quinta-feira, 21 de julho de 2011

ADMINISTRADORES DA CGD: O ESPLENDOR DO GRANDE CAPITAL








Querem assistir à festa do grande capital em todo o seu esplendor?










Reparem com atenção à nomeação da administração e respectiva "reorientação estratégica de gestão" da Caixa Geral de Depósitos (CGD), o único banco do sistema financeiro ainda pertença do Estado.


É, precisamente, pelas nomeações que se pode seguir à caminhada, agora cada vez mais declarada, do domínio do poder em Portugal da fracção burguesa, que se instalou em todos os verdadeiros "silos" das decisões de dominância capitalista.



Esta fracção é a pequena camada de privilegiados detentores do verdadeiro capital financeiro: os banqueiros, os especuladores bolsistas, os detentores dos principais centros privados de negócios (saúde, medicamentos, rodovias, telecomunicações, entre outros). São uma fracção verdadeiramente "monárquica" no interior do próprio capitalismo português.


Centremo-nos nos seus "representantes directos" no terreno.


Para presidente da CGD, seu Presidente executivo, pois haverá um outro, com o título de "chairman" (muito ao gosto na nova burguesia especuladora, para dizer que fala inglês e toca flauta!).


Pois, o Presidente Executivo chama-se José Agostinho de Matos e era vice-governador do Banco de Portugal desde 2002. /É quadro do BP desde 1979-naturalmente já tem uma reforma dourada garantida/.A sua especialidade. Cita-se da imprensa: "experiência na área dos mercados, apreciação da política monetária e gestão de reservas". Deixemos estas palavras embrulhadas e chamemos aos "bois pelos nomes", um especialista na especulação financeira.


Para vice-Presidente foi escolhido um senhor que já foi secretário de Estado de Guterres, mas agora é "homem de mão" de Passos Coelho: Nogueira Leite.


Centremo-nos no seu último "posto de trabalho": administrador do grupo CUP, dos Mellos, que está metido "até aos ombros" nos negócios de privatização da saúde pública. Ora, a CGD tem muitos negócios nessa área. Citemos os principais:


Multicare-Seguros de Saúde, SA; EPS Gestão de Sistemas de Saúde; HPP - Hospitais Privados de Portugal (Lisboa, Faro, Lagos, Cascais, Sangalhos); Caixa Seguros e Saude SGPS e LCS (Linha de Cuidados de Saúde).


Poderiamos referir muitos outros casos, mas viremo-nos agora para a "reorientação".


Do Banco de Portugal, sairam dois "quadros" da especulação financeira, um para o governo, como Ministro de Estado e das Finaças, Vitor Gaspar, outro para a CGD, o tal Agostinho.


Com que objectivos "desmembrar" o "Estado" dentro da CGD. Assim, segundo a "avisada imprensa económica" do nosso burgo, o governo e os seus representantes vão "virar-se para o financeiro" e colocar "fora do domínio" da banca pública todo o "lastro" que dá lucro, PT, Zon, EDP, Galp, etc etc.


Ou seja entregar aos "aristocratas" da finança privada os "bens da coroa". Que sem o controlo do Estado ficarão nas mãos do capital especulativo financeiro internacional, os tais que, através das suas empresas de notação ou (rating) atacavam "o Estado grosso".

Só para "adoçar": quem é o maior accionista privado da PT? o Capital Group, que domina a Moody`s e a Standard & Poors. E na EDP? a Iberdola.


Percebem?


Mas sabem que esta "desengorda" do Estado na CGD, para o governo, é feita com a engorda de administradores. Passa de sete para 11. Grande salto para esses rapazes. Claro que vão ganhar uns míseros tostões.


Reparem no que está escrito a seguir. Foi retirado do relatório e Contas da CGD de 2010.

Para que não haja mal-entendidos, assinalamos que os nomes eram os administradores de então.


Composição do Conselho de Administração
Presidente: Fernando Manuel Barbosa Faria de Oliveira
Vice-Presidente: Francisco Manuel Marques Bandeira
Vogais: Norberto Emílio Sequeira da Rosa, Rodolfo Vasco Castro Gomes Mascarenhas Lavrador, José
Fernando Maia de Araújo e Silva, Jorge Humberto Correia Tomé e Pedro Manuel de Oliveira Cardoso

ESTATUTO REMUNERATÓRIO FIXADO EM 2010


Mesa Assembleia Geral


(Valores em euros)
Mesa Assembleia Geral Remuneração
Presidente - Senha de presença no valor de 897,84
Vice-Presidente - Senha de presença no valor de 698,32
Secretário - Senha de presença no valor de 498,80.


(Um aparte, esta presença ...é em cada reunião...


Conselho de Administração


Administradores Executivos


Remuneração a auferir 14 vezes por ano.
(Valores em euros)


Conselho de Administração da CGD


Remuneração até 31/05/2010 (três últimos anos)


Presidente 26.500,00,25.175,00, 22.657,50


Vice-Presidente 22.525,00, 21.399,00, 19.259,10


Vogais 18.550,00, 17.623,00, 15.860,70


Elementos do CA da CGP que integram o CA do BPN recebem uma renumeração acumulada.


Conselho Fiscal


Remuneração a auferir 14 vezes por ano.
(Valores em euros)


Conselho Fiscal da CGD Remuneração até 31/05/2010

Presidente
20% da Remuneração do Presidente CA CGD

Vogais


15% da Remuneração do Presidente CA CGD.



Mas além destas renumerações existem outras regalias dos membros dos órgaos sociais, que não estavam disponíveis no relatório. Claro que existem.


Mas também há REMUNERAÇÃO DA SOCIEDADE DE REVISORES OFICIAIS DE CONTAS E DO AUDITOR EXTERNO

Remuneração da Sociedade de Revisores Oficiais de Contas em 2010
(Valores em euros) (a)


Oliveira Rego & Associados, SROC, representada pelo sócio Manuel de Oliveira Rego


Serviços de Revisão Legal de Contas 236 289,24
Outros Serviços 69 480,04
(a) Valores sem IVA e referentes ao Grupo CGD.

Remuneração do Auditor Externo em 2010
(Valores em euros) (a)
Deloitte & Associados, SROC, SA
Auditoria Externa e Revisão de Contas 2 245 085
Outros Serviços de Garantia de Fiabilidade 887 551
Consultoria Fiscal 405 211
Outros Serviços 199 433
(a) Valores sem IVA e referentes ao Grupo CGD.


Analisem, em pormenor, quanto saca a Deloite.


Agora uma apreciação final sobre os salários dos assalariados, surgida na imprensa, via Banco de Portugal.



"Os custos das empresas com pessoal caíram 1,3 por cento no primeiro trimestre deste ano face ao período homólogo de 2010, segundo o Banco de Portugal.


"Trata-se do recuo mais elevado da última década.


"Este indicador é um dos que são calculados pelo Banco de Portugal no âmbito da sua Central de Balanços - a base de dados com informação económica e financeira de cerca de 83 por cento das empresas portuguesas.

"Este recuo nos custos com o factor trabalho segue-se a um crescimento de 0,4 por cento no trimestre anterior, mas não é único desde o início de 2010. Nos primeiro e terceiro trimestres do ano passado tinha-se verificado igualmente uma variação negativa, mas de menor dimensão (-0,1 e -0,2 por cento, respectivamente). Olhando para trás, na série estatística da última década, só há mais três trimestres em que se encontram quebras com os custos de pessoal nas empresas - segundo, terceiro e quarto de 2003.

"Os ganhos obtidos pelas empresas nos custos com pessoal estarão ligados a redução do efectivo laboral ou então a políticas de substituição de trabalhadores que entram a ganhar salários mais baixos do que os que foram substituir.

"Os empresários estão, globalmente, a cortar nos custos das suas unidades num momento em que o ritmo de aumento da produção se aproxima dos níveis que constituíam a média no período de pré-crise. No primeiro trimestre desde ano, a actividade das empresas aumentou 7,1 por cento face ao período homólogo, o valor mais elevado desde o início de 2010. Foi nos primeiros três meses do ano passado que se inverteu o ciclo de quatro trimestres de contracções profundas, na ordem dos 15 por cento - o pico mais elevado da crise para as empresas portuguesas.

Apesar do contexto de austeridade que o país está a viver e das perspectivas de se reduzir o rendimento disponível das famílias portuguesas, as vendas e prestações de serviços das empresas ainda não reflectiram esse quadro. No primeiro trimestre, o indicador evidenciou um crescimento de 5,9 por cento, claramente acima da média de 2010 (um pouco menos de cinco por cento). "

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