-fascista dominante em parte substancial dos
governos da União Europeia, que fomenta guerras e conflitos em várias partes do
globo, como adorno militar menor dos Estados Unidos da América, arroga-se,
agora, em defensora de um controlo apertado da entrada da onda de refugiados no
seu território.
Ela que, cúmplice e criminosamente, provocou e fomentou o êxodo de gente indefesa em várias partes do Mundo, vítima dos ataques militares, directos e indirectos, através de forças mercenárias, encapotadas como sendo *combatentes islâmicos*.
E,
a hipocrisia atinge as raias do crime consumado friamente, quando muitos desses
países, quatro décadas atrás, lançaram e permitiram, abertamente, a imigração
ilegal de outros países europeus.
Há
quatro décadas, França, Alemanha e Inglaterra abriram as portas a emigrantes
ilegais dos chamados países do sul da Europa (Portugal, Espanha e Itália), e,
em parte, da Turquia e Jugoslávia.
Acenaram-lhes,
através de intermediários e *passadores*, com a manipulação de *melhores
salários* - na realidade salários menores do que os dos operários dos seus
países, o que levou a um decréscimo real do salariato nesses Estados ditos de
economia avançada – para impulsionar as suas economias, reforçando os lucros
das grandes burguesias nacionais.
Para
o efeito, nessa ocasião, tiveram o apoio aberto e/ou encapotado dos governos de
Portugal, Espanha, Itália, da então Jugoslávia e da Turquia, que, deste modo,
procuravam evitar as implosões internas nos seus regimes fascistas e/ou ditatoriais
a braços com eventuais colapsos, abalados por crises económicas e políticas.
Quantas
mortes de emigrantes ilegais se deram (e são anónimas), e, não foram
contabilizadas ao atravessar as raias de Portugal com Espanha e de Espanha para
França.
emigração portuguesa nos anos 60
Quantas
tragédias humanas ocorreram nesses países, com os seus emigrantes endividados
para conseguirem satisfazer os cambalachos chorudos dos *passadores*, cujos
*saltos* eram controlados, monetariamente, na maior parte dos casos, nas
fronteiras pelas forças das polícias (civis e secretas) e paramilitares.
No
caso de Portugal, a PIDE/DGS, a Guarda Fiscal e a GNR ou Espanha, a Guardia
Civil e a Brigada Político-Social (BPS), a polícia política de Franco.
Quanto
cinismo e xenofobia encapotados no actual governo, ao fugir com o rabo à
seringa de recolher dois mil desses refugiados.
Governo
esse, que, sem rebuço, menosprezou, ao longo destes quatro anos, a vida dos
seus governados.
Não
se pode esquecer que foi o governo liderado por Passos Coelho que lançou apelos
para que os assalariados portugueses emigrassem, às centenas de milhares nesse
espaço de tempo, para fugir à política de austeridade que pôs em marcha em
Portugal, favorecendo a entrada da grande burguesia financeira capitalista
internacional no controlo de toda a actividade produtiva portuguesa.
Deve-se,
aliás, recordar: a seguir ao 25 de Abril de 1974, em pouco tempo, o Estado
português integrou no seu espaço europeu cerca de 500 mil portugueses emigrados
nas então suas colónias de África (naturais e seus descendentes, uma parte
substancial destes mestiços, sem qualquer tipo de relacionamento cultural e
social com a chamada *metrópole).
Retornados de África em 1974
E
essa integração efectuou-se, sem problemas de maior, no meio de uma crise
económica grave recessiva, sob a pata do FMI, tal como a que grassa na situação
actual.
Qual
a verdadeira razão porque não se faz a integração desses refugiados na UE agora, se, em anteriores situações, 40/30 anos atrás, cerca de 18 milhões de
imigrantes, provindos de países exteriores à União – sem o alargamento a Leste
– se estabeleceram, sem grande alarido, no seu território?
/Segundo
o Eurostat Med, nos finais dos anos 90 do século XX, 3,5 % da população da UE
de então, ou seja 18 milhões de pessoas era imigrante (cinco milhões naturais
de Marrocos, Argélia e Tunísia, e 59% da Turquia e da antiga Jugoslávia (só na
Alemanha viviam dois milhões de turcos)/.
2
– Apesar do alarido noticioso, não é a UE a principal receptora de imigrantes e
refugiados.
Todavia,
juntamente com os Estados Unidos, de quem é cúmplice servil, é promotora dos
mesmos.
Vamos
confrontar os números. E eles são de um organismo controlado, maioritariamente,
pela dupla EUA/EU, o ACNUR, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Refugidos, liderado pelo português António Guterres.
No
relatório do ACNUR, intitulado «Mid-Year Trends 2014», a instituição, que
divulga os dados do primeiro semestre de 2014, sendo que o seu total será
publicado este ano, os sírios são a maior população refugiada sob o mandato do
organismo da ONU.
Já
ultrapassou os três milhões de pessoas, desde que em 2011, os Estados Unidos e
a UE decidiram apoiar os *islamistas radicais*, na sua maioria mercenários
estrangeiros, para afastar do poder no país, o seu Presidente Bashar Al-Assad.
(O
relatório não referencia os palestinianos, expulsos arbitrariamente pelos
israelitas desde 1948 que estão sob a protecção da Agência das Nações Unidas de
Assistência aos Refugiados da Palestina- sigla em inglês UNRWA).
Depois
de Síria, vem o Afeganistão, com 2,9
milhões.
Seguem-se
a Somália (1,1 milhão), Sudão (670 mil), Sudão do Sul (509 mil), República
Democrática do Congo (493 mil), Myanmar (480 mil) e Iraque (426 mil).

Refugiados no Líbano
Na
origem deste fluxo de refugiados, estão guerras e conflitos, atiçados, todos
eles, pela política expansionista dos Estados Unidos da América.
E
quem são os principais países receptores?
Para que conste, não são os Estados
Unidos ou a União Europeia.
Cita-se,
segundo o ACNUR: Paquistão (que sozinho
abriga 1,6 milhão de refugiados afegãos), Líbano (1,1 milhão), Irã (982 mil),
Turquia (824 mil), Jordânia (737 mil), Etiópia (588 mil), Quénia (537 mil) e
Chade (455 mil).
Comparando
o total de refugiados relativamente à população, Líbano e Jordânia é quem
possuem a maior população refugiada, de acordo com o relatório.
“Em
2014, nós vimos o número de pessoas sob os nossos cuidados crescer de uma forma
sem precedentes. Enquanto a comunidade internacional não achar soluções para os
conflitos existentes e para prevenir os que estão começando, vamos ter de
continuar a lidar com as consequências humanitárias”, disse o Alto Comissário
das Nações Unidas para Refugiados António Guterres.
3
– Deve-se, todavia, reflectir sobre o actual fluxo migratório para a UE, em
especial para a Alemanha.
Em
primeiro lugar, na minha opinião, tem de se questionar a razão de um súbito
engrossamento migratório organizado e explorado, nos dois últimos anos.
Este
ano, de repente, em vagas, perfeitamente estruturas, mas sem qualquer
segurança, o fluxo migratório para a União triplicou.
E,
de uma maneira visível, com objectivos concretos de país de acolhimento:
Alemanha e Inglaterra.
Em
segundo lugar, porque razão os principais órgãos de comunicação dos Estados
Unidos dedicam páginas e páginas, ao que se passa na UE e quase silenciam a
exploração criminosa de imigrantes ilegais, nomeadamente da América Latina.
Estados
Unidos esses, que implantaram, nas últimas décadas, uma política imigratória
altamente restritiva e repressora face aos hispânicos, tendo construído, para o
efeito, o maior muro fronteiriço com o seu vizinho México.
Esse
território, cerca de cinco mil quilómetros, tem um muro, com intervalos de
arame farpado, vigiado, diariamente, por polícias de fronteira norte-americana e por sofisticados sistemas electrónicos,
aparentemente – e esta aparência, está percorrida pelo dinheiro e corrupção,
com o objetivo de impedir a entrada de imigrantes ilegais nos Estados Unidos.
Voltemos
ao primeiro item, o aumento repentino do fluxo.
É
um pouco estranho que pessoas com famílias completas, sem condições monetárias
suficientes para pagar a eventuais intermediários, polícias e outros agentes
estatais de países que atravessam – e eles percorrem distâncias e fronteiras
que vão da África profunda até ao Bangladesh, passando depois pelo Médio-Oriente – pagando só nas *viagens* do
Mediterrâneo valores da ordem dos 10 mil euros.
Na
realidade, pergunto: quem financia estes desesperados?
Quem
organiza, com precisão, estas redes que convergem para locais, controlados, de
uma maneira ou de outra, por forças, embora dizendo-se islâmicas, aliadas
ou cúmplice do chamado Ocidente, como o caso da Líbia actual ou a Turquia,
enquadrada na NATO.
Como
é possível que essas embarcações saiam para alto mar, sendo as costas e o
Mediterrâneo oriental patrulhado por dezenas de navios da NATO e vigiada,
permanentemente, por complexos sistemas de satélites e de aviões- espiões?
No
fundo, quem será a potência – ou potências – que está (estão) interessada(s) na
destabilização da UE, sem Exército único, para a controlar, mais abertamente, enviando depois unidades militares para o seu interior, desde Espanha até aos países raianos com a Rússia (Polónia, Estónia, Lituânia, Estónia, Bulgária, entre outros?
Atentemos,
agora, o afã dos grandes meios de comunicacão dos Estados Unidos, ligados todos
eles, desde jornais às televisões, ao lobby capitalista de Wall
Street, centrados na movimentação de refugiados na UE, nos últimos meses.

O
que leva, objectivamente, a obscurecer – melhor
dizendo, a desviar a atenção -
a imigração ilegal nos/e para os EUA, e, a exploração desenfreada dessa enorme
massa assalariada ao serviço da exploração capitalista no interior dos Estados
e cerca da fronteira mexicana.
Os
factos: existe uma população de imigrantes ilegais, a trabalhar em condições
por vezes inumanas, nos Estados Unidos estimada em cerca de 11 milhões de
pessoas em 2014 – estável nos últimos cinco anos, segundo um documento
divulgado a 22 de Julho deste ano pela Pee Research Center.
Vejamos
agora o que a grande imprensa norte-americana não dá, praticamente, relevo.
Existe
um movimento migratório interno para o norte do México, para se estabelecer junto
à fronteira com os EUA.
Referem
os especialistas, se este movimento se mantiver, dentro de 25 anos, cerca de
40% dos mexicanos estarão a residir nos Estados do México raianos dos Estados
Unidos, onde já vivem perto de 20%.
Em
1990, ali viviam 15 %.
Qual
é a razão deste movimento? Não é favorável para o México, mas para a classe
dirigente dos EUA.
Ora,
acontece que, nas últimas décadas, no lado mexicano da fronteira, foram construídas perto de duas mil fábricas norte-americanas, que utilizam a
mão-de-obra local, com baixíssimos salários.

Estas
empresas ficam situadas, normalmente, junto a uma cidade do México, que tem do
outro lado uma cidade-gémea norte-americana.
Do
lado do México, ficam as linhas de montagem, no território norte-americana, a
gerência e os serviços administrativos.
Para
aqui, no entanto, vão os dividendos da exploração do lado mexicano.
Diariamente,
movimentam-se da fronteira do México para os Estados Unidos cerca de mil
milhões de barris de petróleo, 400 toneladas de pimenta, 240 mil lâmpadas, além
de 51 milhões de peças de todo o tipo.
A
fronteira é também um corrupio de traficância de drogas, armas e de imigração ilegal.
Escondidas
em fundos falsos de camiões, camionetas e outros veículos mercadejam-se
toneladas de remédios banidos por lei, sapatos feitos com pele de animais em
extinção, armas de todos os tipos, além de marijuana, heroína e cocaína.
Obra de gangues mafiosos, mas sempre
sob o controlo clandestino das autoridades estatais dos dois lados, cujas
receitas vão parar aos grandes bancos, os quais fazem o seu branqueamento e as
debitam, depois, legalmente, na circulação monetária.
Naturalmente,
os grandes meios de comunicação norte-americanos não estão interessados nestes
*pormenores*.
4 –
Terminemos com uma reflexão: Não estará toda esta movimentação migratória de
grandes proporções ligada à crise permanente do sistema capitalista mundial,
que não consegue dar a volta à situação?
Será
que ela será percussora de uma grande mudança na sociedade nos próximos anos?
.
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