segunda-feira, 31 de maio de 2010

ATAQUE EM ALTO MAR A UM NAVIO TURCO: A PIRATARIA EM NOME DO ESTADO




As autoridades de Israel cometeram um crime com acusações formais e oficiais de ser efectuado como "terrorismo de Estado" e em violação flagante do direito internacional marítimo.
Assaltou um navio marcante, alugado por uma ONG (Organização não Governamental) turca (que seguia numa formação de outros navios) com um objectivo declarado de "forçar um bloqueio ilegal" para auxiliar poplações cercadas de Gaza, condenadas por um Estado, neste caso, Israel, que não tem jurisdição mandatada de nenhuma instituição legítima internacional, a restringir o acesso de pessoas e bens.
O assalto foi efectuado, ainda por cima, em águas internacionais, que ainda bem agravar a acção ilegitima e provocadora do Estado israelense. Houve mortos entre os passageiros ou activistas do navio, mortes estas feitas à queima-roupa por um grupo de tropa de elite, que agia, claro, em perfeita sintonia com as autoridades de Telavive, ou seja o Primeiro-Ministro, Benjamim Nethanyu. Foi planeado, não haja dúvida.
Esta acção sem qualificação de Israel, ou foi efectuada como um acto de desespero, ou foi realizada com o apoio de um Estado (ou grupos de Estados), que lhe serve (m) de guarda-costas e lhe permite, em nome dos "seus interesses nacionais" no Médio-Oriente de actuar, como o pirata seiscentista inglês Drake o fazia sob os auspícios e a orientação de Isabel I, de Inglaterra, para levar a bom termo a política imperial naquela altura a britânica.
As justificações soezes do Primeiro-Ministro israelita são de um cinismo a toda a prova: agimos em legítima defesa. Que legítima defesa? o ataque partiu das tropas israelitas em alto mar. O governo de Telavive decide actuar em águas internacionais, contra uma frota mercante, arroga-se do direito de fazer um bloqueio a um território, que está sob protecção internacional, e, argumenta - justificações das justificações - que o faz em legítima defesa.
Israel nasceu em 1948, como um Estado artificial, imposto, de fora, pelas potências ganhadoras da II Grande Guerra, Estados Unidos, Inglaterra, França, e antiga URSS (hoje Federação Russa), com o pressuposto de que este Estado seria formado, ao lado, precisamente, de um outro, que se chamaria Palestina, com as populações, na sua maioria muçulmanas, mas não só também cristãs, afastadas arbitratiamente dos seus territórios ancestrais. Foi emitida, formalmente, uma resolução das Nações Unidas para o efeito.
Ora, a constituição deste último Estado foi sempre inviabilizado pelas entidades dirigentes de Israel, que, baseadas num fanatismo religioso judaico, intitulado sionismo, se achavam (e acham) como sendo o povo eleito de deus (o seu Jeová) e se auto-intitulam como proprietárias do Grande Israel, que avançaria pela Síria, Jordânia e o próprio Líbano.
Ora, para conseguir este pressuposto tem contado, ao longo de 60 anos, do apoio declarado da aristocracia finnanceira internacional de origem judaica, que se entranhou nos poderes políticos e económicos do
chamado Mundo Ocidental, como, de maneira particular, beneficiou do apoio financeiro, comercial e militar dos Estados Unidos, como "aliado estratégico" para a sua política imperial no Grande Médio-Oriente.
Israel só consegue fazer o que faz porque beneficia, portanto, deste "guarda-chuva".
Mas, as relações geo-estratégicas e de evolução do comércio, da movimentação financeira mundiais estão a mudar, nos últimos 20 anos. Primeiro de maneira muito incipiente e nebulosa, agora mais evidente.
Os EUA já não são a potência, especialmente económica, incontestável de há 20 anos. Estão percorridos por um crise financeira, económica e social de grandes proporções, corroidos por uma avassaladora dívida externa, que os leva a conter os gastos militares que a fizeram descarrilar para manter a sua capacidade imperial galopante. Está a retrair-se.
No próprio Médio-Oriente emerge, ainda que com uma limitada capacidade produtiva económica, uma potência regional militar AUTO-SUFICIENTE, chamada Irão, que joga com países que estão no tabuleiro onde ainda domina a América do Norte, como a Turquia. Mas não, na América Latina.
Por seu lado, a Rússia está a ser também concorrente, pois está imersa nos interesses geo-estratégicos e materiais de muitos dos países que rodeiam toda a bacia do Cáspio. A Rússia esta que está preocupada com o ascendente iraniano e com todos os rearranjos nacionais e geo-estratégicos regionais da zona.
Zona esta que igualmente é cobiçada pela China, um potência militar já respeitável, mas com um atrofiamneto ainda enorme da sua evolução económica, que está em expansão. Necessita, portanto, em larga escala, das matérias-primas desse Médio Oriente.
Israel sente que pode ser abandonada à sua sorte. Necessita de protecção. Estará esta acção, aparentemente, deseperada, para obrigar os seus protectores a virar-se para a sua defesa? Pode ser uma razão.
Só que a prazo isto não vai dar resultados. A chamada opinião pública começa a ver Israel, não como um Estado de descendentes dos que sofreram as agruras da II Grande Guerra, mas como um braço assasino de pessoas inocentes. Que fazem exactamente, claro que em escala menor, aquilo que efectuou o regime nazi: assassínios éticos, massacres indiscriminados, guerras sem razão de ser, bloqueios para levaram á morte, por falta de comida, de centenas de milhares de pessoas.
Israel está numa encruzilhada. Esta a ser parte do problema.

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