1
– O Vaticano, sede da religião católica apostólica romana, que entra em metamorfose,
quando lhe interessa, em Estado, que denomina Santa Sé, para tratar dos
assuntos *banais* terrenos, e que tem no topo um argentino que serviu, em nome
de Deus, a ditadura sangrenta dos generais fascistas, de nome Jorge Mario
Bergoglio, decidiu julgar, em Tribunal mundano, os homens que colocaram a nú a
hipocrisia religiosa de praticar o bem público.
Mas,
qual é o porquê deste interesse repentino do Vaticano etéreo, pela justiça e
pelo castigo terrenos, ele, como eminência de Deus, anuncia, ao longo dos
séculos, que a salvação está *nos céus* e *na graça divina*?
A
razão para este apego está na edição recente de dois livros, da autoria de dois
jornalistas italianos de documentos do Papado sobre a ganância, nepotismo e
corrupção no interior da Cúria vaticana.

Os
livros são: «Via Crúcis», do jornalista italiano Gianluigi Nuzzi, e «Avareza»,
do também jornalista Emiliano Fittipaldi.
Além
destes dois jornalistas italianos, a inquisição papal engloba ainda três
funcionários da Santa Sé: o sacerdote espanhol, do OPUS DEI, Lúcio Vallejo
Balda, que exerceu as funções de secretário da Comissão investigadora dos
organismos económicos e administrativos da Santa Sé (Cosea), um ex-colaborador
desta Comissão Nicola Maio e a ex- relações públicas que integrava a mesmo
instituição Francesca Chaouqui.
O
inquisidor do Vaticano considerou que os cinco cometeram os «crimes» entre
Março de 2013 e 5 de Novembro de 2015, um dia antes da publicação dos livros.
Segundo
a inquirição, os três funcionários do Vaticano formaram "uma associação
criminosa organizada" com o objetivo de "divulgar informações e
documentos relativos aos interesses fundamentais da Santa Sé e do Estado".
A
Santa Sé – religiosamente – diz-se envergonhada e indignada com os livros que,
segundo a instituição, onde foram usadas informações que nunca deveriam «ultrapassar»
os muros do Vaticano.
O «roubo»
desses documentos e a sua divulgação – na justiça terrena do Vaticano - é um delito já estabelecido pelo Papa
Francisco, esse democrata dos quatro costados, em Julho de 2013 e admitindo
uma pena de prisão de 4 a 8 anos.
Os
livros o que divulgam, realmente, de *segredos* de Estado?
Simplesmente
isto: desvio de dinheiros, negócios mafiosos, bem
como extravagância e o clientelismo da Cúria, prevalecentes desde quando
Francisco foi eleito em Março de 2013, fenómenos estes que contribuíram, aliás,
para a renúncia de seu predecessor, Bento XVI.
2 –
Alguns desse segredos desvendados.
A Santa
Sé possui mais de 5 mil imóveis, em Roma e em Paris, sem que haja um registo
detalhado.
Estão
avaliados em 2,7 mil milhões de dólares, mas este valor, segundo o jornalista
Nuzzi, será sete vezes maior que o declarado nas contas da Santa Sé.
O
que preocupa *a segurança de Estado* da Santa Sé?
Muitos estão arrendados a
cardeais e a personalidades, ligadas à Igreja Católica, que pagam menos de 10
anuais euros por apartamentos de 300 m2.
Os
documentos revelam que cada processo de beatificação e canonização dos seus
idolatrados *santos* é um negócio que pode ascender a 500 mil euros.
Outros
documentos referem – Nuzzi revela –que, por cada dízimo de 10 euros, arrecadado
nas paróquias católicas em todo e que
são enviados para o Vaticano apenas quatro se destinam *a caridade*, os
restantes seis euros vão para o mundo. Segundo Nuzzi, de cada 10 euros que são
enviados para o Vaticano apenas quatro se destinam a serviços de *caridade*, os
restantes são destinados despesas privadas da Cúria.
O
sistema de pensões da Santa Sé tem um «um buraco negro», ou seja um défice
superior a 700 milhões de euros em 2014.
Denuncia-se
a traficância existente no sistema de farmácias, com medicamentos, tabacos e
postos de gasolina existentes no interior dos muros da Santa Sé, produtos esses
que estão isentos de impostos.
Para
aceder a esses produtos, é necessário um cartão especial.
O
que está a suceder? Na actualidade, há 41 mil portadores desse cartão.
Ora,
o Estado da Santa Sé tem somente 800 habitantes, 2.800 funcionários leigos e
mil reformados.
Outros
documentos confirmam o que já se sabia antes desvios e lavagens de dinheiro,
derrapagens de contas, movimentação sem controlo de transacções monetárias.
Os
autores dos livros informam que o que relatam estão estribados em documentos,
gravações, relatórios, gravações (incluindo do próprio Papa), e-mails, actas de
reuniões e fotos que provieram de vários departamentos do Vaticano, bem como
informes dos revisores e auditores de contas – incluindo os da consultora Ernst
& Young -, que – afirmaram - lhes foram entregues pessoalmente.
3 –
Com este julgamento o que pretende a Igreja Católica?
Em
primeiro lugar, procura conter e esconder, pela via repressiva interna, as
denúncias públicas constantes que surgiram nos últimos anos sobre as práticas
de ostentação e nepotismo que percorre toda a Cúria papal.
Em
segundo, tentar alargar um projecto de governo extraterritorial, que
está subjacente à sua verdadeira função como empresa capitalista mundial, que
controla uma fatia elevada das riquezas dos países onde se implantou,
nomeadamente, em Itália, França, Reino Unido, Alemanha, Espanha, Portugal, Polónia,
Estados Unidos da América, a maioria da América Latina e em vários países do
Extremo-Oriente.
No
caso em apreço, a Itália, julgando dois jornalistas nacionais, sob o pretexto
de «delito
contra a pátria». Ou seja, intitula-se como *pátria*, com poder
de Estado para actuar sobre outros países.
Em terceiro lugar e ligado ao ponto anterior,
utilizar a repressão e a justiça, como método orientador universal, para
destruir a liberdade de informação e *ensaiar* um processo político de
fascização internacional, em nome da *segurança interna*.
Naturalmente, a Santa Sé sente que a sua imagem
hipócrita, em torno de uma pretensa actividade *pastoral* no Mundo para combater a pobreza, através da caridade, está
a ser posta em causa pela crescente divulgação da sua verdadeira acção como grande
empresa comercial capitalista.
A sua imagem *missionária* pelos cantos mundos
não é mais do que uma cobertura real para penetrar nos tecidos económicos dos
diferentes países para estabelecer uma teia poderosa de uma enorme empresa
mafiosa especulativa capitalista.
Claro que a sua *função religiosa, com a boca
na pobreza* ainda engana milhões de pessoas pelo planeta, mas essa *face
dourada* vai-se desvanecendo progressivamente.
Só os fiéis fundamentalistas – e os oportunistas que deles vivem – é que são capazes de dar a vida por essa imagem distorcida.
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