1
– Nos últimos dias, *a salvação* do banco BANIF está na ordem do dia da
comunicação social portuguesa.
O
actual primeiro-ministro, António Costa, em declarações solenes de pose, na noite de segunda-feira,
afirmou mesmo, no final de uma reunião entre os seus ministros e, eventualmente,
banqueiros (não sabemos com que se encontrou, pois não explicou): salvar a
actividade do BANIF exigiu o avanço de mais de 2,25 mil milhões de euros, dos
quais 1,76 mil milhões chegam directamente pelo Estado, o que vai elevar para
2,4 milhões de euros a factura passada aos contribuintes (DN 20 Dez).
Mas
qual a pressa em *salvar* o BANIF?.
O
*interesse público*, preconizado pelo actual governo?.
Balelas.
A
questão é, pois, a *salvação* do capital financeiro. Não só português, mas
acima de tudo europeu.
E
não venham com argumentos do «mal menor» e das restrições provindas de Bruxelas.
Lá,
como cá, o que se deve por em causa é o domínio do lumpen grande capital
financeiro especulador.

2 –
O que este processo de «salvação» bancária veio mostrar à saciedade, ao longo
destes últimos anos, é que o domínio do poder político está nas mãos de um
sector específico da grande burguesia: a financeira.
E
o actual governo se realmente estivesse interessado em colocar em marcha uma
verdadeira política de esquerda, não submissa ao capitalismo de Bruxelas,
colocaria apenas uma de duas hipóteses: ou nacionalizava o BANIF e, em seguida,
o Novo Banco, ou deixava que o primeiro ficasse entregue ao seu destino, sem
recapitalização, o que levaria aquele capitalismo a inverter toda a sua
arrogância perante o Estado.
E
colocaria os tiranetes de Bruxelas no seu devido lugar.
Certo.
Mas quem emprestaria depois o dinheiro? Questionariam os habituais
propagandistas do poder capitalista.
O
actual governo, se quisesse comportar-se como anti-capitalista, com os próprios
partidos ditos de «esquerda» que o suportam, tinham a seu favor a força dada
pelo capital político que ganharam: teriam de actuar, pois, em posição de força
e, se assim fizessem, obrigariam a burguesia financeira, para sobreviver no
mínimo, a reforçar os bancos públicos, e deste modo, a reforçar o controlo
estatal de todo o sistema bancário.
Como
não vão fazer isso, terão de se submeter aos ditames do poder dominante.
O défice
publico vai aumentar, os impostos e taxas sobre os trabalhadores vão crescer.
E
se tal ocorrer o sonho de um «governo de esquerda» transformar-se num pesadelo
semelhante ao da Grécia actual.
Sem comentários:
Enviar um comentário