1
– Dai a Deus o que é de Deus, a César o que é de
César –
a frase é sustentada pelo cristianismo e catolicismo oficiais como orientação
para separar as questões da religião dos assuntos terrenos.
A
frase aparece inserta, como resposta, em três dos chamados Evangelhos canónicos
(Mateus, Marcos e Lucas), e referem-se, precisamente, a uma questão muito
terrena: se uma autoridade, ainda que de ocupação, pode receber impostos.
Ela
é atribuída a Jesus, o Cristo, que nos relatos desses Evangelhos o colocam como
o promotor e o mensageiro divino de uma nova doutrina, que veio a ser,
tradicionalmente, a religião oficial e o guia político do Império romano, a
partir do reinado do Imperador Constantino (306 a 337 DC).

2
– Os hierarcas da Igreja Católica pouca atenção dedicam, todavia, aos
ensinamentos dos seus *livros sagrados*, optando, mais, ao longos tempos, às
coisas venais, terrenas, que tanto vociferam repudiar, em palavras, mas que
colocam na frente das suas preocupações.
Desde os negócios financeiros às
campanhas de +caridadezinha+ para Cáritas, Bancos Alimentares e quejandos.
O
lema central da Igreja Católica – desde o Vaticano aos bispados mais recônditos
– é, justamente, «Olha para o que eu digo e não olhes o que eu faço».
2
– Esta introdução é feita a propósito das declarações do senhor Manuel
Clemente, que foi nomeado cardeal da Igreja Católica portuguesa por uma
entidade extra-nacional chamada Santa Sé, dirigida por um senhor que se
intitula Francisco, que, de nascimento argentino, se chama Jorge Mario
Bergoglio.
Clemente,
o transmissor português do divino Francisco, sediado em Roma, qual adivinho
mago do oráculo de Delfos, considerou, esta semana, que o próximo governo português
deve ser constituído entre o PSD e o CDS, alargado, na douta e etérea opinião,
ao PS para vingar *o interesse nacional*.
*Juntando
essa coligação ao PS, isto forma uma grande maioria no próximo Parlamento.
Parece-me (este parecer será pela cor do dinheiro?) mais natural (sic, será de nascença?) que o acordo surja dentro deste conjunto do que fora deste
conjunto”, opina o burocrata religioso católico à Radio Renascença, o órgão de
inspiração ideológica – e também de propaganda comercial – da Igreja Católica.
E
Clemente, que usa o medieval Dom, enfia-se, pelos negócios do capitalismo, sublinhando que Portugal – ou seja o seu governo – pediu
assistência internacional, nos últimos quatro/cinco anos da actual governação
segui-se um caminho que *estava mais ou menos (este mais ou menos...)
enquadrado por um acordo que tinha na base três forças políticas – PS e actual
coligação PSD/CDS com divergências quanto aos ritmos, mas uma base de
entendimento nacional e internacional*.
O
cardeal católico – pergunto eu – não estará mais preocupado com os interesses
terrenos da Igreja Católica que recebe milhares de milhões do erário público
para satisfazer os bolsos dos prazeres mundanos de indivíduos inúteis, que
vivem à custa da sociedade portuguesa?
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