1 – Foi praticado um atentado
ignóbil e tenebroso contra um jornal de esquerda – satírico – francês, chamado
*Charles Hebdo*.
Não visou apenas atingir um
jornal que fazia umas caricaturas de Maomé, como se levantou em coro, toda a máfia
*civilizada* da chamada democracia ocidental.
Tratou-se sim um ataque a um
tipo de pensamento que colocava em causa toda a cobardia burguesa capitalista,
seja sob a forma de representação parlamentar ou ditatorial (laica ou
teológica), fosse política, económica ou religiosa.
Este é o busílis da questão, e
o centro do debate com que devemos encarar o assunto.
Naturalmente, a ideologia
dominante tentou canalizar o acto em si para um fanatismo religioso islâmico,
centrado numa obscura estrutura, que se apelida de *Estado Islâmico*, e que
antes do 11 de Setembro de 2001, se intitulava Al Qaeda.
Curiosamente, ambas as
estruturas surgiram do financiamento, formação militar e apoios
logísticos, principalmente dos Estados Unidos da América, com a cumplicidade
declarada da França, Inglaterra e Alemanha.
Em certo sentido, estas
estruturas, também têm objectivos próprios que procuram fortalecer-se, buscando
alguma autonomia dos seus *pais fundadores*.
Isto só é *meia-verdade*, na
realidade, tal tipo de organizações não vivem, nem conseguem medrar fora da
logística, apoio e financiamento dos seus tutores.
São instituições caras,
formadas normalmente por *mercenários* perfeitamente instruídos em treino
militar de tropas especiais.
Raramente, conseguem fugir a
quem as governa.
Servem sempre objectivos.
Podem ser pagas, directamente,
pela Arábia Saudita e monarquias do Golfo, mas só existem se os seus chefes
superiores o permitem.
2 – Quando se pesquisa sobre
os dados que nos são transmitidos pelos órgãos de informação das classes
dominantes ocidentais, verificamos que os presumíveis suspeitos do atentado o
fizeram com uma frieza e uma estrutura de movimento e de informação que somente
poderia ser dada por quem *está dentro* do que se está a passar.
Atentado contra o navio Rainbow Warrior da greenpeace, na Nova Zelândia.
A sede do jornal Charlie
Hebdo, considerada de alto risco, apenas tinha um polícia no interior a guardar
o seu director.
Não havia uma guarda armada permanente
no exterior e arredores da sede e do bairro.
(Os polícias atingidos estavam a fazer uma ronda vulgar de giro. Não me pareciam policiais treinados de luta
anti-terrorista).
Pela descrição, os autores do atentado, ao entrarem no
edifício, tinham perfeito conhecimento dos principais jornalistas, aqueles que
actuavam com a sua caneta contra o sistema capitalista estabelecido.
Os atiradores pararam o carro
numa rua que só tinha um sentido, com veículos arrumados de um lado e de outro: tinham perfeita noção de que não seriam bloqueados, enquanto executavam a
acção, nem atrás, nem à frente.
Fizeram-no com toda a parcimónia.
3 – O que é ainda mais
estranho – e retiramos a informação do próprio e insuspeito jornal Le Monde, os
irmãos Kouachi estavam referenciados como *terroristas*, apoiantes publicamente
declarados da *Guerra Santa*.
Citamos de passagem: os irmãos
Shérif e Said Kouachi, ambos nascidos em Paris (o primeiro de 32 anos e o
segundo de 34), estavam referenciados pelos serviços secretos como
*anti-semitas*.
O Ministro do Interior
francês, Bernard Cazeneuve, ( que anunciou estes dados sem um pejo de vergonha.
Alguma razão será certamente) referiu que Shérif estava *fichado*, como
eventual terrorista fanático militante, desde que foi detido em Fevereiro de
2005, quando estava já em fase adiantada de partir para o Iraque para combater
os invasores norte-americanos.
Continuamos a citar os dados da imprensa internacional divulgados:
a polícia sabia que Shérif
estava ligado a um pregador islâmico jidaista chamado Farid Benyetton, que
controlava uma célula que recrutava e enviava combatentes para o Iraque.
Fazia treino de armas em pleno
território francês: Benyetton apanhou uma pena de sete anos de prisão e Shérif
três.
Ainda dos relatos, Shérif, cerca de oito anos depois daqueles acontecimentos e depois de ter passado cerca de 18 meses
na cadeia, actuou como combatente na Síria, bem como o seu irmão.
Agora, matou friamente – segundo a polícia – pessoas, actuando como um membro bem treinado de uma elite de tropa especial.
Os dois irmãos estiveram na
Síria e no Iémen, como já referimos, eram reconhecidos como combatentes do chamado *Estado Islâmico*, mas
regressaram, calmamente, a França.
Quem os deixava andar à vontade e com que
objectivos?
Reflictam sobre o que se está
a passar realmente em França, com a ascensão da Frente Nacional, que tem e
serve teve uma larga infiltração nos Serviços Secretos, nas Polícias e nas
Forças Armadas.
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