sábado, 12 de fevereiro de 2011

ESTAMOS NA PRIMEIRA FASE DE SEPARAR ÁGUAS




Está na altura da clarificação













1 - Um facto relevante (uma moção de censura) - embora as nossas personalidades políticas procurem menosprezar - está no centro da actividade política nacional, em geral, e, na parlamentar, em particular.

Não se pode ficar indiferente. Podem fazer-se análises, conjecturas, andar para trás e ver qual foi a evolução do Bloco de Esquerda desde as presidenciais (que eu pessoalmente discordei). Não concordo, aliás, com o programa político ideológico do BE.

Tenho, no entanto, como cidadão, de posicionar-me sobre este moção.

Fá-lo-ei.

2 - Não dou o meu assentimento total à moção do bloco, enquanto não souber o projecto político que vai assentar na argumentção prática, escrita, da sua apresentação. Escrevo, portanto, sobre o que ouvi e li do seu principal dirigente, Francisco Louçã.

3 - Acho, no entanto, que no momento presente é essencial que após a tomada de posse do Presidente da República reeleito, que frisou que a situação política é de crise e que é necessário uma mudança na actividade política, a moção do BE parece-me lapidar para essa clarificação. Ainda que se esteja a estrutura a nebulosa.

O curioso é que todos aqueles que dias atrás, sutentantavam que era necessário uma clarificação, usem agora muitos argumentos para criticar, justamente, um documento político que visa - nas palavras de Louçã - essa clarificação.

4 - Estamos na primeira fase de um acto dramático que, iniciando-se por Portugal, irá atingir todo a União Europeia. É preciso determinar e apresentar alternativas políticas - capitalistas e anti-capitalistas - sobre os poderes económicos que estão a destroçar o progresso político e económico da UE.

Esta moção, que, na minha opinião, é tímida, porque, no que se conhece, não define, com clareza, o carácter revolucionario da alternativa que é necessária ser apresentada na UE, para definir a sua evolução societária futura, tem o mérito de colocar, em parte, muito sumidamente, a questão central: é necessário uma ruptura.


Os legisladores actuais representam os interesses económicos do pior conservadorismo económico que existiu há 40 anos. Eles têem de ser confrontados, do ponto de vista revolucionário, com uma nova forma de governar. Irá a moção do BE colocar o dedo na ferida?.

Esta é a falha maior que noto nesta pré-apresentação da moção.

Louça argumenta: "Esta é uma governção falhada". Eu concordo com ele. O "PS é que está de braço dado como PSD". Eu concordo com ele.


Como produzir a ruptura? Dentro dos limites da actual representação parlamentar?. Nada dará, se assim for.

Somente um programa anti-capitalista poderá separar águas, incluindo o capitalismo de Estado, preconizado pelo PCP.

5 - Estamos em crise, é certo. Todos os afirmam. A solução para a crise para ser favorável ao mundo do trabalho terá de ferir e grandemnete os interesses do Capital. Uma crise não é, propriamente, um almoço de meia dúzia de pequeno burgueses no Gambrinus. É algo de grave, de seperador de águas.


Caso contrário, haverá retrocesso revolucionário. Será um passo gigantesco, no entanto, se havendo eleições, se formar um bloco político em crescendo que defenda soluções anti-capitalistas.


Deixemo-nos da mesquinha política de afirmar que se está a fazer o jogo da direita. Não sei, o que é direita e esquerda em termos de economia política. Quem é de esquerda, o PS?

Ora, defender soluções anti-capitalistas é derrotar o PS, como actual gestor dos interesses genuinos do Capital. O PS não é um Partido de esquerda, que isso é retórica de samaritano. O PS é direita pura e dura. Quem for do PS e quiser ser de esquerda tem de derrotar o poder dos seus representantes capitalistas incrustados nos cargos de decisão, como Sócrates, Mário Soares e Almeida Santos.

Esta é, pois, a questão.





1 comentário:

  1. Subscrevo, mas o processo é mais longo e complexo do que o toque de mágica de uma moção de censura.
    Quanto ao PS, desiludam-se, da existência de uma ala de esquerda do PS. Adoram o bloco central, o qual lhes dá o saboroso jogo de cadeiras poder político/poder económico.

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