sábado, 30 de outubro de 2010

ACABARAM AS REVOLUCÕES?




Todo o século XX foi sacudido por revoluções, que apesar de não vingarem, deram origem a novos movimentos subservivos.









Entre a Revolução russa de 1917 e os dias de hoje passaram-se 93 anos, percorridos por numerosas tomadas de poder sob os princípios programáticos daquela, outros tantos movimentos revolucionários ou subversivos, onde "o farol" apontava para Moscovo, assistiu-se ao desmembramento estatal da União de Repúblicas que se constituiram em torno do lema do "socialismo soviético". Arrastam-se, actualmente, sob as ruínas "teóricas" reformuladas desse mesmo "socialismo", os poderes de Estado da China, Coreia do Norte, Vietname e Cuba.


Detractores e apoiantes actuais destes últimos poderes afadigam-se, à sua maneira, com a negação ou assentimento acrítico, a denegrir o que, realmente, de revolucionário existiu, e, a depurtar, conscientemente, pelo lado da negação, que os avanços civilizacionais do século passado se forjaram quando se deram rupturas, ainda que momentâneas, nas relações sociais, e, pelo lado do apoio acrítico, a fazer obscurecer o que, na realidade, o Estado existente nesses países, e que foi formado, após as Revoluções que tiveram lugar, não representam um poder novo, revolucionário.

Naturalmente, uma abordagem deste tema num blog terá ser necessariamente sintético, mas para que possa contribuir para um debate, iremos fazê-lo em "forma de folhetim". Deste modo, neste primeiro texto, colocaremos as linhas principais do nosso pensamento. Seguir-se-ão outros, à medida que se concluam as pesquisas que empreendemos.

1- Em economia política, como nas chamadas ciências sociais, onde situo a História, não podemos afirmar que as verdades permanecem para sempre, nem podemos sustentar, na evolução societária, que os regimes foram sempre os mesmos, e continuarão a ser até aos finais dos tempos, porque na História dos Homens, e isso está perfeitamente comprovado, existiram fases diferenciadas de relações sociais, que trouxeram para as sociedades humanas formas de poderes evolucionistas, que, em momentos precisos, conduziram a rupturas radicais do desenvolvimento interno civilizacional.

Ou seja, as mudanças das sociedades estiveram assentes em revoluções, que, ao seguirem o seu trajecto, ao empreenderem a sua marcha, adquiriram carácter contra-revolucionário, por se modicarem as condições económicas, sociais e políticas, as relações produtivas tomaram novas formas que impulsionaram os homens, na sua situação social, para empreenderem novas transformações.


2 - As Revoluções deram-se, muitas vezes, em situações sociais que não correspondiam ao desenvolvimento económico necessário e a uma maturidade das forças sociais capazes de seguirem "a minoria esclarecida" que tomava o poder, e essa força, que era revolucionária, afastava-se dos reais interesses das grandes massas populacionais, que se tornavam, ou apáticas, ou começavam a seguir os programas dos partidos ou forças mais moderadas.

Na maior parte das vezes, essa "minoria esclarecida", quando conquistava o poder, a prazo, adquiria uma feição claramente contra-revolucionária e ditatorial, embora continuasse a brandir os slogans e consignas da sua primeira fase, claramente revolucionária, de ascensão ao poder;

3 - Se analisarmos, com honestidade e impregnados da capacidade racional da ciência, verificamos que num processo de ruptura civilizacional, esses retrocessos ou derrotas nas Revoluções não representaram o destroçar permanente e definitivo de um novo caminho revolucionário.
O que, na realidade, era trucidado nesses retrocessos foi o lastro social em fase pré-revolucionária, que ainda não estava em condições imanentes para se radicalizar, para ultrapassar o atraso de consciência e material dos grupos sociais, que, embora sendo, potencialmente, os autores desejosos de um novo regime, se retraem e abrem caminho aos arautos da contra-revolução.
Ou seja, em determinadas condições, uma Revolução, que poderia ser a referência para progressos revolucionários mais avançados e alargados, retrocede em contra-revolução e dá armas ao inimigo para atacar e desmoralizar todos aqueles que colocavam as maiores esperanças nessa via revolucionária.

4 - Uma derrota no domínio das ideias pode, durante um período mais ou menos prolongado, ser um entrave à formação de novas forças revolucionárias, a formulação de novos programas de poder subservivo, impedindo o surgimento de partidos verdadeiramente revolucionários.

E, esta atrofia teórica do capital revolucionário pode ser mais prolongada quando as condições económicas se modificam de tal maneira, que subvertem todas as relações sociais e classistas, necesitando de estudos e análises mais apuradas para relançar as orientações de luta e de amadurecimento das consciências políticas.

O que exige, portanto, também uma ruptura teórica sobre a concepção ainda hoje dominante do que é um programa revolucionário.
















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