domingo, 25 de outubro de 2015

PRETENDE BONAPARTE CAVACO O SEU 22 DE OUTUBRO?

1 – Quis o Presidente da República de Portugal realizar um golpe de Estado no país a 22 de Outubro deste ano, quando emitiu a sua «colorida» comunicação com foguetes estrondosos das televisões do regime nesse dia?

Aponta-se nesse sentido pelas suas declarações.

A prática é que vai determinar se é capaz.

Ao acusar um eventual governo alternativo, apoiado por PS, PCP e BE, de «inconsistente», e, em caso de entrar em funções, produzir «muito mais graves as consequências financeiras, económicas e sociais» para o país, *Bonaparte* Cavaco Silva sustenta que «tudo – irá – fazer para impedir» o rumo que o Parlamento dará a um novo executivo.

Para obstar a este seu desejo de «impedimento», Cavaco teria de contar numa primeira fase pela divisão no seio dos deputados do PS, ou então do BE e PCP.

Ou, forjando uma forma de governação de sua iniciativa, pouco consentânea com a votada maioritária do Parlamento.

Ora, atendendo ao actual estado da correlação de forças políticas, uma tal vontade presidencial, somente poderá ter eficácia através de *manus militare*. 

O que pressupõe um golpe militar *legal*. Em caso extremo, sangrento.

Todavia, para o efectuar, terá de contar com a força de armas interna e a conivência externa, especialmente, do capital financeiro internacional, sustentado nos seus representantes políticos em Bruxelas e em Washington.

Ou, Cavaco Silva, qual Bonaparte de terceiro plano, já tenha garantido tal suporte, antes de proferir o discurso em apreço, ou então, tal como os seus comparsas capitalistas internos, está desesperado.

E, neste último caso, se não conseguir, só lhe resta desaparecer de cena e ir para o que se costuma dizer - *o caixote de lixo* da História.

2 – Ora, o discurso virulento do espectro de Napoleão na pessoa do alferes de alcatifa em Lourenço Marques (Maputo, hoje), seguidor dos ditames do Estado Novo, expresso em informação policial, aparece quando a NATO realiza, esta semana, exercícios ostensivos em terras portuguesa *em defesa da civilização ocidental*, assente nas *instituições financeiras*, *investidores* e a *mercados*.


E, surge, também, quando, já depois do acto eleitoral, a 9 deste mês, em cerimónia, com pompa e circunstância, precisamente efectuada no Regimento dos Comandos da Amadora, condecorou com a medalha da Ordem Militar da Torre e Estado o coronel Raul Folques por feitos em combate na guerra colonial ao serviço do antigo regime...e isto 45 anos depois do derrube daquele.

No site da Presidência da República, Cavaco Silva fez questão de referir que, na cerimónia, estiveram presentes o Ministro da Defesa Nacional, o Presidente da Câmara Municipal de Sintra, os Chefes do Estado-Maior General das Forças Armadas e do Estado-Maior do Exército, Marinha e Força Aérea, bem como outras altas entidades civis e militares.

3 – O traje de Bonaparte, o embusteiro francês do século XIX, que Cavaco Silva se quer travestir em finais do seu mandato presidencial em pleno século XIX, não é exclusivo de Portugal, nem produto do cesarismo do homem que não tinha grande apreço pela Comunidade Económica Europeia, antes de ascender ao cargo de primeiro-ministro em 1985.


A questão é que sob as vestes da tradição, do blá blá das regras democráticas estabelecidas, e de outras balelas pseudo formuladas, nestes últimos tempos, está uma mudança de política em praticamente toda a Europa.

E, esta mudança ainda é uma enigma para o grande capital financeiro. O espectro de uma hecatombe paira sobre a sua cabeça.

Na realidade, sob o fantasma de um reforço político do capital financeiro, instalado em Bruxelas, com ramificações em centros de poder como Londres e, em certos países da Europa de Leste, pressente-se que, no emaranhado das movimentações políticas e sociais, começa a surgir uma evolução num sentido de corte com o estado de coisas existente.

Esta evolução é, todavia, titubeante, cheia de hesitações, envolta em nublosas de descrença de que não sabe o real caminho programático de que tem sido traído por outras tentativas de assalto ao poder.

ESTA É A PECHA MAIOR, NA MINHA OPINIÃO, PARA UMA AVANÇO MAIS DETERMINADO, DE AFASTAMENTO DO ACTUAL REGIME QUE GOVERNA A UNIÃO EUROPEIA.

Mas, nesta fase de acumulação de forças, de procura de rumos para atingir os fins, o capital financeiro também tem a percepção que o seu tempo de poder já não era como eles pensavam.

Por isso, eles procuram levar para o seu redil, através de *programas mínimos realistas* as forças políticas, que  intitulam *radicais*, levando-os a ceder nos seus pontos de vista de ruptura com o poder político existente.

Estamos, nestes meses, na busca, para os capitalistas europeus de uma tentativa de rearranjo dos seus objectivos dominantes, através de uma renovação da via *social-democrata* de governação.

Em caso de falhanço, lançam para o terreno os buldogues aventureiros, vestidos de *salvadores de Pátrias*, encimados pelas bainhas das espadas e as vestes padrecas de vários matizes.

Eles estão aí vigilantes.

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