1
– Na passada terça-feira, o casal
norte-americano Marx Zuckerberg e Priscilla, principais accionistas da empresa
multinacional Google, tornou público, ao anunciar o nascimento da sua filha,
que iria constituir uma organização, com as acções da sua firma, para *promover
o potencial humano* e *a igualdade*.
A
comunicação social norte-americana ligada a Wall Street lançou logo uma
campanha de propaganda mundial, sustentando que o casal capitalista
multimilionário iria despojar-se da sua enorme fortuna para *fins de caridade*.

As
fontes de ressonância jornalísticas ocidentais, incluindo as portuguesas,
ampliaram a dose propagandística.
Todavia
esta é a mensagem que Wall Street quis manter, apesar de alguns artigos de
jornais – alguns vindos em páginas secundárias – desmistificarem o embuste do
grande capital.
A
realidade e, vamos apenas referir um artigo saído no jornal Público esta
semana: «Ao contrário do que foi noticiado um pouco por todo o mundo na
terça-feira a Chan Zuckerberg não vai distribuir dinheiro por instituições de
caridade, nem é ela própria uma fundação ou organização sem fins lucrativos –
foi criada como uma empresa de responsabilidade limitada, e, isso diz muito
sobre as anteriores más experiências de Mark Zuckerberg no mundo da filantropia
e sobre a emergência de uma nova classe de jovens multimilionários nascidos no
universo das empresas de tecnologia».
Prossegue
o jornal: «Ao criarem uma empresa de responsabilidade limitada, Marx e
Priscilla têm muito mais margem de manobra para gerir o dinheiro ganho com as
suas acções do Facebook e agora destinado à filantropia – podem investir em
empresas privadas e influenciar as decisões políticas através de grupo de
pressões, por exemplo, que são instrumentos fora do alcance das organizações
sem fins lucrativos».
Ou
seja, embolsam mais dinheiro, fugindo ao fisco e aos impostos. Tornando-se
gatunos piedosos. Um embuste *generosamente* capitalista.
2
– A denúncia não é nova, todavia, mas continua a ser encoberta pelos grandes
meios de comunicação social, que procuram dar a imagem *caridosa* dos bons
milionários que se interessam pelo bem-estar dos explorados.
«Criticar,
porquê? Eles ganham muito dinheiro, mas também destinam uma parte aos seus
semelhantes», eis o tipo de argumentação usada para fazer obscurecer a
verdadeira prática desses *bons samaritanos* que constituem hoje a guarda
avançada do lumpen capital financeiro internacional.
Bill
Gates, o senhor da Microsoft, uma das maiores empresas capitalistas
multinacionais da alta tecnologia, sediada nos Estados Unidos, apareceu, nos
últimos anos, endeusado como uma espécie de mecenas do *terceiro mundo*.
Aliás,
dias atrás, subiu aos palcos da chamada Cimeira do Clima, onde dominam os
capitalistas e os seus representantes governamentais, desde os EUA à China,
passando pela UE, Rússia, China e outros, que decorre em Paris, como *estrela*
de primeira grandeza como combate à poluição que está a destruir a Terra.

A
realidade: Em 2007, o jornal norte-americano Los Angeles Times publicou uma
reportagem considerada *explosiva*, onde sublinhava que a Fundação Gates (as
fundações sem fins lucrativos !!!...) utilizava os milhões de milhões de
dólares que transferia para a citada instituição de *caridade*, sem ter de
pagar impostos, para investi-los em empresas, todas elas altamente poluidoras
ou que semeavam doenças – com a produção de alimentos - aos camponeses do
*terceiro mundo*.
Na
sequência dessa reportagem, veio a saber-se por outros relatos que a fundação
Gates estava a investir em multinacionais de armamento, em proliferação de
prisões privadas nos EUA, e cadeias de empresas de *alimentos rápidos*, entre
outros.
Em
2013, veio à luz uma denúncia, que especificava os investimentos da Fundação nas
empresas petrolíferas.
Na Exxon
– 662 milhões de dólares; GEO, empresa de gestão de prisões privadas 2,2
milhões de dólares.
Mas, igualmente, na Wallmart, empresa com uma desmesurada exploração de trabalho
escravo –mil milhões de dólares.
Ou na multinacional agro-industrial Monsanto,que explora a produção
agrícola sem freio na Etiópia, Uganda – 23 milhões.
A
utilização da *caridade* para fins de engrossamento das suas contas bancárias
não é exclusivo dos grandes magnates, mas também de «personalidades» do mundo
do espectáculo, como o festejado cantor irlandês Bono, do grupo U-2, que
regularmente aparece como apoiante das +causas populares+ em reuniões
mega-capitalistas como Davos.
A
sua fundação de nome ONE recebe mais de 90 por cento do dinheiro vindos de
doações
3 –
Mas, haverá questões que se colocarão:
Certo é caridade. Todavia, o valor que
eles destinam à saúde, à investigação à saúde em diferentes locais do planeta
servem a melhoria de vida de milhares e milhares de pessoas.
A
realidade é outra: a tremenda fuga aos impostos destes lumpen capitalistas ultrapassa,
na realidade, os míseros valores que destinam à caridade.
A
sua apropriação individual da riqueza produzida não se destina, realmente, a
favorecer a luta contra a desigualdade, mas sim a semear, por caminhos cheios
de mortes e destruições, mais lucros, mais exploração, mais dinheiro, que não
entra nos cofres do Estado.
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