segunda-feira, 23 de abril de 2012

A ISLÂNDIA PARIU UM RATO




Coitado, ele apenas era cuidadoso, não dava nada a conhecer a ninguém...




1 - Os alvoroçados defensores da actual democracia parlamentar devem ter ficado desiludidos - ou nem por isso -  com o resultado do processo judicial ao antigo primeiro-ministro da Islândia Geir H. Haarde: 


Foi considerado culpado "por não ter informado o restante governo sob a crise financeira" que assolou o país, desde 2008.


(Coitado, conseguiu desfiar a crise completamente sozinho. Os seus ministros eram uns "morcons" e os capitalistas umas aves do paraíso, que cometiam as tropelias, sem contactos com os ministros das Finanças e da Economia. Realmente, mete dó. Como eram todos tão inocentes!!!!!)


Como consequência, ficou livre e nem sequer uma mera multa teve de pagar!!!. Um espanto.


A gentalha que ocupa o poder (o poder é o conjunto do económico, executivo, legislativo, judicial e cultural, não esquecendo *o religioso*) pensa que vai enganar, ainda durante décadas, a populaça, com estes argumentos de vão-de-escada.


Todavia, no imediato, fazem-no, porque os que ocupam o poder político na Islândia, embora se considerem de "esquerda" representam, na mesma, os interesses classistas dos anteriores, com uma veste mais avermelhada.


É preciso que algum mude, para que tudo fique na mesma, já escrevia, há quase 120 anos, Giuseppe Tomasi di Lampedusa, no seu livro "O Leopardo".


2 - Naturalmente, os arautos desta democracia, que se fartaram de enaltecer o facto de o primeiro-ministro da Islândia ter sido acusado e levado a julgamento, contrapondo que, ali não havia impunidade, ao contrário de Portugal onde os fautores e responsáveis da actual crise, que perpassa o solo lusitano, continuavam (e continuam) impunes, ficarão sem argumentos para justificar o seu enquadramento com este tipo de regime corrupto e explorador. 


Seja na Islândia, Portugal, Itália, Reino Unido, Rússia ou China, (sim a China, porque o regime é similar na  apropriação privada dos meios de produção e distribuição, pois o poder assenta, justamente, na mesma forma de capitalismo, embora se diga de Estado. E, formalmente, se intitule socialista, ou mesmo comunista), o regime não se emenda por dentro, não se regenera com o mesmo modelo de poder de Estado, nem de formação económica. 


É uma lição que a História já nos deu à saciedade.


3 - O referido neste ponto diz respeito a uma questão social, mas, no fundo, abrange o outro aspecto da moeda. Viremo-nos para outro país.


Em três penadas, uma mãe argentina viu uma sua filha ser raptada e entrar nas redes organizadas da prostituição no país. 


Para tentar encontrar a sua filha, reza a estória, disfarçou-se de proxeneta (no masculino chulo). 


A mulher chama-se Susana Trimarco, e os apologistas da moralidade burguesa, que vivem à custa da prostituição, dos negócios do armamento, como a civilizada Suécia, do branqueamento de capitais, como os canibais de Wall Street, querem apresentá-la como candidata ao prémio Nobel da Paz.


A sua filha desapareceu em 2003. Soube a mãe, através de um programa de rádio onde participou, que ela estaria num bordel.


Quando lá chegou, claro os chulos já tinham desaparecido com a rapariga.


Foi, então, que decidiu "disfarçar-se" de chula e detectou a longa estrutura tentacular da prostituição, tendo contribuído para a prisão de uns quantos, e principalmente para descobrir que as redes somente funcionavam, porque tinham o apoio da polícia e de alguém mais. 


Da sua filha, nem rasto.


4 - Chegamos, portanto, ao que interessa. 


A prostituição, o tráfico de droga, o branqueamento de capitais, enfim, a rede organizada da agiotagem e do banditismo de grandes proporções somente medra e consegue entrar nos poros da sociedade, porque os aparelhos económicos, políticos e securitários dessa mesma sociedade controlam "essa economia clandestina" de degradação humana. 


Tal como na especulação financeira, essas actividades ditas "marginais" estão protegidas pelos representantes dos regimes de exploração. 


Os seus membros governamentais, policiais, financeiros, são os tutores do sistema. Nunca serão desmembrados, por muitas mães, como a argentina Susana, que actuem, isoladamente, nem produzem resultados radicais.


Somente com uma ruptura social, conduzida pelos movimentos revolucionários da sociedade poderá acabar com esta impunidade que faz parte do actual sistema político. 





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