domingo, 25 de agosto de 2013
O SONHO AMERICANO DOS NEGROS É SOMBRIO
1 – O evento, que ocorreu na capital dos Estados Unidos em 1963, precisamente no dia 28, que ficou conhecido como “A Marcha sobre Washington por Trabalho e Liberdade”, que reuniu centenas de milhares de pessoas, a sua maioria negras, está, nos dias de hoje, a ser comemorada, oficialmente, nos EUA, como se tivesse tratado de um acontecimento “pacifista” que permitiu a “inserção” daquelas na sociedade capitalista, então dominada pela elite branca.
A personalidade que surgiu como dirigente principal dessa manifestação foi um advogado, que associava à profissão uma faceta religiosa militante, como a de múltiplas seitas mercantilistas da ideologia cristã, desde as católicas a protestantes.
Era um hierarca, intitulado reverendo, chamado Martin Luther King.
Representava, na realidade, a ala direitista e pró-sistema capitalista daquele país, mas, como surgia “desenquadrado”, então, económica e politicamente das estruturas dirigentes do Estado, era olhado com desconfiança pela fracção pró-fascista do grande capital financeiro, liderado pelo, como hoje, lobby judeu, que controlava, já na altura, a administração norte-americana, que, estava, no rotativismo oligárquico partidário, sob a direcção do Partido Democrata, com um pretenso liberal, vindo das famílias mafiosas ascendentes, neste caso irlandesas, dentro do Capital estabelecido, que se chamava Kennedy.
Apesar de toda garantia que essa ala organizadora da marcha dera a John Kennedy e às chefias militares, e o programa do movimento apelar a vagas e piedosas palavras de ordem de liberdade, trabalho, justiça social e pelo fim da segregação social contra a população negra do país, as Forças Armadas foram mobilizadas e Luther King foi colocado na lista dos políticos negros a abater à primeira oportunidade.
O que, realmente, veio a suceder, embora lhe tivessem dado à pressa em 1964 um prémio Nobel da Paz.
Os outros dirigentes, tidos como moderados, como Jesse Jackson e John Lewis – o Presidente do sector jovem -, foram integrados, progressivamente, no sistema e são, na actualidade, pacíficos e opulentos senadores democratas.
2 – Quando se efectua esta “marcha pacífica”, a sociedade norte-americana estava completamente mergulhada num sistema fascista de “apartheid” humano, onde os descendentes dos antigos escravos negros, por um lado, e os imigrantes – ou seus descendentes já nascidos nos Estados Unidos – de origem latina, e mesmo da Europa não anglo-saxónica, com uma exploração classista desenfreada e um desprezo total pelo mínimo de bem-estar humano.
A fracção da grande burguesia da classe dirigente norte-americana desprezava e aviltava uma parte significativa da sua população.
Começaram a germinar movimentos de contestação e de organização para enfrentar essa arrogância, que assentava, em grande parte na ligação ideológica dos principais capitalistas, governantes, legisladores e membros dirigentes da CIA e do FBI (Allen e John F. Dulles, Edgar J. Hoover, general Donovan, senador McCarthy, Henry Ford, Du Pont), aos programas pró-hitlerianos de grupos (Ku Klux Klan, White Power, Stormfront) e associações religiosas brancas (mórmons,), que tiveram, no passado, mesmo contactos com o Partido nazi alemão, e, anteriormente, os movimentos esclavagistas derrotados com a guerra civil norte-americana.
No interior do Movimento negro, começam a emergir e a conseguir uma adesão significativa dos negros grupos que contestam o próprio sistema capitalista e preconiza, de certa maneira, um novo poder de Estado separado da oligarquia política dominante.
Logo após a Marcha de Washington, um negro norte-americano, que depois adere ao islão, de carácter revolucionário e nacionalista, no sentido de fomentar um estrutura de poder própria das suas origens rácicas, e que vai ser conhecido como Malcom X, é assassinado em 1965 aos 39 anos “por encomenda” da Administração de Washington.
Na senda de Malcolm X, mas com um sentido de poder de carácter socialista, defendendo a auto-defesa armada dos seus bairros e inclusive a resistência a acções policiais contra eles, formam-se depois os Black Panters (Panteras Negras), por intelectuais negros da Califórnia, como Huey P. Newton, Bobby Seale, Eldridge Cleaver, Ângela Davies, Bobby Hutton e Fred Hamptom. Foram presos e alguns assassinados pelo FBI.
Igualmente, se estrutura outros grupos, como o Black Power, de Stokely Carmichael, que, em 1966, face à repressão que o poder político-policial exerce sobre os negros, lança a célebre frase, que vai percorrer o mundo:
"Estamos gritando liberdade há seis anos. O que vamos começar a dizer agora é poder negro”.
A Administração norte-americana, preocupada com o crescendo militante destes grupos e partidos, e verificando a sua implantação real, engendrou um “programa secreto”, colocando sob a superintendência do FBI, para investigar e actuar, duramente, sobre eles.
Foi “crismado” de Cointelpro, no seguimento directo do mccarthismo”.
Os “Panteras Negras”, porque se militarizaram, foram reprimidos ferozmente e uma parte dos seus dirigentes, friamente, assassinados.
A manifestação mais mediática da divulgação do “Black Power” foi saudação dos atletas norte-americanos dos 100 metros Tommie Smith e John Carlos, primeiro e terceiro na sua categoria, nas Olimpíadas que decorreram, em 1968, no México, que fizeram a saudação do movimento enquanto subiam as bandeiras dos EUA e se ouvia o hino: Eles estenderam o braço com o punho enluvado e fechado.
O Comité Olímpico Internacional (COI) baniu-os dos jogos.
4 – Perante, a emergência de um separatismo negro nos anos seguintes, a Administração norte-americana procurou “esvaziar” o enchimento da contestação negra, e canalizando-o para os carris do sistema político dominante.
Assim, a 7 de Agosto de 1965, o então Presidente dos EUA Lyndon Johnson assinou a Lei sobre o Direito de voto, estendendo, deste modo, esse acto político aos negros e outros minorias.
Mais tarde, transformaram a “Marcha de Washington” em dia feriado e “endeusaram” Martin L. King, depois de o assassinarem.
Naturalmente, “democratizaram” uma parte da classe média negra, permitindo que viessem a ocupar cargos políticos, incluindo o de Chefe de Estado, o actual Barack Obama.
Os 50 anos, naturalmente, vão ter este sucessor, representante do sistema político capitalista imperial norte-americano, a discursar para os seus conterrâneos que vivem na “fossa”.
Qual é a situação real actual da maioria dos negros nos EUA?:
No recenseamento populacional dos EUA de 2010, entre os que especificaram a raça, quase 40 milhões de norte-americanos declararam ser negros, afro-americanos ou negros hispânicos.
Todavia, admitem os especialistas que 1/3 do que se dizem brancos tem um grau elevado de ancestralidade negra.
(A população recenseada em 2010 atingia os 315 milhões de pessoas).
Os dados mais fiáveis sobre a situação de bem-estar social e de evolução societária daqueles podem ser dados, justamente, pelo emprego.
Os valores retirados, relativos a 2011, provêem do Bureau of Labor Statistics (Departamento de Estatísticas do Trabalho) do governo de Washington.
Ora, a taxa de desemprego dos trabalhadores pretos é, aproximadamente, o dobro da dos brancos, independentemente do sector económico.
Um negro no desemprego demora, em média, muito mais tempo a conseguir um novo emprego do que o branco.
Registemos em termos de sexo. O taxa de desemprego das mulheres negras, em 2011, foi de 14,1 por cento, enquanto a das brancas se situou nos 7,4 %.
Quantos aos homens, os negros atingiam os 18,3 %, enquanto os brancos foram registados em 8,3 %.
Vejamos agora em termos de escolaridade, os negros com um diploma de ensino médio atingiram uma taxa de desemprego de 26 %, enquanto os brancos sem esse diploma – nas mesmas condições – era de 12 %.
Relativamente ao ensino superior, a taxa de desemprego dos negros atingiu os 6,9 %, enquanto os brancos, com o mesmo diploma, se ficou nos 3,9 %.
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