segunda-feira, 23 de novembro de 2015

VATICANO: A JUSTIÇA TERRENA PARA TAPAR AS MISÉRIAS DO PAPADO

1 – O Vaticano, sede da religião católica apostólica romana, que entra em metamorfose, quando lhe interessa, em Estado, que denomina Santa Sé, para tratar dos assuntos *banais* terrenos, e que tem no topo um argentino que serviu, em nome de Deus, a ditadura sangrenta dos generais fascistas, de nome Jorge Mario Bergoglio, decidiu julgar, em Tribunal mundano, os homens que colocaram a nú a hipocrisia religiosa de praticar o bem público.

Mas, qual é o porquê deste interesse repentino do Vaticano etéreo, pela justiça e pelo castigo terrenos, ele, como eminência de Deus, anuncia, ao longo dos séculos, que a salvação está *nos céus* e *na graça divina*?
A razão para este apego está na edição recente de dois livros, da autoria de dois jornalistas italianos de documentos do Papado sobre a ganância, nepotismo e corrupção no interior da Cúria vaticana.



Os livros são: «Via Crúcis», do jornalista italiano Gianluigi Nuzzi, e «Avareza», do também jornalista Emiliano Fittipaldi.

Além destes dois jornalistas italianos, a inquisição papal engloba ainda três funcionários da Santa Sé: o sacerdote espanhol, do OPUS DEI, Lúcio Vallejo Balda, que exerceu as funções de secretário da Comissão investigadora dos organismos económicos e administrativos da Santa Sé (Cosea), um ex-colaborador desta Comissão Nicola Maio e a ex- relações públicas que integrava a mesmo instituição Francesca Chaouqui.

O inquisidor do Vaticano considerou que os cinco cometeram os «crimes» entre Março de 2013 e 5 de Novembro de 2015, um dia antes da publicação dos livros.

Segundo a inquirição, os três funcionários do Vaticano formaram "uma associação criminosa organizada" com o objetivo de "divulgar informações e documentos relativos aos interesses fundamentais da Santa Sé e do Estado".

A Santa Sé – religiosamente – diz-se envergonhada e indignada com os livros que, segundo a instituição, onde foram usadas informações que nunca deveriam «ultrapassar» os muros do Vaticano.

O «roubo» desses documentos e a sua divulgação – na justiça terrena do Vaticano  - é um delito já estabelecido pelo Papa Francisco, esse democrata dos quatro costados, em Julho de 2013 e admitindo uma pena de prisão de 4 a 8 anos.

Os livros o que divulgam, realmente, de *segredos* de Estado?

Simplesmente isto:  desvio de dinheiros, negócios mafiosos, bem como extravagância e o clientelismo da Cúria, prevalecentes desde quando Francisco foi eleito em Março de 2013, fenómenos estes que contribuíram, aliás, para a renúncia de seu predecessor, Bento XVI.


2 – Alguns desse segredos desvendados.

A Santa Sé possui mais de 5 mil imóveis, em Roma e em Paris, sem que haja um registo detalhado.

Estão avaliados em 2,7 mil milhões de dólares, mas este valor, segundo o jornalista Nuzzi, será sete vezes maior que o declarado nas contas da Santa Sé.

O que preocupa *a segurança de Estado* da Santa Sé? 
Muitos estão arrendados a cardeais e a personalidades, ligadas à Igreja Católica, que pagam menos de 10 anuais euros por apartamentos de 300 m2.

Os documentos revelam que cada processo de beatificação e canonização dos seus idolatrados *santos* é um negócio que pode ascender a 500 mil euros.

Outros documentos referem – Nuzzi revela –que, por cada dízimo de 10 euros, arrecadado nas paróquias católicas em todo  e que são enviados para o Vaticano apenas quatro se destinam *a caridade*, os restantes seis euros vão para o mundo. Segundo Nuzzi, de cada 10 euros que são enviados para o Vaticano apenas quatro se destinam a serviços de *caridade*, os restantes são destinados despesas privadas da Cúria.

O sistema de pensões da Santa Sé tem um «um buraco negro», ou seja um défice superior a 700 milhões de euros em 2014.

Denuncia-se a traficância existente no sistema de farmácias, com medicamentos, tabacos e postos de gasolina existentes no interior dos muros da Santa Sé, produtos esses que estão isentos de impostos.

Para aceder a esses produtos, é necessário um cartão especial.

O que está a suceder? Na actualidade, há 41 mil portadores desse cartão.

Ora, o Estado da Santa Sé tem somente 800 habitantes, 2.800 funcionários leigos e mil reformados.

Outros documentos confirmam o que já se sabia antes desvios e lavagens de dinheiro, derrapagens de contas, movimentação sem controlo de transacções monetárias.

Os autores dos livros informam que o que relatam estão estribados em  documentos, gravações, relatórios, gravações (incluindo do próprio Papa), e-mails, actas de reuniões e fotos que provieram de vários departamentos do Vaticano, bem como informes dos revisores e auditores de contas – incluindo os da consultora Ernst & Young -, que – afirmaram - lhes foram entregues pessoalmente.

3 – Com este julgamento o que pretende a Igreja Católica?

Em primeiro lugar, procura conter e esconder, pela via repressiva interna, as denúncias públicas constantes que surgiram nos últimos anos sobre as práticas de ostentação e nepotismo que percorre toda a Cúria papal.

Em segundo, tentar alargar um projecto de governo extraterritorial, que está subjacente à sua verdadeira função como empresa capitalista mundial, que controla uma fatia elevada das riquezas dos países onde se implantou, nomeadamente, em Itália, França, Reino Unido, Alemanha, Espanha, Portugal, Polónia, Estados Unidos da América, a maioria da América Latina e em vários países do Extremo-Oriente.

No caso em apreço, a Itália, julgando dois jornalistas nacionais, sob o pretexto de «delito contra a pátria». Ou seja, intitula-se como *pátria*, com poder de Estado para actuar sobre outros países.

Em terceiro lugar e ligado ao ponto anterior, utilizar a repressão e a justiça, como método orientador universal, para destruir a liberdade de informação e *ensaiar* um processo político de fascização internacional, em nome da *segurança interna*.

Naturalmente, a Santa Sé sente que a sua imagem hipócrita, em torno de uma pretensa actividade *pastoral* no Mundo para  combater a pobreza, através da caridade, está a ser posta em causa pela crescente divulgação da sua verdadeira acção como grande empresa comercial capitalista.

A sua imagem *missionária* pelos cantos mundos não é mais do que uma cobertura real para penetrar nos tecidos económicos dos diferentes países para estabelecer uma teia poderosa de uma enorme empresa mafiosa especulativa capitalista.

Claro que a sua *função religiosa, com a boca na pobreza* ainda engana milhões de pessoas pelo planeta, mas essa *face dourada* vai-se desvanecendo progressivamente.

Só os fiéis fundamentalistas – e os oportunistas que deles vivem – é que são capazes de dar a vida por essa imagem distorcida.

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