segunda-feira, 25 de julho de 2011

PORQUE NÃO UMA AUDITORIA À PROTECÇÃO CIVIL?





Aqui, há dias, chegou-me um e-mail, provindo de um amigo meu, que transcrevia uma denúncia de gastos inúteis numa "firma", que se intitula Empresa de Meios Aéreos (EMA), dependente da Protecção Civil portuguesa, entidade esta que, certamente, poderia gerir, com eficácia, a citadada.

Fui confirmar a existência do deputado Altino Bessa, até porque no documento estava inserido o número de telemóvel. Contactei-o. Era verdade.

Transcrevo, pois, o texto do parlamentar

"O deputado Altino Bessa, eleito pelo distrito de Braga, vem denunciar, mais uma vez, a criação em 2007 da EMA - Empresa de Meios Aéreos em 2007, pelo governo socialista.

Duvidas, se é que as houvesse, deixaram de existir após as respostas dadas (rp815/XI) pelo Ministério da Administração do erro que foi a criação da EMA.

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Em primeiro lugar convém salientar os vencimentos "chorudos" que os 3 administradores aferem.

Senão vejamos:

Presidente Conselho de Administração-----6.900€/mês*14/2009--------6.555€/mês*14/2010
Vogal (1) do Conselho de Administração -----6.600€/mês*14/2009-----6.270€/mês*14/2010

Vogal (2) do Conselho de Administração----6.600€/mês*14/2009-------6.270€/mês*14/2010

A acrescentar a esses ordenados existem outros encargos com estes membros do conselho de administração, como podem confirmar no documento em anexo impresso em 15-05-2010, dos quais gostaríamos de salientar os 17.994.72€, 17.175.48€ e os 17.067.48€ de renda anuais
para as viaturas de serviço destes membros.

É ainda de salientar o facto desta pagina - http://www.ema-sa.pt/Ema.aspx?aid=100012, que continha estas informações, ter deixado que estar disponível, nem tenha sido substituída por outra com a mesma informação.

Parece-nos evidente que houve intenção de suprimir informação que estava disponível.

Outro factor que nos parece relevante é o facto da EMA ter 58 trabalhadores, dos quais 15 são administrativos cujos custos com vencimentos em 2009, foram de 2.742.846.60€, o que dá uma média de 47.2920€7 anuais por trabalhador ou seja 3.3776€/mês por trabalhador.

É também insólito que um piloto, supostamente bem pago para exercer essa função, disponibilize o seu precioso tempo para exercer funções de assessoria de imprensa, auferindo um subsidio de 250€/mês.

Nesta mesma resposta (rp815/XI), o Ministério da Administração Interna, afirma que a EMA tem participado em enumeras missões conjuntas com o Ministério da Defesa e da Saúde, nomeadamente em missões de Busca e Salvamento e evacuação de sinistrados, evacuações inter - hospitalares e transportes especiais de órgãos respectivamente.

Por outro lado, os Ministérios da Defesa e da Saúde ( pr4089/XI e pr4087/XI ), quando por nós confrontado com as supostas missões conjuntas, afirmam quer um quer outro que nunca solicitaram os meios da EMA, o que significa que alguém está a faltar à verdade.

O Sr. Ministro da Administração Interna deveria tirar as devidas conclusões com o desmentido dos Ministérios da Defesa e da Saúde, as respostas que o seu Ministério deu ao CDS sobre este assunto.


No entanto, e como já aconteceu no passado recente no caso dos eleitores que se viram impedidos de votar, a responsabilidade será de um qualquer Director Geral.

O Deputado

Altino Bessa ( 963063620 )".


Fui consultar o site da EMA, e nele aparecem dados que o deputado diz terem sido sonegados. Naturalmente, na altura, teriam sido retirados e perante a acusação devem ter sido repostos.


É interessante referir alguns aspectos do seu último Relatório de Gestão e Contas 2009.

O "governo da sociedade" (curioso o nome para uma empresa pública!) está a cargo do Conselho de Administração.

Os órgãos sociais nomeados para o triénio 2007-2009 têm a seguinte composição:

Mesa da Assembleia Geral:


Substituída por uma Deliberação Unânime por Escrito (DUE) emitida nos termos do art. 54º, nº 1 do Código das Sociedades Comerciais por um elemento da Direcção Geral do Tesouro e Finanças na qualidade de representante do Estado, accionista único, nomeado para o efeito por Despacho Conjunto do Ministro de Estado e das Finanças e do Ministro da Administração Interna.

Conselho de Administração:


•Presidente – Dr. Rogério Manuel Lucas Estrela Pinheiro (nomeado por Resolução n.º 36/2007, publicada no DR, 2.ª série, n.º 162, de 23 Agosto).

•Vogal Executivo – Professor Doutor Domingos Pereira de Sousa (nomeado por Resolução do Conselho de Ministros n.º 48/2007, de 31 de Outubro, publicada no DR, 2.ª série, n.º 222, de 19 de Novembro).

•Vogal Executivo – Coronel Carlos Barata Santos (nomeado por Resolução do Conselho de Ministros n.º 48/2007, de 31 de Outubro, publicada no DR, 2.ª série, n.º 222, de 19 de Novembro).

Fiscal Único

•ROC Efectivo – Vítor Almeida & Associados, SROC n.º 191, representada pelo Dr. Vítor Manuel Batista Almeida

•ROC Suplente – António José Pires Brito da Cruz, ROC n.º 714, nomeados por Despacho do Secretário de Estado do Tesouro e Finanças n.º 654/2007, de 4 de Julho.

(Convém esclarecer que este mesmo CA se mantém no triénio seguinte, embora no site não esteja mais nenhum relatório posterior a 2009).


Sobre as REMUNERAÇÕES, além das que indica o deputado, é interessante referenciar mais algumas do seu CA:

Subsídio de Refeição - 1.763,40, 1.638,00, 1.622,40 (mensais);




Gastos de utilização de telefones - 798,79, 519,80, 1735,98 (mensais);




Valor do combustível gasto com a viatura de serviço - 2.700,00, 1.799,00, 1.291,00 (mensais);

e entre os "Encargos com benefícios sociais"

Segurança Social obrigatório 7.042,86, 7.042,86, 7.042,86

Seguros de Saúde 4.150,00, 3.430,00, 4.827,00.



Ora, este empresa, que foi constituida em 2007 com um capital social de 50 milhões de euros (provenientes do Estado, ou seja do contribuinte), fazia no ano seguinte um aumento de Capital de mais 20 mil milhões (Estado) e no ano de 2008 apresentava um resultado líquido negativo de 7.672.026,55 euros.




Medite-se sobre este apreciação do CA sobre as finanças: "No plano financeiro, registo para a assinatura, em 03 de Março de 2009, do contrato-quadro entre a EMA no valor de 22.800.000,00 euros, do qual consta o modelo de prestação de serviços aos diversos organismo do Ministério da Administração Interna e os termos da respectiva compaticipação no financiamento e manutenção dos meios que, agora, o estado passa a dispor em permanência, e cujos custos para 2009 estão estimados em 28.882.000,00 euros. (sublinhado meu)




"Assim, se a situação financeira actual da empresa se mantiver, com um quadro deficitário no financiamento da sua actividade, nomeadamente no que respeita à manutenção programada e á formação e treino das tripulações, o ano de 2009 poderá ser encarado com alguma reserva de que, no médio prazo, a EMA reúna as condições para garantir a sustentabilidade económica e financeira da empresa".




Ou seja, depois de tanto dinheiro enterrado - e necessariamente repartido por alguém - a EMA está à beira da bancarrota.




Estes são os exemplos gritantes de desperdício dos dinheiros públicos por parte do Estado.




Curiosamente, o actual governo não foi buscar os dinheiros a estes cancros para sanear a dívida pública, mas, sim, de imediato, sacou parte dos salários e pensões aos assalariados e reformados.




Os "boys" do aparelho de Estado e o sistema financeiro continuam a beneficiar do regabofe do Estado que eles dizem "grosso" em termos da baixa funcionalidade..




Parece que o deputado do CDS ainda não se deu conta da situação actual. Pelo menos, não colocou este e outros casos na ordem do dia, como o fez com o anterior executivo.



























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